As graves denúncias de corrupção no Ministério do Turismo, somadas a todos os demais escândalos no mesmo sentido que temos tido desde o início do (des)governo Rousseff, só demonstram o quanto nosso sistema está assentado sobre paradigmas falidos e o quão grave é a crise que ora assola o Brasil, assim como todo o Mundo, e que é, antes de tudo, a crise do Homem. Isto porque o homem de nossos dias é um ser desenraizado, que, segundo pondera Heraldo Barbuy, em oração de paraninfo intitulada Sumo Bem e suma riqueza, trocou o culto de Deus, o Sumo Bem, pelo culto das riquezas materiais, buscando a sua acumulação ilimitada. É um ser sem Tradição e sem Pátria, que, para citarmos o poeta Paulo Eiró, “sonha monumentos e só ruínas semeia, para pousada dos ventos”.
Não mais se aprende a amar a Pátria acima de tudo, exceto de Deus e dos valores morais e sociais. Não mais se aprende a colocar o Bem Comum acima do bem particular. Não mais se aprende a valorizar a sabedoria e a honestidade, hoje desprezadas em face do dinheiro e da “esperteza”. São estes apenas alguns traços não apenas da crise brasileira, mas de toda a crise do Mundo Moderno, que é o Mundo antinatural, antitradicional, liberal-burguês por excelência, ou, em uma palavra, o Mundo que vive sob o signo do Império de Calibã, do Império do Bezerro de Ouro, ou do Império de Mamon.
Nosso sistema jurídico-político não está de acordo com a nossa História, com a nossa Tradição, os nossos costumes, a nossa vocação de Império, não brotando nossas instituições da natureza e da experiência, mas sendo produtos abstratos da razão, copiados de povos estrangeiros e criados para um Homem e uma Sociedade que não existem nem tampouco existirão. Avessa à Constituição Natural, Tradicional, Social e Histórica da Nação Brasileira, nossa ordem jurídico-política não espelha o País real, o Brasil Profundo, Autêntico e Verdadeiro, se constituindo, antes, em um conjunto de estatutos de natureza ideológica. Alicerçada, pois, em mitos, quimeras, nossa ordem jurídico-política é um grande edifício erigido sobre a areia, estando, pois, destinada a cair por terra.
Ainda profundamente inspirada nos velhos e mofados princípios da ideologia liberal, assassina da verdadeira Liberdade e da Democracia autêntica, a democracia brasileira não é uma verdadeira Democracia, mas um véu de escárnio, ou, como diria Goffredo Telles Junior, um “manto de irrisão”.
O Estado Brasileiro, dominado por uma classe política corrupta por excelência e servidora dos interesses dos grandes grupos econômico-financeiros internacionais, por partidos que não passam de quadrilhas que só querem enriquecer à custa do Bem Comum e impor seus viciados juízos, de forma arbitrária, a toda a Sociedade, dividindo e infelicitando a Nação, bem como a desviando de sua vocação histórica.
A representação política, inspirada em mitos liberal-democráticos há muito derrotados no embate com os fatos, a exemplo daqueles do “Sufrágio Universal”, da “Soberania do Povo” e da “Vontade Geral”, não passa de uma grande impostura, como reconhecem todos os que se debruçam sobre a realidade nacional, desde o mais humilde e iletrado campônio de nossos sertões ao jurista, pensador ou cientista social.
No campo da Filosofia impera, em nosso País, uma verdadeira babel, um ecletismo absoluto, em que se misturam confusamente as correntes filosóficas mais distintas, cujo único elo se encontra na aversão votada à Verdade, à Tradição, à natureza e à realidade,
Economicamente, o Brasil ainda é escravo do odioso sistema capitalista, sendo vital salientar que o capitalismo, que não se confunde com a Propriedade, sendo, antes, um destruidor desta, pode ser definido como o sistema econômico caracterizado pela separação entre o Trabalho e o Capital, com a supremacia deste sobre aquele, e em que o crescimento ilimitado deste é considerado o objetivo final e único de toda a produção. Cumpre ressaltar, ainda, que o comunismo marxista, filho do liberalismo, se baseia nas mesmas premissas materialistas deste, e que todos os Estados controlados pelos adeptos do credo marxista foram ou são Estados regidos pelo sistema do capitalismo de Estado, que, em nossos dias, especialmente na China, convive muito bem com o capitalismo individualista.
Encerremos este artigo. Que, no momento de crise em que vivemos, possamos proclamar a imperiosa necessidade de restauração do Homem Tradicional, do Homem Integral, ou, simplesmente, do Homem, como ser formado de corpo e alma, de matéria e espírito, e dotado de inteligência e livre-arbítrio, cujo fim último é Deus e que deve praticar, em sua passagem pela terra, as virtudes que o nobilitam. Que, no momento de crise em que vivemos, possamos pugnar por uma ordem jurídico-política autêntica, de acordo com o Caráter Nacional, e por uma Democracia Integral, uma Democracia Orgânica em que haja efetiva representação e participação popular, por meio dos Grupos Naturais componentes da Sociedade. Que, no momento de crise em que vivemos, possamos lutar pela restauração do primado da Filosofia Tomista, a única verdadeiramente realista e a única capaz de realmente responder aos problemas que assolam o Mundo. E que, no momento de crise em que vivemos, possamos, por fim, defender a edificação de uma Nova Ordem Social e Econômica, que nada tem que ver com a denominada “Nova Ordem Mundial”, cujos princípios antinaturais e antitradicionais deploramos, sendo, ao contrário, a Ordem Social e Econômica Cristã, Solidarista, Sociedalista e Distributivista, inspirada, antes e acima de tudo, nas perenes lições dos Santos Evangelhos. É do triunfo de tais princípios que depende a salvação deste nosso vasto Império da Terra de Santa Cruz-Brasil.
Por Cristo Rei e pela Terra de Santa Cruz!
Victor Emanuel Vilela Barbuy
São Paulo, 16 de agosto de 2011-LXXVIII.
*Publicado na edição da Gazeta de Jarinu de 19 de agosto de 2011 (ano I, nº 34, p. 3).
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