Padre Afonso Henriques Salgado Chrispim |
Padre Afonso Henriques Salgado Chrispim –
In memoriam*
Folheando,
há poucos dias, o jornal Testemunho de Fé,
da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, soubemos do passamento do companheiro
Padre Afonso Henriques Salgado Chrispim para a Milícia do Além, que se deu no
último dia 25 de fevereiro, na Capital Fluminense. Não é necessário dizer que
recebemos tal notícia com profundo pesar, posto que a Igreja e o Brasil só
perdem com a partida deste infatigável soldado de Cristo e da Nação, que tão
alto ergueu o lábaro de Deus, da Pátria e da Família, jamais deixando de fazer
suas as palavras de Plínio Salgado, injustiçado pensador e Homem de ação católico
a que tanto admirava e em cuja memória celebrava todos os anos, aos vinte e
dois dias do mês de janeiro, uma Santa Missa, no sentido de que fora por Cristo que se levantara; por Cristo que queria “um grande
Brasil”; por Cristo que ensinava “a doutrina da solidariedade humana e da
harmonia social”; por Cristo que pelejava e por Cristo que batalharia [1],
proclamando, ainda, como o autor da Vida
de Jesus, a realeza de Cristo, por cujo Reino devemos nós
outros ir à luta, mas uma luta diferente, posto que não seremos portadores de
morte, mas sim de vida; nem de aflições, mas sim de consolações e nem de
crueza, mas sim de bondade [2].
Por outro lado, é forçoso assinalar que também nos
sentimos felizes, pois o Padre Chrispim, como salientou Dom Orani João
Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, nas exéquias deste
ínclito sacerdote e apóstolo, enquanto todos se preparavam para a Páscoa deste
ano, fez a sua quaresma, por meio do sofrer provocado pela doença, e, após
falecer, passou a viver de forma definitiva aquilo que buscamos a cada dia. “Imerso
no grande mistério de nossa fé, ele vive o que seu coração sempre buscou,
exprimiu e pregou, a alegria eterna junto com o Senhor, sem doença, dor e
sofrimento” [3].
Fiel até o fim da existência terrena à Fé Católica e à
Doutrina, cristã e brasileira a mais não poder, do Integralismo, o Padre Afonso
Henriques Salgado Chrispim, dotado, pois, em elevado grau, da magna virtude da
fidelidade, foi, nas últimas décadas, não apenas um dos mais notáveis paladinos
do Sigma como também um dos mais proeminentes sacerdotes da Arquidiocese de São
Sebastião do Rio de Janeiro, que, pelo exemplo e pelos ensinamentos, muitíssimo
contribuiu para o engrandecimento espiritual de muitas pessoas. Decerto, se a doença
degenerativa que há anos o afetava não o houvesse tão cedo arrebatado deste
Mundo, poderia o Padre Chrispim ser, um dia, um grande bispo, que, com suas
elevadas virtudes morais e intelectuais, muito faria por Cristo Rei e Redentor e
pela Terra de Santa Cruz.
Nascido no Rio de Janeiro a 19 de abril de 1955, filho de
Alfredo Chrispim, secretário de Plínio Salgado, e de Magdath Salgado Chrispim,
que, a despeito do nome, não era parente do autor de O estrangeiro, o Padre Afonso Henriques Salgado Chrispim, assim batizado
em homenagem ao primeiro rei de Portugal, se formou em Engenharia, chegou a ser
noivo e, após participar de um encontro vocacional, resolveu deixar tudo e
abraçar a vida religiosa. Formado no Seminário São José, na cidade natal, foi
ordenado presbítero por D. Eugênio Sales, então Arcebispo de São Sebastião do
Rio de Janeiro, aos nove dias do mês de agosto do ano de 1987.
Após as primeiras experiências como presbítero, na
Paróquia de Cristo Operário e Santo Cura D’Ars, na Vila Kennedy, no Rio de
Janeiro, e na Paróquia de São João Batista e Nossa Senhora das Graças, no
bairro de Realengo, na mesma capital, o Padre Chrispim seguiu para Roma, onde
fez Mestrado em Teologia Moral pela Università della Croce.
Voltando ao Brasil, foi designado pároco da Paróquia de Santo
André, no bairro carioca de São Cristóvão, em que permaneceu por mais de onze
anos, se transferindo, em setembro de 2008, para a Paróquia de São Rafael
Arcanjo, em Vista Alegre, também na Capital Fluminense. Dali saiu a 09 de
dezembro de 2011, um dia antes de ser internado no Hospital Balbino, no bairro
de Olaria, onde entregaria a alma a Deus setenta e sete dias mais tarde.
O Padre Chrispim, que, como disse ao deixar a Paróquia de
São Rafael Arcanjo, cumpriu sua missão, podendo, ademais, bem fazer suas as
célebres palavras de São Paulo Apóstolo no sentido de que combateu
o bom combate, consumou sua carreira e guardou a fé, lecionou por diversos anos no Seminário São José, na
Escola Diaconal Santo Efrén, na Escola Mater Ecclesiae e no seminário da Arquidiocese
de Niterói. Foi também orientador espiritual das comunidades Emaús e Coração
Novo e apresentou, por anos, na Rádio Catedral, do Rio de Janeiro, o programa Em defesa da vida e da família.
Encerremos esta breve homenagem a um lídimo legionário de
Deus Uno e Trino e deste grande Império do ontem e do amanhã, da Tradição
Cristã e da Tradição Nacional Brasileira, tão cedo partido desta terra em
demanda da Pátria Celeste, e que, como observou o diácono
Thiago Nascimento, não apenas sempre pregou sobre o valor da Cruz como “carregou
a sua cruz até o fim, sendo este testemunho vivo de Cristo para nós” [4]. Lamentando profundamente o fato de que, com a partida
deste companheiro para a Milícia do Além, ficará mais pobre a Milícia do Aquém,
perdendo o Rei dos reis e a Terra de Santa Cruz um de seus mais nobres
cruzados, rogamos a Deus, Sumo Bem e Regente dos destinos dos povos e dos entes
humanos, que suscite, nas novas gerações brasileiras, homens em geral e sacerdotes
em particular da mesma estirpe do Padre Afonso Henriques Salgado Chrispim, claro
exemplo daquilo a que o sapientíssimo Dom Jerónimo Osório, derradeiro Bispo de
Silves e primeiro Bispo do Faro, chamado o “Cícero português”, denomina “nobreza
civil” e “nobreza cristã”, a primeira fundada nas virtudes cívicas e a segunda,
superior, “nobreza plena e fora de toda a limitação”, estribada na “verdadeira
e perfeita virtude”, sendo clarificada “por aquele verdadeiro e divino lume da
santidade” [5].
Por Cristo e pela Nação!
Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da
Frente Integralista Brasileira, São Paulo, 12 de abril de 2012-LXXIX.
[1] SALGADO, Plínio. Cristo e o Estado Integral. In Idem. . O
Integralismo perante a Nação. 5ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª
ed., vol. IX. São Paulo: Editora das Américas, 1959, pp. 201-203.
[2] Idem. Primeiro, Cristo!. 4ª ed. (em verdade 5ª). São
Paulo/Brasília: Editora Voz do Oeste/Instituto Nacional do Livro, 1979, pp.
26-27.
[3] TEMPESTA, Dom Orani João, apud MOIOLI, Carlos. Padre Afonso Chrispim celebra sua Páscoa definitiva. In Testemunho de Fé, ano XXI, nº 734 (edição
semanal nº 578), Rio de Janeiro, 04 a 10 de março de 2012, p. 6.
[4] NASCIMENTO, Thiago, apud MOIOLI, Carlos. Padre Afonso Chrispim celebra sua Páscoa definitiva, cit.
[5] OSÓRIO, Jerónimo. Tratado da
nobreza cristã. In Idem. Tratados da
nobreza civil e cristã. Tradução, introdução e anotações de A. Guimarães
Pinto. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1996, p. 136. Os Tratados da nobreza civil e cristã,
escritos em latim, foram pela primeira vez publicados em Lisboa, no ano de
1542, por Luís Rodrigues, e tiveram mais de uma trintena de edições, no
original e em diferentes línguas vernaculares, a maioria delas nos séculos XVI
e XVII, sendo a edição aqui citada a primeira e até agora única no idioma de
Camões.
*Texto publicado originalmente http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=153
*Texto publicado originalmente http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=153
2 comments:
Sou irmã do Pe. Afonso Chrispim e venho, por meio deste comentário, corrigir duas informações equivocadas, que foram passadas pelo jornalista Carlos Moioli, no jornal "Testemunho da Fé" por ocasião do falecimento de meu irmão, em 2012.
Em primeiro lugar, o Pe. Afonso nunca foi noivo! Ele saiu do Seminário Salesiano, em Pindamonhangaba-SP, onde cursava Filosofia, com o "aconselhamento" de se casar e formar família "pois não tinha vocação ao sacerdócio, já que gostava muito das crianças" (note-se que somos de uma família enorme, cheia de crianças! Hoje, entre netos, bisnetos e trinetos, nossa mãe já conta com 73!). Então, voltando ao assunto, apenas por uma questão de obediência, ele, que já era Engenheiro formado pela UFRJ e pós-graduado no ITA, foi trabalhar e procurar uma moça de família católica para namorar. Foram poucos meses de namoro, com uma amiga que tenho, até hoje, e que, questionada como era o Afonso como namorado, respondeu-me sem pestanejar: "O Afonso, como namorado, era um excelente padre!". Nossa mãe, vendo-o meio entristecido, conversou com o Mons. Olívio Teixeira, nosso pároco àquela época, que o levou de volta ao Seminário, fazendo-o refletir que "Deus, talvez, queira um pouco do carisma salesiano na Arquidiocese". E, assim, feliz, ele completou a sua formação no Seminario São José, da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Não sei dizer, até hoje, como o jornalista Carlos Moioli obteve essa informação, pois não foi ninguém de nossa família que a transmitiu.
A segunda informação equivocada é sobre a frase dita pelo Pe. Afonso, ao final da Missa de Posse do novo pároco da São Rafael Arcanjo, em Vista Alegre, quando exprimiu, já com muita dificuldade para falar: "Minha missão está cumprida..." Para quem bem conheceu o Pe. Afonso, não é difícil perceber a diferença entre esta frase e a outra "Eu cumpri minha missão", que lhe foi imputada, mas, na qual o seu ego ainda estaria em primeiro plano. Horas antes de ser internado no CTI da Clinica Balbino, em Olaria-RJ, para sofrer aqueles 77 dias de total entrega ao Senhor que o escolheu, meu irmão jamais teria se expressado na primeira pessoa.
Enfim, era o que eu gostaria de expor, para reparar estes dois equívocos.
Sem mais, Liryss Chrispim
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