Nós
outros hoje celebramos uma data histórica. Há exatos oitenta anos foi
divulgado, nesta cidade de São Paulo, capital da Província Bandeirante, o
denominado Manifesto de Outubro, que
marcou o nascimento oficial da Ação Integralista Brasileira, primeira agremiação
política de amplitude nacional desde o ocaso do Império, além de primeiro
“movimento de massas” do País, e que reuniu o que havia de mais fino e
representativo na intelectualidade brasileira de seu tempo, constituindo-se, na
expressão de Gerardo Mello Mourão, no “mais fascinante grupo da inteligência do País” [1].
O
Manifesto em apreço foi, como é bem sabido, redigido por Plínio Salgado, que
era, já naquele ano de 1932, um romancista, jornalista e político nacionalmente
consagrado, sendo seu livro O estrangeiro,
primeiro romance social em prosa modernista do Brasil, a mais aclamada, então,
de todas as obras romanescas do nosso assim chamado modernismo literário e
havendo seus artigos de fundo no jornal nacionalista A Razão, empastelado durante os distúrbios de 23 de maio daquele
ano, tido larga repercussão em todo o País, despertando muitos jovens para o
estudo da realidade nacional e dos grandes pensadores brasileiros.
Embora
o Manifesto entregue por Plínio Salgado, em 1931, à Legião Revolucionária de
São Paulo, e que recebeu tão justos elogios de um Oliveira Vianna, seja, por
seu espírito, um Manifesto integralista, é o Manifesto de 07 de Outubro de 1932
o primeiro Manifesto oficialmente integralista do Brasil. Sua mensagem,
profundamente cristã, brasileira, democrática na acepção integral e orgânica de
tal vocábulo e revolucionária no sentido tradicional do termo, espalhou-se, com
rapidez admirável, por todas as províncias deste vasto Império, fazendo com que
se reunissem, à sombra da bandeira azul e branca do Sigma, várias centenas de
milhares de soldados de Deus, da Pátria e da Família, bandeirantes da Tradição
Nacional e sentinelas, sempre alertas, da Nação Brasileira e de sua
integridade.
O
Manifesto de Outubro, grandemente significativo para a História Pátria e de
impressionante atualidade, condensa toda a Doutrina essencialmente cristã e
nacional do Integralismo, posteriormente desenvolvida em diversos livros,
manifestos, artigos publicados em jornais e revistas e discursos de Plínio
Salgado e de outros vultos do chamado Movimento do Sigma, que, como afirmamos
algures, se configurou em uma admirável
escola de Moralidade, Civismo, Patriotismo e Nacionalismo, bem como em um pujante
foco de irradiação, inexpugnável cidadela e vigilante atalaia do Brasil
Profundo, Autêntico e Verdadeiro [2].
Com
efeito, as poucas porém densas e profundas páginas do Manifesto de Outubro,
estuantes de Cristianismo e de Brasilidade, refletindo os mais lídimos
costumes, valores e tradições pátrios e a mais pura e genuína Doutrina Social
Cristã, a um só tempo anti-individualista e anticoletivista, antiliberal e
antitotalitária, resumem, sintetizam toda a Doutrina Integralista. Nelas estão
presentes, por exemplo, as seguintes ideias, centrais na referida Doutrina:
Afirmação da existência de Deus e da Alma Imortal do Homem; Concepção Integral
do Universo e da Pessoa Humana; Patriotismo; Nacionalismo Integral, alicerçado
na Tradição e tendente ao autêntico Universalismo, que não pode ser confundido
com o internacionalismo liberal ou comunista; Defesa da Família, cellula mater da Sociedade, e do
Município, cellula mater da Nação;
Culto da Tradição Nacional; Combate sem quartel ao comunismo e ao
liberal-capitalismo internacional; Guerra sem tréguas ao cosmopolitismo;
Sustentação da Harmonia e da Justiça Social; Restauração dos princípios de
Autoridade, Hierarquia e Disciplina; Luta contra o racismo e em prol da valorização
do nosso povo e das nossas tradições, bem como dos pensadores e escritores
nacionais; Pugna pela construção de uma Democracia Integral e de um Estado
Ético Orgânico Integral Cristão, instrumento da Nação, do Ente Humano e do Bem
Comum.
A
importância que o tão injustamente olvidado Manifesto de Outubro e o tão
caluniado e mesmo demonizado Integralismo desempenharam na vida cultural,
política e social do nosso Brasil, muito bem sintetizada por Plínio Salgado nas
imorredouras páginas de O Integralismo na
vida brasileira, que constitui o primeiro volume da Enciclopédia do Integralismo, organizada por Gumercindo Rocha Dorea
em fins da década de 1950, são assaz conhecidas, assim como os nomes dos
diversos pensadores, escritores, juristas, jornalistas, médicos, professores,
políticos, sociólogos e historiadores que vestiram a Camisa-Verde Integralista
e muito contribuíram, em suas respectivas áreas, para o engrandecimento da
Nação Brasileira, de modo que julgamos não ser necessário discorrer aqui a
respeito de tais assuntos.
Assim,
encerramos as presentes linhas sobre o Manifesto de Outubro, singela homenagem
a este tão relevante documento de nossa História, repositório do mais sadio,
vigoroso, rigoroso e edificador nacionalismo e leitura obrigatória de todo
aquele que pretende se tornar um autêntico adail de Deus, da Pátria, da Família
e de todos os valores tradicionais consubstanciados em tal tríade, nobre e
elevada como nenhuma outra. Rogamos ao Altíssimo, condutor dos destinos dos
povos e dos homens, que suscite varões de espírito guerreiro dispostos a
marchar pelo fogo e pelas ruínas, sacrificando, se necessário for, as próprias
vidas, em nome dos princípios perenes de tal Manifesto, lídima expressão do
Espírito Bandeirante e carta de princípios que deve ser levada em consideração por
todo aquele que tem consciência de que é em função da autêntica Tradição
Nacional e do autêntico pensamento brasileiro que devemos estruturar as nossas instituições políticas.
Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista
Brasileira. São Paulo, 07 de Outubro de 2012-LXXX.
[1] MOURÃO, Gerardo
Mello. Entrevista concedida ao Diário do Nordeste. Disponível em:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=414001.
Acesso em 07 de outubro de 2012.
[2] BARBUY, Victor Emanuel Vilela. 79
anos do Manifesto de Outubro. Disponível em: http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=125.
Acesso em 07 de outubro de 2012.
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