Monday, December 10, 2012

O Integralismo, escola de nobreza espiritual


O Integralismo, escola de nobreza espiritual*

 

Nós outros, Integralistas, proclamamos que o Homem tem o seu valor medido por seus feitos e suas virtudes e não pelo poder ou os bens materiais que possui, uma vez que temos plena consciência de que tal poder e tais bens não são, ao contrário dos bens do Espírito, bons em si e por si próprios, sendo legítimos apenas quando e enquanto ordenados ao Bem Comum. Noutros termos, entendemos que a Pessoa Humana não vale por aquilo que tem, mas sim por aquilo que é e por aquilo que realiza em prol do Bem Geral, e a propriedade das riquezas terrenas está condicionada ao cumprimento dos deveres que tem o proprietário para com a Sociedade, do mesmo modo que só é lídimo o poder que promove o engrandecimento do Bem Social.

Assim, fazemos nossas as palavras de Plínio Salgado, quando este proclama, numa das imorredouras páginas do Manifesto de Outubro, que “o homem vale pelo trabalho, pelo sacrifício em favor da Família, da Pátria e da Sociedade”, assim como “pelo estudo, pela inteligência, pela honestidade, pelo progresso nas ciências, nas artes, na capacidade técnica, tendo por fim o bem-estar da Nação e o elevamento moral das pessoas”, não sendo a riqueza senão “bem passageiro, que não engrandece ninguém, desde que não sejam cumpridos pelos seus detentores os deveres que rigorosamente impõe, para com a Sociedade e a Pátria” [1].  E fazemos nossas, do mesmo modo, as palavras daquele ilustre pensador patrício quando este preleciona, no Código de Ética do Estudante, que é necessário se lembrar “sempre de que a verdadeira grandeza está na virtude e não no êxito dos negócios ou da carreira, porque os bens do mundo são inconstantes” e podemos perdê-los, enquanto os bens acumulados em nós mesmos à custa de nos aperfeiçoarmos “no saber e na dignidade” não poderão ser destruídos por força alguma, assim como quando ensina ele que não devemos nos impressionar “com a riqueza dos ricos e o brilho dos que esplendem em altos postos”, mas sim “com a sabedoria dos sábios, o heroísmo dos heróis e a santidade dos santos” [2].

Sustentamos, destarte, os soldados do Sigma, arautos e paladinos de Deus, da Pátria e da Família, que o Ente Humano deve buscar a santidade, isto é, lutar com todas as suas forças para permanecer sempre no caminho dos justos, pelejar para ser perfeito como o Pai Celeste, aprimorando-se no zelo das virtudes, destruindo o burguês que há dentro de si e tornando-se um exemplo de Nobreza do Espírito, de Aristocracia da Virtude. Isto porque sabemos que a crise de nossos dias é, antes e acima de tudo, uma crise do Homem, de sorte que, antes de empreendermos a restauração da Sociedade Orgânica, da Sociedade Tradicional, é necessário empreender a restauração do Homem Tradicional, ou, simplesmente, como propõe Plínio Salgado, a “reconstrução do Homem” [3].

Ao falarmos que devemos destruir o burguês que há dentro de cada um de nós compreendemos a burguesia não como uma classe, mas, consoante leciona o autor de Espírito da burguesia, como “um estado de espírito”, que não é senão “o próprio espírito da avareza e da sensualidade”, hoje presente em todas as classes, e que se traduz, antes de tudo, pela “preocupação exclusiva pelos bens materiais”, que deixam de se constituir em um meio da Pessoa Humana, ordenado a seu Fim Último, que é Deus, e se transformam em um fim, o mesmo ocorrendo com os cinco sentidos do Homem, tornados fins únicos de todas as suas manifestações e realizações [4]. É, pois, o espírito daqueles que, segundo Cícero, têm apego ao dinheiro, às casas magníficas, aos bens materiais, ao poder e aos prazeres “como sendo coisas boas ou desejáveis em si mesmas” e que, “embora repletos dessas coisas”, “desejam acima de tudo aquilo que já têm em abundância”, posto que neles a “sede da cobiça nunca é extinta ou saciada” [5].   

Enquanto o espírito burguês é, na frase do autor de Mensagem às pedras do deserto, “o conformismo, o comodismo, o interesse vulgar, o prazer mesquinho, a incapacidade de ideal, a demissão dos deveres, a submissão ao cotidiano, o fatalismo inerme, a indiferença criminosa, o abandono à rotina, o egoísmo cego, a ostentação ridícula, a descrença e a incapacidade de ação” [6], o espírito nobre, a que também podemos denominar espírito aristocrático e espírito de elite, no sentido autêntico, espiritual e não econômico, deste último vocábulo, e que, como sublinhamos algures, se caracteriza, antes e acima de tudo, pela busca das virtudes espirituais e cívicas, pela existência voltada sobretudo à acumulação de bens extraterrenos, pela rejeição da vida cômoda e o combate sem trégua em prol dos valores perenes da Tradição, que implica, na hora que passa, em nadar sempre contra a maré de erros da inautêntica civilização materialista a que denominamos Modernidade, ou Mundo Moderno [7].

A reconstrução do Homem dar-se-á por meio da Revolução Interior, ou Revolução Espiritual, que implica, como faz salientar Plínio Salgado, na autoimposição de “normas de nobreza tanto na vida particular como na vida pública” [8] de cada um de nós e que, na frase de Gustavo Barroso, se configura numa “mudança de atitude do espírito em face dos problemas que se lhe apresentam, em qualquer ordem moral ou material”, alterando a totalidade dos conceitos e dando “um novo sentido de vida” e se processando “com ideias e homens cheios dessas ideias, não correndo o perigo de ver à sua frente, no dia da vitória, um deserto de homens e de ideias” [8]. Foi esta Revolução Interior que teve em mente Corneliu Codreanu, líder máximo da Legião de São Miguel Arcanjo, ao proclamar que “o homem novo e a nação renovada pressupõem uma grande revolução espiritual de todo o povo, isto é, uma mudança da orientação espiritual moderna, e uma ofensiva categórica contra essa orientação” [9].

O Integralismo é, enfim, uma escola de nobreza espiritual, que visa preparar o Homem para reconstruir a si mesmo e à Sociedade autêntica, formando uma lídima Aristocracia do Espírito, disposta a tudo sacrificar em prol de Deus, da Pátria e da Família sem nada pedir em troca, nem mesmo a compreensão dos seus patrícios.

 

Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira.

São Paulo, 07 de dezembro de 2012-LXXX.
 
 
*Texto originalmente publicado no boletim "Ação!", da Frente Integralista Brasileira.

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