O Integralismo, escola
de nobreza espiritual*
Nós outros,
Integralistas, proclamamos que o Homem tem o seu valor medido por seus feitos e
suas virtudes e não pelo poder ou os bens materiais que possui, uma vez que
temos plena consciência de que tal poder e tais bens não são, ao contrário dos
bens do Espírito, bons em si e por si próprios, sendo legítimos apenas quando e
enquanto ordenados ao Bem Comum. Noutros termos, entendemos que a Pessoa Humana
não vale por aquilo que tem, mas sim por aquilo que é e por aquilo que realiza
em prol do Bem Geral, e a propriedade das riquezas terrenas está condicionada
ao cumprimento dos deveres que tem o proprietário para com a Sociedade, do
mesmo modo que só é lídimo o poder que promove o engrandecimento do Bem Social.
Assim, fazemos nossas as palavras de Plínio Salgado,
quando este proclama, numa das imorredouras páginas do Manifesto de Outubro, que “o homem vale pelo
trabalho, pelo sacrifício em favor da Família, da Pátria e da Sociedade”, assim
como “pelo estudo, pela inteligência, pela honestidade, pelo progresso nas
ciências, nas artes, na capacidade técnica, tendo por fim o bem-estar da Nação
e o elevamento moral das pessoas”, não sendo a riqueza senão “bem passageiro,
que não engrandece ninguém, desde que não sejam cumpridos pelos seus detentores
os deveres que rigorosamente impõe, para com a Sociedade e a Pátria” [1]. E fazemos nossas, do
mesmo modo, as palavras daquele ilustre pensador patrício quando este
preleciona, no Código de Ética do Estudante,
que é necessário se lembrar “sempre de que a verdadeira grandeza está na
virtude e não no êxito dos negócios ou da carreira, porque os bens do mundo são
inconstantes” e podemos perdê-los, enquanto os bens acumulados em nós mesmos à
custa de nos aperfeiçoarmos “no saber e na
dignidade” não poderão ser destruídos por força alguma, assim como quando
ensina ele que não devemos nos impressionar “com a riqueza dos ricos e o
brilho dos que esplendem em altos postos”, mas sim “com a sabedoria dos sábios,
o heroísmo dos heróis e a santidade dos santos” [2].
Sustentamos, destarte,
os soldados do Sigma, arautos e paladinos de Deus, da Pátria e da Família, que
o Ente Humano deve buscar a santidade, isto é, lutar com todas as suas forças
para permanecer sempre no caminho dos justos, pelejar para ser perfeito como o
Pai Celeste, aprimorando-se no zelo das virtudes, destruindo o burguês que há
dentro de si e tornando-se um exemplo de Nobreza do Espírito, de Aristocracia
da Virtude. Isto porque sabemos que a crise de nossos dias é, antes e acima de
tudo, uma crise do Homem, de sorte que, antes de empreendermos a restauração da
Sociedade Orgânica, da Sociedade Tradicional, é necessário empreender a
restauração do Homem Tradicional, ou, simplesmente, como propõe Plínio Salgado,
a “reconstrução do Homem” [3].
Ao falarmos que
devemos destruir o burguês que há dentro de cada um de nós compreendemos a
burguesia não como uma classe, mas, consoante leciona o autor de Espírito da burguesia, como “um estado
de espírito”, que não é senão “o
próprio espírito da avareza e da sensualidade”, hoje presente em todas as
classes, e que se traduz, antes de tudo, pela “preocupação exclusiva pelos bens
materiais”, que deixam de se constituir em um meio da Pessoa Humana, ordenado a
seu Fim Último, que é Deus, e se transformam em um fim, o mesmo ocorrendo com
os cinco sentidos do Homem, tornados fins únicos de todas as suas manifestações
e realizações [4]. É, pois, o espírito daqueles que, segundo Cícero, têm apego
ao dinheiro, às casas magníficas, aos bens materiais, ao poder e aos prazeres
“como sendo coisas boas ou desejáveis em si mesmas” e que, “embora repletos
dessas coisas”, “desejam acima de tudo aquilo que já têm em abundância”, posto
que neles a “sede da cobiça nunca é extinta ou saciada” [5].
Enquanto o
espírito burguês é, na frase do autor de Mensagem
às pedras do deserto, “o conformismo, o comodismo, o interesse vulgar, o
prazer mesquinho, a incapacidade de ideal, a demissão dos deveres, a submissão
ao cotidiano, o fatalismo inerme, a indiferença criminosa, o abandono à rotina,
o egoísmo cego, a ostentação ridícula, a descrença e a incapacidade de ação” [6],
o espírito nobre, a que
também podemos denominar espírito aristocrático e espírito de elite, no sentido
autêntico, espiritual e não econômico, deste último vocábulo, e que, como
sublinhamos algures, se caracteriza, antes e acima de tudo, pela busca das
virtudes espirituais e cívicas, pela existência voltada sobretudo à acumulação
de bens extraterrenos, pela rejeição da vida cômoda e o combate sem trégua em
prol dos valores perenes da Tradição, que implica, na hora que passa, em nadar
sempre contra a maré de erros da inautêntica civilização materialista a que
denominamos Modernidade, ou Mundo Moderno [7].
A
reconstrução do Homem dar-se-á por meio da Revolução Interior, ou Revolução
Espiritual, que implica, como faz salientar Plínio Salgado, na autoimposição de
“normas de nobreza tanto na vida particular como na vida pública” [8] de cada
um de nós e que, na frase de Gustavo Barroso, se configura numa “mudança de atitude do espírito
em face dos problemas que se lhe apresentam, em qualquer ordem moral ou
material”,
alterando
a totalidade dos conceitos e dando “um novo sentido de vida” e se processando
“com ideias e homens cheios dessas ideias, não correndo o perigo de ver à sua
frente, no dia da vitória, um deserto de homens e de ideias” [8]. Foi esta
Revolução Interior que teve em mente Corneliu Codreanu, líder máximo da Legião
de São Miguel Arcanjo, ao proclamar que “o homem
novo e a nação renovada pressupõem uma grande revolução espiritual de todo
o povo, isto é, uma mudança da orientação
espiritual moderna,
e uma ofensiva categórica contra essa orientação” [9].
O Integralismo é, enfim, uma escola de
nobreza espiritual, que visa preparar o Homem para reconstruir a si mesmo e à
Sociedade autêntica, formando uma lídima Aristocracia do Espírito, disposta a
tudo sacrificar em prol de Deus, da Pátria e da Família sem nada pedir em
troca, nem mesmo a compreensão dos seus patrícios.
Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira.
São Paulo, 07 de dezembro de
2012-LXXX.
*Texto originalmente publicado no boletim "Ação!", da Frente Integralista Brasileira.
No comments:
Post a Comment