João
de Scantimburgo, in memoriam
Faleceu
no dia 22 de março deste ano de 2013, aos noventa e sete anos de idade, o
jornalista, ensaísta, filósofo, historiador, sociólogo e romancista paulista e brasileiro
João de Scantimburgo.
Infelizmente
pouco conhecido das novas gerações brasileiras em virtude, antes de tudo, do
manto de silêncio com que a dita inteligência nacional criminosamente cobriu
seu nome por conta das ideias católicas, tradicionalistas, patrióticas e
nacionalistas que sempre defendeu galhardamente, João de Scantimburgo, que era Mestre
em Economia e Doutor em Filosofia e Ciências Sociais, foi professor da Fundação
Armando Álvares Penteado (FAAP) e da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e
diretor dos Diários Associados (Diário
de S. Paulo e Diário
da Noite) em São Paulo, assim como dos jornais paulistanos Diário do Comércio e Correio
Paulistano e da revista Digesto Econômico, também da Capital Paulista, do mesmo modo que da Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras, havendo sido também fundador e
presidente por anos da hoje extinta TV Excelsior, de São Paulo. Colaborou
também em O
Estado de S. Paulo, no jornal tradicionalista Reconquista, dirigido por Clovis Lema Garcia, e na Revista Brasileira de Filosofia, de que foi secretário e membro do conselho de redação. Foi,
ainda, membro da Academia Brasileira de Letras, da Academia Paulista de Letras,
do Instituto Brasileiro de Filosofia, do Centro Dom Vital, da Sociedade
Brasileira de Filósofos Católicos, do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do PEN Clube do
Brasil, da Società Tomista Internazionale, de Roma, da American Catholic
Philosophical Association e da International Society for Metaphysics, ambas de
Washington DC, dos Archives Maurice Blondel, de Louvain, Bélgica, da Academia
Portuguesa de História e de diversas outras instituições culturais nacionais e
estrangeiras.
Nascido
no Município de Dois Córregos, no Interior Paulista, em 31 de outubro de 1915,
João de Scantimburgo foi criado em Rio Claro, onde estudou as primeiras letras
no grupo escolar e, mais tarde, fez o curso secundário no Instituto Joaquim
Ribeiro. Concluindo os estudos no ano de 1932, permaneceu em Rio Claro até
princípios do ano de 1940, ali dirigindo, entre os meses de setembro de 1939 e
janeiro de 1940, o jornal Cidade de Rio
Claro.
Foi,
ainda, em Rio Claro, Município para o qual legou em testamento sua vasta e
preciosa biblioteca, que, na década de 1930, participou Scantimburgo de um
grande comício promovido pelo núcleo local da Ação Integralista Brasileira
(AIB), ficando bastante empolgado com os discursos de Plínio Salgado e, ainda
mais, com aqueles de Miguel Reale, “orador com eloqüência que cativou o grande
público ali presente” e cuja pregação naquele “período integralista foi
apostolar”, sendo que “a substância de seus discursos era o Brasil” [1]. Mais
tarde, Reale e Scantimburgo se tornaram grandes amigos e, a convite de Reale,
Scantimburgo integrou, em 1949, ao lado deste e dos filósofos Heraldo Barbuy,
Vicente Ferreira da Silva e Luís Washington Vita, o grupo fundador do Instituto
Brasileiro de Filosofia e, em 1951, da Revista
Brasileira de Filosofia. A despeito das profundas diferenças que separavam,
no campo do pensamento, o tomista e monárquico Scantimburgo do neokantiano e
republicano Miguel Reale, os laços de amizade e de admiração recíproca que os
uniam jamais foram rompidos.
Casado
em primeiras núpcias com Cecília Kerr, de quem cedo ficou viúvo, e, em segundas
núpcias, com a condessa polonesa Anna Teresa Maria Josefina Tekla Edwige
Isabella Lubowiecka, também antes dele falecida, João de Scantimburgo, que não
teve filhos, viveu a maior parte de sua longa e profícua vida na Capital
Bandeirante, cidade que muito amou.
Temos
nós outros quase absoluta certeza de que o autor de Os paulistas e de Tratado
Geral do Brasil, católico na mais plena acepção do vocábulo, estará melhor
no local para o qual decerto partiu do que nesta espécie de cárcere que é a
vida do Homem neste Mundo, segundo os antigos mistérios evocados por Sócrates
no Fédon de Platão [2]. Igualmente
temos, porém, por outro lado, a total certeza de que a Província de São Paulo e
este vasto Império de nome Brasil muito perderam com a morte deste varão de tão
excelsas virtudes morais e intelectuais, autêntica encarnação viva do Espírito
Bandeirante, estando agora, pois, esta Província e este Império - já assaz
empobrecidos pelo falecimento do grande escritor, historiador e jornalista
Hernâni Donato, seu confrade na Academia Paulista de Letras, em 22 de novembro
de 2012, – muito mais pobres moral e intelectualmente.
Esse
Espírito Bandeirante de que João de Scantimburgo foi e é uma encarnação viva
não é senão o espírito de hombridade, valentia, tenacidade, arrojo e
empreendedorismo que caracteriza o autêntico filho, natural ou adotivo, da
Terra Paulista, isto é, o espírito do Eterno Bandeirante, ou, como diria ele,
do “perpétuo bandeirante” [3], vivo hoje, como há quase quinhentos anos e como
nos dias de Bartolomeu Bueno, Borba Gato, Raposo Tavares, Fernão Dias, Manuel
Preto, Domingos Jorge Velho, Carlos Pedroso da Silveira e de todos os outros
que, no dizer do ínclito pensador paulista, “encurtaram a vida em sacrifícios,
para ampliar as fronteiras da pátria” [4]. Tal espírito não apenas conduziu
para os sertões os bandeirantes da Vila Real de São Paulo do Campo de
Piratininga, que, com as lâminas de seus alfanjes e as bocas de seus
bacamartes, escreveram uma epopeia comparável àquelas de seus antepassados,
cavaleiros da Reconquista e nautas das Grandes Navegações, dando a este Império
as dimensões continentais que hoje tem, como também inspirou os descendentes,
em espírito e sangue ou apenas em espírito, de tais sertanistas a plantar
verdes mares de cafezais, a abrir estradas e caminhos de ferro e a edificar
cidades, e, mais tarde, a fundar as indústrias que fizeram da Terra Bandeirante
a mais industrializada das Américas ao sul do rio Bravo, ou rio Grande, como o
chamam os estadunidenses do norte.
Defensor
da “majestosa epopéia” das Bandeiras, João de Scantimburgo, que refutou a tese
do exclusivismo econômico de tais Bandeiras, sempre salientou o fato de que os heroicos
bandeirantes de São Paulo estavam armados de uma grandiosa e nobre missão, que
era aquela, por eles cumprida, de dilatar o Império Português e de levar os
missionários portadores da Fé para os sertões da América Lusitana [5], isto é,
dilatar a Fé e o Império, conforme o dito de Camões, poeta a quem o autor de A agonia da civilização muito admirava,
havendo mesmo analisado seu pensamento essencialmente cristão na pequena magna
obra Interpretação de Camões à luz de
Santo Tomás de Aquino, de 1978.
Paulista
de primeira geração pelo nascimento, foi João de Scantimburgo um paulista de
quatrocentos anos pelo espírito, não sendo, pois, uma exceção à regra percebida
por Gilberto Freyre, nordestino que muito admirou o Espírito Bandeirante, no
sentido de que os “porta-estandartes” do Espírito Bandeirante, ou do
“bandeirismo”, têm sido encontrados não entre os chamados paulistas-velhos, ou
quatrocentões pela lei do sangue, mas sim entre os “adventícios ou
paulistas-novos, cujos característicos dinamicamente bandeirantes são antes
adquiridos do que herdados pelo sangue” [6].
Entre
esses porta-estandartes das autênticas tradições da antiga São Paulo do Campo
de Piratininga, “bandeirantes mais por direito de conquista do que por herança
de quatro costados”, enumera o autor de Casa-grande
e senzala, por exemplo, Washington Luís, Cassiano Ricardo, Menotti Del
Picchia, Ribeiro Couto, Alfredo Ellis Junior e Plínio Salgado. Este último era,
aliás, na opinião de Freyre, um dos mais eminentes vultos de toda uma grande
“geração de paulistas interessados nos seus valores tradicionais mais
característicos” e que, se entregando “a estudos sérios e profundos de História
ou Sociologia regional”, desenvolveu “esforço inteligente e útil de conservação,
restauração e interpretação dos mesmos valores ou do seu aproveitamento como
motivos original ou particularmente paulistas de arte, de literatura, de sátira
social”, evitando que São Paulo, “por excesso de ‘modernismo’ desdenhoso do
passado ou dos valores regionais, se tornasse, sob os arrojos da
industrialização”, que o diferenciavam do restante do Brasil, um simples
“arremedo de ‘progresso americano’ ou de ‘progresso norte-europeu’” [7].
Plínio
Salgado - que, embora também descendente de paulistas-velhos, incluindo o
célebre bandeirante Manuel Preto, já aqui mencionado, e o igualmente ilustre
Pero Dias, guardião das chaves da Vila de São Paulo do Campo de Piratininga
quando de sua fundação, era predominantemente, pelo sangue, um paulista-novo –
se contava, ainda de acordo com o autor de O
Mundo que o português criou e de O
brasileiro entre outros hispanos, entre os bandeirantes em espírito que se
revelaram expressões não somente intelectuais como também políticas de
“bandeirismo ortodoxo” [8]. E Plínio Salgado, este “descobridor bandeirante das
essências de sua pátria”, no dizer de Francisco Elías de Tejada [9], e
admirável cultor das tradições brasileiras e bandeirantes, para quem todos os
paulistas autênticos, independentemente do sangue, eram “paulistas de
quatrocentos anos” e o prestígio de São Paulo perante as demais províncias
brasileiras somente não estaria em perigo caso São Paulo colocasse em relevo,
antes de tudo, a sua Tradição, a “tradição do povo bandeirante”, que “vai
buscar raízes na capacidade de expansão lusíada e no caráter cristão dos nossos
primeiros aglomerados humanos” [10]; Plínio Salgado, enfim, que foi, como o
próprio João de Scantimburgo, um lídimo Bandeirante da Fé e do Império, seguramente
concordava com o autor de Sobrados e
mocambos, posto que já em 1933 proclamava que o Integralismo era a “última expressão do espírito bandeirante” [11].
Para
ilustrar o fato de que o Espírito Bandeirante é independente do sangue, evoca o
autor de O café e o desenvolvimento do
Brasil, na introdução à obra Os
paulistas, um caso que lhe foi narrado por Gustavo Barroso, pensador,
escritor e historiador a quem muito admirava. Com efeito, na década de 1930, no
auge do apostolado integralista, veio o autor de Espírito do século XX e de História
Militar do Brasil à Capital Bandeirante, onde realizou uma série de
conferências. Recebido por Alfredo Buzaid, seu correligionário, e como tal,
companheiro de ideais tradicionalistas, patrióticos e nacionalistas, Barroso
saiu com este, em passeio, por São Paulo. Ao passarem pela Avenida Paulista, no
Parque Trianon, viu Barroso o imponente monumento a Bartolomeu Bueno, indagando
a Buzaid a quem era ele dedicado. Este, filho de imigrantes libaneses,
respondeu, então, ao escritor cearense, que aquele monumento era dedicado a “um
nosso grande antepassado: Bartolomeu Bueno, o Anhangüera”. “Buzaid estava
certo”, conclui Scantimburgo, pois “somos todos paulistas” [12].
Isto
posto, é mister sublinhar que os bandeirantes paulistas deixaram inúmeros
descendentes por todo o Brasil, dos pampas sulinos às selvas amazônicas e dos
sertões nordestinos ao Pantanal, do mesmo modo que é forçoso assinalar que não
houve apenas bandeirantes na Capitania de São Vicente, depois Capitania de São Paulo,
mas também em outras capitanias da América Portuguesa, sobretudo naquela da
Bahia, e que, pelo próprio vulto monumental da epopeia por eles realizada, os
bandeirantes de São Paulo do Campo de Piratininga e de outras vilas vicentinas,
ou paulistas, são heróis e símbolos não apenas da Terra Paulista, mas de todo o
Brasil. Destarte, podemos dizer que o Espírito Bandeirante, em sentido lato,
não é exclusivo dos paulistas ou residentes em São Paulo, havendo, pois, em
nosso sentir, bandeirantes em espírito em todas as províncias do Brasil.
Foi,
aliás, justamente tendo em vista o caráter nacional brasileiro e não apenas
paulista do bandeirismo que Plínio Salgado afirmou, como há pouco observamos,
que o Integralismo é a “última expressão do espírito
bandeirante”
[13], e
que Gustavo Barroso proclamou que os integralistas são os “novos bandeirantes”
[14].
Vivemos
num tempo em que “a ciência e a técnica (...) concorrem para atrofiar no homem
as raízes do passado, erigindo o presente como um fim último do seu roteiro na
Terra”, e em que, “enfraquecida em seus rizomas sobrenaturais, pela dissolução
da pessoa no tempo, a sociedade humana atravessa uma fase histórica na qual os
valores espirituais são suplantados pelos valores materiais, o infinito vai
sendo vencido pelo indefinido, e o amor perde a imagem de reflexo do amor de
Deus”; num tempo em que, em decorrência de tal “subversão de valores”, o Ente
Humano “não descobre um sítio onde possa repousar tranqüilo, pois o bem
espiritual e o bem social estão minados nas suas bases pelo temporalismo
milenar”, e em que, por conseguinte, sem encontrar “o apoio da fé, o ser humano
volta-se para a superstição, para os mitos nos quais espera achar, não só
justiça, como, também, resposta aos seus anseios de paz”, sendo tal superstição
e tal mito “um esforço para captar o Absoluto nos limites da natureza”; num
tempo, enfim, em que “o progresso contínuo, a soberania da razão, o cientismo,
o economismo, o socialismo, a arte subjetiva, a autonomia tecnológica, as
ditaduras totalitárias, o liberalismo político” [15], exemplos de tais
“superstições alienadoras, insinuadas na consciência do ser humano”, o dominam,
ao que parece, de forma irresistível [16].
Nestes
tempos sombrios, teve João de Scantimburgo a coragem mental e física de defender
Deus, o Primado do Espírito, a imortalidade da alma, a Pátria, a Nação, a
Família, a Tradição, a instrumentalidade de todas as atividades e das criações do
Homem ao seu Fim Último (Deus), a Sociedade Orgânica e o Estado Orgânico [17].
Este último não é senão o Estado-meio que deve promover o Bem Comum e é
totalmente diverso do Estado Totalitário de inspiração hobbesiana ou hegeliana,
assim como do “Estado do individualismo, onde a liberdade e a autoridade são
pulverizadas no predomínio do quantitativo, na ficção de que a ‘Vontade Geral’
possa determinar o órgão do poder, e que o pacto social é a suprema realidade
política” [18].
Scantimburgo,
este bravo arauto da restauração do Primado de Deus e do Espírito [19] e figadal
inimigo das superstições modernas, falsos deuses que tomaram o lugar do Deus
verdadeiro [20], sempre pugnou pela instauração, no Brasil, de uma Monarquia
Temperada, ou Regime Misto, que, a exemplo de Santo Tomás de Aquino, reputava a
mais excelente dentre as formas de governo. Enquanto não chegarmos a este
regime misto, síntese da Monarquia, da Democracia e da Aristocracia, [21]
devemos, segundo o autor de Política e
Ética e de A filosofia da ação, trabalhar
em prol da construção da Democracia Cristã sustentada por Leão XIII na Encíclica
Graves de Communi Re, de 1901, [22]
democracia esta que nada tem que ver com a liberal-democracia ou a denominada
democracia de massas, não sendo senão o regime que tem o objeto de buscar uma
vida melhor para aqueles que vivem do labor de suas próprias mãos ou da sua
indústria, “a fim de que possam gozar de seus próprios meios de vida,
sentindo-se homens, isto é, donos do direito de personalidade que nenhuma força
pode arrebatar” [23].
O
autor de Eça de Queiroz e a Tradição e
de O segredo japonês sempre teve
consciência de que, como preleciona Plínio Salgado, a Tradição, que sempre “se
renova, se atualiza, se dirige para o futuro”, possuindo caráter dinâmico,
sendo uma “marcha para a frente” e tendo estreita ligação com o Progresso,
posto que, do mesmo modo que “a Tradição, sem o Progresso, é morta, confunde-se
com a História fria”, isto é, com a História sem Tradição, o “Progresso sem
Tradição é somente corpo, sem espírito, pelo que se confunde com a
materialidade da História”, [24] sendo tanto a Tradição como o Progresso
movimentos de transmissão do Passado para o Futuro [25]. Sabia ele, pois, assim
como o autor de O ritmo da História,
que há “valores essenciais” que, vindos do Passado, “animam de vida o futuro” e
que, caso desprezemos esses valores, renunciaremos “a um futuro vivo, para
cairmos no fatalismo que nos leva, despersonalizados, a um futuro morto que nem
merece o nome de futuro” [26], ou, como diria Arlindo Veiga dos Santos, “o Presente que nega o Passado não terá futuro” [27]. Destarte, o vigoroso
paladino da Tradição que foi João de Scantimburgo sempre proclamou que “Nação
nenhuma se sustentou historicamente, prolongando-se no tempo e no espaço, sem
apoio nessa força de coesão social (...), nos elos que o respeito solda no
presente todos os dias, para assegurar a sua duração”, havendo, com efeito,
soçobrado “impérios por não terem guardado as suas tradições mais caras, os
seus usos e costumes, que, ao longo do tempo, se foram mudando, em acidentes,
enquanto deveriam conservar-se na sua essência” [28].
Encerremos
aqui esta singela porém sincera homenagem póstuma a este intrépido adail de
Deus e da Pátria, magno Bandeirante do Brasil Profundo, Autêntico e Verdadeiro
e de suas mais lídimas tradições que reconhecemos em João de Scantimburgo. Que seja
sempre lembrado como um dos grandes pensadores brasileiros este tão nobre
quanto sábio varão, que, nos tenebrosos tempos que passam, teve a coragem de
lutar contra a corrente, opondo ao materialismo o espiritualismo cristão, às
filosofias modernas a Filosofia Perene, e ao culto moderno do Progresso
indefinido o culto da Tradição, base de todo Progresso autêntico. E que Deus - que
é para nós outros, assim como o era para Maurice Blondel e para o autor de O problema do destino humano, o “Único
Necessário”, [29] sendo que, na preleção de Santo Tomás de Aquino, que
Scantimburgo fazia sua e nós outros fazemos nossa, “todas as coisas tendem para
Deus como para seu fim último, para conseguirem a bondade divina”, donde se
segue que “o fim último delas é tornarem-se semelhantes a Deus” [30] -, que
Deus, enfim, o Sumo Bem, o Supremo Regente dos destinos das nações e dos
homens, suscite nas novas gerações brasileiras homens da têmpera de João de
Scantimburgo, pelo bem deste grande Império do Ontem e do Amanhã.
Victor
Emanuel Vilela Barbuy, presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira.
São
Paulo, 14 de abril de 2012- LXXX.
[1]
SCANTIMBURGO, João de. Miguel Reale.
In Revista Brasileira de Filosofia, São
Paulo, Instituto Brasileiro de Filosofia, vol. LV, fasc. 222, abril-maio-junho
de 2006, pp. 361-362. Os trechos aqui citados se encontram à página 361. Texto
originalmente publicado no jornal Diário
do Comércio a 18 de abril de 2006.
[2] PLATÃO. Fédon, 62 B. Tradução de Carlos Alberto
Nunes. 3ª ed. Belém: ed.ufpa, 2011, p. 61.
[3] SCANTIMBURGO, João de. Os paulistas (Coleção Paulística, volume
XXI). 2ª ed. São Paulo: imprensaoficial, 2006, p. 637.
[4] Idem, p. 620.
[5] Idem, p. 14.
[6] FREYRE, Gilberto. Problemas brasileiros de Antropologia.
3ª ed. Prefácio de Gonçalves Fernandes. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio
Editora, 1962, p. 41.
[7] Idem, p. 72.
[8] Idem, p. 42.
[9] TEJADA, Francisco Elías
de. Plínio Salgado na Tradição do Brasil. In VÁRIOS. Plínio Salgado, “in memoriam”. Vol. II.
São Paulo: Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1985/1986, p. 70.
[10] SALGADO, Plínio. Atualidades brasileiras. 2ª
ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed. vol. 16. São Paulo: Editora das Américas, 1957,
p. 371.
[11] Idem. O que é o Integralismo. 4ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed. vol. 9.
São Paulo: Editora das Américas, 1957, p. 42, nota.
[12] SCANTIMBURGO, João de. Os paulistas, cit., p. 14.
[13] SALGADO, Plínio. O que é o Integralismo, cit., loc. cit.
[14] BARROSO, Gustavo. Brasil – colônia de
banqueiros. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S/A, 1935, p.
207.
[15] João de Scantimburgo, lamentavelmente,
acabou por rever sua opinião sobre o liberalismo político, passando a fazer a
apologia deste, assim como do liberalismo econômico, enquanto, apoiado no Syllabus,
de Pio IX, se manteve fiel à condenação do liberalismo religioso
(SCANTIMBURGO, João de. História do liberalismo no Brasil. Prefácio de
J. O. de Meira Penna. São Paulo: LTr, 1996, p. 23), assim como do liberalismo
moral. Em linhas gerais, porém, paradoxalmente, seu pensamento seguiria de
forma geral até o fim nas veredas do tomismo e do tradicionalismo político.
[16] SCANTIMBURGO, João de.
Discurso de posse na Academia Paulista de Letras.Disponível em: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=678&sid=331.
Acesso em 9 de abril de 2013.
[17] Idem. Política e Ética. São Paulo: LTr, 2002,
p. 18.
[18] Idem, pp. 17-18.
[19] Idem. O problema do destino humano, segundo
Maurice Blondel. Prefácio de Leonardo Van Acker. São Paulo: Convívio, 1979,
p. 30.
[20] Idem, p. 22.
[21] Com efeito, assim
escreve Santo Tomás de Aquino na Suma
Teológica: “A respeito da boa constituição dos
chefes de uma cidade ou nação, duas cousas devemos considerar. Uma, que todos
tenham parte no governo; assim se conserva a paz do povo e todos amam e guardam
um tal governo, como diz Aristóteles. A outra é relativa à espécie do regime ou
à constituição dos governos. E tendo estes diversas espécies, como diz o
Filósofo, as principais são as seguintes. A monarquia, onde o chefe único
governa segundo o exige a virtude; a aristocracia, i. é, o governo dos
melhores, na qual alguns poucos governam segundo também o exige a virtude. Ora,
o governo melhor constituído, de qualquer cidade ou reino, é aquele onde há um
só chefe, que governa segundo a exigência da virtude e é o superior de todos.
E, dependentes dele, há outros que governam, também conforme a mesma exigência.
Contudo esse governo pertence a todos, quer por poderem os chefes ser
escolhidos dentre todos, quer também por serem eleitos por todos. Por onde,
essa forma de governo é a melhor, quando combinada: monarquia, por ser só um o
chefe; aristocracia, por muitos governarem conforme o exige a virtude;
democracia, i. é, governo do povo, por, deste, poderem ser eleitos os chefes e
ao mesmo pertencer à eleição deles”. (AQUINO, Santo Tomás de. Suma Teológica. 1ª parte
da 2ª parte, q. CV, art. 1º, Sol. Trad. de Alexandre Corrêa. Org. e dir. de
Rovílio Costa e Luís Alberto de Boni. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia
São Lourenço de Brindes, Livraria Sulina Editora; Caxias do Sul: Universidade
de Caxias do Sul, 1980, p.1902).
[22] LEÃO XIII. Encíclica Graves de Communi Re. Disponível (em
inglês) em: http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_18011901_graves-de-communi-re_en.html.
Acesso em 9 de abril de 2013.
[23] SCANTIMBURGO, João de. Política e Ética, cit., p. 19.
[24] SALGADO, Plínio. O ritmo da História. 3ª
ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed. vol. 16. São Paulo: Editora das Américas, 1957,
p. 313.
[25] Idem. Atualidades
brasileiras, cit., p. 371.
[26] Idem, loc. cit.
[27] SANTOS, Arlindo Veiga
dos. Idéias que marcham no
silêncio. São Paulo:
Pátria-Nova, 1962, p. 76.
[28] SCANTIMBURGO, João de. Eça de Queiroz e a Tradição. São Paulo:
Siciliano, 1995, p. 25.
[29] Idem. O problema do destino humano, segundo
Maurice Blondel, cit., p. 12.
[30] AQUINO, Santo Tomás de.
Suma contra os gentios. Livro III,
Capítulo XIX, 1. Tradução de D. Odilão Moura O.S.B. Revisão de Luís A. de Boni.
Porto Alegre: EDIPUCRS, Edições EST, 1996, volume II, p. 406; SCANTIMBURGO, João de. O problema do destino humano, segundo Maurice Blondel, cit., p. 102.
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