A Frente Integralista Brasileira (FIB) vem manifestar o seu repúdio às matérias, repletas de inverdades, erros históricos e difamações contra o Integralismo, assim como contra grupos como a União Conservadora Cristã (UCC) e a Resistência Nacionalista (RN), veiculadas no portal Último Segundo, do iG, no último dia 26 de setembro.
Em uma das reportagens, o Integralismo foi chamado de “fascismo tupiniquim” e noutra, de “versão brasileira do nazismo”. Ora, nestas afirmações, Ricardo Alves e Nara Galhardo, que assinam conjuntamente as referidas reportagens, se contradizem totalmente, uma vez que diferenças profundas separam o ideário do fascismo italiano daquele do nacional-socialismo alemão, sendo erro gravíssimo considerar tais movimentos como uma só coisa, consoante têm assinalado os mais insuspeitos estudiosos do fenômeno fascista, a exemplo dos professores A. James Gregor e Zeev Sternhell.
Ademais, o Integralismo diverge, em pontos fundamentais, do fascismo e, sobretudo, do nacional-socialismo. A seguir, por carência de tempo e de espaço, faremos referência a apenas alguns de tais pontos.
Com efeito, a posição oficial do fascismo histórico era no sentido de que o Estado é um fim, encarnando a Ética e criando todo o Direito [1], não aceitando, pois, a existência de direitos anteriores ao Estado, ao passo que o Integralismo sempre proclamou que o Estado é um meio a serviço da Pessoa Humana e do Bem Comum [2], do mesmo modo que sempre afirmou a existência dos Direitos Naturais do Ente Humano, os quais antecedem o Estado, que, desta forma, não os cria, mas apenas reconhece [3].
Já com relação ao nacional-socialismo, cumpre assinalar que as diferenças entre este e o Integralismo são as mais gritantes possíveis e que até nos causou certo espanto a afirmação de que o Integralismo seria a versão brasileira do nazismo, uma vez que mesmo os jornalistas mais ignorantes e fanaticamente anti-integralistas a têm evitado, temendo cair no ridículo. Com efeito, Plínio Salgado, Chefe Perpétuo e principal doutrinador do Integralismo, não foi apenas o primeiro grande escritor e jornalista do Brasil a atacar o nacional-socialismo, como também aquele que mais rigorosa e vigorosamente o combateu, entre nós, até hoje. Já havendo condenado esta ideologia estrangeira, por exemplo, em Trechos de uma carta, de 1934, ao afirmar que a perseguição aos judeus na Alemanha fora, nos seus excessos, “inspirada pelo paganismo e pelo preconceito de raça”, salientando que “o problema do mundo é ético e não étnico” [4], o atacou ainda de forma mais aguda em textos como a Carta de Natal e Fim de Ano, de 1935, e o artigo Nacional-Socialismo e Cristianismo Social, publicado a 14 de fevereiro de 1936 no jornal A Ofensiva. Neste último trabalho, Plínio Salgado assim se exprime, deixando clara sua posição em relação ao nazismo:
No caso da Alemanha, não tenho dúvida (pelo que tenho lido nos livros nazistas, notadamente no livro de Hitler – Minha Luta – e pelo que tenho deduzido das medidas e iniciativas governamentais), que o governo hitlerista está, sem dúvida alguma, infringindo as mais sagradas leis naturais e humanas e dando lugar a que católicos, ciosos do livre arbítrio e da intangibilidade do homem e de sua família, se rebelem contra o Estado. (...) O ascetismo, a mística, (...) a super-humanização do tipo do Fuehrer, a sua divinização ao ponto de o considerarem, os mais exaltados, a encarnação de Odin, exprime um artificialismo político que foge de toda a base e equilíbrio da razão humana. Nós, os integralistas, que somos coisa absolutamente diferente do nazismo e do fascismo, não nos cansamos de dizer que o nosso fundamento é cristão.
Ademais, o Integralismo não apenas sempre condenou o racismo, como fica patente desde o Manifesto de Outubro, documento cujo lançamento marca o surgimento oficial do Movimento Integralista, como também reuniu em suas fileiras milhares de negros, incluindo figuras ilustres como João Cândido, Abdias do Nascimento, Guerreiro Ramos, Ironides Rodrigues e Dario de Bittencourt, este último o primeiro Chefe Provincial da Ação Integralista Brasileira no Rio Grande do Sul.
Cumpre evocar, ainda, a declaração do insuspeito sociólogo Gilberto Freyre, quando, após se referir ao geógrafo alemão Maack, adepto do nazismo, para quem a posição antirracista do Integralismo seria “heresia das heresias”, salienta, que para ele era o combate ao racismo “um dos pontos simpáticos e essencialmente brasileiros” do Movimento Integralista [5].
Por fim, as informações sobre a suposta “Batalha da Praça da Sé”, veiculadas em texto que, em nosso sentir, contém clara incitação à violência contra os “fascistas”, são totalmente falsas, já que, como ressalta o eminente jusfilósofo patrício Miguel Reale, o que houve na Praça da Sé, naquele 07 de Outubro de 1934, não foi uma batalha, mas sim uma tocaia, perpetrada por comunistas armados, encastelados no Edifício Santa Helena, contra Integralistas que desfilavam pacificamente e inermes [6], celebrando o segundo aniversário do lançamento do Manifesto de Outubro. Esta tocaia causou a morte dos Integralistas Caetano Spinelli e Jaime Guimarães, cujos nomes, curiosamente, não foram citados no faccioso texto publicado no Portal Último Segundo.
Encerramos as presentes considerações salientando que as pérfidas, mesquinhas e absurdas insinuações que os inimigos do Integralismo têm lançado contra este, e que quase sempre giram em torno de ser ele uma cópia, um plágio ou um reflexo de movimentos nacionalistas estrangeiros, tão somente revela o quanto nossos inimigos desconhecem a verdadeira essência de nossa Doutrina, assim como o fato de que estes não têm capacidade de nos combater lealmente, necessitando recorrer a palavras de ordem vazias, a falsos rótulos. E revela, ademais, o quanto estamos incomodando as hordas dos inimigos de Deus, da Pátria e da Família.
Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira.
São Paulo, 29 de setembro de 2011.
OBS: Exigimos a publicação deste texto, juntamente com o endereço de nosso portal, ao fim de cada artigo do Portal Último Segundo que contiver declarações inverídicas contra o Integralismo.
Notas:
[1] V. GENTILE, Giovanni. A Filosofia do Fascismo. Transcrito da obra Para a Compreensão do Fascismo, organizada por António José de Brito e publicada em 1999, pela editora Nova Arrancada, de Lisboa. Disponível em: http://forumpatria.com/debate-politico-e-ideologico/a-filosofia-do-fascismo-giovanni-gentile/. Acesso em 28 de setembro de 2011. Idem. Idee fondamentali. In Enciclopedia Italiana di Scienze, Lettere ed Arti. Vol. XIV. Milão: Treves-Treccani-Tumminelli, 1932-X, pp. 847-848. Este texto, não assinado e muitas vezes atribuído a Benito Mussolini, foi escrito a pedido deste por Giovanni Gentile (V. TURI, Gabriele. Giovanni Gentile: Una biografia. Florença: Giunti Editore, 1995, p. 426; GREGOR, A. James. Phoenix: Fascism in our time. 1ª ed., 4ª reimpr. New Brunswick: Transaction Books, 2009p. 940.).
[2] V. SALGADO, Plínio. Madrugada do Espírito. 4ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed. Vol. VII. São Paulo: Editora das Américas, 1957, p. 443.
[3] V. SALGADO, Plínio. O que é o Integralismo. 4ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed. Vol. IX. São Paulo: Editora das Américas, 1959, p. 77.
[4] SALGADO, Plínio. Trechos de uma carta. Panorama, Ano I, Nº 4 e 5, abril e maio de 1936, pp. 3-5. O trecho aqui citado se encontra à página 5. Texto também disponível em: http://pliniosalgado.blogspot.com/2011/02/trechos-de-uma-carta-plinio-salgado-em.html. Acesso em 28 de setembro de 2011.
[5] FREYRE, Gilberto. Uma cultura ameaçada: a luso-brasileira. 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1942, pp. 87-88.
[6] REALE, Miguel. Memórias, vol. 1, Destinos cruzados. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1987, p. 84.
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