Documento inaugural, pois, do Integralismo, o Manifesto de Outubro se constitui na mais perfeita síntese desta sólida e sadia Doutrina essencialmente brasileira, assim como na igualmente perfeita síntese daquilo que de melhor foi edificado por nossos pensadores, escritores e estadistas. Reflete ele, magistralmente, a Tradição Integral da Nação, trazendo soluções nacionais para os problemas nacionais, e isto em um País em que já desde o Império as elites nada mais faziam do que transplantar ideias e soluções estrangeiras, muitas vezes utópicas mesmo nos países em que haviam sido propostas, e totalmente alheias à nossa Tradição, aos nossos costumes, à nossa Identidade Nacional. Isto porque Plínio Salgado tinha plena consciência de que, consoante preleciona Eduardo Prado, as sociedades devem ser regidas por leis emanadas de sua estirpe, de sua História, de seu caráter, de seu desenvolvimento orgânico [1].
Plínio Salgado tinha igualmente plena consciência de que, como observa Oliveira Vianna, no prefácio à primeira edição de sua obra O idealismo da Constituição, de 1927, “se, ontem como agora, o problema da democracia no Brasil tem sido mal posto, é porque tem sido posto à maneira inglesa, à maneira francesa, à maneira americana; mas, nunca, à maneira brasileira” [2]. Daí o então futuro autor de Psicologia da Revolução e da Vida de Jesus propor, naquele documento histórico, um modelo orgânico e autenticamente brasileiro de Democracia, que, consoante assinala Gustavo Barroso, se inspira profundamente nas lições políticas de Santo Tomás de Aquino [3].
Isto posto, passemos a enumerar as principais ideias sustentadas pelo Manifesto de Outubro e, por conseguinte, pela Doutrina Integralista. São elas: Afirmação da existência de Deus e da Alma Imortal; Concepção Integral do Universo e da Pessoa Humana; Patriotismo; Nacionalismo Integral, alicerçado na Tradição e tendente ao Universalismo; Defesa da Família, cellula mater da Sociedade, e do Município, cellula mater da Nação; Culto da Tradição Nacional; Combate sem tréguas ao comunismo e ao liberal-capitalismo internacional; Guerra sem quartel ao cosmopolitismo; Sustentação da Harmonia e da Justiça Social; Restauração dos princípios de Autoridade, Hierarquia e Disciplina; Luta contra o racismo e pela valorização do nosso povo e das nossas tradições, bem como dos pensadores e escritores nacionais; Pugna pela edificação de uma Democracia Integral e de um Estado Ético Orgânico Integral Cristão, instrumento da Nação, do Ente Humano e do Bem Comum.
Como é bem sabido, a mensagem estuante de Cristianismo e de Brasilidade do Manifesto de Outubro se espalhou velozmente por toda a Nação Brasileira, atraindo centenas de milhares de brasileiros de todos os credos, etnias, segmentos sociais e províncias deste vasto Império para as fileiras da Ação Integralista Brasileira. E o Integralismo, movimento cívico-político-cultural e social de renovação nacional, reunindo o que havia de mais significativo na intelectualidade brasileira dos anos 30, se configurou numa admirável escola de Moralidade, Civismo, Patriotismo e Nacionalismo, bem como num pujante foco de irradiação, inexpugnável cidadela e vigilante atalaia do Brasil Profundo.
Encerremos este artigo. O Manifesto de Outubro, síntese por excelência da Doutrina essencialmente cristã e brasileira do Integralismo, se configura num alto e eloquente brado em prol de um Brasil Grande e Renovado, Restituído a sua nobre missão histórica de dilatar a Fé e o Império. Tal documento, em que sentimos o palpitar do coração do Brasil Profundo, Autêntico e Verdadeiro, se configura na sementeira do Brasil Novo e Maior pelo qual pugnamos todos os autênticos idealistas orgânicos.
Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira. São Paulo, 07 de Outubro de 2011-LXXIX.
Notas:
[1] PRADO, Eduardo. A ilusão americana. 2ª ed. Prefácio de Augusto Frederico Schmidt. Rio de Janeiro: Livraria Civilização Brasileira S.A., 1933, p. 60.
[2] VIANNA, Oliveira. O idealismo da Constituição. 1ª ed. Rio de Janeiro: Edição de Terra de Sol, 1927, p. 13.
[3] BARROSO, Gustavo. Comunismo, Cristianismo e Corporativismo. Rio de Janeiro: Empresa Editora ABC Ltda., 1938, p. 98.
No comments:
Post a Comment