Ressaltando
que lamento pelo ocorrido no jornal satírico Charlie Hebdo e que rejeito o terrorismo e enfatizando, do mesmo
modo, que, como bom cristão, rezo pelas almas dos blasfemos chargistas
assassinados e por aquelas de seus assassinos agora também mortos, saliento,
ainda, que, por suas posições políticas e ideológicas e por seus ataques
blasfemos à Religião, o Charlie Hebdo representa
parte da AntiFrança nascida do “Iluminismo” que nada iluminou e da Revolução
(Anti)Francesa e que, segundo espero, um dia será derrotada pela França
Profunda, Autêntica e Verdadeira. Esta França Profunda é, dentre outros, a
França de dois grandes heróis por nome Charles, ou Carlos, a saber, Charles
Martel, que salvou a França e a maior parte da Europa do domínio muçulmano na
Batalha de Poitiers, no ano 732 da Era Cristã, e seu neto, o Imperador
Charlemagne, ou Carlos Magno, que, aliás, no norte da Península Hispânica,
também deu forte combate aos sarracenos, e, é, ainda, a França de Charles
Maurras, cujas ideias políticas devem ser tomadas em consideração por todo
aquele que deseje empreender a reconstrução da verdadeira França [2].
É
dos Charles mencionados e não de Charlie
Hebdo que a França necessita, e, uma vez que é Charles Martel o grande
símbolo da heroica resistência francesa contra o invasor muçulmano, faço meu,
nestes tempos em que a França é novamente invadida por hordas maometanas, o
grito “Je suis Charles Martel!”
Com
relação à liberdade de expressão pela imprensa, faz-se mister sublinhar que é
ela plenamente legítima e salutar, desde que limitada, temperada, regrada,
subordinada à verdade e ao bem, não podendo ser confundida com o “direito de
calúnia, de mentira e de venalidade”, como escreveu Plínio Salgado, no Código de Ética Jornalística, de 1936
[3], e muito menos com o “direito de blasfêmia”, cumprindo ressaltar que tais
direitos não existem. Em outras palavras, a liberdade de expressão pela
imprensa é legítima e salutar caso entendida como liberdade de propagar a
verdade e o bem, mas absolutamente ilegítima caso compreendida como liberdade
de proclamar o que se quiser, seja verdade ou mentira, bem ou mal. Neste sentido,
com efeito, assim se expressou o Papa Leão XIII na Encíclica Libertas Praestantissimum, também
conhecida como Libertas e dada em
Roma a 20 de junho de 1888:
Digamos
agora algumas palavras a respeito da liberdade
de exprimir pela palavra ou pela imprensa
tudo o que se quiser. Se essa liberdade não for justamente temperada, se
ultrapassar os devidos limites e medidas, desnecessário é dizer que tal
liberdade não é seguramente um direito. O direito é uma faculdade moral, e,
como dissemos e como não se pode deixar de repetir, seria absurdo crer que essa
faculdade cabe naturalmente, e sem distinção nem discernimento, à verdade e à
mentira, ao bem e ao mal. A verdade e o bem há o direito de os propagar no
Estado com liberdade prudente, a fim de que possam aproveitar ao maior número;
mas as doutrinas mentirosas, que são para o espíirito a peste mais fatal, assim
como os vícios que corrompem o coração e os costumes, é justo que a autoridade
pública empregue toda a sua solicitude para os reprimir, a fim de impedir que o
mal alastre para ruína da sociedade. Os extravios do espírito licensioso que,
para a multidão ignorante, se convertem facilmente em verdadeira opressão,
devem justamente ser punidos pela autoridade das leis, não menos que os
atentados da violência cometidos contra os fracos. E essa repercussão é tanto
mais necessária, quanto é impossível ou dificílimo à parte, sem dúvida, mais
numerosa da população precaver-se contra os artifícios de estilo e sutilezas de
dialética, principalmente quando tudo isso lisonjeia as paixões. Concedei a
todos a liberdade de falar e escrever, e nada haverá que continue a ser sagrado
e inviolável; nada será poupado, nem mesmo as verdades primárias, esses grandes
princípios naturais que se devem considerar como um patrimônio comum a toda a
humanidade. Assim, a verdade é, pouco a pouco, invadida pelas trevas e, o que
muitas vezes sucede, estabelece-se com facilidade a dominação dos erros mais
perniciosos e mais diversos. Tudo o que a licença então ganha, perde a
liberdade; pois ver-se-á sempre a liberdade crescer e consolidar-se à medida
que a licença seja mais refreada [4].
Assim, a liberdade de expressão plena,
ilimitada do liberalismo, defendida por Charlie
Hebdo e seus apoiadores, não é verdadeira liberdade, mas, antes,
libertinagem, licenciosidade, ou, em outros termos, corrupção da liberdade. E
cumpre sublinhar, ademais, que, apesar de se proclamar defensor da plena
liberdade de expressão, o jornal em questão chegou a defender o fechamento da
Frente Nacional e fez várias campanhas de delação visando calar a voz de
inimigos ideológicos, como bem observou, recentemente, Alain de Benoist, em
entrevista a Nicolas Gauthier [5], demonstrando, pois, ter dois pesos e duas
medidas e ser seu discurso em prol da plena liberdade de expressão uma grande
falácia, como o é, aliás, todo o discurso liberal e “esquerdista”.
Já tendo estas breves considerações se
estendido além do que inicialmente pretendia, as fecho aqui, ressaltando, uma
vez mais, que eu não sou Charlie e
que eu sou Charles Martel. E que este inspire o nobre povo francês em seu
combate não apenas contra o terrorismo e a silenciosa invasão islâmica, mas
contra todos os inimigos da França Profunda, Autêntica e Verdadeira, entre os
quais se encontram o jornal blasfemo Charlie
Hebdo e todos os demais expoentes do pensamento liberal e “esquerdista”.
Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente
Nacional da Frente Integralista Brasileira.
São Paulo, 17 de janeiro de 2015-LXXXII.
[1] LE POINT, Jean-Marie
Le Pen: “Moi, je suis désolé, je ne suis pas Charlie”. Disponível
em: http://www.lepoint.fr/politique/jean-marie-le-pen-moi-je-suis-desole-je-ne-suis-pas-charlie-10-01-2015-1895397_20.php.
Acesso em 17 de janeiro de 2015.
[2] Sobre o pensamento político de Charles Maurras:
Rubén CALDERÓN Bouchet, Maurras y la
Acción Francesa frente a la IIIª República, Buenos Aires, Ediciones Nueva
Hispanidad, 2000.
[3] Código de Ética Jornalística. Disponível
em: http://www.integralismo.org.br/?cont=894&ox=17. Acesso em 17 de janeiro
de 2015.
[4] Libertas, in Documentos de Leão XIII,
Tradução de Honório Dalbosco e Lourenço Costa, São Paulo, Paulus, 2005, pp.
329-330.
[5] Entretien avec Alain de Benoist. Disponível
em: http://www.bvoltaire.fr/alaindebenoist/charlie-hebdo-journal-liberal-libertaire-etait-devenu-lun-des-organes-de-lideologie-dominante,150867.
Acesso em 17 de janeiro de 2015.
*Texto originalmente publicado em: http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=332.
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