Tuesday, June 09, 2015

Inezita Barroso, in memoriam



                A autêntica Música Sertaneja e a Cultura Brasileira, já empobrecidas, nos últimos tempos, pela morte dos cantores e compositores Tinoco, Jair Rodrigues e José Rico, sofreram sério abalo no último dia 8 de março, com o falecimento de um de seus mais significativos vultos, a saber, a cantora, instrumentista, apresentadora, atriz, folclorista e professora de Folclore e Estudo Brasileiros Inezita Barroso. Estamos certos, porém, de que a Rainha da Música de Raiz e Grande Dama do Folclore Brasileiro continuará viva no coração de suas dezenas de milhares de admiradores de todas as idades, assim como na Tradição Brasileira e na História da Música, do Folclore e da Cultura Nacional e também, é claro, no Céu, onde sua alma pura, nobre e virtuosa certamente gozará da felicidade eterna, junto de Deus, Criador e Soberano do Universo.
            Orgulho da Cultura Paulista e Brasileira, Inezita Barroso nasceu no bairro da Barra Funda, na Capital Paulista, a 4 de março de 1925, sendo filha de Olyntho Ayres de Lima e de Ignez Almeida Aranha e tendo sido batizada com o nome de Ignez Magdalena Aranha de Lima. Descendente, pelo lado paterno, de tradicionais famílias paraenses, e, pelo lado materno, de tradicionais famílias paulistas, a Rainha da Música Sertaneja Tradicional já sabia cantar e tocar viola e violão aos sete anos de idade e pouco mais tarde também já tocava piano. Na mesma época, a menina, que, pela família materna, descendia de personagens históricos como João Ramalho e sua esposa, a índia Bartira, o Cacique Piquerobi e o bandeirante Henrique da Cunha Gago, se destacava como a melhor voz do coro da Igreja de São Geraldo, no Largo Padre Péricles, mais conhecido como Largo das Perdizes, e pertencia à Congregação das Filhas de Maria, que, como observou Arley Pereira, teve grande importância na vida católica brasileira durante as primeiras décadas do século XX, desenvolvendo diversas obras pias e promovendo quermesses e procissões.[1]
            Católica até o final de sua jornada terrena, era Inezita Barroso particularmente devota de São Geraldo, assim como de Nossa Senhora Aparecida, de São Jorge, de São Benedito e do Beato Gonçalo de Amarante,[2] que, popularmente conhecido como São Gonçalo de Amarante, foi um frade e violeiro português que viveu na Baixa Idade Média e é considerado o padroeiro dos violeiros.
            Aos nove anos de idade já era a menina admiradora do escritor Mário de Andrade, que também residia no bairro paulistano da Barra Funda, mais precisamente na Rua Lopes Chaves, bem próxima da casa em que então residia Inezita, que o esperava passar todos os dias, enquanto andava de patins nos arredores da residência do autor de Pauliceia desvairada.[3]
            Tendo evocado o nome de Mário de Andrade, julgamos oportuno ressaltar que, além de poeta, romancista, contista, ensaísta, musicólogo e crítico literário, foi este um mais importantes estudiosos e cultores do Folclore Nacional, ao lado de Luís da Câmara Cascudo, Gustavo Barroso, José de Alencar, Sílvio Romero, Amadeu Amaral, Valdomiro Silveira, Alceu Maynard Araújo, Simões Lopes Neto, Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e, é claro, da própria Inezita Barroso, dentre outros.
            Como bem enfatizou Arley Pereira, na bela biografia desta grande brasileira que foi e é Inezita Barroso, teve esta uma infância muito feliz, passada entre a Capital Bandeirante e as numerosas fazendas de café da família materna, no interior de São Paulo.[4]
            Na cidade de São Paulo, que era ainda aquela “São Paulo calma e serena, (...) pequena mas grande demais”, descrita por Zica Bergami na valsa Lampião de gás, gravada por Inezita em 1958, a menina, chamada por alguns Zitinha, em vez de brincar de bonecas com as outras meninas, preferia jogar pião, bola de gude, futebol e voleibol, empinar papagaios e subir em árvores, sempre em companhia de meninos,[5] com os quais aprontava travessuras dignas de fazer inveja a Chiquinho, Benjamim, Reco-Reco, Bolão, Azeitona e o cachorro Jagunço, personagens da revista infantil O Tico-tico, de enorme sucesso na época.[6] Nas fazendas, onde aprendeu a tocar viola e a soltar papagaios, Inezita gostava sobretudo de participar das festas de São João, de tocar modas de viola com os caboclos e de andar de cavalo e de carro de boi, percorrendo os vastos cafezais, que ficavam belíssimos no tempo das floradas. Nas festas de São João, a menina soltava balões em torno das fogueiras e saboreava doces de abóbora, coco e batata-roxa, sequilhos, rosquinhas, bolos de fubá, mandioca cozida com melado, pipoca, pinhão e outras comidas típicas, e, no almoço, depois de tomar uma pequena dose de vinho tinto, bebia deliciosos licores caseiros de jabuticaba, pêssego, ameixa, amora e uva, feitos pelas tias.[7]
            Além das festas de São João, foram marcantes para a menina Inezita as Folias de Reis e as Folias do Divino, nas quais os caboclos cantavam e tocavam lindas músicas.[8]
            Dentre as modas que aprendeu em menina, nos sertões paulistas, a preferida de Inezita foi Boi amarelinho, de autoria de Raul Torres, um dos maiores compositores da autêntica Música Caipira, que era, aliás, amigo de seu pai, assim como colega de trabalho deste na Estrada de Ferro Sorocabana. Raul Torres, autor de Cabocla Tereza, Colcha de retalhos, Saudades de Matão, Moda da mula preta, Cavalo zaino e outras das mais importantes canções de nossa Música Sertaneja Tradicional, costumava ir aos aniversários de Inezita, que, o observando tocar e cantar, muito aprendeu sobre a arte da viola e do canto caboclos. Assim, Inezita herdou do pai não apenas uma amizade das mais preciosas, mas também uma profunda admiração artística, comprovada pelas numerosas composições de Raul Torres que a cantora gravou e cantou em seus programas no rádio e na televisão.[9]
Havendo percebido que a grande vocação de Inezita era a música, seus pais a matricularam, ainda criança, na prestigiosa academia de música da professora Maria Amélia Marcondes Buarque, mais conhecida como Mary (ou Meire) Buarque, na Rua Conselheiro Brotero, em São Paulo. Entre 1932 e 1934, Inezita, assim como os demais alunos da professora Mary Buarque, se apresentava regularmente na Rádio Cruzeiro do Sul, no programa dominical A Hora Infantil, numa seção exclusiva que recebeu o nome de Pequenópolis. Na mesma época, a menina também participou, juntamente com os demais alunos de D. Mary Buarque e, em algumas ocasiões, apenas com as demais alunas daquela ilustre professora, as chamadas violeiras de Pequenópolis, de diversos eventos beneficentes, e exemplo da Cruzada Pró-Infância, no Salão Germânia, das vesperais da Associação dos Pequeninos Pobres, no Cine-Teatro Odeon, e do festival em benefício do Monumento a Anchieta, no Teatro Municipal de Campinas.[10]
Ainda no início da década de 1930, a então futura pesquisadora e cultora do Folclore e das tradições brasileiras, merecidamente chamada por muitos a “Rainha do Folclore Brasileiro”, teve aulas de danças típicas com o folclorista piracicabano Alceu Maynard Araújo, no Parque da Água Branca, em São Paulo, logo tendo ficado amiga daquele grande estudioso do nosso Folclore, autor da clássica obra intitulada Folclore Nacional e publicada em 1964.[11]
Naquele tempo em que São Paulo era, em suas palavras, “a cidade mais linda e mais querida do mundo, com seus brinquedos de roda, cantados e representados, com seus lampiões de gás e suas pizzas vendidas em latões redondos, com seus circos e tantas maravilhas mais” que não vão voltar,[12] Inezita Barroso ingressou, aos seis anos de idade, na Escola de Aplicação anexa ao Instituto Pedagógico Caetano de Campos, na Praça da República, ali tendo concluído, brilhantemente, os cursos primário e ginasial. Depois, em razão de o Caetano de Campos não oferecer os cursos científico e clássico, matriculou-se a menina no Ginásio do Estado de São Paulo, atual Escola Estadual São Paulo, nas imediações do Parque Dom Pedro II, onde fez o curso clássico, concluído com excelentes notas. Em seguida, ingressou no curso normal no Instituto de Educação Caetano de Campos, no mesmo edifício em que concluíra os cursos primário e ginasial.
Uma vez concluído o curso normal no Instituto Educacional Caetano de Campos (antigo Instituto Pedagógico Caetano de Campos), Inezita Barroso, amante dos livros tanto quanto da Música e do Folclore Nacional, ingressou no curso de Biblioteconomia da Universidade de São Paulo (USP), que concluiu com brilho.
Em 1947, casou-se Inezita, na Igreja de São Geraldo, com o Dr. Adolfo Cabral Barroso, advogado recém-formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a antiga e sempre nova Academia do Largo de São Francisco. Os dois tinham se conhecido quatro anos antes, no tradicional Clube Paulistano, de que ambos eram sócios, e não haviam se casado antes porque respeitavam a tradição de só se casar após a conclusão dos estudos, conforme enfatizou Inezita em depoimento a Arley Pereira.[13]
Aos 12 de dezembro de 1949, nasceu Marta, única filha de Inezita Barroso, que ficou com a mãe quando esta e o pai se separaram, em 1956, e mais tarde se casou, dando três netas a Inezita, que também deixou cinco bisnetos.
No final da década de 1940, Inezita começou a dar recitais no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), fundado em São Paulo por Franco Zampari, e trabalhou em algumas peças encenadas naquele teatro, sempre atuando como cantora, uma vez que não se reconhecia como atriz de palco. A mais marcante de tais peças foi a montagem de O homem da flor na boca, do dramaturgo italiano Luigi Pirandello, que, protagonizada por Sérgio Cardoso, estreou a 4 de setembro de 1950.[14]
Ainda em 1950, Inezita Barroso fez sua primeira apresentação solo no rádio, num especial dedicado ao compositor carioca Noel Rosa, na Rádio Bandeirantes de São Paulo.[15]
Tendo mencionado o nome de Noel Rosa, inegavelmente um dos maiores compositores de samba do Brasil, julgamos ser mister salientar que foi Inezita Barroso não apenas uma grande apreciadora de samba, mas também uma grande intérprete de sambas, com razão considerada por Paulo Vanzolini “uma das maiores cantoras de samba que o Brasil jamais teve”[16] e a maior que teve ele a oportunidade de conhecer, assim como a maior cantora de Noel Rosa que já existiu no País.[17]
Em 1951, durante uma viagem ao Rio de Janeiro, onde tinha vários parentes, Inezita se apresentou na Boate Vogue, naquele tempo a mais famosa da então Capital Federal. Na plateia se encontrava o proprietário da gravadora Sinter (Sociedade Interamericana de Representações), representante da Capitol Records no Brasil desde o ano de 1945, que convidou a jovem cantora para um teste no estúdio de gravação. Foi então gravado o primeiro disco de Inezita Barroso, que contém as músicas Funeral de um rei nagô, de Hekel Tavares e Murilo Araújo, e Curupira, de Waldemar Henrique, e foi lançado em outubro daquele ano de 1951.[18]
Também no ano de 1951, Inezita viajou com o marido para o Ceará, terra natal do pai deste. Algum tempo antes, fizera a cantora um recital de música regional, com ênfase na música nordestina, no palco do Teatro Brasileiro de Comédia. Após o espetáculo, fora ela cumprimentada no camarim por um espectador entusiasmado, que, na plateia, vibrara a cada música cantada pela jovem. Era o médico pernambucano Durval Rosa Borges, que depois se tornara amigo do casal e promovera palestras e recitais de Inezita Barroso em locais como a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e o auditório da Rádio Gazeta, tendo insistido, ainda, para que Inezita e o marido fossem conhecer pessoalmente o Folclore de sua terra.[19]
Assim, naquele ano de 1951, Adolfo e Inezita, havendo percorrido juntos grande parte do Ceará, seguiram para o Recife, onde conheceram e se fizeram amigos de importantes músicos, como Capiba e Nelson Ferreira. O primeiro, grande compositor de frevos-canção e incentivador da música folclórica nordestina em geral e pernambucana em particular, convidou a jovem cantora de São Paulo para participar de um recital no Teatro Santa Isabel, o mais importante e tradicional da chamada “Veneza Brasileira”, no dia 13 de outubro daquele ano. No final, foram três apresentações diante de um teatro lotado e, graças a tal sucesso, foi Inezita convidada para cantar, por uma semana, na Rádio Clube do Recife. Em virtude do sucesso da cantora também no rádio, acabou ela ali cantando por mais tempo, e, em seguida, percorreu outras cidades pernambucanas, nas quais igualmente se apresentou com grande sucesso, só retornando a São Paulo depois de dois meses.[20]
A partir de então, deslanchou a carreira de Inezita Barroso nos palcos, nos discos, nas rádios, no cinema e na televisão. Em 1952, assinou contrato com a Rádio Nacional de São Paulo, participando do espetáculo de estreia da emissora, em 1º de maio daquele ano. Pouco mais tarde, porém, a convite do produtor Eduardo Moreira, passou a figurar no rol de cantores da Rádio Record, logo passando também a trabalhar na TV Record, fundada por Paulo Machado de Carvalho em 27 de setembro de 1953.[21]
Não foi, contudo, na TV Record que Inezita Barroso apareceu pela primeira vez na televisão brasileira. Com efeito, em 1954, participou a jovem cantora do programa Afro, um especial com músicas e danças afro-brasileiras exibido na TV Tupi.[22]
Pouco mais tarde, estreou na TV Record Vamos falar de Brasil, primeiro programa da televisão pátria totalmente dedicado à Música, apresentado por Inezita Barroso. Era um programa semanal que apresentava músicas folclóricas de todo o País e alcançou considerável sucesso, permanecendo no ar por oito anos,[23] se constituindo num autêntico repositório do Brasil Profundo e de sua Cultura e Tradição em geral e de sua Música de Raiz em particular.
A carreira cinematográfica de Inezita Barroso principiou um pouco antes de sua estreia na televisão. Sua primeira aparição no cinema se deu em Ângela, terceiro filme da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, filmado no Rio Grande do Sul e lançado em 1951. No filme, inspirado no conto Sorte no jogo, do escritor alemão Ernst Theodor Amadeus Wilhelm Hoffmann e dirigido por Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida, Inezita brilhou no papel de Vanju, antagonista da personagem que dá nome ao filme.[24]
Em 1953, Inezita Barroso participou da comédia Destino em apuros, primeiro filme com cenas coloridas do Brasil, dirigido por Ernesto Remani e produzido pela Companhia Multifilmes, trabalhando ao lado de atores como Ítalo Rossi, Paulo Goulart, Hélio Souto, Beatriz Consuelo, Armando Couto, Jaime Barcelos, Sérgio Brito, Graça Melo e seu amigo Paulo Autran.[25]
Ainda no ano de 1953, para a mesma Multifilmes, cujos estúdios ficavam na cidade de Mairiporã, próxima a São Paulo, foi realizado o filme O craque, dirigido por José Carlos Burle. Em tal filme, o primeiro do País a ter o futebol como o tema central, Inezita contracenou com Eva Wilma, Blota Júnior, Carlos Alberto, Liana Duval, Herval Rossano e Valery Martins, além dos jogadores corintianos Baltazar, Carbone, Gilmar, Cláudio,Índio, Luizinho e Roberto. Foi uma alegria e uma honra para Inezita, fervorosa corintiana desde a infância até a morte, conviver, nas gravações de tal filme, com os craques de seu time do coração.[26]
Em 1954, Inezita fez o papel da protagonista Amélia na comédia Mulher de verdade, produzida pela Kino Filmes e dirigida por Alberto Cavalcanti. O roteiro, inspirado na canção Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago, foi feito por Oswaldo Molles, enquanto os diálogos foram escritos pelo escritor e teatrólogo Miroel Silveira. No filme, Inezita atuou ao lado de atores como Colé Santana, Rachel Martins, Carla Nell, Valdo Wanderley, Carlos Araújo, Dirce Pires, Geny Fonseca, Caco Velho, Nestório Lips e o cantor e compositor Adoniran Barbosa.[27]
O filme Mulher de verdade, lançado em 6 de julho de 1955, foi um grande sucesso tanto de público quanto de crítica, que rendeu a Inezita o Prêmio Saci, o maior da cinematografia brasileira daquele tempo, como melhor atriz, e também o Prêmio Governador do Estado, da Província Bandeirante, também como melhor atriz.[28]
Mulher de verdade não foi o único filme em que Inezita trabalhou no ano de 1954. Com efeito, participou ela, naquele mesmo ano, da comédia É proibido beijar, produzida pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz e dirigida pelo famoso fotógrafo e diretor de cinema italiano Ugo Lombardi, pai da então futura atriz Bruna Lombardi. O longa-metragem, filmado no balneário paulista do Guarujá, teve um orçamento modesto, uma vez que a Vera Cruz, sediada em São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista, enfrentava sérios problemas financeiros, que levariam ao seu fim de suas atividades ainda naquele ano. A despeito, porém, do baixo orçamento, contou o filme com um brilhante elenco, composto, dentre outros, por Tônia Carrero, Mário Sérgio, Ziembinski, Otello Zeloni, Vicente Leporace, Elza Laranjeira, Paulo Autran, Renato Consorte, Célia Biar e, é claro, a própria Inezita Barroso.[29]
No início do ano de 1955, Inezita Barroso representou o Brasil no III Festival Internacional de Cinema de Punta del Este, no Uruguai, onde surpreendeu o público ao demonstrar que, além de grande atriz, era uma excelente cantora.[30]
O último filme em que Inezita interpretou um papel de destaque foi Carnaval em lá maior, que, dirigido por Adhemar Gonzaga e lançado pela Maristela Filmes em princípios daquele ano de 1955, apresentou um elenco composto, além de Inezita, por Walter D’Ávila, Randal Juliano, Adoniran Barbosa, Genésio Arruda, Renata Fronzi, Blota Júnior, Vicente Leporace, o Maestro Hervé Cordovil e o palhaço Arrelia, dentre outros.[31]
Em 1958, Inezita Barroso participou do filme O preço da vitória, dirigido por Oswaldo Sampaio e produzido pela Ubayara Filmes, em celebração da vitória do Brasil na Copa do Mundo daquele ano, realizada na Suécia. O filme, lançado no ano seguinte, contou com as participações de Pelé e de toda a chamada Seleção Canarinho.[32]
Depois de O preço da vitória, Inezita Barroso, que preferia mil vezes cantar a atuar em filmes, fez apenas mais uma aparição num filme de ficção, participando do longa-metragem Desejo violento, de Roberto Mauro, lançado em 1978, tendo, ainda, participado de alguns documentários, como Isto é São Paulo, dirigido por Rubens Rodrigues dos Santos, produzido pela Jaraguá Filmes e lançado em 1970; Um homem de moral, sobre Paulo Vanzolini, dirigido por Ricardo Dias e lançado em 2009, e Inezita Barroso, a voz e a viola, dirigido por Guilherme Alpendre e lançado no ano de 2011.
Em 1957, Inezita Barroso foi escolhida para integrar o elenco do filme Jovita, que seria dirigido por Oswaldo Sampaio.  O roteiro da película era baseado no conto homônimo de Dinah Silveira de Queiroz, inspirado na história real de Jovita Feitosa, adolescente cearense que se fingiu de homem para lutar nos campos do Paraguai e, a despeito de ter sido descoberta, não tendo podido, pois, partir para a guerra, acabou sendo considerada uma autêntica heroína nacional. Inezita Barroso interpretaria em tal filme a protagonista Jovita, mas, infelizmente, o longa-metragem acabou não sendo rodado, pois, segundo Arley Pereira, seria ele correalizado por produtores mexicanos, que exigiam que o galã do filme e a avó de Jovita fossem representados por atores também mexicanos, o que envolveria dublagens, problemas e gastos adicionais.[33] Graças, contudo, ao longa-metragem jamais realizado, Inezita fez uma longa viagem ao Nordeste Brasileiro, onde colheu muito material folclórico para o filme, que acabou mais tarde aproveitando em sua carreira de cantora e, principalmente, de folclorista.[34]
Anos antes, fora Inezita convidada a participar do filme O cangaceiro, o longa-metragem de maior sucesso da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, dirigido por Lima Barreto, lançado em 1953 e premiado no Festival de Cannes, mas tivera que recusar o convite por conta dos compromissos de sua carreira musical e também por ter que cuidar da filha Marta, então ainda pequena.[35]
Isto posto, voltemos à carreira musical de Inezita Barroso. Em 1953, esta “caipira que nasceu na cidade de São Paulo”, na expressão de Valdemar Jorge,[36] gravou três discos de setenta e oito rotações por minuto, que alcançaram grande sucesso, sobretudo o terceiro, que, gravado em novembro daquele ano, contém as músicas Moda da pinga, de Ochelcis Laureano, e Ronda, de Paulo Vanzolini, que, na bela voz da cantora paulistana, se tornaram célebres em todo o Brasil, sendo a última uma das grandes músicas-símbolo da Capital Paulista.
Também em 1953, Inezita Barroso foi contratada para uma temporada de apresentações na elegante Boate Vogue, no Rio de Janeiro, tendo estreado no dia 7 de abril daquele ano. Demonstrando não ter problema algum com o público dito “sofisticado”, a jovem cantora fez um sucesso absoluto, como assinalou Arley Pereira, tendo, aliás, cantado inúmeras músicas caipiras, que eram, em verdade, conhecidas por quase todos os frequentadores da casa,[37] onde fez, antes e depois desta memorável temporada, diversas apresentações avulsas, todas com grande sucesso.[38]
Foi na Boate Vogue, dirigida pelo barão austríaco Max Von Stuckart, antigo diretor artístico do cassino do Hotel Copacabana Palace, que Inezita Barroso conheceu, dentre outros, o cantor e compositor Luiz Gonzaga e o compositor cearense Humberto Teixeira,[39] conhecidos, respectivamente, como o “Rei do Baião” e o “Doutor do Baião”, ritmo musical que, graças a eles, se tornou conhecido em todo o Brasil e mesmo fora dele.
Alguns anos mais tarde, o Rei do Baião e a Rainha da Música Caipira cantariam juntos diversas vezes na televisão e no rádio e fariam, também juntos, uma temporada de muito sucesso no Teatro Pixinguinha, em São Paulo.[40]
Numa das viagens que fez ao Rio de Janeiro no início da década de 1950, Inezita Barroso não apenas se apresentou na elegante Boate Vogue, mas também no Morro do Salgueiro, onde cantou diversos sambas, vários dos quais de autoria de Noel Rosa, levando muitos dos moradores da favela às lágrimas.[41]
Em 1954, Inezita Barroso lançou cinco discos de setenta e oito rotações por minuto, nos quais se encontram músicas como Mestiça, de Gonçalves Crespo, Estatutos da gafieira, de Billy Blanco, Retiradas, de Oswaldo de Souza, Coco do Mané, de Luiz Vieira, Redondo Sinhá, de Barbosa Lessa, Soca pilão, do Folclore Paulista, adaptada por José Roberto, e Taieiras, do Folclore Alagoano, adaptada por Luciano Gallet.
Ainda no ano de 1954, Inezita Barroso recebeu seu primeiro Troféu Roquette Pinto, como melhor intérprete da Música Popular Brasileira, e o Prêmio Guarani como melhor cantora em disco.
No ano seguinte, foram lançados mais cinco discos de setenta e oito rotações por minuto da ilustre cantora patrícia, assim como seu primeiro disco long play (LP) de dez polegadas, com orquestra e arranjos de Hervé Cordovil, intitulado Inezita Barroso. Dentre as canções gravadas nos discos de setenta e oito rotações, podemos destacar, dentre outras, as músicas Benedito pretinho, Meu barco é veleiro e Dança de caboclo, de Olegário Mariano e Hekel Tavares, Na Fazenda do Ingá, de Zé do Norte, Prece a São Benedito, de Hervé Cordovil, Minha Terra, de Waldemar Henrique, Meu casório, do Folclore Paulista, e Nhapopé, do Folclore Gaúcho, enquanto dentre as canções que constam do LP podemos pôr em relevo Viola quebrada, de Mário de Andrade e Ary Kerner, Funeral de um rei nagô, de Murilo Araújo e Hekel Tavares, Nana nanana, poesia de Ribeiro Couto e Manuel Bandeira musicada por Hekel Tavares, e Fiz a cama na varanda, de Dilu Mello e Ovídio Chaves.
Além dos discos mencionados, foram dados à estampa em 1955 os dois primeiros discos compactos de Inezita Barroso, intitulados Inezita Barroso com orquestra e Estatutos da gafieira.
Em maio de 1955, estreou, no Teatro de Arena de São Paulo, o espetáculo Danças gaúchas, do Grupo Folclórico Brasileiro, sob a direção de Barbosa Lessa. Inezita ficou encantada com tal espetáculo, que, segundo ela, acendeu o fogo de uma verdadeira paixão pela música e pelas tradições do Rio Grande do Sul. Logo depois de assistir ao espetáculo, a jovem cantora entrou em contato com o grupo e viajou para Porto Alegre, onde gravou um belo LP de músicas folclóricas gaúchas, em que sua bela voz é acompanhada por violão e sanfona[42] e que foi lançado em 1956, com o nome de Danças gaúchas.
Em 1961, seria lançado um outro álbum com o mesmo nome, este gravado com a voz de Inezita acompanhada pela orquestra de Hervé Cordovil.[43]
Além do primeiro LP intitulado Danças gaúchas, Inezita deu à estampa em 1956 outros dois LPs, a saber, Lá vem o Brasil e Coisas do meu Brasil, e ainda quatro discos de setenta e oito rotações por minuto. No álbum Lá vem o Brasil, encontramos, dentre outras belas modas e canções caipiras, uma das mais lindas gravações da moda Tristeza do jeca, enquanto o LP Coisas do meu Brasil contém sucessos originalmente gravados em discos de setenta e oito rotações por minuto, a exemplo de Estatutos da gafieira, de Billy Blanco, Isto é papel, João?, de Paulo Ruschel, Moda da pinga, de Ochelcis Laureano, e Mestiça, de Golçalves Crespo.
No ano de 1957, Inezita Barroso lançou mais um disco de setenta e oito rotações por minuto, contendo as músicas No bom do baile, de Barbosa Lessa, e Nhô Leocádio, de Hervé Cordovil.
Como bem assinalou Arley Pereira, a década de 1950 foi gloriosa para Inezita Barroso. Como intérprete consagrada nos palcos, nas rádios, na televisão e no cinema, assim como atriz de prestígio, a Rainha da Música Brasileira de Raiz recebeu diversos prêmios, incluindo seis troféus Roquette Pinto, conheceu grandes nomes de nossas artes, participou de finos jantares muitos dos quais em sua homenagem, gravou com importantes músicos, e, com seu programa semanal na TV Record, conseguiu, inclusive, mostrar a verdadeira face do caipira, equivocadamente visto por muitos como pouco inteligente.[44]
Ainda conforme salientou o autor de Inezita Barroso: a história de uma brasileira, fosse diante de grandes públicos anônimos ou diante de reduzidas plateias de personalidades ilustres, Inezita sempre conquistava a todos naquele tempo,[45] o que, aliás, aconteceria até o fim de sua longa e profícua existência. Em 1957, fez uma apresentação diante de Craveiro Lopes, Presidente de Portugal, que, encantado com o espetáculo, convidou a cantora patrícia a ir a Portugal e lá se apresentar em companhia dos Jograis de São Paulo, grupo que costumava acompanhá-la em suas apresentações. Em processo de desquite e podendo perder a guarda da única filha caso deixasse o País, Inezita não pode atender ao convite de Craveiro Lopes. Em compensação, porém, as apresentações de Inezita no Pavilhão do Brasil na Feira Universal de Lisboa, em 1986, fariam um enorme sucesso,[46] e ela aproveitaria a ocasião para conhecer praticamente todo Portugal,[47] país em que seria também galardoada com o título de Doutora Honoris Causa em Folclore e Arte Digital, concedido pela Universidade de Lisboa.
Algum tempo depois de haver recebido o convite de Craveiro Lopes para se apresentar em Portugal, Inezita Barroso foi convidada pelo Presidente Juscelino Kubitschek para fazer um show em Brasília e, ao chegar ao Palácio da Alvorada, primeiro edifício inaugurado da Nova Capital do País, o Presidente a informou de que a apresentação seria só para ele e que ele também cantaria e tocaria violão. Assim, Inezita fez, pela primeira e única vez em sua vida, “um show para uma pessoa só” e “que ainda participou dele”.[48]
Em 1958, Inezita Barroso lançou mais um disco de setenta e oito rotações, contendo as canções Engenho Novo, de Hekel Tavares, e Lampião de gás, de Zica Bergami. Esta última música se constitui em encantatório retrato da calma e nostálgica São Paulo dos albores do século XX, e logo se tornou um de seus maiores sucessos, assim como uma das músicas-símbolo daquela São Paulo d’outrora, bela, garoenta, brumosa e tranquila Metrópole do Café que os ventos do tempo para sempre levaram. Lampião de gás foi também enfeixada no LP Vamos falar de Brasil, dado à estampa no mesmo ano de 1958, contendo outras músicas, dentre as quais podemos destacar, dentre outras, a canção folclórica mineira Peixe vivo, a predileta do então Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, em adaptação de Rômulo Paes e Henrique de Almeida, Retiradas, de Oswaldo de Souza, Lua luá, de Catulo de Paula, e Ismália, poema do inspirado bardo mineiro Alphonsus de Guimaraens, um dos principais vultos do nosso Simbolismo, musicado por Capiba.
Também em 1958, foi lançado o LP Inezita apresenta – Babi de Oliveira, Juracy Silveira, Zica Bergami, Leyde Olivé, Edvina de Andrade, contendo belas canções destas compositoras, na inconfundível voz de Inezita Barroso.
Em 1959, a Rainha da Música de Raiz lançou mais dois discos de setenta e oito rotações, num dos quais se encontra a canção folclórica pernambucana Meu limão, meu limoeiro, em adaptação de José Carlos Burle, também presente no LP Canto da saudade, lançado no mesmo ano, contendo, além desta, músicas como Na Serra da Mantiqueira, de Ary Kerner, Luar do Sertão, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense, e a música que dá nome ao álbum, composta por Alberto Costa.
Na Serra da Mantiqueira, que é, sem sombra de dúvida, uma das mais belas canções do belíssimo repertório de Inezita Barroso, fala de Mãe Maria, uma idosa senhora da Serra Mantiqueira que vê seu filho se alistar num batalhão de voluntários durante a Revolução de 9 de Julho de 1932 e em seguida partir para a luta contra as forças da ditadura varguista e, tempos depois, “numa tarde, ao sol poente”, escuta “a voz meiga do rapaz/ que lhe diz, tal como em vida:/ ‘muito em breve, mãe querida,/ lá no céu me encontrarás’”. 
Havendo mencionado a Revolução de 1932, julgamos oportuno ressaltar que Inezita Barroso, então menina, a viveu intensamente, assim como toda a família. Recordava-se ela, com justo sentimento de orgulho, da avó materna, paulista quatrocentona dos quatro costados, que, no início da Revolução, pegou o automóvel da família e foi ao quartel, onde alistou dois de seus filhos como soldados constitucionalistas sem que eles sequer soubessem, assim como se recordava de que nessa época aprendera a tricotar para fazer cachecóis para os soldados paulistas que seguiam para as frentes de combate. Recordava-se Inezita, ainda, com o mesmo sentimento, de que, alguns anos depois do fim da Revolução, quando estava no curso ginasial, houve um desfile de estudantes paulistas diante de Getúlio Vargas, que então visitava a cidade de São Paulo, e foi ela escolhida para carregar a Bandeira Nacional, devendo virar a cabeça para a direita e cumprimentar Vargas quando passasse diante dele. Em vez disto, porém, virou a cabeça para o lado esquerdo e não cumprimentou o ditador, tendo sido quase expulsa da escola em razão disto, mas havendo contado com o apoio de toda a família.[49]
Em 1960, Inezita Barroso gravou mais um disco de setenta e oito rotações por minuto, no qual se encontra a espirituosa Moda do bonde camarão, de Mariano da Silva e Cornélio Pires, e a Moda da onça, música folclórica adaptada pela própria Inezita. Ambas as modas se encontram presentes também no LP Eu me agarro na viola – Inezita, sua viola e seu violão, dado à estampa no mesmo ano, contendo, ainda, dentre outras, as músicas Moda da mula preta e Boi amarelinho, ambas de Raul Torres.
Além destes discos, a Grande Dama do Brasil Profundo lançou, em 1960, mais dois discos compactos, sob os títulos de Acalanto e Inezita Barroso.
Também em 1960, participou Inezita Barroso do I Festival Sul-Americano de Folclore, em Salinas, no Uruguai, tendo recebido um troféu e sido sua apresentação, segundo Arley Pereira, a melhor de todas as apresentações do festival,[50] e ganhou, no Brasil, o sétimo e último Troféu Roquette Pinto, cumprindo ressaltar que, de acordo com as regras de tal troféu, nenhuma pessoa podia recebê-lo mais do que sete vezes.
No ano de 1961, a Rainha da Música Caipira deu à estampa mais três discos de setenta e oito rotações e os LPs Coisas do meu Brasil, Danças gaúchas e Inezita Barroso, enquanto em 1962, ano em que saiu da TV Record, lançou a cantora mais dois discos de setenta e oito rotações e dois LPs, estes últimos intitulados Clássicos da Música Caipira e Recital, além do compacto A onça preguiçosa, história infantil adaptada pela própria Inezita.
Em Clássicos da Música Caipira, encontramos belas versões de clássicos da Música Sertaneja de Raiz, como Chico Mineiro, de Tonico e Francisco Ribeiro, Mineirinha e Do lado que o vento vai, de Raul Torres, Pingo d’água, de Raul Torres e João Pacífico, Chitãozinho e xororó, de Serrinha e Athos Campos, e Tristeza do jeca, de Angelino de Oliveira, enquanto em Recital encontramos, dentre outras, as músicas Uirapuru, de Waldemar Henrique, Cantilena, de Villa-Lobos e Sodré Vianna, Chove chuva, de Hekel Tavares, e as músicas folclóricas Prenda minha, Nhapopé, Caninha verde, Taieiras e Temas de capoeiras.
Em 1963, veio à luz o último disco de setenta e oito rotações da grande intérprete da Música Sertaneja Tradicional, com as músicas Cavalo preto, de Anacleto Rosas Jr., e Mineirinha, de Raul Torres, assim como o LP A moça e a banda e os discos compactos Inezita nº 3, e A onça e o fim do mundo, mais uma história infantil adaptada pela cantora e folclorista patrícia.  Em A moça e a banda, a Rainha da Música Cabocla Tradicional, acompanhada pela Banda da Força Pública do Estado de São Paulo, canta, dentre outras músicas, o Hino da Independência, de D. Pedro I e Evaristo Ferreira da Veiga, o Hino à Bandeira Nacional, de Francisco Braga e Olavo Bilac, Cisne Branco (Canção do Marinheiro), de Antônio Manuel do Espírito Santo e Benedito Xavier de Macedo, e Canção do Expedicionário, de Spartaco Rossi e Guilherme de Almeida.
Entre os anos de 1963 e 1966, lançou Inezita Barroso mais um disco compacto, a saber, a coletânea Inezita Barroso nº 4, de que constam as músicas Luar do Sertão, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense, Maringá, de Joubert de Carvalho, De papo por ar, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano, e Lampião de gás, de Zica Bergami.
Em 1966, foram lançados o LP Vamos falar de Brasil, novamente, e o compacto Cadê José?, com os sambas Cadê José? e Chorava no meio da rua, de Paulo Vanzolini.
Dois anos mais tarde, foi dado à estampa o LP O melhor de Inezita Barroso, coletânea com alguns dos maiores sucessos do variado repertório da cantora paulista e brasileira, como Lampião de gás, Moda da pinga, Viola quebrada e Funeral de um rei nagô.
  Em 1969, foi lançado o LP Recital nº 2, e, no ano seguinte, veio à luz o LP Modinhas, de que constam, dentre outras, Nhapopé, adaptada por Inezita Barroso, Modinha, de Villa-Lobos e Manuel Bandeira, Conselhos, de Carlos Gomes, O gondoleiro do amor, poema de Castro Alves adaptado por Inezita Barroso, A casinha da colina, adaptada por Élcio Alvarez, Na casa branca da serra, de Guimarães Passos e Miguel Pestana, e Último adeus de amor, Róseas flores d’alvorada, Coração perdido e Hei de amar-te até morrer, estas últimas adaptadas por Mário de Andrade. Ainda nesse ano (1970), foi lançado o décimo primeiro disco compacto da cantora paulistana e orgulhosamente caipira, com as músicas Corinthians, meu amor, de Idibal Pivetta e Laura Maria, e Festa no coreto, de Gilda Brandi.
Ainda em 1970, Inezita Barroso produziu um documentário para a Exposição Universal de Osaka, no Japão, e, como anteriormente observamos, participou do documentário Isto é São Paulo, que foi dirigido por Rubens Rodrigues dos Santos e traz diversas músicas interpretadas pela Rainha da Música Sertaneja. O filme produzido por Inezita retrata cenas do Folclore e da autêntica Música Brasileira e fez grande sucesso na mencionada exposição, tendo sido, ainda, exibido em cento e dezoito canais de televisão de todo o Mundo.[51]  
Em 1972, foi dado à estampa o LP Clássicos da música caipira nº 2, com músicas como Rio de lágrimas, de Tião Carreiro, Piraci e Lourival dos Santos, Saudades de Matão, de Antenógenes Silva e Raul Torres, Moda do bonde camarão, de Mariano da Silva e Cornélio Pires, Rei do café, de Carreirinho e Teddy Vieira, e Menino da porteira, de Teddy Vieira e Luizinho. Ainda em 1972, foi lançada a segunda coletânea de músicas de Inezita em LP, intitulada Inezita Barroso. Dela constam, dentre outros, os sucessos Lampião de gás, Moda da pinga e Peixe vivo.
No ano de 1974, foi lançado mais um disco compacto de Inezita Barroso, e, no ano seguinte, vieram à luz os LPs Modas e canções e Inezita em todos os cantos. No primeiro LP, uma coletânea, encontramos, dentre outras músicas, sucessos como Luar do Sertão, Tristeza do jeca, Maringá e Meu limão, meu limoeiro, ao passo que no segundo LP encontramos músicas folclóricas de todo o Brasil, na maioria recolhidas pela própria Inezita, e também a belíssima canção Asa branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, em igualmente bela interpretação da Grande Dama Cabocla de São Paulo, do Sertão e do Brasil.
Em 1975, Inezita Barroso participou da peça Romaria, ambientada no Vale do Paraíba Paulista e escrita pelo crítico e diretor teatral e escritor Miroel Silveira e pela escritora e folclorista Ruth Guimarães. Na peça, que fez grande sucesso na Capital Paulista e, em seguida, em várias cidades do Interior de São Paulo, principalmente, como é natural, na região do Vale do Paraíba, Inezita cantava diversas músicas, incluindo a canção Romaria, de Renato Teixeira, nostálgica prece de um caipira que se tornaria um grande sucesso nacional dois anos mais tarde, na voz de Elis Regina.[52] Inezita Barroso, inigualável cantora do Brasil Profundo, foi, pois, a primeira grande cantora a cantar Romaria e quem apresentou pela primeira vez a um grande público essa monumental composição de Renato Teixeira, verdadeiro hino do caipira e uma das mais belas e tocantes canções da Música Brasileira.
Ainda em 1975, Inezita Barroso, que até então dava aulas de violão e piano em sua residência, alugou uma grande casa na Avenida Santo Amaro, no bairro do Brooklin, na Zona Sul de São Paulo, e ali abriu um conservatório musical. O conservatório fundado pela Rainha da Música de Raiz infelizmente não durou muito, mas em seu lugar a cantora e folclorista acabou montando um pequeno restaurante de comida caseira e tipicamente brasileira, que recebeu o nome de Casa da Inezita.[53]
O restaurante de Inezita Barroso fez muito sucesso, vivendo sempre cheio, principalmente nas noites em que a Rainha da Música Sertaneja cantava as músicas de seu riquíssimo e brasileiríssimo repertório, acompanhada pelo regional do bandolinista Evandro, que nas outras noites tocava chorinho.[54]
O restaurante acabou tomando muito tempo da vida de Inezita, de modo que logo surgiu um dilema: ser cantora ou dona de restaurante?[55] Um incidente com um ex-funcionário, que passou a rondar o estabelecimento com ar ameaçador,[56] fez com que a artista resolvesse o impasse, pondo fim à Casa de Inezita depois de um único ano de grande sucesso.[57]
Em 1977, vieram à luz duas coletâneas de gravações de Inezita Barroso, a saber, o compacto Inezita Barroso, contendo as músicas Moda da pinga, Tristeza do jeca, Lampião de gás e Meu limão, meu limoeiro, e o LP Seleção de ouro – Inezita Barroso, contendo, além das mencionadas músicas Lampião de gás e Meu limão, meu limoeiro e Moda da pinga, outros grandes sucessos da Rainha da Música Sertaneja, como Peixe vivo, Luar do Sertão, Mestiça e Maringá, sem mencionar a canção O menino da porteira.
No ano seguinte, foi lançado o LP Joia da Música Sertaneja, no qual Inezita Barroso, com sua bela “voz-sabiá” de que nos falou Helena Silveira e que, nas palavras desta, “reboa, brasileira e grave”, cheia de mundos brasileiros,[58] interpreta algumas das mais brilhantes pérolas do autêntico cancioneiro sertanejo, como Colcha de retalhos, de Raul Torres, Perto do coração e Cabocla Tereza, de Raul Torres e João Pacífico, Os três boiadeiros, de Anacleto Rosas Jr., Paineira velha, de José Fortuna, Mágoa de boiadeiro, de Nonô Basílio e Índio Vago, Pagode em Brasília, de Teddy Vieira e Lourival dos Santos, e Vingança do Chico Mineiro, de Tonico e Sebastião de Oliveira.
Em 1979, foi dado à estampa o LP Inezita Barroso com Evandro e seu regional, gravado ao vivo e contendo canções como Perfil de São Paulo, de Bezerra de Menezes, Chão de estrelas, de Orestes Barbosa e Sílvio Caldas, Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, e Último desejo, de Noel Rosa.
No ano seguinte, Inezita Barroso, contratada pela TV Cultura, passou a comandar em tal emissora, ao lado do radialista Moraes Sarmento, o programa Viola, Minha Viola, que a partir de 1998, com o falecimento de Sarmento, passou a dirigir e apresentar sozinha. Entre 1980 e este ano de 2015, a Rainha da Música Brasileira dirigiu e apresentou por trinta e cinco anos o Viola, Minha Viola, programa televisivo que vem a ser de longe não apenas o melhor e mais longevo programa dedicado à genuína Música Sertaneja e ao Folclore Nacional, como também o melhor e o mais longevo programa musical do Brasil.
Magnífico repositório da mais autêntica Música Tradicional Brasileira e das mais genuínas tradições do nosso Folclore, o maior programa musical da História do Brasil se configura numa excelente escola de Brasilidade, orgulho de toda a Terra Paulista e Brasileira, assim como a ilustre mulher que por tanto tempo o dirigiu e apresentou e que, como escreveu a Revista do Historiador, foi uma autêntica “guardiã da música caipira e da cultura do interior do Brasil, disseminando história e folclore por todo o país”.[59]
Ainda no ano de 1980, veio à luz o LP Joia da Música Sertaneja nº 2, em que a Grande Dama Cabocla do Folclore e da Música de Raiz interpreta outras pérolas da verdadeira Música Sertaneja, a saber, João de barro, de Teddy Vieira e Muíbo Cury, O que tem a rosa, de Serrinha, Travessia do Araguaia, de Dino Franco e Décio dos Santos, Piracicaba, de Newton de Almeida Mello, Jorginho do Sertão, de Cornélio Pires, Velho candieiro, de José Rico e Duduca, Barbaridade, de Walter Amaral, História de um prego, de João Pacífico, Siriema, de Mário Zan e Nhô Pai, e O berrante de Madalena, de Faísca.
Em 1981, foi lançado o décimo quarto e derradeiro disco compacto da cantora sertaneja, intitulado Inezita Barroso e contendo as músicas Sonho de caboclo, de Adauto Santos, Cateretê, de Edvina de Andrade, Devoção, de Nonô Basílio, e O gosto do caipira, de Luiz Lauro e Ado Benatti.
Em dezembro de 1984, Inezita apresentou, na Praça da Sé, no Centro de São Paulo, diante de milhares de espectadores, ensopados pela forte chuva que caía sobre a Capital Paulista, o Auto de Natal que ela mesma escrevera e idealizara, sob o nome de Um Natal Brasileiro. A encenação da história do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo contou com reisado, bumba meu boi, pastoril e outras manifestações genuinamente brasileiras e foi apresentada, ainda, em diversos teatros e reapresentada por mais dois anos.[60]
Em 1985, apareceu o vigésimo terceiro e último LP da cantora patrícia, Inezita Barroso – a incomparável – trinta anos de carreira, contendo canções como Vida marvada, de Almirante e Lúcio Mendonça Azevedo, Piazito carreteiro, de Luiz Menezes, Chuá-chuá, de Pedro de Sá Pereira e Ary Pavão, História triste de uma praieira (Jangadeiro), de Adelmar Tavares e Stefânia de Macedo, É doce morrer no mar, de Dorival Caymmi e Jorge Amado, e Ontem ao luar, de Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara.
No ano de 1987, com a permissão da TV Cultura, a Rainha da Música Caipira e Grande Dama do Folclore aceitou o convite que lhe foi feito por Sílvio Santos para apresentar no SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), nas manhãs de domingo, um programa musical que levaria seu nome e em que mostraria ao público, como fazia no Viola, Minha Viola, um pouco da autêntica Música Popular e do Folclore Pátrio.
O belo e memorável programa musical de Inezita Barroso no SBT infelizmente não permaneceu no ar por muito tempo, mas teve um grande sucesso tanto de público quanto de crítica, nele tendo esta magnífica intérprete do Brasil Profundo apresentado diversas músicas de seu vastíssimo repertório, repertório que é, como disse o documentário Mosaicos: a arte de Inezita Barroso, produzido pela TV Cultura e narrado por Rolando Boldrin, “uma verdadeira biblioteca musical”,[61] se constituindo, em última análise, numa síntese admirável daquilo que de melhor produziu o povo brasileiro, no campo da Música, de Norte a Sul deste vasto Império.
Em 1988, estreou, na Rádio USP, o programa Mutirão, apresentado e dirigido por Inezita Barroso. No programa, que fez muito sucesso, Inezita tocou belas músicas tradicionais brasileiras, falou sobre Folclore e entrevistou grandes músicos, compositores, poetas e cantadores de todo o País.[62]
O programa Mutirão saiu do ar em 1993, em razão da falta de apoio financeiro da Universidade de São Paulo, que, aliás, durante uma greve, cortou pela metade o salário da apresentadora, salário este que, aliás, mesmo quando pago integralmente, cobria apenas uma pequena parte das despesas de Inezita com o programa, no qual tudo era pago por ela.[63]
No dia 1º de janeiro de 1990, estreou, na Rádio Cultura de São Paulo, o programa Estrela da Manhã, também apresentado por Inezita Barroso. O nome do programa radiofônico foi sugerido por um funcionário da rádio, grande admirador da radiante estrela Inezita Barroso,[64] e logo se tornou um dos principais epítetos da cantora, apresentadora, musicista e folclorista patrícia, ao lado de outros, como “Rainha da Música Caipira”, “Dama da Música Caipira”, “Embaixatriz da Música Caipira”, “Comendadora da Música de Raiz” e “Dama do Folclore Brasileiro”.
Inezita comandou o programa Estrela da Manhã por nove anos, ali falando sobre o Folclore Pátrio e as suas mais belas músicas e tocando muitas destas, e, como sempre, mostrando a beleza e a nobreza do Brasil Profundo e de sua Cultura e Tradição. O programa fez muito sucesso, mas ela acabou deixando de apresentá-lo em 1999, por não se acostumar com o ar condicionado,[65] e então o compositor, cantor, ator, dublador e radialista Muíbo Cury passou a apresentar em seu lugar o programa Raízes do Brasil.
Em 1993, Inezita Barroso, admirável intérprete e defensora da alma brasileira, lançou seu primeiro CD, Alma brasileira, coletânea que contém músicas como Luar do Sertão, Moda da pinga, Asa branca, Peixe vivo, Tristeza do jeca, Meu limão, meu limoeiro, Saudades de Matão, Soca pilão e Negrinho do Pastoreio, esta última uma música folclórica gaúcha, adaptada por Barbosa Lessa.
Em 1996, apareceu o CD Inezita Barroso e Roberto Corrêa – voz e viola, no qual a Rainha da Música de Raiz cantou alguns de seus maiores sucessos, além de músicas como Felicidade, de Lupicínio Rodrigues, Flor do cafezal, de Luiz Carlos Paraná, Chalana, de Antônio Pinto e Mario Zan, e Romaria, de Renato Teixeira.
Ainda em 1996, foram lançados o CD e o DVD Colhendo pérolas da obra musical de Marcelo Tupinambá, gravados por Inezita, com Izaías e seus Chorões, no Teatro Municipal de Piracicaba, a 9 de dezembro daquele ano.
Dentre as músicas cantadas por Inezita em sua apresentação no Teatro Municipal de Piracicaba, registrada no CD e no DVD há pouco mencionados, podemos destacar Quem é?, Maricota sai da chuva e Canção de amor, de Marcelo Tupinambá (pseudônimo de Fernando Álvares Lobo), Cabocla, de Marcelo Tupinambá e Arlindo Leal, Canto chorado, de Marcelo Tupinambá e Faustino Nascimento e Viola cantadêra, de Marcelo Tupinambá e Aplecina do Carmo, além dos poemas Solidão, de Ribeiro Couto, e Canção marinha, de Mário de Andrade, ambos musicados por Marcelo Tupinambá, e de O passo do soldado, hino da Revolução Constitucionalista de 1932, com letra de Guilherme de Almeida e música de Marcelo Tupinambá.
No ano de 1997, foi lançado o terceiro CD da grande cantora de São Paulo e de todos os Sertões, intitulado Inezita Barroso e Roberto Corrêa – caipira de fato – voz e viola, e contendo algumas joias do nosso cancioneiro caboclo, a exemplo de Chico Mineiro, de Tonico e Francisco Ribeiro, Caipira de fato, de Adauto Santos, Siriema, de Mario Zan e Nhô Pai, Adeus campina da serra, de Cornélio Pires e Raul Torres, Curitibana, de Tonico, Tinoco e Pirigoso, Oi, vida minha, de Cornélio Pires, e Cuitelinho, música folclórica recolhida por Antônio Xandó no Rio Paraná, na divisa entre São Paulo e o atual Mato Grosso do Sul, e adaptada por Paulo Vanzolini.
Também no ano de 1997, foram lançados o DVD Ao som da viola – a história de Cornélio Pires, gravado por Inezita, na companhia de Mazinho Quevedo, no Teatro Municipal Dr. Losso Netto, em Piracicaba, e o CD Inezita e Orquestra Sinfonia Cultura, contendo músicas como Casa de caboclo, de Hekel Tavares e Luiz Peixoto, Na Serra da Mantiqueira, de Ary Kerner, Lampião de gás, de Zica Bergami, Berceuse da onda, poema de Cecília Meireles musicado por Lorenzo Fernández, e Entrai, pastorinhas, canção folclórica pernambucana recolhida pelo Frei Pedro Sinzig e adaptada por Inezita Barroso.
Ainda em 1997, Inezita Barroso, esta ilustríssima “paulistana caipira”, na expressão de Luiz Gonzaga Bertelli,[66] recebeu o importantíssimo Prêmio Sharp de Música, na categoria de melhor cantora regional, e, em 1998, foi agraciada com o Grande Prêmio do Júri do Prêmio Movimento de Música, em homenagem aos seus quarenta e sete anos de carreira.
Também em 1998, foi lançado o CD Raízes sertanejas – Inezita Barroso, contendo muitas das principais músicas do vasto e belo repertório da cantora, como Lampião de gás, Moda da pinga, Tristeza do Jeca, Na Serra da Mantiqueira, Luar do Sertão, Mestiça, Peixe vivo, Meu limão, meu limoeiro, Chico Mineiro, O menino da porteira e Rio de lágrimas. No ano seguinte, foi dado à estampa o CD Raízes sertanejas – Inezita Barroso, volume 2, que contém, dentre outras, as músicas Boi amarelinho, Moda da mula pretaViola quebrada, Paineira velha, Na casa branca da serra, João de barro e Cisne Branco.
Ainda no ano de 1999, foi lançado o sexto CD de Inezita Barroso, chamado Sou mais Brasil e contendo músicas como Viola enluarada, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, Ave Maria, de Erotides de Campos, e músicas já aqui citadas, como Cuitelinho, Coco do Mané, Nhapopé, Moda da pinga, Pingo d’água, Meu casório e Lampião de gás.
No ano 2000, veio à luz o CD Perfil de São Paulo, gravado ao vivo por Inezita com Izaías e seus Chorões. Neste magnífico CD, Inezita canta, dentre outras belas canções, O batateiro, de Zica Bergami, o poema Serenata, de Martins Fontes, musicado por Mary Buarque, e as já aqui citadas Perfil de São Paulo, Lampião de gás, Ronda, Na Serra da Mantiqueira, Viola quebrada, Moda do bonde camarão, Moda da pinga e Flor do cafezal.
No mesmo ano, foi dado à estampa o DVD Lendas do Brasil, gravado por Inezita Barroso, com o Coral Piracicabano e a Orquestra Sinfônica de Piracicaba, no Teatro Municipal de Piracicaba.
Ainda em 2000, foi lançado o CD duplo Bis sertanejo – Inezita Barroso, excelente coletânea, contendo vinte e oito das mais belas músicas do nosso Cancioneiro Caboclo, quase todas já aqui mais de uma vez mencionadas, em igualmente belas interpretações da Rainha de nossa Música de Raiz.
Em 2001, foi lançado, pelo SESC (Serviço Social do Comércio) de São Paulo, o CD A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes – Inezita Barroso, gravado ao vivo no programa Ensaio, da TV Cultura, e contendo algumas das mais lindas músicas do repertório da ilustre cantora paulista e brasileira.
Dois anos mais tarde, foi lançado o CD Hoje lembrando, contendo músicas como Modinha, de Villa-Lobos e Manuel Bandeira, Bem iguais, de Paulo Vanzolini, Leilão, de Hekel Tavares e Joracy Camargo, Maricota sai da chuva, de Marcelo Tupinambá, e o poema Ismália, de Alphonsus de Guimaraens, musicado por Capiba.
Entre os meses de abril e novembro de 2004, Inezita apresentou, a convite do radialista Pedro Vaz, o programa Minha Terra, na Rádio América AM, da Capital Paulista. O programa teve sempre boa audiência, mas cada vez que esta subia, a rádio o mudava de horário, e a cantora e apresentadora não suportou estas constantes mudanças, deixando a Rádio América AM,[67] passando a se dedicar profissionalmente apenas aos shows, às aulas de Estudos Brasileiros que então dava nas universidades UNIFAI (Centro Universitário Assunção) e UNICAPITAL e, é claro, ao Viola, Minha Viola.
Também em 2004, Inezita apresentou, no programa Viola, Minha Viola, acompanhada de Robertinho do Acordeon e de Jean Garfunkel, a canção Linda Inezita, que este último compusera pouco antes, em sua homenagem,[68] e que a seguir transcreveremos:
Linda Inezita, que coisa bonita,
Que força infinita, teu canto nos traz.
Tens uma fonte de luz cristalina,
Que brota da mina das cordas vocais.
Canto caboclo do chão brasileiro,
Dos uirapurus, juritis, sabiás.
Canto de um povo, que traz o tempero
Do índio e do negro, nossos ancestrais.
Linda Inezita, que coisa bonita,
Que força de vida, tens na tua voz.
Um brilho intenso, que vem da verdade,
Da brasilidade, que canta por nós.
Brilho da noite, que ronda a cidade,
Luar do sertão, sob o céu dos gerais,
Linda Inezita, teu canto alumia,
És estrela guia, és lampião de gás.
Em 2005, foi dado à estampa o CD Ronda, que contém uma magnífica coletânea de muitas das mais belas músicas do repertório de Inezita Barroso. No ano seguinte, foi lançado o CD Trilhas Globo Rural – Inezita Barroso e Roberto Corrêa, coletânea que traz algumas das mais brilhantes joias da autêntica Música Sertaneja, na incomparável voz de sua Rainha.
Em 2007, foi lançado o DVD intitulado Inezita Barroso – Programa Ensaio – 1991, contendo belíssima apresentação de Inezita no programa Ensaio, da TV Cultura, e também dado à estampa o DVD Ao som da viola – as ideias e as canções de Jeca Tatu, gravado no Teatro UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba), em Piracicaba.
No ano de 2009, foi publicado o CD Sonho de caboclo, em que Inezita Barroso canta algumas da mais belas e célebres canções da Música de Raiz, como Boiadeiro errante, de Teddy Vieira, Colcha de retalhos, Moda da mula preta e Mineirinha, de Raul Torres, Paineira velha, de José Fortuna, Sonho de caboclo, de Adauto Santos, Cavalo preto, de Anacleto Rosas Jr., Siriema, de Mario Zan e Nhô Pai, O que tem a rosa, de Serrinha, Perto do coração, de João Pacífico e Raul Torres, Rio de lágrimas, de Tião Carreiro, Piraci e Lourival Santos, e Flor do cafezal, de Luiz Carlos Paraná, além da valsa Lampião de gás, admirável retrato da São Paulo d’antanho feito por Zica Bergami, que era, aliás, não somente uma notável compositora, como também uma desenhista primitiva de muito talento, assim como uma inspirada memorialista, autora do belo livro Onde estão os pirilampos? (1989), por ela mesma ilustrado.
  Em 2011, foi lançada, pela gravadora EMI, a caixa O Brasil de Inezita Barroso, coletânea organizada por Ricardo Faour, contendo seis CDs que incluem quase todas as músicas de sete LPs de Inezita Barroso, lançados pela gravadora Copacabana entre os anos de 1955 e 1961, e também algumas faixas bônus.
Também em 2011, foi dado à estampa, pela editora Cortez, de São Paulo, o livro A menina Inezita Barroso, que, escrito por Assis Ângelo e ilustrado com belas xilogravuras de Ciro Fernandes, um dos maiores xilógrafos do Brasil, se constitui não apenas no primeiro livro escrito sobre Inezita Barroso, como também num dos mais lindos livros infanto-juvenis já publicados em nosso País. Tal livro, que pode bem ser classificado como uma verdadeira joia da literatura infanto-juvenil e também da xilogravura, principia com um poema de Assis Ângelo em homenagem à grande Rainha da Música Caipira, cuja última estrofe a seguir transcreveremos, fazendo nossas as suas palavras:
Viva Inezita Barroso
Essa grande brasileira
Que por si própria se fez
Uma rainha violeira
A cantar as coisas nossas
Tal e qual uma guerreira.[69]
No ano de 2012, foi lançado o DVD Clássicos da Música Caipira, gravado por Inezita Barroso, com o Regional do Tico-Tico, a 6 de setembro do mesmo ano, no Teatro Municipal Erotides de Campos, em Piracicaba.
Também em 2012, foi lançado o segundo livro sobre Inezita Barroso e em homenagem a esta, intitulado Inezita Barroso: com a espada e a viola na mão e escrito por Valdemar Jorge, fazendo parte da coleção Aplauso, publicada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
Em 2013, foram dados à estampa o DVD Trajetória: seis décadas de Música Brasileira, gravado por Inezita Barroso, com o Regional do Tico-Tico, no Teatro Municipal Erotides de Campos, em Piracicaba, e o DVD duplo Inezita Barroso – cabocla eu sou, produzido pela TV Cultura e pela gravadora Substancial Music.
O primeiro dos dois discos que compõem o DVD Inezita Barroso – cabocla eu sou, gravado ao vivo pela grande cantora caipira paulistana, com a Orquestra Fervorosa, traz belas gravações recentes de algumas das mais belas e célebres músicas de seu repertório, essencialmente brasileiro e composto por mais de novecentas músicas. O segundo disco, por sua vez, contém diversas músicas gravadas em vídeo desde o início a década de 1950 até 2012, incluindo cenas de filmes em que ela aparece cantando e participações de Renato Teixeira, Daniel, Chitãozinho e Xororó, Nonô Basílio, Adauto Santos e outros.
Ainda em 2013, foi lançado, pela Editora 34, da Capital Paulista, o livro Inezita Barroso: a história de uma brasileira, mais completa biografia da Rainha da Música de Raiz, escrita pelo jornalista Arley Pereira Gomes de Oliveira, e, a 8 de novembro, recebeu a cantora paulistana o título de Cidadã Piracicabana, concedido pela Câmara dos Vereadores daquele município do Interior Paulista.
 No ano de 2014, foi publicado, pela Editora Kelps, de Goiânia, o quarto livro sobre Inezita Barroso, que leva o nome de Inezita Barroso, Rainha da Música Caipira e foi escrito pelo jornalista Carlos Eduardo Oliveira e prefaciado pelo cantor Daniel.
Em novembro do mesmo ano, Inezita Barroso foi merecidamente eleita para a Academia Paulista de Letras, onde, caso não tivesse adoecido, teria tomado posse da cadeira número 22, cujo patrono é João Monteiro, no último dia 4 de março, ao completar noventa anos de idade, sucedendo a escritora Ruth Guimarães.
Ao longo dos mais de sessenta anos de sua magnífica carreira artística, recebeu Inezita Barroso mais de duzentos prêmios, incluindo os já mencionados troféus Roquette Pinto, os também aludidos Prêmio Saci e Prêmio Guarani, o Prêmio Sharp de Música, há pouco mencionado, e o Prêmio Tupiniquim, este último da extinta TV Tupi.
Além de prêmios, recebeu Inezita uma grande variedade de comendas, medalhas e títulos, como aqueles de cidadã honorária de diversas cidades do Brasil. Em 2003, foi ela agraciada, pelo Governo do Estado de São Paulo, com a Ordem do Ipiranga, no grau de Comendadora, e, no ano de 2009, recebeu, também do Governo de São Paulo, a mesma Ordem, desta vez no grau de Grande Oficial. Em 2004, foi agraciada com a Ordem do Mérito Cultural, pela Presidência da República, e, em 2006, recebeu a Ordem do Mérito Anhanguera, do Governo de Goiás.[70]
Além dos discos já aqui mencionados, Inezita Barroso teve várias participações especiais em discos coletivos ou de outros artistas, como os LPs Cinco estrelas apresentam Isaura, de 1958, Festas juninas – sucessos de Mario Zan com bandinha e coro, de 1988, Lamento sertanejo, de Jair Rodrigues, lançado em 1991, e Áurea Fontes e Orquestra Violeiros de Ouro, de 1995; o disco compacto duplo Canção da Avenida Paulista, de 1991, e os CDs Feito na roça, gravado em 1998, pela Orquestra de Viola Caipira, Serenata na UMES – Gereba convida, de 1999, Semente caipira, gravado por Pena Branca em 2000, Viola ética, de Pereira da Viola, lançado em 2001, Viola, Minha Viola – clássicos da Música Caipira, volumes 1 e 2, de 2004 e 2005, respectivamente, e Alma Sertaneja volume 1, de Cezar e Paulinho, lançado em 2011.
Isto posto, cumpre assinalar que, além de todos os discos de Inezita Barroso mencionados no presente artigo, foram lançados, em países estrangeiros, diversos discos da Rainha da Música Caipira ou com músicas por ela cantadas, sem conhecimento seu e autorização das gravadoras pelas quais lançou suas músicas. Conta-nos Carlos Eduardo Oliveira, por exemplo, em Inezita Barroso, Rainha da Música Brasileira, que um colunista do jornal Última hora certa vez escreveu a Inezita dizendo que acabar de ver, em Paris, onde então se encontrava, vários discos da cantora ali lançados à venda, assim como nos conta que, na década de 1970, uma senhora japonesa deu a Inezita Barroso um LP, lançado no Japão, em cuja capa, toda escrita em japonês, havia um mapa do Brasil e uma foto de Inezita, com um chapéu de palha na cabeça e uma viola nas mãos, e outra de Luiz Gonzaga, com um chapéu de couro na cabeça e uma sanfona nas mãos.[71]
Não podemos encerrar esta já extensa homenagem à Rainha da Música de Raiz sem antes destacar o seu trabalho, já antes aqui referido, como folclorista e professora de Folclore e Estudos Brasileiros. Lecionou ela na Universidade de Mogi das Cruz-SP, entre os anos de 1982 e 1996 e também, até quase o final da vida, na universidade católica UNIFAI (Centro Universitário Assunção) e na UNICAPITAL, ambas na Capital Bandeirante. Nesta última universidade foi a cantora e folclorista agraciada, em 2005, com o título de Doutora Honoris Causa em Folclore Brasileiro, cumprindo recordar que, como observamos anteriormente, era ela também Doutora Honoris Causa em Folclore e Arte Digital, pela Universidade de Lisboa.
 Inezita Barroso foi uma mulher essencialmente nacionalista, como bem assinalou Arley Pereira,[72] e tinha plena consciência que a Nação que rejeita a sua Tradição é uma Nação sem Futuro, condenada mesmo ao desaparecimento. Assim, proclamou ela, em junho de 2009, em entrevista à Revista do Brasil, que “uma coisa sem raiz voa, o vento leva e desaparece”,[73] e observou, em entrevista ao programa Vitrine, da TV Cultura, em 2010, que “o caipira é ligado à tradição, à raiz, ao amor à terra, a qualquer coisa que ele tem dentro e tem necessidade de exprimir”. Aliás, devemos dizer que, como autêntica caipira que sempre foi, Inezita foi sempre ligada à Tradição, à raiz, ao amor à terra natal, a qualquer coisa que tinha dentro de si e que tinha necessidade de exprimir e, graças a Deus, para o bem do Brasil, exprimiu, com sua magnífica “voz-sabiá”, transbordante de Brasilidade.
Tratando da obra do tão grande quanto injustiçado pensador, escritor e homem de ação patrício que foi e é Plínio Salgado, o jusfilósofo castelhano Francisco Elías de Tejada y Spínola afirmou que este “varão justo, santo e sábio igualmente” foi a “encarnação viva de seu povo” e o “descobridor bandeirante das essências de sua pátria”.[74] Podemos dizer que Inezita Barroso, cabocla, patriota, tradicionalista e sadiamente nacionalista como o ilustre autor da Vida de Jesus e de Primeiro, Cristo! (Plínio Salgado), foi e é também uma encarnação viva do povo brasileiro que tanto amou e, por suas pesquisas no campo do Folclore, uma autêntica descobridora bandeirante das essências de nossa Pátria.
 Tratando do escritor paulista Valdomiro Silveira, Patriarca do regionalismo realista em nossa Literatura e mais honesto retratista da vida e dos costumes do caboclo paulista entre fins do século XIX e princípios do século XIX, escreveu o crítico literário Agrippino Grieco que “a força do glorioso escritor da Pauliceia é ter todas as raízes da sensibilidade mergulhadas no seu torrão”. Pouco depois, tendo afirmado que Valdomiro Silveira acreditava na alma dos caipiras e procurava mostrar o quanto tal alma pode ser boa e bela, sustentou Agrippino Grieco que o autor de Os caboclos, Lereias e Nas serras e nas furnas (Valdomiro Silveira) fazia “com a pena o robusto regionalismo que Almeida Júnior, seu coestaduano”, fizera “com o pincel”.[75]
Parafraseando o autor de Gente nova do Brasil e de Vivos e mortos (Agrippino Grieco), podemos dizer que a força de Inezita Barroso é ter todas as raízes mergulhadas no seu torrão, assim como em todos os outros inúmeros torrões brasileiros que ela igualmente amou e cantou, assim como podemos dizer que a gloriosa cantora, instrumentista, apresentadora, folclorista e professora de Folclore e Estudos Brasileiros da Pauliceia acreditou na alma do nosso caboclo e procurou sempre mostrar o quanto ela pode ser boa e bela e produzir músicas igualmente boas e belas, e fez com sua possante voz o robusto regionalismo que Almeida Júnior e Valdomiro Silveira, seus coestaduanos, fizeram, respectivamente, com o pincel e com a pena. É por isto e muito mais que podemos dizer que Inezita Barroso, Rainha da autêntica Música Caipira, Grande Dama do Folclore Nacional e Violeira e Cantadora Guerreira do Brasil Profundo, continua e continuará viva na Terra, iluminando o Brasil e sua Cultura como um imenso Lampião de Gás,[76] assim como sua nobre alma certamente continua e continuará viva no Céu, junto de Deus, nosso Criador, Mestre e Senhor.
Assim, encerramos estas linhas transcrevendo o singelo poema que escrevemos em homenagem a Inezita Barroso no último dia 15 de março, poucos dias depois, portanto, de sua partida deste Mundo e que também homenageia a cidade de São Paulo em que esta nasceu, aos 4 de março de 1925. Era esta, ainda, a velha Pauliceia das últimas serestas ao luar e dos últimos lampiões de gás, lampiões estes que, como escreveu Zica Bergami, eram cheios de poesia,[77] com sua luz verde-azulada, que fazia lembrar o brilho dos vaga-lumes, dos pirilampos que brilhavam nos matos rasteiros às margens do então límpido rio Tietê[78] e que morreram ofuscados pelas luzes da grande cidade em que se transformou São Paulo.[79] Eis, pois, nosso poema em homenagem a Inezita, com o qual fechamos este artigo:

A INEZITA BARROSO

Inezita,
Cabocla brasileira,
Antiga Zitinha que brincava nas ruas da Barra Funda
De outros tempos,
Naquela São Paulo “calma e serena,
Que era pequena mas grande demais”,
E que a cavalo ou de carro de boi percorria os cafezais,
Os verdes cafezais em flor do Sertões Paulistas,
“Que os anos não trazem mais”,
Como o velho lampião de gás,
Que ainda brilha na memória de alguns
E nos sonhos de outros,
Como eu,
Em cujo coração ainda palpita e vive
Aquela bela São Paulo d’outrora,
Com sua garoa “fria, fininha”, suas névoas,
Seus bondes e seus lampiões de gás.
Nesta São Paulo d’antanho, vejo meu avô paterno menino,
Brincando na casa da nonna,
Ao lado do “sabugueiro grande e cheiroso,
Lá no quintal da Rua da Graça”,
E minha avó paterna,
Nascida, como tu, em março de 1925,
E tua colega no Caetano de Campos,
A ver, na aurora de sua vida,
Um dos últimos acendedores de lampiões
Acender um dos últimos lampiões de gás
Da garoenta e brumosa Metrópole Bandeirante
Daqueles tempos que não voltam mais,
Enquanto nos Sertões Mineiros,
No Alto São Francisco,
Meu avô materno,
Futuro boiadeiro,
Tocava, na viola, suas primeiras modas,
Como tu nas fazendas de teus familiares,
No Interior Paulista,
Onde te vejo menina
A tocar e a cantar tua moda predileta,
“Boi Amarelinho”,
Do imortal Raul Torres,
Amigo e colega de teu pai na Estrada de Ferro Sorocabana,
Assim como te vejo, também menina,
A cantar, feito um anjo, no coro da bela Igreja de São Geraldo,
No Largo Padre Péricles, mais conhecido como Largo das Perdizes,
Naquela velha São Paulo da bruma e da garoa,
“Que os anos não trazem mais”.

Inezita,
Rainha e Estrela-Guia da autêntica Música Sertaneja
E grande dama do Folclore, da Cultura e da Tradição Nacional,
Orgulho da Terra Paulista e de todo o nosso Brasil,
De todo o nosso Brasil Profundo, Tradicional, Verdadeiro e Autêntico
Que tanto amaste e de que foste admirável defensora e intérprete,
Ó grande sertanista, desbravadora
De Sertões e de Mundos
Do Folclore e da Música de Raiz,
Hoje, rondando a cidade numa noite triste,
Bebo a “marvada pinga” da saudade,
Não para esquecer, mas sim para lembrar
De tudo o que fizeste pela Música, pelo Folclore
E pela autêntica Cultura Brasileira,
Ó glória da Cidade e da Terra Bandeirante
E de todos os Brasis Profundos,
Ó nobre e imortal guerreira da Brasilidade,
Guardiã do Mundo da Tradição Brasileira
E dos Sertões fortes como seus filhos,
Radiosa Estrela da Manhã,
Gigantesco Lampião de Gás,
Que tantas saudades nos traz,
Mas cuja luz ainda brilha e brilhará sempre,
Como o Luar do Sertão,
Enquanto houver Sertão
E enquanto houver Brasil,
Alumiando as veredas da nossa Música,
Do nosso Folclore, da nossa Cultura e da Nossa Tradição,
Por Cristo Rei e pela nossa Grande Nação!

Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira,

São Paulo, março-junho de 2015.


[1] Inezita Barroso: a história de uma brasileira, 1ª edição, São Paulo, Editora 34, 2013, p. 18.
[2] Cf. Carlos Eduardo OLIVEIRA, Inezita Barroso: a Rainha da Música Caipira, Prefácio do cantor Daniel, Goiânia, Kelps, 2014, p. 15. Cumpre ressaltar que o livro, baseado em depoimentos de Inezita Barroso ao autor, foi escrito em primeira pessoa.
[3] Cf. Inezita Barroso, em depoimento citado por Arley Pereira em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 12.
[4] Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 15.
[5] Cf. Inezita Barroso, em depoimento citado por Arley Pereira em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 15.
[6] Cf. Arley PEREIRA, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 16.
[7] Cf. Inezita BARROSO, em depoimento citado por Arley PEREIRA em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., pp. 20-22.
[8] Cf. Inezita BARROSO, em depoimento citado por Arley PEREIRA em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 25.
[9] Cf. Arley PEREIRA, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 32.
[10] Idem, p. 30.
[11] Idem, p. 32.
[12] Cf. texto de Inezita Barroso escrito em 10 de fevereiro de 2011 e publicado na página 72 da obra infanto-juvenil A menina Inezita Barroso, de Assis Ângelo, ilustrada por Ciro Fernandes (1ª edição, São Paulo, Cortez Editora, 2011).
[13]  Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 45.
[14] Cf. Arley PEREIRA, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 62.
[15] Idem, p. 74.
[16] Cf. depoimento de Paulo VANZOLINI exibido no documentário Um homem de moral (2009), dirigido por Ricardo DIAS.
[17] Cf. depoimento de Paulo VANZOLINI exibido no documentário Inezita Barroso, a voz e a viola (2011), dirigido por Guilherme Alpendre.
[18] Cf. Arley PEREIRA, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., pp. 74-76.
[19] Idem, p. 76.
[20] Idem, loc. cit.
[21] Idem, pp. 76-80.
[22] Idem, p. 80.
[23] Idem, pp. 80-81.
[24] Idem, p. 85.
[25] Idem, p. 86.
[26] Idem, loc. cit.
[27] Idem, pp. 86-90.
[28] Idem, p. 90.
[29] Idem, p. 92.
[30] Idem, loc. cit.
[31] Idem, loc. cit.
[32] Idem, pp. 92-94.
[33] Idem, pp. 108-109.
[34] Idem, p. 108.
[35] Cf. Valdemar JORGE, Inezita Barroso: com a espada e a viola na mão, São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012, p. 80. Cumpre ressaltar que o livro, baseado em depoimentos de Inezita Barroso ao autor, foi escrito em primeira pessoa.
[36] Inezita Barroso: com a espada e a viola na mão, cit., p. 10.
[37] Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 98.
[38] Idem, p. 102.
[39] Idem, loc. cit.
[40] Cf. Carlos Eduardo OLIVEIRA, Inezita Barroso: a Rainha da Música Caipira, Prefácio do cantor Daniel, Goiânia, Kelps, 2014, p. 184.
[41] Cf.Arley Pereira, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 102.
[42] Cf. Inezita BARROSO, em depoimento citado por Arley PEREIRA em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 111.
[43] Cf. Arley PEREIRA em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., pp. 111-112.
[44] Idem, p. 117.
[45] Idem, p. 113.
[46] Idem, loc. cit.
[47] Cf. Inezita BARROSO, em depoimento citado por Arley Pereira em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 113.
[48] Cf. Inezita BARROSO, em depoimento citado por Arley Pereira em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 114.
[49] Cf. Valdemar JORGE, Inezita Barroso: com a espada e a viola na mão, São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012, pp. 32-34.
[50] Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 118.
[51] Cf. Arley Pereira, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 118.
[52] Cf. Arley Pereira, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 126.
[53] Idem, p. 124.
[54] Idem, loc. cit.
[55] Idem, loc. cit.
[56] Cf. Inezita Barroso, em depoimento citado por Arley Pereira em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 124.
[57] Cf. Arley Pereira, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 124.
[58] Filosofia do Universo e casa de São Paulo: recebe o casal Horacio Lafer, in Folha da Manhã, ano XXX, nº 9323, São Paulo, 15 de agosto de 1954. O texto da escritora Helena Silveira trata da recepção que Horácio Lafer e sua esposa deram aos participantes do Congresso Internacional de Filosofia, realizado em São Paulo naquele mês de agosto de 1954, em seu palacete no bairro paulistano do Jardim Europa. Inezita Barroso se apresentou, com grande sucesso, em tal recepção, tendo prestado, com sua apresentação, segundo Helena Silveira, um grande serviço ao Brasil, pois trouxe “à presença dos filósofos do mundo um retrato ‘de corpo vivo’ de nossa alma”, de modo que tais filósofos ficaram “sabendo mais o que é Brasil depois de seu cantar de pássaro nativo”, mais e melhor “do que se consultassem compêndios ou ouvissem dissertações acadêmicas ou aulas universitárias”.
[59] Inezita Barroso: a dama da música caipira, in Revista do Historiador, São Paulo, nº 177, março e abril de 2015, p. 11.
[60] Cf. Arley Pereira, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 126.
[61] Mosaicos: a arte de Inezita Barroso, TV Cultura, 2009.
[62] Cf. Inezita BARROSO, em depoimento citado por Arley Pereira em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 137.
[63] Idem, p. 138.
[64] Cf. Arley Pereira, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 138.
[65] Cf. Inezita BARROSO, em depoimento citado por Arley Pereira em Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 139.
[66] Memórias e lembranças de ilustres personalidades paulistas, in Revista do Historiador, nº 177, São Paulo, março e abril de 2014, p. 3.
[67] Cf. Arley Pereira, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 139.
[68] Cf. Arley Pereira, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 154.
[69]  A menina Inezita Barroso, Ilustrações de Ciro Fernandes, 1ª edição, São Paulo, Cortez, 2011, p. 7.
[70] Cf. Arley Pereira, Inezita Barroso: a história de uma brasileira, cit., p. 155.
[71] Inezita Barroso: a Rainha da Música Caipira, p. 151.
[72] Idem, p. 136.
[73] In Solange do ESPÍRITO SANTO, Inezita, minha viola. Disponível em: http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/36/inezita-minha-viola. Acesso em 06/06/2015.
[74] Plínio Salgado na tradição do Brasil, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, volume II, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 70.
[75] Gente nova do Brasil, 2ª edição, revista, in Obras Completas, volume 6, Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1948, p. 80.
[76] Embora a expressão correta seja “lampião a gás”, utilizaremos aqui a forma popular usada por Zica Bergami na valsa Lampião de gás, imortalizada na voz de Inezita Barroso.
[77] Onde estão os pirilampos?, São Paulo, João Scortecci Editora, 1989, p. 52.
[78] Idem, p. 38.
[79] Idem, p. 13.