Saturday, January 22, 2011

Plínio Salgado, Bandeirante da Fé e do Império


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 Por Victor Emanuel Vilela Barbuy



Plínio Salgado é, antes e acima de tudo, um Apóstolo de Cristianismo e de Brasilidade, um arauto da Tradição Cristã e da Tradição Nacional Brasileira. Descendente do Bandeirante Manuel Preto, o herói de Guairá, aliás por ele retratado no poema-épico em prosa A voz do Oeste (1934), que inspirou Juscelino Kubitschek a edificar Brasília [1], foi, ele próprio, um Bandeirante, dilatando a Fé e o Império por todos os lugares onde passou. Este “Cavaleiro do Brasil Integral”, na expressão do poeta Ribeiro Couto [2], e “Cavaleiro do verbo claro e ardente”, no dizer do Padre Moreira das Neves [3], sempre foi, como ressalta Francisco Martins de Souza, o herdeiro do tradicionalismo católico no sentido que a este imprimiu Jackson de Figueiredo [4].

Jackson de Figueiredo, porém, foi crítico ferrenho de Portugal e de sua herança, como bem observou, com tristeza, António Sardinha [5], que, no entanto, jamais deixou de ser amigo do autor de O nacionalismo na hora presente, em quem reconheceu um “irmão na mesma dupla fé religiosa e tradicionalista” [6] e a quem dedicou o ensaio A lição do Brasil, escrito em 1923 [7]. Já Plínio Salgado sempre admirou profundamente Portugal, o Grande Império de que nasceu o nosso Império, bem como o seu legado, de que somos herdeiros e depositários. Em sua obra histórica Como nasceram as cidades do Brasil, por exemplo, Plínio faz a apologia da força aglutinadora dos Brasileiros, que se revela na “construção maravilhosa da Unidade Nacional”, e que se constitui na “grande tradição, pelos Brasileiros herdada dos Portugueses”, no “gênio lusíada”, no “espírito dos fundadores de um grande Império, cujo segredo se encontra nas raízes romanas e cristãs de que provém” [8].

A supracitada obra de Plínio Salgado, que mereceu entusiásticos elogios de intelectuais da estatura dos Portugueses João Ameal [9] e Henrique Barrilaro Ruas [10] e dos Brasileiros Tasso da Silveira [11] e Euro Brandão [12], foi, com efeito, dedicada:

“À Nação Portuguesa, em homenagem aos antepassados comuns que construíram a minha Pátria, deram-lhe uma nobre língua e uma gloriosa tradição e animaram-na, por todo o sempre, com a alma religiosa que a integra na família lusíada das cinco partes do mundo e na comunhão universal do Cristianismo” [13].

Em Nosso Brasil, Plínio Salgado preleciona que a nossa História, “como continuidade da vida de uma das mais cavalheirescas nações europeias”, não principia em 1500, mas sim no momento da fundação da Nação Portuguesa e que todas as glórias de Portugal até 1822 são patrimônio comum a todos os descendentes dos bravos cavaleiros da Reconquista e das Cruzadas, dos grandes cientistas que desenvolveram a arte da navegação, dos nautas que enfrentaram e venceram os mares ignotos, “dos descobridores do caminho das Índias, dos soldados, marujos, escritores e poetas, que foram os primeiros europeus a atingirem a costa oriental da África, os extremos da Ásia e as ilhas misteriosas do Pacífico” [14].

Como sustenta o pensador patrício, “essa tradição de inteligência, de coragem, de universalismo, de sonhos grandiosos e de fé sequiosa por dilatar o Reino do Cristo, continuou no Brasil, plasmando o caráter, a consciência dos Brasileiros. O desbravamento dos nossos sertões pelos Bandeirantes, a reconquista do solo pátrio ocupado pelos Holandeses e pelos Franceses, a evangelização levada às tabas selvagens, o cruzamento das raças americana, africana e europeia, sob a inspiração da igualdade humana perante Deus, tudo isso foi continuação de uma história que principiou quando D. Afonso Henriques, em 1140, desembainhando a sua espada ensinou-nos, por todo o sempre, que devemos bater-nos com ardor e denodo por Cristo e pela Nação” [15].

Plínio Salgado tinha, pois, como Arlindo Veiga dos Santos, plena consciência de que “o Presente que nega o Passado não terá futuro” [16] e de que “toda manobra contra a lusitanidade fundamental do Brasil destrói sua brasilidade” [17]. Daí ter sido Plínio Salgado e não Jackson de Figueiredo o primeiro a efetivamente compreender a Tradição Brasileira, como bem sustentou o jusfilósofo e pensador tradicionalista espanhol Francisco Elías de Tejada y Spínola [18]. Tejada, que, aliás, foi apresentado à inteligência nacional por Plínio Salgado, nas páginas de sua obra O ritmo da História [19], viu, com efeito, no autor da Vida de Jesus, um “profeta incandescente e sublime de seu povo”, “encarnação viva do Brasil melhor” [20].

Lídimo representante do tradicionalismo político, Plínio Salgado sustenta que o cultivo da Tradição é o único meio de impedir a descaracterização de uma Pátria, de sorte que “sem Tradição na há Pátria” [21]. E afirma, do mesmo modo, que “a ordem humana só pode repousar na ordem divina” [22], cujos fundamentos “estão na Doutrina Revelada” [23] e que “as soluções para todos os problemas econômicos e políticos, morais e estéticos, derivam, luminosas e puras, dos Evangelhos” [24].

Consciente de que a profunda crise atravessada pelo Mundo Ocidental é, antes de tudo, uma crise do Homem, sempre pregou Plínio a restauração do Homem, a reconstrução do Homem, por ele considerada “a grande Cruzada dos tempos modernos” [25]. Tal seria, para o autor de Psicologia da Revolução, o primeiro e mais decisivo passo para a cura da terrível enfermidade que ataca nossa Sociedade. Jamais deixou ele, ademais, de proclamar a imperiosa necessidade da "salvação do Mundo pela santificação das almas", afirmando que "não é digno de lutar pelo Cristo quem não erguer a bandeira da própria santificação" [26] e proclamando a exaltação da realeza de Cristo [27]. Consciente, como São Pio X, da importância da proposição de São Paulo, na Epístola aos Efésios, de “restaurar tudo em Cristo” (Ef. 1, 10), programa, aliás, do Pontificado daquele grande Papa, Plínio Salgado fez dela também o seu programa e, em face do lema maurrasiano Politique d’abord lançou o lema Christ d’abord, Primeiro, Cristo [28].

O tão nobre quanto injustiçado Movimento Cívico-Político-Social legado por Plínio Salgado, o Integralismo, se configura como o mais autêntico Movimento de Renovação Nacional, Espiritual e Social do Brasil, se constituindo, antes e acima de tudo, em uma escola de Ética, Moralidade, Civismo, Patriotismo e Nacionalismo, responsável pela formação de uma verdadeira e autêntica Elite Nacional, Elite esta não de caráter econômico, mas sim de natureza espiritual, ética, moral e intelectual, recrutada em todos os segmentos da Sociedade e forjada pelo combate, pela labuta, pelo esforço e pelo sacrifício.

Atalaia e Cidadela do Brasil Profundo, Autêntico e Verdadeiro e de suas lídimas tradições, o Integralismo sempre pugnou pela recristianização integral do Brasil, opondo, à supremacia do ouro, a Supremacia dos valores espirituais, éticos, morais e intelectuais; à luta de classes da pseudocivilização burguesa, a Harmonia e a Justiça Social; à luta de raças, a Harmonia Étnica; à liberal-democracia burguesa e às tiranias de todos os feitios, a Democracia Orgânica, ou Democracia Integral; ao individualismo liberal e ao coletivismo comunista, o corporativismo, que vem a ser, em todos os tempos, expressão da organização natural e espontânea da Sociedade; ao Estado fraco do liberalismo e ao Estado Totalítário dos regimes coletivistas, o Estado Integral, que não é senão o Estado Necessário; aos mitos e superstições do Mundo Moderno, as verdades perenes da Tradição; às vãs filosofias do tempo, a Filosofia Perene; ao falso jusnaturalismo racionalista e abstrato do “Iluminismo” e ao positivismo jurídico, a sã e vigorosa Doutrina do Direito Natural Tradicional, ou Clássico, fundado na tradição formada pelos filósofos gregos, pelos jurisconsultos romanos e pelos teólogos e canonistas da Cristandade; ao internacionalismo do liberalismo e do comunismo e ao nacionalismo exacerbado, destrutivo e agressivo de certos credos totalitários, o nacionalismo sadio, justo, equilibrado e construtivo, alicerçado na Tradição e tendente ao universalismo; ao Espírito Burguês, o Espírito Cristão, a que também podemos denominar Espírito Nobre, ou Espírito da Nobreza, entendida esta não como classe, mas sim como um estado de espírito.

Em seu célebre discurso intitulado Cristo e o Estado Integral, Plínio Salgado ressalta que o “Estado Integral” é essencialmente “o Estado que vem de Cristo, inspira-se em Cristo, age por Cristo e vai para Cristo” e proclama sua crença em “Deus Eterno”, na “Alma Imortal”, em seu “poder optativo, deliberativo” e em sua ”capacidade de interferência nos fatos históricos, levantando as multidões e conduzindo-as”, bem como em “Cristo e na luz que d’Ele desce”. Sublinha, ademais, que fora por Cristo que se levantara; por Cristo que queria um “grande Brasil”; por Cristo que ensinava “a doutrina da solidariedade humana e da harmonia social”; por Cristo que lutava; por Cristo que conclamava aos integralistas e os conduzia; por Cristo que batalharia [29].

Toda a vida de Plínio Salgado foi, com efeito, dedicada à luta por Cristo. Consoante salienta João Ameal, em percucientes palavras que fazemos nossas:

“Plínio Salgado escreve, fala, apostoliza sob a luz perene da obediência a Cristo; os argumentos que emprega, são colhidos nas divinas palavras; as imagens que levanta, são sugeridas pelas divinas lições, os apelos que lança, são o eco dos divinos apelos e todo o seu programa é reimplantar na consciência dos contemporâneos a figura excelsa do Filho de Deus e incitá-los a que O tomem por modelo e saibam voltar ao integral cumprimento da Sua Lei.

“Porque assim é; e porque, ao serviço de Cristo, Plínio Salgado usa as armas mais eficientes e mais atuais, desenvolve a mais persuasiva (direi até: a mais imperiosa) dialética; e porque, no seu verbo de fogo, existe uma espécie de contagioso ardor que provoca, em redor, benéfica e revolucionária efervescência – deixou entre nós tão funda esteira e continuamos a senti-lo ao nosso lado quando, já de longe, nos manda novas páginas cheias de iguais exortações. A sua batalha é a nossa: batalha sem fim pela salvação dos homens, chamei-lhe um dia. Batalha sem fim – e que, todavia, tende a colocar-nos, permanentemente, diante da segura primazia do Fim Último” [30].

Plínio Salgado sempre sustentou que o Brasil é, por sua natureza, um Grande Império, e pela dilatação deste Grande Império sempre pelejou. No célebre discurso por ele proferido na Câmara dos Deputados, em Comemoração ao Dia de Ação de Graças, em 1961, agradece a Deus por nos haver feito compreender que a sua Santa Cruz deve andar, deve navegar, deve “ir de país em país, dilatando a fé e o Império – a fé em Cristo e o Império de Sua Lei -” e também por haverem nossos antepassados, os Bandeirantes, “com rudes botas, chapelões desabados e facão à cinta, dilatado este imenso Império e nos legado este vasto patrimônio territorial” [31].

Infelizmente não dispomos de tempo e nem de espaço para cuidar, aqui, da concepção de Império no pensamento de Plínio Salgado, já, aliás, magistralmente analisada por Ronaldo Poletti, Professor da Faculdade de Direito da Universidade Nacional de Brasília, em tese de doutoramento sobre o Conceito jurídico de Império recentemente publicada sob a forma de livro [32]. Consideramos, pois, oportuno encerrar, por aqui, a presente homenagem ao magno vulto do pensamento tradicionalista, patriótico e nacionalista que é Plínio Salgado, rogando a Deus, Princípio e Fim Último de todas as coisas, que nos auxilie em nossa duríssima missão de tirar o nome de Plínio Salgado do olvido do Povo Brasileiro e de fazer a verdade sobre ele triunfar, límpida e cristalina, contra todas as mentiras e calúnias que contra ele lançam os inimigos de Deus e da Pátria.

Sejam estas palavras, tão sinceras quanto singelas, a nossa humilde homenagem a Plínio Salgado, encarnação viva do Espírito Bandeirante, Bandeirante da Fé e do Império, cujo luminoso pensamento nos dá a coragem, a tenacidade e o alento necessários para seguirmos em frente, na tão árdua quanto nobre missão de legar a nossos descendentes um Brasil Maior do que aquele que recebemos de nossos genitores e plenamente salvo dos erros da pseudocivilização burguesa. Que o imortal autor da monumental Vida de Jesus, “joia de uma literatura”, na feliz expressão do Padre Leonel Franca [33], nos inspire, bem como todos aqueles que viveram e morreram em prol da dilatação da Fé e do Império e da edificação e defesa deste vasto Império da Terra de Santa Cruz/Brasil, em nosso bom combate pelo despertamento das forças tradicionais que se encontram adormecidas no seio deste Grande Império do Ontem e do Amanhã e que, quando despertas, mudarão para sempre a História do Mundo.



São Paulo do Campo de Piratininga, 22 de janeiro de 2011-LXXVIII.



Notas:

[1] KUBITSCHEK, Juscelino. Carta a Plínio Salgado. In Vários. Plínio Salgado: in memoriam. Vol. I. São Paulo: Voz do Oeste, 1985, p. 223.

[2] COUTO, Ribeiro. Plínio Salgado, cavaleiro do Brasil Integral. In Sei que vou por aqui!, ano 1, n. 2, São Paulo, setembro-dezembro de 2004, pp. XVII-XVIII. O artigo foi originalmente publicado no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, a 20/7/1933.

[3] NEVES, Moreira das. Cavaleiro do Verbo: à memória de Plínio Salgado. In Vários. Plínio Salgado: in memoriam. Vol. II. São Paulo: Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1985/1986, p. 9.

[4] SOUZA, Francisco Martins de. Raízes teóricas do corporativismo brasileiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1999, p. 28.

[5] SARDINHA, António. A aliança peninsular. 3ª ed. Lisboa: qp, 1975, p. 348.

[6] Idem, loc. cit.

[7] Idem. A prol do comum. Lisboa: Editora Livraria Ferin, 1934, pp. 121-181.

[8] SALGADO, Plínio. Como nasceram as cidades do Brasil. 5ª ed. (em verdade 6ª). São Paulo/Brasília: Voz do Oeste/Instituto Nacional do Livro, 1978, p. 20.

[9] AMEAL, João. Plínio Salgado ou a nova luta por Cristo. In Vários. Plínio Salgado: in memoriam. vol. II, cit., pp. 127-134. O artigo foi publicado originalmente na revista de cultura portuguesa Rumo, ano I, n° 6, pp. 278 e ss.

[10] RUAS, Henrique Barrilaro. Plínio Salgado, historiador, visto por um português. In Vários. Plínio Salgado: in memoriam. Vol. II, cit., pp. 71-80.

[11] SILVEIRA, Tasso da. Um livro de Plínio Salgado. In SALGADO, Plínio. Como nasceram as cidades do Brasil, cit., pp. 191-195. Artigo originalmente publicado no semanário Idade Nova, do Rio de Janeiro, a 27/10/1946.

[12] BRANDÃO, Euro. Prefácio.  In SALGADO, Plínio. Como nasceram as cidades do Brasil, cit., pp. XI-XIV.

[13] SALGADO, Plínio. Como nasceram as cidades do Brasil, cit., p. 3.

[14] Idem. Nosso Brasil. 3ª ed. In Idem. Obras completas. 2ª ed., vol. 4. São Paulo: Editora das Américas, 1957, pp. 189-290.

[15] Idem, pp. 290-291.

[16] SANTOS, Arlindo Veiga dos. Ideias que marcham no silêncio. São Paulo: Pátria-Nova, 1962, p. 76.

[17] Idem, loc. cit., p. 81.

[18] TEJADA, Francisco Elías de. Plínio Salgado na Tradição do Brasil. In VÁRIOS. Plínio Salgado, in memoriam. Vol. II, cit., p. 70.

[19] SALGADO, Plínio. O ritmo da História. 3ª ed. (em verdade 4ª). São Paulo/Brasília: Voz do Oeste/Instituto Nacional do Livro, 1978, pp. 191-220.

[20] TEJADA, Francisco Elías de. Plínio Salgado na Tradição do Brasil, cit., p. 47.

[21] SALGADO, Plínio. Nosso Brasil, cit., pp. 292-293.

[22] Idem. O dia do Papa. In Idem. Primeiro, Cristo!. 4ª ed. (em verdade 5ª). São Paulo/Brasília: Editora Voz do Oeste/Instituto Nacional do Livro, 1979, p. 57.

[23] Idem, p. 65.

[24] Idem. Princípios cristãos para o estudo da Sociologia. In Idem. Obras completas. 2ª ed., vol. 19. São Paulo: Editora das Américas, 1957, p. 349.

[25] Idem. Reconstrução do Homem. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Clássica Brasileira, s/d, p. 16.

[26] Idem. Primeiro, Cristo!., cit., pp. 53-54.

[27] Idem, pp. 26-27.

[28] Idem, pp. 16-17.

[29] Idem. O Integralismo perante a Nação. 3ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed., vol. 9. São Paulo: Editora das Américas, 1957, pp. 200-203.

[30] AMEAL, João. Plínio Salgado ou a nova luta por Cristo. In Vários. Plínio Salgado: in memoriam. vol. II, cit., p. 129.

[31] SALGADO, Plínio. Discurso em comemoração do Dia de Ação de Graças. Análise do Homem, da Ciência e do Mundo Contemporâneo (30/11/1961). In Idem. Discursos parlamentares. Sel. e intr. de Gumercindo Rocha Dorea. Brasília: Câmara dos Deputados, 1982, p. 49.

[32] POLETTI, Ronaldo Rebello de Britto. Conceito jurídico de Império. 1ª ed. Brasília: Editora Consulex, 2009, pp. 284-290.

[33] FRANCA, Leonel. Carta a Plínio Salgado. In SALGADO, Plínio. Vida de Jesus. 22ª ed. São Paulo: Voz do Oeste, 1985, pp. IX/XI

Wednesday, January 12, 2011

A tradição - Gustavo Barroso

A tradição
Por Gustavo Barroso



Tradição é uma coisa; saudosismo, outra. A tradição vivifica; o saudosismo mata. A tradição é um olhar que se deita para trás, a fim de buscar inspiração no que os nossos maiores fizeram de grande e imitá-los ou superá-los. O saudosismo é o olhar condenado da mulher de Lot, que transforma em estátua de sal. A tradição é um impulso que vem do fundo das idades mortas dado pelas grandes ações dos que permanecem vivos no nosso culto patriótico. O saudosismo é um perfume de flores fanadas que envenena e enerva. A tradição educa. O saudosismo esteriliza.

Amar as tradições da terra, da raça, dos heróis é buscar nos exemplos do passado a fé construtiva do futuro. Mergulhar dentro delas para carpir a pequenez do presente diante de sua grandeza é confessar a própria impotência e a própria incapacidade.

Da tradição nos vêm gritos de incitamento. Do saudosismo nos vêm lamentos e jeremiadas. Uma nação se constrói com aqueles gritos e se perde com essas lamentações.

Por isso, o Integralismo é tão tradicionalista quanto é antissaudosista.



(BARROSO, Gustavo. Espírito do século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S/A, 1936, pp. 263-264).

Tuesday, January 11, 2011

Conteúdo Integral

O texto que hoje publicamos, da lavra de Alberto da Costa e Silva, historiador e membro da Academia Brasileira de Letras, sobre a revista "Cadernos da Hora Presente", é, sem dúvida alguma, o único artigo verdadeiramente honesto de todo o denominado "Dossiê Integralismo", publicado na "Revista de História da Biblioteca Nacional" em outubro de 2010. O referido artigo, que se encontra na página 31 do "Dossiê", se constitui em bela homenagem àquela revista de alta cultura, magistralmente dirigida pelo grande poeta e ensaísta Integralista Tasso da Silveira.



Conteúdo Integral
Por Alberto da Costa e Silva

Extinta pelo Estado Novo a Ação Integralista Brasileira, alguns intelectuais que pertenceram a seus quadros ou dela eram simpatizantes juntaram-se em torno do escritor Tasso da Silveira para fundar uma revista literária que preservasse e continuasse a difundir suas ideias. Com o nome de Cadernos da Hora Presente, esse periódico, publicado em São Paulo entre maio de 1939 e agosto de 1940, teve nove números, cada um com algo em torno de 200 páginas.

Tasso da Silveira era admirado por sua poesia e por sua bondosa serenidade. Tinha amigos em todos os círculos e conseguia trazer para a revista colaboradores sem vínculos com o integralismo. A presença destes não disfarçava, porém, a orientação dos Cadernos, nem o papel que neles tinham os que um dia vestiram a camisa verde e dela não ocultavam a nostalgia. Em quase todas as revistas aparecem anúncios de livros de Plínio Salgado, e ele figura como colaborador de destaque nos números 1, 3, 4 e 7.

Ainda hoje, cada um dos Cadernos da Hora Presente pode ser lido com interesse e encantamento. Das 180 páginas do segundo número, 142 foram reservadas para um apaixonado ensaio de Otávio de Faria, “Fronteiras da santidade”, sobre Pascal e, sobretudo, Léon Bloy. O número 6 traz um instigante texto de Luís da Câmara Cascudo sobre Montaigne e o índio brasileiro, com a tradução de Les canibales. No número 8, há uma entrevista com Miguel Reale, e João Camilo de Oliveira Torres escreve sobre o positivismo e o Império. Nestes e nos outros números colaboraram não só integralistas e escritores que deles estiveram próximos em algum momento – como Tristão de Athayde, Adonias Filho, Almeida Sales, Guerreiro Ramos, Lauro Escorel e Vinícius de Moraes -, mas também autores que não os acompanhavam em suas ideias políticas, como Abgar Renault, Alphonsus de Guimarães Filho, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade e Orígenes Lessa.

Entre um texto sobre Machado de Assis e Anatole France, funcionários públicos, e outro sobre Farias Brito ou Julien Green, inseria-se, encabulado ou desinibido, um artigo sobre temas caros aos integralistas, como corporativismo e municipalismo. Não há na revista pregação política – nem a censura do Estado Novo a permitiria. Suas edições, no entanto, são marcadas por uma linha de pensamento ultranacionalista, e nelas há a clara intenção de não deixar que se esqueça o exílio de Plínio Salgado em Lisboa e de impedir que se faça silêncio sobre os escritores e artistas que constituíram a elite intelectual do integralismo. Além dos já citados, estavam incluídos nomes como Dantas Mota, Gerardo Mello Mourão, Herbert Parentes Fortes, Luís da Câmara Cascudo, Miguel Reale, Roland Corbisier, San Thiago Dantas e Thiers Martins Moreira.

Pelo seu alto nível, os Cadernos da Hora Presente podem ser postos na mesma estante da Revista Brasileira; das várias Revistas do Brasil; de Literatura, de Astrogildo Pereira; de Anhembi, de Paulo Duarte; e de Cultura, de Simeão Leal.

Nota de pesar da FIB em razão do falecimento de D. Manoel Pestana Filho

É com profundo pesar que vos comunicamos o falecimento de D. Manoel Pestana, Bispo Emérito de Anápolis, Goiás. Infatigável paladino da Fé, da Tradição, da Pátria, da Família e dos Direitos Naturais da Pessoa Humana, em especial o principal deles, que não é senão o Direito à Vida, D. Manoel Pestana deve ser um exemplo não somente para todos os sacerdotes, mas para todos os verdadeiros soldados de Deus e da Pátria desta nossa Terra de Santa Cruz.

Profundo conhecedor e admirador da obra de Plínio Salgado, de que foi, por toda a existência terrena, um notável divulgador, Dom Manuel faria, em breve, um posfácio à obra Imitação de Cristo, atribuída a Tomás de Kempis, comentando, em particular, o magnífico prefácio que o tão nobre quanto injustiçado autor da Vida de Jesus e de Primeiro, Cristo! fez a essa obra.

Resta-nos, nesta hora de dor, o consolo de que D. Manoel partiu para o Paraíso, nossa Pátria Celestial, onde unir-se-á a Deus, princípio e fim de todas as coisas, e que seu nome será recordado, por muito tempo, cá na Terra, por tudo o quanto realizou entre nós aquele assinalado e impoluto Bandeirante da Fé e da Tradição.



Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira. São Paulo, 11 de janeiro de 2011-LXXVIII.

Monday, January 10, 2011

Carta aos companheiros do Ceará

Prezados companheiros do Ceará! Camisas e Blusas-Verdes da Revolução Integralista e das Legiões do Sigma de todas as regiões da Terra de Sol, imortalizada pelo grande Cearense, Brasileiro e Integralista Gustavo Barroso! Homens e mulheres do Sertão e da Praia, filhos e filhas do “País do Ceará Grande” de que falava o também grande Cearense, Brasileiro e Integralista Gerardo Mello Mourão! Escutai nossas singelas palavras!


O Movimento do Sigma tem vivido um momento de rara expansão em todo o Brasil e, particularmente no Nordeste, e o Ceará - a assinalada Província de José de Alencar e de António Conselheiro, de Farias Brito e do Padre Cícero, de Gustavo Barroso e de Gerardo Mello Mourão – tem desempenhado um papel importantíssimo nesse processo. Estamos certos de que vós outros tendes a honra e o privilégio de viver os primeiros dias de um ciclo de expansão da Ideia Integral que somente se encerrará quando a Província dos “verdes mares bravios” do poema em prosa de Alencar se tornar mais verde do que nunca, mesmo na década de 1930, quando o Integralismo aí teve, como bem sabeis, uma tremenda força e um nível de penetração invejável em todos os segmentos da Sociedade. Então o Sertão Cearense transformar-se-á em um mar bravio de Camisas e Blusas-Verdes. E o Ceará será um exemplo, um modelo para todo o Brasil Integral.

O Integralismo tem um dever a cumprir, como escola de Ética, Moral e Civismo destinada a engendrar, uma vez mais, uma verdadeira e autêntica elite nacional; como Atalaia e Sentinela do Brasil Profundo, Autêntico e Verdadeiro, ora ameaçado pelas forças do antiBrasil; como despertados das indômitas forças adormecidas no seio deste grande Império do Ontem e do Amanhã. E estamos certos de que vós outros, filhos e filhas do Ceará, desempenhareis com rigor e vigor o papel que vos cabe na missão, dura porém nobre, da Doutrina e do Movimento do Sigma.

Não podemos e não devemos, contudo, nos estender além do que já nos estendemos. Encerramos, pois, com as palavras do Filósofo Cearense Raimundo de Farias Brito, precursor do Integralismo e arauto da restauração do Primado do Espírito, quando este prevê a nossa vinda:

“Ouve-se como que o ruído de uma música distante, a harmonia longínqua de um canto de guerra, como a anunciar a invasão de um exército salvador, em campo de batalha onde já começavam a fazer sentir os efeitos desastrosos da desolação e do terror, a previsão e a certeza da vitória do inimigo. Despertam energias ocultas que dormiam ignoradas no fundo da consciência” [1].



Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira. São Paulo, 27 de dezembro de 2010.







[1] BRITO, Raimundo Farias, apud SALGADO, Plínio. A Quarta Humanidade. 1ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio-Editora, 1934, p. 131.

Sunday, January 09, 2011

Posição da FIB perante o novo governo

Companheiros! Camisas e blusas verdes da Revolução Integral e das Legiões do Sigma! Soldados de Deus e da Pátria, civis e militares, da Cidade e do Campo, do Litoral e dos Sertões! Homens e mulheres de todas as Províncias deste vasto Império de nome Brasil! Escutai!


Diante do novo governo que se inicia e que, infelizmente, cremos que será um desgoverno ainda mais atentatório ao Brasil Profundo, Tradicional, Autêntico e Verdadeiro do que foi o próprio (des)governo “Lula”, só poderemos nos colocar nas fileiras da oposição. Mas a nossa oposição, aliás a única oposição verdadeira neste País, é franca, leal, sólida, vigorosa, rigorosa, corajosa, profunda, sadia e construtiva, visando tão somente o Bem do Brasil e de seu Povo.

Isto posto, cumpre assinalar que faríamos igual oposição a um eventual governo do PSDB ou de qualquer outro partido cujos ideais conflitassem, ainda que parcialmente, com os princípios da Tradição desta Terra de Santa Cruz, não representando, pois, um idealismo orgânico e edificador como o nosso, mas sim um idealismo inorgânico e destrutivo.

Sabemos que, por causa desta nossa corajosa posição, todos os ódios das forças da antiTradição e do antiBrasil cairão, mais uma vez, sobre nós, mas nada tememos, pois estamos certos de que conosco caminha o Brasil Profundo.



Anauê!

Pelo Bem do Brasil!

Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileia. São Paulo, 08 de janeiro de 2011.



Wednesday, January 05, 2011

Apelo a todos os verdadeiros patriotas e nacionalistas do Brasil pela extradição de Cesare Battisti

O (des)governo do Sr. Luiz Inácio “Lula” da Silva anunciou, em seu último dia, não o fazendo antes tão somente por falta de coragem, que não extraditará o “ex-”terrorista “italiano” Cesare Battisti. Tal ato, como, aliás, todos os inúmeros atos vergonhosos do referido (des)governo no campo da política externa, é absolutamente incompreensível do ponto de vista ético e jurídico, sendo produto da simpatia ideológica de um (des)governo cheio de “ex-”terroristas marxistas a um “ex-”terrorista marxista.

Como Brasileiros, nos enchemos de vergonha com esse abominável ato do (des)governo “Lula” e ressaltamos que nosso Povo é incapaz de coonestá-lo e que o referido (des)governo jamais representou verdadeiramente a Sociedade Brasileira. Do mesmo modo, prometemos realizar tudo aquilo que estiver ao nosso humilde alcance para que o criminoso Battisti seja entregue à Justiça Italiana.

Convocamos, pois, os Brasileiros em geral e os Integralistas em particular à mobilização em prol da extradição do criminoso comunista Cesare Battisti. E reforçamos, pois, o apelo do Secretário de Doutrina e Estudos da Frente Integralista Brasileira, Companheiro Sérgio de Vasconcellos, no sentido de que todos os verdadeiros patriotas e nacionalistas do Brasil enviem “e-mails” e cartas ao STF, exigindo a expulsão definitiva do terrorista Battisti do território nacional. Estamos certos de que, com a manifestação da verdadeira elite nacional, será possível uma tomada de posição dos Ministros da mais alta instância do Poder Judiciário do Brasil no sentido de extraditar Battisti a fim de que cumpra a sua pena na Itália, onde certamente não será perseguido em razão de suas ideias.

Formemos uma grande Frente patriótica e nacionalista pela expulsão do terrorista Cesare Battisti de nosso Brasil! Mostremos ao Mundo que o Brasil Profundo não está morto e que ainda há verdadeiros soldados de Deus e da Pátria neste País!





Anauê! Pelo Bem do Brasil!



Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira. São Paulo, 03 de fevereiro de 2010.

Saturday, January 01, 2011

Fora Battisti!!

Companheiros!

Mais uma vez, o sórdido Lula, no apagar das luzes do seu (des)governo, deu provas de sua completa pusilanimidade negando a extradição do assassino Cesare Battisti.
Mas, nem tudo está perdido, pois o Supremo Tribunal Federal terá que se pronunciar. Portanto, solicito a todos os Companheiros que enviem e-mails e cartas ao STF, bombardeando-o com a exigência de que este terrorista seja expulso definitivamente do Brasil.
Com a manifestação da parcela inteligente e consciente da Opinião Pública Brasileira, tenho certeza que os nossos Juízes não vacilarão em mandar este criminoso para a sua merecida pena de prisão perpétua na Itália.
Nós, Integralistas, estivemos na vanguarda da campanha pela extradição do monstro. Do farto material que produzimos, relembramos o magnífico escrito de nosso Presidente Nacional, o Companheiro Victor Emanuel Vilela Barbuy, "Fora Battisti!", e ainda alguns dos Panfletos utilizados em todo o Brasil, nas manifestações organizadas pelo Movimento Integralista: "Terrorista Sim!" , "Terrorista Sim!", Fora Battisti! . Vamos prosseguir nesta luta!

Pelo Bem do Brasil!

Anauê!

Sérgio de Vasconcellos