Tuesday, May 30, 2006

Plínio Salgado - Um Pensador Cristão


Por Fernando Rodrigues Batista


A tragédia de nossos dias é a mais angustiosa - afirmava o gênio elevado de Leonel Franca -, porquanto, segundo o mesmo autor, as almas nobres e reflexivas, mesmo as que, em momentos de exaltação entoam hinos de louvor à vida, acabam imergindo nas sombras de um pessimismo sem esperanças.
Em face das angústias de alhures até a hora presente, Schopenhauer talvez seja uma das impressões mais lancinantes de uma alma que desconhece seu destino; ou mesmo Nietzsche; ou Pirandello, quando é taxativo: "no ha la vita un fruto, Inutile miseria"; ou até mesmo Gabriel D'annuzio, ao externar melancólico: "diante de mim na sombra, está a morte sem flâmula. Eu morrerei em vão".
Que homem, digno deste nome, poderia se conformar com os dramas que marcam nosso tempo? Leon Bloy, Baudelaire, Bernanos, Chesterton, Pio XII, Marcel de Corte, Gustave Thibon, Plínio Salgado... Este fez de seu verbo inflamado a espada afiada contra as doutrinas deletérias; e vendo a mocidade sofrer o influxo da degradação de tais doutrinas, concitava-os ao que ele chamava de "Revolução Interior".
Depois do contato com as doutrinas materialistas e revolucionárias de Sorel, Marx, Trotski, Feuerbach, Plínio vai encontrar o clarão da fé nas palavras de fogo de Jackson de Figueiredo, e sobretudo na filosofia do cearense Farias Brito, este mestre que concorreu com seu esforço para pôr cobro a faina demolidora do materialismo e iniciar a grande obra reconstrutiva.
Farias Brito fora inconcussamente o grande precursor da renovação do pensamento que à época deste ilustre pensador predominava, vale dizer, o positivismo de Augusto Comte e o pragmatismo de Stuart Mill, tendo como representantes em nossa pátria, figuras do mais alto valor intelectual, tais como, Benjamim Constant; Teixeira Mendes; Miguel Couto; Tobias Barreto; Fausto Cardoso com seu haeckelianismo sociológico, entre outros. Cumpre ressaltar, que em França e Itália o papel de salvaguadar os valores espirituais em contrapartida ao dogmatismo materialista, era exercido por pensadores do estofo de um Boutroux - chamado pelo próprio Farias Brito de pensador valiosíssimo a todos os títulos - e de um Bergson; de um Spaventa e de um Benetto Croce – consoante ensinamento de Miguel Reale.
A síntese do pensamento de Plínio Salgado consiste no apelo do autor da "Vida de Jesus", à Revolução Interior, como já citado. À essa luz, de uma
feita, dizia Pèguy: "as verdadeiras revoluções consistem essencialmente em
mergulharmos nas inesgotáveis fontes da vida interior. Não são homens
superficiais que podem por em marcha tais revoluções - mas homens capazes de ver e de falar em profundidade". E Plínio era um desses homens, pois, - como afirma o historiador lusitano João Ameal - "no calor e no fervor de sua evocação parecia um contemporâneo de Cristo".
Em Portugal, na data da comemoração do Condestável, Nun'Alvares, Plínio proferiu linhas luminosas que expressam o que foi sua vida, de filósofo; de sociólogo; de político; de apóstolo:
"Ensinou-nos Nun'Alvares que o supremo destino da criatura humana está em Deus; que as riquezas mais ricas, e as glórias mais gloriosas, e o poder mais poderoso que seja, não passam de bens passageiros, que terminam bem depressa, cumprindo-nos, portanto, fazer deles instrumento de trabalho com que servir Aquele que constitui o Bem que não acaba. Lutar pela Pátria, lutar em prol da comunidade, infatigavelmente, é digno e belo; mas fazer dessa mesma luta o cilício de nossa lama, o meio de santificação, é ainda mais belo. Porque existe, além das muitas formas de santidade, uma que poderemos chamar "santidade política", e essa conhecem os que sofreram, pela felicidade publica, os agravos do tempo e as injúrias dos homens, que afinal são também, uns e outros, passageiros como os bens, já que tudo passa na terra e eterno no Céu".
Malgrado todos os sofismas que lançaram contra sua obra, diante das paisagens e escombros se levanta sua mensagem indelével como anunciação promissora. Cheio de fé em nossa destinação histórica, Plínio, parafraseava Camões: "Depois de procelosa tempestade, noturna treva e silibante vento, traz a manhã serena, claridade, esperança de porto e salvamento".
Em uma das peças de Gil Vicente, surge um Cruzado e, então, é dito que o Cruzado vai direto para o céu, porque se bateu por uma Boa Causa.
Plínio foi um dos grandes Cruzados, com que o Século XX nos galardoou,
pensador exímio, defendeu seu pensamento com intrepidez, não obstante
possuísse uma alma franciscana, porquanto, Plínio foi um desses homens, que merecem a sentença de Dante Aliguieri - autor da Divina Comédia - para quem, mais alto que o entendimento, o Amor se levanta, - o Amor que faz mover "il sole e I'altre stelle" e pelo qual o nosso destino terrestre consegue sair triunfante dos combates terríveis da Alma e do Mundo.

Monday, May 29, 2006

Desfraldemos a Bandeira do Sigma!


Por Victor Emanuel


Em 1932, com o Manifesto de Outubro, Plínio Salgado despertou a Pátria do sonho do liberalismo, fazendo-a finalmente erguer-se do berço esplêndido em que se achava havia decênios deitada.
Hoje, tantos anos após aqueles gloriosos idos de Outubro, cumpre despertar uma vez mais o nosso Brasil, que – para gáudio de seus inimigos – encontra-se novamente adormecido.
O Integralismo é a vanguarda de Deus, da Pátria, da Família, da Liberdade e da autêntica Democracia, a espada desembainhada da verdadeira Revolução.
Os Integralistas somos os cavaleiros da nova Reconquista, os novos bandeirantes, os bandeirantes vestidos de verde, vestidos da bela cor da esperança, os soldados de Deus e da Pátria que construirão uma Grande Nação.
A bandeira que desfraldaremos, em cada rincão deste abençoado País, é a bandeira azul e branca do Sigma, que sustenta a bandeira verde e amarela do Brasil e que será levantada, cada vez mais alto, até o Dia do Triunfo.
Nossa luta é a luta pela redenção da Pátria, redenção esta que só se dará efetivamente no Dia do Triunfo Final e Inexorável do Integralismo, triunfo este que está mais próximo do que se imagina, posto que o Capitalismo agonizante está a cada dia mais perto de seu ocaso e que o Comunismo não é senão a outra face da mesma moeda, a outra cabeça da mesma serpente nefanda – o Materialismo -, não sendo, portanto, uma alternativa válida para o Brasil.
Como o Sistema Capitalista, a Terceira Humanidade, isto é, a Humanidade Ateísta, ou Materialista, está já bem próxima de seu fim. A Quarta Humanidade, a Humanidade Integralista, que fará a grande síntese das Idades Humanas, já se anuncia, como um sol que vai nascer, projetando já seus primeiros clarões. É a alvorada espiritualista que se seguirá à noite materialista, a primavera que sucederá o inverno, a luz que substituirá as trevas.
Não somos e nem fomos fascistas. Jamais julgamos que o modelo de Mussolini valesse algo para o caso do Brasil, cujo problema sempre foi muito mais complexo do que o da Itália. Consideramos o Fascismo de Mussolini um movimento de circunstância surgido numa época em que a Itália estava à beira de uma sanguinolenta Revolução Bolchevista. Abominamos o Cesarismo, a Ditadura e o Estado Totalitário de inspiração hegeliana e lembramos sempre que nosso Chefe Plínio Salgado foi o autor de “O Estrangeiro”, romance onde a luta entre o personagem nacionalista Juvêncio e os papagaios que não paravam de cantar o “Giovinezza” configura o primeiro manifesto antifascista do Brasil, e que o Integralismo se aproxima mil vezes mais do movimento cristão e democrático de D. Sturzo, absorvido pelo Fascismo, do que deste último.
De nazistas nada temos, antes pelo contrário, uma vez que sempre condenamos todos os preconceitos de raça, sustentando que os homens não devem ser julgados pela cor de sua pele ou pelo formato de seus crânios, mas sim por seus valores espirituais, morais e cívicos. Jamais tivemos prevenção alguma em relação ao judeu, considerando o problema da Humanidade como sendo ético e não étnico, como disse nosso Chefe, e não fazendo diferenciação alguma entre o argentário judeu e aquele que alega ser cristão. Foi Plínio Salgado quem, em sua “Carta de Natal e Fim de Ano”, de 1935, fez a primeira importante denúncia brasileira contra o Nacional-Socialismo, e houve vários judeus Integralistas, dentre os quais podemos destacar Roberto Simonsen, Aben-Atar Neto, Adam Steinberg e Lans Grinover. Sobre os Integralistas negros não é sequer preciso falar, posto que é do conhecimento geral que eles se contam às dezenas de milhares e incluem grandes vultos de nossa História, como João Cândido, o herói negro da Revolta da Chibata.
Não somos de “extrema-direita” e nem mesmo de “direita”. Para nossa visão integral da sociedade, do mundo e das nações, não existe, como diz Plínio Salgado, “nem ‘esquerda' nem ‘direita’” e, portanto, “não consideramos também um ‘centro’, nem ‘meias-direitas’ ou ‘meias-esquerdas’”.
Somos contrários ao emprego da violência física contra qualquer pessoa que seja. A única forma de violência que pregamos é a violência interior, necessária para a mudança de mentalidade com que faremos a verdadeira Revolução, isto é, a Revolução do Espírito, aquela que concebe, no dizer de Plínio Salgado, "o Homem como uma criatura de Deus e a Nação e o Estado como criatura do Homem", a Revolução onde "a ciência não é renegada, mas passa a ser servidora do Homem, em vez de ser o tirano que o subjuga".
Temos absoluta certeza de que o Integralismo é o único movimento capaz de restaurar, em nosso País, o primado do Espírito, da Inteligência e da Verdade.
O Estado Integral será baseado na concepção integral do Homem e do Universo e terá como base fundamental a intangibilidade do ente humano e o seu livre arbítrio. O traço mais marcante de nossa concepção de Estado é a consideração integral, global da realidade e dos problemas, que se opõe à visão unilateral do Liberalismo e do Comunismo.
Nossa Democracia, a Democracia Integral, ou Democracia Cristã, é a única forma de governo que realmente merece o nome de Democracia, posto que somente nela reina a harmonia social de que falavam Leão XIII na Encíclica "Rerum Novarum" e Pio XI na "Quadragesimo Anno". É o único tipo de governo em que o povo - que não deve, em hipótese alguma, ser confundido com a massa - é verdadeiramente representado por aqueles que influem nos destinos da Nação. É - parafraseando Abraham Lincoln em seu discurso de inauguração do cemitério de Gettysburg - o único governo do Homem, pelo Homem e para o Homem
De há muito tempo, nossos inimigos se esforçam por caluniar e achincalhar o Integralismo e os Integralistas, na vã esperança de poder deter a nossa Marcha, que é a Marcha do Brasil, da Hispanidade e de todos os povos semi-coloniais da Terra.
O nosso crescimento, companheiros, fará com que nós, que até agora já sofremos ataques só comparáveis, em sua covardia, àqueles que sofreram o Cristo e os primeiros cristãos, sejamos cada vez mais atacados. Em maio de 1934, nas imortais páginas de sua obra “Palavra Nova dos Tempos Novos”, com efeito, nosso Chefe Plínio Salgado já previa tudo o que sofremos e ainda viremos a sofrer:
“Infelizmente, esse ataque não virá de peito a descoberto. Virá, covardemente, no anonimato, em que se enrosca a calúnia e se eriçam as injúrias. Teremos um período em que se procurará implantar confusão em nossas hostes, trabalhando as agências telegráficas e a imprensa disponível na manipulação de mentiras e perfídias. Os demagogos sairão a campo, como já estão saindo, para intrigar os integralistas com os proletários, com os católicos, os protestantes, os espíritas, com os proprietários, com patrões e empregados. Agentes ocultos transmitirão para o Norte mentiras sobre o Sul e vice-versa. Serão inventadas crises, que nunca existiram, fatos que nunca se deram.
“Os Integralistas serão perseguidos, negados, injuriados e caluniados. Nada deixará de ser posto em prática; nenhum processo será esquecido.
“Esta batalha vai assumir aspectos grandiosos. Porque um movimento como este não será suficientemente poderoso se não tiver a fortuna de mobilizar contra ele todos os maus e todos os inconscientes a serviço dos maus.”
Não tenhamos, portanto, medo das calúnias e injúrias de que somos e seremos vítimas!
Cerremos fileiras compactas em torno do Integralismo e desfraldemos a bandeira do Sigma! Avante! Avante!
Desfraldemos a bandeira do Sigma, companheiros!
Despertemos o Brasil!
Abaixo o torvo materialismo!
Viva o Espiritualismo!
Abaixo a liberal-democracia burguesa!
Viva a Democracia Integral!
Abaixo o Estado individualista e o Estado totalitário!
Viva o Estado Integral!
Viva o Integralismo!
Viva a bandeira azul e branca do Sigma!
Anauê!

Trótski: Monstro Marxista

Por Victor Emanuel

Lev Davidovitch Bronstein, vulgo Leon Trótski, foi um revolucionário marxista judeu-ucraniano nascido em 1879, numa pequena aldeia da Província de Kherson, no então Império Russo, e assassinado em Coyoacán, México, no ano de 1940, com uma picaretada na cabeça, por ordem de seu arquirival Iossif Vissarionovitch Djugashvili, dito Stálin. O autor do crime foi o agente estalinista Ramón Mercader, de nacionalidade espanhola.
Trótski, que certa vez afirmou que “Para cada revolucionário morto mataremos cinco contra-revolucionários”, foi, como fundador e líder máximo do Exército Vermelho, o responsável pelo extermínio de milhões de pessoas durante a Guerra Civil Russa; apoiou Lênin quando este ordenou o assassinato do Czar Nicolau Romanov II e de toda a Família Imperial; esmagou implacavelmente os soldados, operários, camponeses e marinheiros de Petrogrado e da base naval de Kronstadt quando estes, havendo percebido que a Revolução de Outubro de 1917 – de que tinham sido de longe os mais decisivos elementos – culminara numa brutal ditadura não do proletariado, mas sim contra este; criticou, certa vez, Stálin por este haver deixado vivos, em Leningrado, milhares de antigos nobres; e ainda teve a audácia de escrever que desejava a derrota e deposição de Stálin pelos nazistas de Hitler e o conseqüente fim da URSS.
Os virulentos ataques que Trótski dirigiu contra Stálin – com quem disputara o poder após a morte de Lênin -, acusando-o de “pequeno Napoleão” e mesmo de fascista, levaram os argentários das liberal-democracias plutocráticas e reacionárias do Ocidente a rejubilar-se, ingenuamente “convencidos de que se dera na Rússia um golpe de Brumário, devendo, por conseguinte, a revolução retroceder como acontecera em França no século passado.
Stalin serviu-se desse estado psicológico criado nos países capitalistas para obter deles toda a sorte de auxílios, quer sob a forma de um amigável comércio de importação e exportação, quer sob a de empréstimos para o incremento das indústrias da U.R.S.S. O que o capitalismo quer é ganhar dinheiro, não se incomodando com o aspecto moral de seus negócios, e uma vez que lhe eram asseguradas garantias de lucro e de intangibilidade, esse capitalismo sem alma tudo facilitou ao comunismo russo” (Plínio Salgado, “Doutrina e Tática Comunistas, 1956, pág. 17).
Diante das considerações expostas, fica claro que Trótski, com as diatribes que moveu contra Stálin, só fortaleceu a este último e que, ademais, caso houvesse tomado o poder na URSS, haveria sido Trótski no mínimo um tirano tão sanguinário quanto seu rival.
Espero que estas linhas sirvam para abrir a mente de alguns dos inocentes úteis que julgam ter sido Trótski um “santo” sob cujo governo a URSS haveria se transformado num verdadeiro paraíso terreno...
Antes de dar por terminado este pequeno texto, entretanto, urge admitir que Trótski, apesar de haver sido indiscutivelmente um indivíduo extremamente cruel, um verdadeiro monstro marxista, conforme demonstramos, teve uma grande qualidade que foi a bravura. Ao contrário dele, Stálin “jamais assume a responsabilidade por seus atos; manda matar e pune depois o executor dos assassínios, como fez com Yagoda e posteriormente com Yuzef; extermina milhares de oficiais do exército polonês na floresta de Katin e acusa os alemães desse crime; reparte a Polônia com Hitler e seu representante senta-se como juiz em Nuremberg para julgar os chefes hitleristas; proclama a liberdade religiosa e promove a campanha ateísta e a perseguição aos padres; premedita, resolve e executa o envenenamento de Máximo Gorki e faz punir o médico que aplicou a injeção fatal; une-se a Hitler, para animar os nazistas a se empenharem numa guerra, manda Thorez pregar a sabotagem e o derrotismo no exército francês, e quando a sorte das armas pende a favor dos aliados, negocia secretamente com Churchill a sua mudança de campo (o que ficou provado num discurso do “premier” britânico muito antes da invasão nazista na Rússia...); e, para preparar todos esses acontecimentos, favorece a subida de Hitler ao poder...
Nunca o mundo produziu um político mais falso, mais mentiroso, mais cínico do que Stalin” (Plínio Salgado, ob. Cit., pág. 22).

"Che" Guevara, nada mais que um assassino

Por Victor Emanuel


"Ódio como elemento de luta; ódio cruel do inimigo, impelindo-nos
acima e além das limitações naturais das quais o homem é herdeiro e
tranformá-lo numa efetiva, violenta, seletiva e fria máquina de matar"

Ernesto "Che" Guevara

Em nossos dias não faltam inocentes úteis que admiram "Che" Guevara, usam camisetas com a foto deste indivíduo, repetem frases como "Hasta la victoria siempre!", "Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás! " e "Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." e pensam que ele era um pacifista e lutava pela liberdade e contra o imperialismo, chegando mesmo a compará-lo a Gandhi e até mesmo a Jesus Cristo.
Ora, como pode ser pacifista e lutar pela liberdade e contra o imperialismo um homem que, além de haver escrito as funestas linhas acima transcritas, admirava Lênin, Stálin e Mao Tsé-Tung (que estão - juntamente com o também comunista Pol-Pot, do Camboja, e Adolf Hitler - na lista dos mais sanguinários ditadores do século XX); um homem que assinou cartas com o pseudônimo de Stálin II e que, por ocasião de sua visita a Moscou, fez questão de depositar flores no túmulo do mais pérfido dos tiranos da extinta URSS, daquele que matou muito mais do que Hitler; um homem que rompeu com a mesma URSS por achar que ela estava ficando muito "liberal" para seu gosto; um homem que fuzilou milhares de pessoas inocentes de qualquer crime e pela ditadura castrista acusadas de "agentes da CIA" no ignóbil "paredón" da prisão de La Cabaña e que torturou barbaramente outras tantas; um guerrilheiro assassino (como se todos os guerrilheiros não fossem assassinos) que lutou a serviço do Imperialismo Russo em Cuba, no Congo e na Bolívia?

António Sardinha [e o Integralismo Lusitano]


Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]


Verdadeiro guia da intelectualidade lusitana de sua geração, António Sardinha foi um dos maiores poetas, historiadores e pensadores políticos de toda a História de Portugal. Em torno dele agrupou-se um considerável número de pensadores, na maioria jovens que, diante dos nefandos frutos do liberalismo agnóstico, agravados com a implantação da República, sonharam em restaurar Portugal pela Monarquia Tradicional, reconduzindo-o à sua vocação histórica.
António Maria de Sousa Sardinha nasceu na pequenina cidade de Monforte do Alentejo, publicou os primeiros poemas aos quinze anos de idade e formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em 1911.
Republicano municipalista nos tempos de estudante, desiludiu-se rapidamente com o regime instaurado em 1910, passando a qualificá-lo de "balbúrdia sanguinolenta".
Em 1914, fundou, juntamente com Hipólito Raposo, Alberto de Monsaraz, Luís de Almeida Braga e Pequito Rebelo, a revista Nação Portuguesa e o Integralismo Lusitano, movimento político-cultural de profundas convicções cristãs, tradicionalistas, patrióticas e nacionalistas que pregava, dentre outras coisas, a Democracia Orgânica e o combate sem tréguas ao liberalismo estrangeirizante.
Eleito deputado durante o consulado de Sidónio Pais, António Sardinha teve de exilar-se na Espanha por sua participação no levante restauracionista de Monsanto e na chamada Monarquia do Norte.
De volta a Portugal pouco mais de dois anos depois, António Sardinha passou a dirigir o diário A Monarquia, onde defendeu o Tomismo e pregou ser o Catolicismo Hispânico a base da sobrevivência da Civilização Ocidental.
Faleceu a 10 de janeiro de 1925, em Elvas, Alentejo, com apenas trinta e sete anos de idade.
Dentre as diversas obras de poesia, História e crítica política do fundador do Integralismo Lusitano, podemos citar: "Quando as nascentes despertam" (1924), "Ao princípio era o verbo" (1924), "A aliança peninsular" (1924) e "Ao ritmo da ampulheta" (1925).
Após a morte de António Sardinha, o Integralismo Lusitano, entrou em decadência, seguindo vivo, porém, por mais algumas décadas, com Hipólito Raposo, Pequito Rebelo, Luís de Almeida Braga, Alberto de Monsaraz e outros.
É incontestável a profunda influência que o Integralismo Lusitano e os integralistas tiveram no Estado Novo. Salazar era, com efeito, um grande admirador do movimento fundado por António Sardinha. Mas, mesmo assim, vários integralistas, como Hipólito Raposo, cuidaram estar a restauração nacional de Salazar muito aquém daquela por eles esperada, tornando-se, assim, opositores de seu regime.
No Brasil, a obra de António Sardinha foi amplamente estudada e difundida na Sociedade de Estudos Políticos (SEP), fundada por Plínio Salgado em fevereiro de 1932, em São Paulo e na Ação Imperial Patrianovista Brasileira, denominação que recebeu a partir de 1935 o movimento monárquico Pátria Nova, cujos ideais, distintos em alguns pontos básicos dos do Integralismo Brasileiro de Plínio Salgado, assemelhavam-se aos do Integralismo Lusitano de António Sardinha, e foi também estudada com profundidade por José Pedro Galvão de Sousa, que, aliás, dedicou ao criador do Integralismo Lusitano todo um número de sua formidável revista "A Reconquista".

Uma singela homenagem a Plínio Salgado


Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]


Caso ainda estivesse entre nós, nosso Mestre Plínio Salgado completaria no dia de hoje (22 de janeiro de 2006) cento e onze anos de idade.
Nasce na bucólica e tradicional cidadezinha montanhesa de São Bento do Sapucaí (SP), na fronteira com Minas Gerais, e entrega sua alma àquele que dirige o destino dos povos e dos homens na Capital Paulista a 07/12/75, seguindo para a milícia do além.
Notável pensador, romancista, poeta, historiador, filósofo, sociólogo, orador, jornalista, crítico político e literário, professor, conferencista, parlamentar e líder político, Plínio Salgado é, antes de tudo, um grande cristão, patriota, nacionalista e democrata que combate – como nenhum outro em seu tempo – o nefasto materialismo, representado, de um lado, pelo capitalismo liberal excludente e, de outro, pelo bolchevismo sanguinário, escravizador e ateu, condenando, ademais, os totalitarismos de todos os matizes.
Havendo participado ativamente da Semana de Arte Moderna, ocorrida em 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, Plínio Salgado publica, em 1926, a magistral obra “O Estrangeiro”, primeiro romance social em prosa modernista de nossa Literatura, cuja primeira edição esgota-se em menos de três semanas e que é recebida com enorme entusiasmo por críticos do rigor de Agripino Grieco, que a considera o melhor romance daquele ano, e Tristão de Athayde (Alceu Amoroso Lima), que afirma ser ela “o romance mais dramático de nosso tempo”; e por escritores como Monteiro Lobato, segundo o qual “Plínio Salgado é uma força nova com a qual o país tem que contar”, Cassiano Ricardo, que afirma ser Plínio “um Alencar corrigido por um Machado”, Mário de Andrade, que saúda a obra como a mais importante de sua geração, e Jackson de Figueiredo, para quem “O Estrangeiro” é “mesmo nos seus mais aflitivos e cruéis avisos, um livro de esperança e de fé”.
Em seguida a “O Estrangeiro”, Plínio Salgado publica “O Esperado”, sendo estas duas obras consideradas por Wilson Martins como os dois maiores romances escritos na década de 1920 (embora “O Esperado” só fosse publicado em 1931). Por fim, em 1933, é publicado “O Cavaleiro de Itararé”, que fecha com chave de ouro a monumental trilogia que o autor chama de “Crônicas da Vida Brasileira”.
Em 1934 é lançado o magnífico romance histórico “A Voz do Oeste”, que se passa no tempo dos bandeirantes, valoriza nossas origens indígenas e ibéricas e prepara a criação de Brasília, conclamando todos para “a marcha rumo Oeste”, como bem observa Juscelino Kubitschek de Oliveira, aliás grande amigo e admirador de Plínio Salgado, em carta enviada a este no ano de 1974.
Nos planos filosófico e político escreve Plínio Salgado grandes obras como “Psicologia da Revolução” (1934), “A Quarta Humanidade” (1934), “O Conceito Cristão da Democracia” (1945) e “Espírito da Burguesia” (1951).
Em “Psicologia da Revolução”, Plínio disserta sobre as três forças que conduzem a História: as leis da natureza, o livre arbítrio e o Providencialismo; e descreve magistralmente a revolução preconizada pelo Integralismo, revolução esta que principia pela chamada revolução interior, revolução das mentalidades, e termina com a revolução das instituições, com a implantação de uma verdadeira Democracia no País.
Já em “A Quarta Humanidade”, o homem que fundara a Ação Integralista Brasileira e que fundaria, após o fim do Estado Novo, o Partido de Representação Popular (PRP), afirma que a primeira Humanidade foi a Politeísta, a segunda a Monoteísta e a terceira é a Ateísta, após a qual virá a Humanidade Integralista.
"Depois da Humanidade Ateísta virá a Humanidade Integralista.
É a 'quarta humanidade'.
Como um sol que vai nascer, ela já projeta seus primeiros clarões.
Uma nova luz se anuncia no mundo.
É a Atlântida que resurge.
A nova civilização realizará a grande síntese.
Síntese filosófica. Síntese política. Mas, principalmente, síntese das Idades Humanas.
(...) aqui, no Brasil, o homem arguto, cheio dos instintos percucientes que herdou de seus próximos avós selvagens, o "homem telúrico" de Keyserling, plasmado dentro dos puros sentimentos espiritualistas e cristãos, desfralda a bandeira do Sigma. Essa bandeira afirma a suprema síntese e desdobra-se num largo sentido humano e universal."
Em “O Conceito Cristão da Democracia”, sublime conferência que Plínio Salgado realiza em Coimbra a 08 de dezembro de 1944 – glorioso dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, excelsa Padroeira de Portugal e do Brasil – a convite do “Centro Acadêmico de Democracia Cristã”, são expostas as idéias que, durante quinze longos anos de vida pública, orientaram as diretrizes de seus escritos no concernente “aos limites e relações entre os conceitos de ‘autoridade’ e ‘liberdade’, limites cujos lineamentos configuram a verdadeira Democracia Cristã.”
Na obra “Espírito da Burguesia”, Plínio Salgado demonstra que a burguesia não é uma classe, mas sim um estado de espírito que se infiltra em todas as classes sociais e se caracteriza pelo comodismo, pela ostentação, pelo egoísmo e pela preocupação exclusiva pelos bens materiais. Foi desse tenebroso espírito, também chamado de burguesismo, que se originou e sempre se nutriu o comunismo, como ensina o Mestre de todos nós, de modo que a doutrina de Marx e Engels só pode ser eficientemente combatida por meio do combate sem tréguas ao espírito burguês.
Como historiador, Plínio também escreve diversas obras de inegável valor, dentre as quais destaca-se “O Ritmo da História” (1949), onde expõe de forma magistral a marcha dos homens e das nações, observando que quem examina “atentamente o panorama da História, desde os tempos primitivos aos dias que vivemos, notará que a longa crônica dos acontecimentos políticos universais obedece a um ritmo permanente de agregação e de desagregação, de soma e subtração, ora se exprimindo nos lineamentos dos grandes impérios, ora se manifestando no tumulto das mais variadas diferenciações de grupos humanos.”
Na apresentação que faz (na “orelha” do livro) para a 3ª edição de “O Ritmo da História”, Gumercindo Rocha Dorea escreve as seguintes linhas: “As páginas destinadas às novas gerações algum dia se converterão em luzeiros de esclarecimento e de orientação para que se consolide a estrutura de um Brasil mais consciente de seu destino, sobretudo quando elas – as novas gerações – se convencerem de que do Brasil poderá partir a palavra definitiva para a construção da Nova Humanidade, onde a dignidade do ser humano seja devidamente respeitada e onde a liberdade constitua o apanágio dos que lideram os povos dentro da noção máxima de responsabilidade.”
É ainda em “O Ritmo da História” que Plínio Salgado apresenta aos homens de pensamento da Nação a figura e o pensamento de Francisco Elías de Tejada Spínola, brilhante filósofo, historiador e professor de Filosofia do Direito que leciona, ao longo de sua vida, nas Universidades espanholas de Múrcia, Salamanca, Sevilha e Madri.
Em seu extraordinário texto intitulado “Plínio Salgado na Tradição do Brasil”, Francisco Elías de Tejada assim fala do criador do único movimento político-cultural autenticamente brasileiro e ibero-americano de toda a História: “Plinio Salgado, mal se trocavam idéias com ele, aparecia como o profeta incandescente e sublime de seu povo, como a encarnação viva do Brasil melhor. Daí que a sua figura seja inolvidável e me permaneça na memória com a graça de haver conhecido em sua pessoa um dos homens mais geniais com quem em minha vida haja eu deparado. Quem visse Plinio Salgado uma só vez que fosse, não poderia esquecê-lo nunca mais.”
Falemos, agora, do inspirado poeta que é Plínio Salgado. Seu primeiro livro, “Tabor” (1919), constitui, com efeito, uma obra poética. Mas sua maior obra neste gênero é, sem dúvida alguma, o “Poema da Fortaleza de Santa Cruz”, escrito enquanto se encontrava ali preso pela ditadura totalitarizante do Estado Novo de Getúlio Vargas, que o acusava, injustamente, de ser o líder da fracassada revolução que pretendia fazer cair por terra a tirania estadonovista e restaurar a Democracia em nossa Pátria e terminara no fracassado ataque de Belmiro Valverde ao Palácio Guanabara, onde derramam seu precioso sangue, como sabemos, vários jovens camisas-verdes.
É, todavia, no campo das biografias que encontramos aquela que consiste, sem sombra de dúvida, na mais admirável das obras de Plínio Salgado, sendo, como afirma Marco Maciel, no prefácio da 22ª edição brasileira deste livro, “não apenas um clássico da literatura brasileira”, mas sim “um clássico da literatura universal, uma vez que essa obra se coloca entre os livros de primeira grandeza escritos, até hoje, sobre a vida e doutrina do Mestre da Galiléia.
Não seria exagero afirmar-se que dificilmente se encontrará, sobre esse tema, uma obra que a supere em beleza literária, em fidelidade histórica e autenticidade cristã.”
Como o nobre leitor deve ter percebido, falamos da “Vida de Jesus”, “jóia de uma literatura”, no dizer de Padre Leonel Franca, que inscreve Plínio Salgado, segundo Juscelino Kubitschek, “entre as maiores expressões da cristologia”, fazendo dele, nas palavras do Conde de Monsaraz, proeminente integralista lusitano, no belíssimo poema intitulado “Vox Dei”, “um quinto evangelista”. Sobre esta obra afirma o Cardeal Cerejeira: “Falando da ‘Vida de Jesus’, queria confessar que é a mais bela de quantas tenho lido. Tão difícil de escrever, a ‘Vida de Jesus’ de Plínio Salgado é, de fato, a vida de Jesus feita com a inteligência, com a alma e com o coração todo.” A respeito deste mesmo livro, Padre Mondrone, célebre teólogo italiano, apresentando-o na tradução italiana, assim fala: “Esta vida revela a mão do artista autêntico da palavra. Plínio Salgado tem no seu estilo as melhores tradições da literatura portuguesa e a riqueza colorida e ardente do solo de seu País.”
Em 1948, Plínio Salgado participou - a convite de D. Ballester Nieto, Bispo de Vitória posteriormente falecido como Arcebispo de Santiago de Compostela - das Conversações Católicas Internacionais de San Sebastián, na Espanha, ali apresentando um estudo mais tarde publicado sob o título “Direitos e Deveres do Homem”. Foi vitoriosa, ademais, sua orientação no sentido de que o Homem não poderia deixar de ser definido, no anteprojeto de San Sebastián, como um ser feito à imagem e semelhança de Deus, possuindo uma alma espiritual e imortal, dotada de inteligência e livre arbítrio, e devendo encontrar na sociedade civil os meios de cumprir seus deveres e de exercer seus direitos correlativos, de acordo com as finalidades de sua natureza e sua vocação divina.
Candidato à Presidência da República pelo PRP em 1955, enfrentando Juscelino Kubitschek, Juarez Távora e Adhemar de Barros, Plínio Salgado, mesmo sem o apoio de nenhum grupo financeiro ou da máquina eleitoral de um Estado que fosse e diante das absurdas calúnias movidas contra sua pessoa pelos representantes da plutocracia reacionária e do bolchevismo totalitário desde os anos 30, obtém quase 800 mil votos (cerca de 08% do total), saindo-se, aliás, vencedor no Paraná, mesmo Paraná que o elege Deputado Federal em 1958. Mais tarde, se reelege Deputado por São Paulo por três mandatos até que, em 1974, resolve deixar “o lugar para os mais jovens”.
Sua ilustre carreira como tribuno parlamentar tem seu ponto pinacular a 10 de junho de 1965, dia em que o Congresso Nacional celebra o I Centenário da Batalha do Riachuelo e homenageia a Marinha de Guerra do Brasil e Plínio, como orador oficial, profere brilhante discurso lembrado pelo Deputado Oswaldo Zanello (ARENA-ES) na sessão solene realizada a 10 de março de 1976 em memória do ex-Deputado Federal Plínio Salgado, estando presente sua viúva, D. Carmela Patti Salgado, e sendo oradores da Sessão os Deputados Federais Oswaldo Zanello (ARENA-ES), Antônio Henrique Cunha Bueno (ARENA-SP) e Agostinho Rodrigues (ARENA-PR).
O magnífico discurso de Plínio Salgado por ocasião do I Centenário da Batalha do Riachuelo assim terminava:
“Ó marinheiros do Brasil! Soldados do Mar! Quando estive, por motivos políticos, preso na Fortaleza de Santa Cruz, eu escutava o vosso, o nosso mar bater nas pedras e entrar pelas casamatas com ribombos oceânicos.
O Conde de Lippe, nos fins do século XVIII, introduziu, com a reforma do exército português, um costume altamente significativo. Ali, naquela fortaleza, de hora em hora, um sentinela gritava: ‘Sentinela, alerta!’ E outro, nas sombras da noite, com a cabeça coroada pelas estrelas, respondia: ‘Alerta estou!’
Sejam estas palavras a minha suprema homenagem, no centenário da Batalha do Riachuelo, às Três Forças Armadas do Brasil, e, no particular, à nossa Marinha de Guerra, para que, gritando ‘Sentinela, alerta!’ cada brasileiro, em cada rincão de nossa Pátria, se sinta, pela defesa da liberdade, da democracia, da soberania, da honra e da dignidade do Brasil, com a responsabilidade de responder: ‘Alerta estou!’”
Antes de terminar este pequeno texto, mister se faz lembrar os dois mais famosos manifestos de autoria de Plínio Salgado. No primeiro deles, o Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo, de 1931, Plínio deixa bem claro que “não devemos transplantar para o Brasil, nem comunismo, nem fascismo, nem outros sistemas exóticos.” Já no segundo - o tão importante e hoje, lamentavelmente, pouco conhecido Manifesto de 07 Outubro de 1932 - são estabelecidas de maneira brilhante os fundamentos da Ação Integralista Brasileira, fundamentos originados, sobretudo, nos ensinamentos perenes do Evangelho, na Doutrina Social da Igreja e nos textos de autores como Alberto Torres, Farias Brito, Jackson de Figueiredo, Oliveira Vianna, Euclides da Cunha, Oliveira Lima, Tavares Bastos e Calógeras.
Cumpre sublinhar ainda que Plínio Salgado, ao contrário do que afirmam inúmeras pessoas mentirosas ou ignorantes, jamais foi um anti-semita, antes muito pelo contrário, havendo afirmado certa vez que “Não podemos querer hoje mal ao judeu, pelo fato de ser o principal detentor do ouro, portanto principal responsável pela balbúrdia econômico-financeira que atormenta os povos, especialmente os semicoloniais como nós, da América do Sul. O judeu-capitalista é igual ao cristão-capitalista. (...) Ambos não terão mais razão de ser porque a humanidade se libertará da escravidão dos juros e do latrocínio do jogo das Bolsas e das manobras banqueiristas. A animosidade contra os judeus é, além do mais, anticristã e, como tal, até condenada pelo próprio catolicismo. A guerra que se fez a essa raça na Alemanha, foi, nos seus exageros, inspirada pelo paganismo e pelo preconceito de raça. O problema do mundo é ético e não étnico."
Hoje, cento e onze anos após o nascimento de nosso Mestre e trinta anos após sua partida deste Mundo, vemos sua invulgar obra literária ser ocultada, sua igualmente valiosa obra filosófica e política e mesmo sua figura serem deturpadas e atacadas por pessoas que, nas mais das vezes, sequer as conhecem.
As perseguições e calúnias de que somos vítimas, por levar adiante os ensinamentos de Plínio Salgado, só não constituem exemplo único em toda a História porque podem ser comparadas àquelas de que foram vítimas Jesus Cristo e os primeiros cristãos.
Mas nos resta o consolo de saber que um dia a Verdade sobre Plínio Salgado será restaurada e de ter a certeza de que, como disse Juscelino Kubitschek, “seu nome vai perpetuar-se como um símbolo iluminando o futuro”.
Seja esta minha singela homenagem a Plínio Salgado, sobre quem Manoel Vítor - o renomado escritor, radialista, professor, conferencista, bacharel em Direito, parlamentar e pensador católico que dirigiu por quase quarenta anos o conhecido programa radiofônico “Hora da Ave Maria” - afirmou que “Se uma cabeça havia que centralizasse em si mesma o desejo de cimentar um círculo em torno da tríade – Deus, Pátria e Família, essa foi a desse pensador ilustre que arrebatava multidões na mocidade e serenava a ânsia dos intelectuais com o ouro de sua pena.”

Breve homenagem a Miguel Reale


Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]



Ficamos todos profundamente entristecidos com a notícia de que Miguel Reale faleceu, vítima de um enfarto do miocárdio, aos 95 anos de idade, na madrugada de 14 de abril, enquanto dormia em sua casa em São Paulo.
O Brasil e a Humanidade perdem, com a partida de Miguel Reale para a Milícia do Além, um de seus mais brilhantes intelectuais.
Ilustre filósofo, jurista, professor, advogado, ensaísta, poeta, memorialista e Imortal, Miguel Reale foi, em sua juventude, Secretário Nacional de Doutrina e Estudos da Ação Integralista Brasileira e um dos maiores doutrinadores do Integralismo, havendo escrito nesse tempo obras de inegável valor, como “O Estado Moderno” e “O Capitalismo Internacional”.
Fundador do Instituto Brasileiro de Filosofia e da Revista Brasileira de Filosofia, criador da Teoria Tridimensional do Direito e principal mentor do Código Civil de 2002 – que com justiça deveria ser chamado de Código Reale, da mesma forma que o de 1916 é chamado de Código Bevilácqua – Reale sempre lutou pela Democracia e pela Liberdade e foi um mestre para todos nós.
Como Integralista, descendente de imigrantes italianos e estudante de Direito que sou, eu - que recentemente prestei uma modesta homenagem àquele jovem idealista e ex-marxista de São Bento do Sapucaí que, saído das trincheiras da Revolução de 1932, ingressou nas fileiras do Movimento Integralista com o objetivo de ajudar a construir um Brasil maior, melhor e mais justo – sinto-me talvez ainda mais comovido do que a maioria dos brasileiros.
Resta, todavia, a mim e a todos nós, a certeza de que o nome de Reale permanecerá, como um farol, iluminando o futuro da nossa Pátria.

Concepção integral do Estado e do Direito em Miguel Reale


Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]


No ano de 1934 Miguel Reale publica sua famosa obra O Estado Moderno, onde reclama uma concepção do Estado que seja uma integração de ser e de dever ser, de realidade natural e de valor e – com o objetivo de dar ao Integralismo os fundamentos jurídico-institucionais de que este necessitava – esclarece o sentido da Democracia Integral.
O Estado Moderno, ou Estado Integral, constitui o Estado Ético, antitotalitário e antiindividualista, cujo traço mais marcante é a consideração global, integral da realidade e dos problemas, que se opõe, por suposto, à visão unilateral do Liberalismo e do Comunismo.
O Estado Integral, que basear-se-á na concepção integral do Homem e do Universo, tendo como base fundamental a intangibilidade do ente humano e o seu livre-arbítrio, não pode ser, em hipótese alguma, confundido com o Estado totalitário de inspiração hegeliana. Como observa o próprio Reale, "só os ignorantes ou os homens de má fé confundem a concepção integralista do Estado com o Estado Hegeliano".
Para Hegel o Estado constitui "o Espírito enquanto se realiza como consciência do mundo. É a marcha de Deus no mundo que faz com que o Estado exista. Todo Estado, qualquer que ele seja, participa desta essência divina."
Na concepção do filósofo de Stuttgart, o Estado, que consiste no "racional em si e para si", é, portanto, como observa Reale, "a idéia absoluta, a personificação da Ética: tudo que provém dele é de ordem moral, em qualquer direção que se manifeste, porque o Estado não erra."
O Estado Ético da concepção integralista constitui, ao contrário, o Estado subordinado à lei ética. A diferença entre um e outro é, como observa Reale, "essencial: no primeiro a moral subordina-se ao Estado; no segundo, o Estado submete-se ao imperativo moral."
Poucos descreveram o Estado Integral, ou Estado Moderno, tão bem quanto Goffredo da Silva Telles Junior em seu primeiro livro, intitulado "Justiça e júri no Estado Moderno", escrito em 1937 e publicado um ano mais tarde:
"Chamamos Estado Moderno o Estado Ético, antiindividualista e
antitotalitário. Sem ser princípio nem fim ele é o Estado que se
subordina à ordem natural das coisas. Cingindo-se a sua missão de meio,
ordena-se por um ideal de finalidade. Criado para servir ao homem,
orienta-se para os alvos que estejam em conformidade com o destino supremo
do mesmo. (...) O Estado Moderno é antitotalitário porque faz prevalecer o
Moral sobre o Social e o Espiritual sobre o Moral. Reconhecendo a
Iniqüidade da tirania, proclama o princípio da intangibilidade da pessoa
humana. Em conseqüência, submete-se aos transcendentes interesses do homem."
Em 1939/40, nas páginas finais de sua obra Fundamentos do Direito, Miguel Reale começa a determinar os princípios da concepção tridimensional do fenômeno jurídico, que assinala um notável esforço de superação e síntese de explicações unilaterais do Direito.
A Teoria Tridimensional do Direito é a única que compreende o fenômeno jurídico na totalidade de seus elementos constitutivos, merendo, destarte, o título de Teoria Integral do Direito.
Na Teoria Tridimensional – ou Integral – do Direito, a análise - como observa Alfredo Buzaid na recepção a Miguel Reale na Academia Paulista de Letras – "não se cinge ao fato jurídico, porque seria um fato social indistinto e indeterminado, nem apenas à norma jurídica, porque seria simples norma ética, sem valor para o mundo do direito."
A concepção culturalista do Direito do Professor Reale pressupõe – como explica ele em Fundamentos do Direito – "o abandono da antítese 'ser' e 'dever ser', o que não era possível alcançar no plano do idealismo. O nosso culturalismo – prossegue Reale – desenvolve-se no plano realista e assenta-se sobre a consideração de que a pessoa humana é o valor fonte e que são os valores que atribuem força normativa aos fatos. Assim sendo, o direito é uma ordem de fatos integrada em uma ordem de valores, sendo objeto da jurisprudência e da sociologia jurídica."
Isto posto, mister se faz sublinhar que a Teoria Tridimensional do Direito - que constitui, sem sombra de dúvida, o maior legado do brilhante filósofo Miguel Reale ao pensamento jurídico do Brasil e do mundo – é há décadas aplicada por juizes de todas as regiões do nosso País e de inúmeras nações estrangeiras.
Adoraria poder dispor de mais linhas para que melhor expusesse a magnífica concepção integral do Estado e do Direito em nosso Mestre Miguel Reale. Como, todavia, não disponho de mais delas, encerro aqui este texto tão singelo, esperando que ele seja compreendido por todos aqueles que o lerem.

Homenagem ao jovem Miguel Reale - Victor Emanuel


Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]

Gostaria de possuir maior eloqüência e cultura para que melhor pudesse homenagear o grande Miguel Reale, não o fundador do Instituto Brasileiro de Filosofia e da Revista Brasileira de Filosofia, criador da Teoria Tridimensional do Direito e principal mentor do Código Civil de 2002 – que com justiça deveria ser chamado de Código Reale, da mesma forma que o Código de 1916 é chamado de Código Bevilácqua – mas sim o jovem idealista e ex-marxista que, saído das trincheiras da Revolução de 1932, ingressou nas fileiras da Ação Integralista Brasileira.
Nasce Reale em 1910, na legendária cidadezinha serrana de São Bento do Sapucaí, que, localizada na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, foi chamada de “Meca do Integralismo” por ter sido o berço do Chefe Plínio Salgado, fundador daquele glorioso movimento patriótico, nacionalista, espiritualista e democrático, e do próprio Miguel Reale, que foi Secretário Nacional de Doutrina da AIB.
Em sua obra “O Estado Moderno”, publicada no ano de 1934, Reale reclama uma concepção do Estado que constitua uma integração de ser e de dever ser, de realidade natural e de valor, e, afim de dar ao Integralismo os fundamentos jurídico-institucionais que a este movimento faltavam, esclarece o sentido da Democracia Integral. Neste livro encontramos a repulsa à compreensão unilateral dos fatos sociais, compreensão esta tão característica de doutrinas como o liberalismo e o marxismo, e a conceituação do Estado Moderno como o Estado Ético, avesso tanto ao individualismo quanto ao totalitarismo.
“O Estado Moderno” recebe crítica favorável de grandes homens de cultura, como Tasso da Silveira, Plínio Barreto, Otávio Tarquínio de Souza e o português Malheiro Dias, e tem, como sua natural continuação, conforme considera Reale, a obra “O Capitalismo Internacional”, publicada em 1935. Neste estudo Reale analisa, com base nos pensamentos de Karl Marx, Arturo Labriola, Werner Sombart, Max Weber e outros, as origens do sistema capitalista e ataca o abusivo capitalismo de trustes e cartéis, onde meia dúzia de argentários, de aves de rapina, se banqueteia à custa da exploração de milhões e milhões de pessoas. Defende Reale a propriedade legítima contra o seu açambarcamento pelos monopólios, monopólios dos quais nós, povos semi-coloniais do Hemisfério Sul, sempre fomos as maiores vítimas.
É ainda em “O Capitalismo Internacional” que Miguel Reale contesta a famosa tese de Lênin segundo a qual o imperialismo seria a última etapa do capitalismo, observando que, ao contrário do que previra o líder bolchevique, vinha o capitalismo assumindo uma “posição nova, de caráter transnacional, ao lado e até mesmo acima do Estado, convertendo-se em seu instrumento: era o ‘Capitalismo Internacional’, representado sobretudo pelas grandes instituições financeiras”, como bem acentua Reale, muitos anos mais tarde, em “Destinos Cruzados”, 1° volume de suas “Memórias” que Gerardo Mello Mourão considera como algo "da mesma linhagem de 'Aus meinem Leben-Dichtung und Warheit', de Goethe" e Austregesilo de Athayde afirma ser o "monumento de uma grande vida".
Foram naquele ano de 1935 também publicadas “Perspectivas Integralistas” e “ABC do Integralismo”, obras de divulgação da Doutrina do Sigma acessíveis não apenas aos que, no dizer de Plínio Salgado, em “Psicologia da Revolução”, “pretendem influir no destino do povo”, mas também ao próprio povo.
“Perspectivas Integralistas”, estudo inicialmente publicado pela Revista Brasileira, nos números 7 e 8, constitui a “Cartilha do Integralismo” totalmente refundida e ampliada e trata de temas como a Nação, o Estado, a Democracia Liberal, a Democracia Integralista, a Família, o Sindicato, o Corporativismo, a Economia, o Novo Direito, a Questão Social, a Centralização Política e a Descentralização Administrativa, o Problema da Cultura, o Problema da Raça e outros, terminando com a conclusão de que o Integralismo, que mantém-se avesso aos preconceitos raciais e opõe-se tanto à liberal-democracia burguesa quanto à ditadura e ao cesarismo, “que sufocam a Liberdade em nome de um interesse de qualquer ordem”, consiste na “realização da Democracia Social e Orgânica, pela identificação progressiva entre Estado e Sociedade, Estado e Nação.”
Já em “ABC do Integralismo”, livro dedicado ao “Chefe [Plínio Salgado], que acordou o povo brasileiro do sonho do liberalismo”, Reale analisa de forma sumária a sociedade liberal do Brasil de seu tempo, mostrando os erros e os vícios de sua estrutura e fotografando com nitidez os aspectos mais característicos e sórdidos da liberal-democracia burguesa, ou seja, da “falsa democracia” que os agentes das oligarquias subservientes aos financistas de Wall Street e da City não cansavam de “endeusar”.
Os inimigos do Integralismo, alguns por ignorância, outros por má fé, acusam o Movimento do Sigma de ser exatamente o contrário daquilo que realmente é. Mas nas obras do jovem Reale encontramos as respostas que evidenciam o fato de nenhuma dessas acusações possuir fundamento.
Aos que acusam o Integralismo de ser um movimento racista, respondemos com as palavras que Reale escreve em “Perspectivas Integralistas”: “O Integralismo mantém-se alheio a todo e qualquer preconceito de raça, preferindo julgar o homem, não pelos aspectos exteriores da cor ou do formato de seus crânios, mas pelos valores morais e cívicos.
“A tese racista não está, nem nunca esteve dentro de nossas cogitações.”
Já aos que afirmam ser anti-semita o movimento criado por Plínio Salgado a 07 de Outubro de 1932, podemos repetir as palavras de Reale em seu magistral artigo “Nós e os fascistas da Europa”, publicado na revista Panorama, por ele dirigida, em 1936: "Do Hitlerismo podemos tirar algumas lições em matéria de organização política e financeira, mas não sabemos em que nos poderia ser útil a tese da superioridade racial, tese que consulta uma situação local.
“Nós brasileiros devemos nos libertar do jugo do capitalismo financeiro e do agiotarismo internacional, sem que para isso abandonemos os princípios éticos para descambarmos até aos preconceitos racistas. A moral não permite que se distinga entre o agiota judeu e o agiota que diz ser cristão; entre o açambarcador que freqüenta a Cúria e o que freqüenta a Sinagoga. O combate ao banqueirismo internacional e aos processos indecorosos dos capitalistas sem pátria, justifica-se no plano moral. E quando a pureza da norma ética está conosco, não se compreende bem qual a necessidade de outras justificações , que podem ser de efeito, mas que certamente são discutíveis."
É importante que essas pessoas lembrem-se, ainda, de que mesmo Karl Marx - um judeu como todos sabem – refere-se ao “judaísmo” como expressão do poderio econômico do capitalismo, não sendo possível, todavia, o qualificarmos de anti-semita.
Àqueles que julgam ser o Integralismo uma doutrina contrária à Democracia e às liberdades públicas, recomendo a leitura de “Integralismo e Democracia”, formidável trabalho publicado por Reale na revista Panorama, em outubro de 1937. É neste texto que Reale, havendo observado que “infelizmente, os nossos inimigos não quiseram nos julgar por aquilo que realmente somos, mas sim pela imagem deturpada que seus ressentimentos e paixões criaram de nós”, afirma: “A Democracia sempre foi o nosso ideal. E foi por amor à Democracia que repudiamos o Liberalismo e o Socialismo que dela se têm servido como mero instrumento, ora para a prepotência das minorias plutocráticas, ora para a exploração demagógica dos sofrimentos populares.”
Faz-se mister sublinhar que a admiração que o jovem Reale expressa, em seus escritos, pela figura do “Duce” Benito Mussolini e pelo fascismo pode ser vista como algo negativo pela maioria das pessoas de hoje que, num completo anacronismo resultante principalmente da campanha difamatória lançada contra o fascismo, há décadas, pelas chamadas “esquerdas” - que conseguiram transformá-lo em sinônimo de nacional-socialismo -, julgam o movimento de Mussolini e a opinião da maioria das pessoas de seu tempo acerca dele muito diversos daquilo que em verdade foram e se esquecem de que Mussolini, que impedira Hitler de anexar a Áustria em 1934 e fizera tudo o quanto era humanamente possível pela manutenção da paz na Europa, só se aliou ao ditador alemão por motivos estratégicos, no final dos anos 30, passando então a Itália a subordinar-se à Alemanha nazista. Na realidade, na década de 1920 e na maior parte da de 1930, era o fascismo visto como a “terza via” entre o capitalismo liberal absorvente e o bolchevismo ateu, sanguinário e escravizador (que, aliás, não era senão um capitalismo de Estado, onde, no lugar dos burgueses, tínhamos, explorando o povo, um pequeno grupo de burocratas) e constituía, antes de tudo, uma reação espiritualista contra o nefando materialismo, uma promessa de primavera, de alvorada após um inverno, uma noite que já se entendia por decênios e decênios.
Cumpre lembrar, ademais, que Mussolini e a doutrina por ele criada foram admirados por Pio XI e por Gandhi, por De Gaulle e Churchill, Franco e Salazar, Perón e Vargas, Pétain e Horty, José Antonio Primo de Rivera e Charles Maurras, D’Annunzio e Marinetti, Gentile e Rocco, Barrès e Valois, Éduard Drumont e Hendrik de Man, Eliade e Cioran, Sir Oswald Mosley e Eoin O’Duffy, Corneliu Codreanu e Szálasy, Menachem Begin e Vladimir Jabotinski, Thomas Edison e Charles Lindberg, T.S Eliot e Wyndham Lewis, Ezra Pound e Fernando Pessoa, Alceu Amoroso Lima e Octavio de Faria, Menotti Del Picchia e Francisco Campos, Olbiano de Mello e Carlos Crisci...
É forçoso ressaltar, todavia, que o Integralismo de Plínio Salgado não é e nunca foi sinônimo de fascismo, sendo inspirado, antes de tudo, na Doutrina Social da Igreja e no pensamento de autores como Alberto Torres, Jackson de Figueiredo, Euclides da Cunha, Farias Brito, Tavares Bastos, Oliveira Vianna e outros.
Hoje - tantos decênios após o fechamento da AIB pela ditadura estadonovista de Getúlio Vargas, que para isso fora pressionada, externamente, pelo governo imperialista de Washington e, internamente, pelas velhas oligarquias, pelo coronelismo que já fora o responsável pelas bárbaras perseguições de que haviam sido vítimas os Integralistas na Bahia de Juracy Magalhães e no Pernambuco de Costa Cavalcanti - o quase centenário e sempre produtivo e lúcido Miguel Reale não é mais um nacionalista e nem tampouco um anticapitalista, mas ainda considera válidos os principais preceitos do Integralismo, ainda reconhece o valor inestimável da obra que nos legou o Mestre Plínio Salgado, “esse injustiçado”, no dizer de Pedro Paulo Filho, e não tem vergonha nenhuma, antes muito pelo contrário, de afirmar que um dia militou nas coortes do Movimento do Sigma, sonhando em restaurar “no Brasil o primado do Espírito, da Inteligência, da Verdade”, conforme escreve Plínio Salgado em “Psicologia da Revolução”, construindo a Democracia Integral e a verdadeira Liberdade, em oposição à democracia liberal (que de democracia nada tem além do nome) e à liberdade burguesa (que não é senão a liberdade do forte explorar o fraco).
Com estas palavras encerro esta pequena homenagem ao jovem Miguel Reale.

Pequena homenagem a Gustavo Barroso


Por Victor Emanuel


É lastimável que, em nosso Brasil, pouquíssimas sejam as pessoas que sabem quem foi o grande Gustavo Barroso, não havendo sequer ouvido falar deste homem tão brilhante ou – ainda pior – tendo escutado somente as velhas e absurdas calúnias que a seu respeito repetem os inimigos da Pátria e os inconscientes a seu serviço. Como bem observa o companheiro José de Freitas Neules em seu magnífico artigo “100 anos de Gustavo Barroso”, publicado no jornal patriótico “Ação Nacional” em maio de 1988, “a cortina de silêncio que as forças antinacionais lançaram sobre seu nome e sua obra fazem com que hoje em dia seja quase impossível avaliar-se plenamente a contribuição de Gustavo Barroso para a História Nacional.”
Nascido em Fortaleza, no glorioso Estado do Ceará, a 29 de dezembro de 1888, o filho de Coronel Antônio Filinto Barroso e de D. Ana Dodt Barroso foi batizado com o nome de Gustavo Adolfo Luiz Guilherme Dodt da Cunha Barroso, posteriormente abreviado para Gustavo Adolfo Dodt Barroso. Assinou algumas de suas primeiras obras como Gustavo Dodt Barroso, até firmar-se nos universos cultural, literário e político pátrios como Gustavo Barroso, assim passando à posteridade.
Advogado bacharelado em 1911 pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta, orador, historiador, geógrafo, romancista, poeta e Imortal, Gustavo Barroso publicou 128 obras e foi membro da Academia Portuguesa de História, da Academia de Ciências de Lisboa, da Academia de Belas Artes de Portugal, da Sociedade dos Arqueólogos de Lisboa, do Instituto de Coimbra, das Sociedades de Geografia de Lisboa, Rio de Janeiro e Lima, da Sociedade Numismática da Bélgica e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de vários Estados da Federação.
Barroso teve seu primeiro livro, um ensaio poético a respeito da natureza e dos costumes do Sertão cearense intitulado “Terra de Sol” publicado, sob o pseudônimo de João do Norte, quando tinha apenas 23 anos de idade. Aquele jovem intelectual cearense, pouco depois de sua chegada à então Capital Federal, numa noite em que se encontravam reunidos os mais notáveis homens de pensamento daquela época, leu as páginas desta obra que – como disse Plínio Salgado em sua homenagem póstuma a Gustavo Barroso, proferida na sessão da Câmara Federal de 04 de dezembro de 1959 – “o tornaria um astro de primeira grandeza nas letras pátrias.”
A respeito de temas nordestinos, escreveu Barroso, além do já mencionado “Terra de Sol”, “Heróis e Bandidos” (1917), obra-prima sobre o Cangaço indispensável àqueles que pretendem conhecer a fundo esse fenômeno sertanejo do qual Barroso, aliás, já tratara em “Terra de Sol”; “Alma Sertaneja” (1923); “O Sertão e o Mundo” (1924); “Almas de Lama e de Aço” (1930); “Santo do Brejo” (1933) e “Fábulas Sertanejas” (1948), dentre outros. É uma literatura regional, como a de Simões Lopes Neto no Rio Grande do Sul ou a de Valdomiro Silveira no interior de São Paulo, mas, como bem observa Plínio Salgado em sua há pouco citada homenagem póstuma a Barroso, é ao mesmo tempo “nacional, brasileira e expressiva de valores universais, porquanto – tem-se observado – aqueles escritores, como os russos, que tangeram a corda da regionalidade ou da nacionalidade tornaram-se universais.”
Grande estudioso e pesquisador dos mitos e do Folclore pátrios, Barroso publicou a obra “Através dos Folk-lores” (1927) e, em francês, “Mythes, Contes et Légendes des Indiens du Brésil” (1933).
Em 1919, Gustavo Barroso - que fora secretário da Superintendência Geral da Borracha em 1913, no Rio de Janeiro, secretário do Interior e da Justiça do Ceará em 1914 e deputado federal por aquele Estado entre 1915 e 1918 – integrou, como secretário, a Delegação do Brasil à Conferência de Paz de Versalhes.
Alguns anos mais tarde, mais precisamente em 1922, foi Barroso o criador, o fundador, o organizador do Museu Histórico Nacional, construído, em cada um de seus detalhes, por seu gênio e por seu profundo amor à Pátria do Cruzeiro. “Visitar aquele museu é – como bem notou Plínio Salgado – sentir a própria alma do grande escritor, apóstolo da brasilidade; é transmitir, geração por geração, o sentido da unidade da Pátria e do culto de seus heróis.”
Um ano depois, Barroso, com apenas 35 anos de idade, foi eleito para ocupar a Cadeira 19 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de D. Silvério Gomes Pimenta, sendo recebido por Alberto Faria. Como tesoureiro daquela instituição, Barroso administrou, naquele ano de 1923, a transferência da sede da Academia, do Silogeu Brasileiro para o prédio do Petit Trianon, que o Governo francês oferecera ao Governo brasileiro. Exerceu ainda os cargos de segundo e primeiro secretário e de secretário-geral e foi também presidente da instituição em 1932, 1933, 1949 e 1950. Foi designado, a 09 de janeiro de 1941, ao lado de Manuel Bandeira e Afrânio Peixoto, para coordenar as pesquisas e os estudos relativos ao folclore brasileiro.
Como lembra Plínio Salgado, o que distinguiu Gustavo Barroso foi, antes de tudo, “a sua dedicada fidelidade e fervoroso amor às Forças Armadas da Nação.”
Assistindo aos funerais daquele insigne brasileiro, Plínio Salgado não pode deixar de se recordar dos funerais do ilustre poeta, político e patriota Olavo Bilac e de comparar o autor de “Terra de Sol”, “História Militar do Brasil” e “Brasil, Colônia de Banqueiros” ao príncipe dos poetas brasileiros. Como o Mestre Plínio Salgado, considero que – apesar de admirar imensamente o poeta de “Via Láctea”, de “Tarde” e de “Caçador de Esmeraldas”, o homem que dedicou aproximadamente um ano de sua vida à propaganda das glórias militares de nosso País, conclamando os jovens daquele tempo a seguir para os quartéis a fim de que iniciassem o serviço militar obrigatório que ora se instituía – foi Gustavo Barroso “maior, mais extenso, mais intenso do que Olavo Bilac” naquilo que tange à continuidade dos serviços prestados à nossa Defesa.
Toda a vida de Barroso foi, com efeito, dedicada a incutir em nosso povo os dignos valores do culto das Forças Armadas e das glórias militares da Nação.
No ano de 1918, publicou ele um livro por nome “Tradições Militares”; em 1922, o livro “Uniformes do Exército”; em 1928, lançou sua obra “A Guerra do Lopez”, iniciando a formidável série de livros sobre as Guerras do Prata e a Guerra do Paraguai, de que fazem parte, além do citado “A Guerra do Lopez”, “A Guerra do Flores” (1929), “A Guerra do Rosas” (1929), “A Guerra do Vidéo” (1930) e “A Guerra de Artigas” (1930). Em 1932, escreveu “Osório, o Centauro dos Pampas” e no ano seguinte publicou “Tamandaré, o Nélson Brasileiro”. No ano de 1935 lançou a “História Militar do Brasil”, obra que focaliza magistralmente a evolução de nossas Forças Armadas desde o Descobrimento até o século XX e que teve origem nas notáveis e freqüentadíssimas aulas do curso de História Militar do Brasil que, a pedido de Plínio Salgado, Gustavo Barroso deu aos inúmeros oficiais do Exército e da Marinha que faziam parte do Movimento Integralista.
Foi graças à iniciativa de Barroso criado o Regimento dos Dragões da Independência, cujo uniforme foi desenhado por ele próprio, após longa e criteriosa pesquisa dos originais da Imperial Guarda de Honra, que remontam ao tempo de D. Pedro, o primeiro do nome, são inspirados nos uniformes da cavalaria napoleônica e foram retratados por Debret e posteriormente por Pedro Américo em seu famoso quadro “Independência ou Morte”.
Plínio Salgado jamais se esqueceu da noite em que conheceu Gustavo Barroso, como observa em sua homenagem póstuma: “tinha eu, em outubro de 1932, lançado um manifesto à Nação e em 1933 iniciei uma série de conferências doutrinárias que se realizavam na Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro. Eu era um desconhecido, vinha pregar uma idéia: alguns amigos à esquina convidavam os passantes a subir ao segundo andar para escutar um homem que dizia algo novo. Uma noite, a sala se encontrava cheia. Falava eu do problema do livre arbítrio e do determinismo histórico, demonstrando que o homem possui poder optativo, deliberativo e criador, capaz de interferir no curso da História e modificar-lhe a direção. Conciliava, segundo a doutrina da filosofia integral, o livre arbítrio, o determinismo e o providencialismo, quando, ao terminar um homem levanta-se de uma das últimas filas, aproxima-se de mim. Eu não o conhecia pessoalmente. Ao se aproximar pede-me um distintivo do Movimento por mim lançado; entreguei-lhe o que tinha na lapela e perguntei quem era. Responderam-me: é Gustavo Barroso, Presidente da Academia Brasileira de Letras. Nossa amizade selou-se naquela noite mediante o pacto profundo do amor da Pátria, na comunhão perfeita de idéias pelo ressurgimento do Brasil, pela reconstrução do grande Império que outrora teve tão grande influência na política das Américas e que em nossa temporaneidade como que definhava e morria.
“Nessa ocasião nossas almas vibraram em uníssono, sonhando atualizar, por uma reconstituição histórica, todas as glórias do passado, aquelas glórias vitais que nos animavam. Desde então, selamos um pacto de fraterna amizade, de dedicação por inteiro à nossa Pátria, para arrancarmos o Brasil da situação de pequeno País, desrespeitado e sem voz no concerto internacional, e levá-lo, de qualquer maneira, a mais larga repercussão, exprimindo a consciência dos povos do Novo Mundo.”
Desde esse momento, lutaram lado a lado, Barroso e Plínio, e Barroso tornou-se, como Chefe das Milícias Integralistas, o virtual segundo homem da Ação Integralista Brasileira e também um dos maiores doutrinadores do Integralismo.
Foi como doutrinador do Integralismo que Barroso escreveu grandes livros como “O Integralismo em Marcha” (1933); “O Integralismo de Norte a Sul” (1934), “O Quarto Império” (1935), “A Palavra e o Pensamento Integralista” (1935), “O Que o Integralista Deve Saber” (1935), “O Integralismo e o Mundo” (1936) e “Integralismo e Catolicismo” (1937).
Mas o maior livro de Barroso escrito no curto longo tempo em que militou nas coortes do Sigma foi, sem dúvida alguma, “Brasil, Colônia de Banqueiros” (1934), obra que espanta a todos pela clareza e sinceridade com que mostra como o Brasil deixou de ser colônia de Portugal para se tornar colônia da alta finança internacional, do super-capitalismo apátrida e sem alma, dos grandes grupos financeiros como o do famigerado Sr. Rothschild. Mas a mensagem de Barroso em “Brasil, Colônia de Banqueiros” é, antes de tudo, uma mensagem de esperança, uma mensagem de fé na redenção da Pátria. Esta grande obra, produto do mais sadio nacionalismo, foi recebida com entusiasmo pelos críticos e pela imprensa não apenas do Brasil, mas de todo o Mundo, representou um ato de imensa coragem da parte de Gustavo Barroso e deveria ser lida e meditada por todos os autênticos patriotas de nosso País, em especial por aqueles que pretendem influir nos destinos da Nação.
O defeito, o único e grande defeito de Barroso, em minha singela opinião, é sua aversão aos judeus, aversão compartilhada por alguns outros escritores de renome que pertenceram à AIB mas que não justifica, de maneira alguma, a afirmação infelizmente tão comum de que o Integralismo constitui um movimento anti-semita. Como bem observa Goffredo Telles Junior na entrevista que concedeu à ”Resenha Judaica” e que foi transcrita, na íntegra, em “A Folha Dobrada”, a orientação anti-semita de Barroso e outros publicistas “era ESTRITAMENTE PESSOAL”, constituindo “uma convicção DELES, absolutamente inconfundível com a doutrina de nosso movimento”. E, como todos sabem, “mais de uma vez, esses intelectuais nos criaram dificuldades, porque deles se aproveitaram, de má fé, certos inimigos do Integralismo, para nos combater maldosamente.”
Como cristão e integralista que sou, condeno a aversão ao judeu, que considero anticristã e contrária ao espírito de confraternização étnica e cultural que tanto caracteriza o nosso povo; penso, ademais, que o problema do Mundo, como bem frisou Plínio Salgado (aliás o primeiro homem público brasileiro a condenar, em sua “Carta de Natal e Fim de Ano”, de 1934, o anti-semitismo de Hitler) é um problema “ético e não étnico”. Como diz o saudoso Miguel Reale em “Nós e os Fascistas da Europa”, “a moral não permite que se distinga entre o agiota judeu e o agiota que diz ser cristão; entre o açambarcador que freqüenta a Cúria e o que freqüenta a Sinagoga.”
É forçoso sublinhar, entretanto, que o preconceito com relação ao judeu era bastante comum no tempo de Gustavo Barroso, não sendo visto como algo negativo, antes pelo contrário, pela maior parte das pessoas e não diminui em nada o valor de Barroso como historiador, político, folclorista, romancista, cronista, ensaísta, geógrafo, Imortal e – acima de tudo – patriota de escol e um dos principais doutrinadores do Integralismo. Vale lembrar também que o tradutor, prefaciador e comentador dos “Protocolos dos Sábios de Sião”, autor de “Judaísmo, Maçonaria e Comunismo” (1937), de “A Sinagoga Paulista” (1937) e dos três volumes da “História Secreta do Brasil” (1936, 1937 e 1938), segundo Miguel Reale, no primeiro volume de suas “Memórias”, “no fundo era um sentimental, incapaz de compartilhar com as futuras atrocidades de Hitler contra o povo israelita”.
Cabe ressaltar ainda que o anti-semitismo de Barroso, que se considerava um antiracista, justificava-se para ele justamente como combate ao racismo judaico, conforme explica no capítulo I de sua obra “Judaísmo, Maçonaria e Comunismo”: “Entre nós, o anti-semitismo não pode provir de um sentimento racista, porque o brasileiro é eminentemente contrário a qualquer racismo, porém desse sentimento exatamente anti-racista.”
Gustavo Barroso faleceu no Rio de Janeiro a 03 de dezembro de 1959. Dois anos antes, mais precisamente em 06 de novembro de 1957, por ocasião da celebração do centenário do romance "O Guarani", de José de Alencar, compusera, juntamente com Antônio Gondim, o Hino de Fortaleza.
Faço minhas as palavras finais do Dr. Elimar Máximo Damasceno (PRONA-SP) em seu belo discurso em homenagem à memória do assinalado acadêmico e político cearense Gustavo Barroso, proferido na Câmara Federal durante a sessão de 18 de junho de 2003, esperando que “minha modesta iniciativa contribua para tornar mais conhecida a participação desse cidadão invulgar na constituição do patrimônio simbólico nacional” e dando, como o insigne parlamentar do partido de Dr. Enéas Carneiro, meus parabéns ao povo do Ceará!
E, para encerrar esta pequena homenagem a Barroso, reproduzo um trecho do belíssimo capítulo VI da obra “Brasil, Colônia de Banqueiros”, onde o Imortal se refere à ocasião em que, no Zoológico da então Capital Federal, comovera-se ao ver um condor andino preso em uma gaiola por demais apertada e reconhecera naquele condor prisioneiro a imagem do nosso espoliado
“BRASIL,
“Brasil, Brasil, meu querido Brasil, não te concentres mais, como o condor prisioneiro, na tua grande dor! A tua concentração e o teu desprezo eles chamam de preguiça, de inércia, de jecatatuísmo. Estás sendo caluniado. Vamos, acorda do marasmo de teu desespero, distende as asas possantes e soberbas, amola o bico anavalhante, desembainha as lâminas das garras formidáveis! Eia! Prepara-te para o combate aos urubus traiçoeiros e nefandos!
“Escuta! Não ouves, no fundo dos séculos, esse retumbo soturno de passos que marcam a imensidão das tuas terras virgens povoadas de onças, papagaios e índios nus, todos empenachados de palmeiras verdes? São as botas dos bandeirantes, cujo ritmo embalou o teu berço de taquara. Não ouves agora outro tropel mais próximo, um tropel que os teus ouvidos nunca ouviram? São os passos de novos bandeirantes, são os homens vestidos de verde, vestidos da cor da esperança, que vêm quebrar as grades de ferro e as grades de ouro desta prisão!
“Então, ó grande e infeliz Condor Brasileiro, com um grito triunfal que espantará todos os urubus em todas as carniças do planeta, tu desfraldarás o pálio magnífico das grandes asas que Deus te deu para os grandes vôos e subirás para as alturas azuis do espaço. E a vasta sombra das tuas asas passeará vitoriosa sobre o mapa das nações!”