Sunday, December 10, 2006

Oitenta anos de "O estrangeiro"

Por Victor Emanuel Vilela Barbuy

Está passando em brancas nuvens o octogésimo aniversário da obra “O estrangeiro”, que abriu a trilogia de “Crônicas da vida brasileira”, configurou-se como um marco de renovação do romance neste País e fez de seu invulgar autor, Plínio Salgado, um romancista renomado e consagrado pela crítica.
No magnífico artigo que o Prof. Miguel Reale, de saudosa memória, publicou no jornal “O Estado de São Paulo” a 25 de fevereiro de 1995, ano em que era celebrado o centenário de Plínio Salgado, observou o grande filósofo, jurista e Imortal que “o silêncio da imprensa e de todos o meios de comunicação a respeito do centenário do nascimento de Plínio Salgado demonstra quanto pode a força do preconceito e notadamente do preconceito ideológico, capaz de obscurecer o real valor de nossos homens mais representativos. Porque Plínio Salgado, visto geralmente apenas sob o prisma da falsa ‘vulgata’integralista' disseminada por esquerdistas de todos os naipes, reuniu, como bem poucas personalidades, o que há de mais característico, positiva e negativamente, na cultura brasileira.”
O autor de “O Estado Moderno” e de “Pluralismo e liberdade”, fundador do Instituto Brasileiro de Filosofia e da “Revista brasileira de Filosofia”, criador da Teoria Tridimensional do Direito e idealizador do novo Código Civil brasileiro terminou o artigo observando que não alimentava a esperança de que seu pronunciamento pudesse fazer “justiça ao grande paulista e brasileiro que foi Plínio Salgado, pois só o tempo o fará; mas ele por certo pensava, como Siqueira Campos, que tanto admirava, que da Pátria nada se espera, nem mesmo compreensão.”
Tudo aquilo que disse o Prof. Reale lamentavelmente continua válido, explicando o criminoso silêncio da mídia em relação aos oitenta anos do nosso primeiro romance social em prosa modernista.
Em nosso País, cuja “intelligentsia” tende a perdoar todos os inumeráveis crimes da “esquerda”, ao mesmo tempo em que persegue inquisitorialmente todos aqueles que se batem contra o materialismo, difamando-os, caluniando-os e achincalhando-os, pouquíssimas são as pessoas sinceras que, quebrando as cadeias do preconceito ideológico, analisam Plínio Salgado e sua obra por aquilo que verdadeiramente são e não pela imagem deturpada que seus inimigos e os inconscientes e ignorantes a seu serviço criaram deles, fazendo-lhes, assim, justiça.
Parece-me, entretanto, que as coisas estão principiando a mudar, ainda que lentamente, de modo que creio na restauração da Verdade, na justíssima reabilitação do autor de “O estrangeiro”, “O esperado”, “O cavaleiro de Itararé”, “A voz do Oeste” e “Vida de Jesus”, cujo valor literário concede-lhe, como bem sublinhou ninguém menos que Juscelino Kubitschek, “a autêntica palma da imortalidade”.
A idéia de escrever “O estrangeiro”, que tivera sua gênese nas leituras de autores espiritualistas e tradicionalistas que haviam despertado em Plínio Salgado novas inquietações aparentemente adormecidas sob a leitura dos filósofos materialistas do séc. XIX, só tornou-se definitiva – como relatou o romancista em entrevista a Silveira Peixoto publicada em 1940 na primeira série da obra “Falam os escritores” – no decorrer de uma viagem que fez à zona Araraquarense, por volta de 1923, em companhia de Alarico Silveira, então Secretário do Interior de São Paulo.
O sucesso de “O estrangeiro” foi algo realmente extraordinário. A primeira edição esgotou-se em menos de três semanas e o burburinho que se fez em torno do romance, na imprensa nacional, foi espantoso e mostrou ao autor que ele havia acertado. Mas ele ignoraria tudo o quanto então se publicava a respeito dele e de sua revolucionária obra, se não fosse por seu amigo Fernando Callage, que colecionava todos os artigos, posto que naquela ocasião, na pequenina, bucólica e tradicional São Bento o Sapucaí, falecia a mãe de Plínio Salgado, que, estando já à beira da morte, tomou o livro do filho nas mãos, projetando lê-lo mais tarde, quando estivesse melhor, o que infelizmente não ocorreu...
Plínio Salgado é – em “O estrangeiro” e nos dois romances que lhe seguem e formam com ele a trilogia de “Crônicas da vida brasileira” – o genial cronista, intérprete de uma época de dúvidas e de incertezas que, imbuído dos ideais dos mais sadios patriotismo e nacionalismo e livre de todas as questões da forma e do estilo, revela-se um espectador e conhecedor de todas as correntes ideológicas e de todos os dramas das diferentes classes sociais. É, ademais, dotado de uma formidável capacidade de compreender e amar todos os antagonismos, bem como de alma para efetivamente sentir, sofrer e expressar, sem temor ao uso da palavra, todos os complexos estados de espírito nacionais.
Sua obra, na qual podemos sentir o cheiro de nossa terra, é ao mesmo tempo uma magistral exposição dos problemas que afligiam – e afligem – o Brasil e o seu povo, e uma profissão de fé do autor no futuro da Pátria.
Plínio Salgado, figura exponencial do Modernismo brasileiro, foi, como disse Augusta Garcia Rocha Dorea, o escritor que realizou totalmente o “espírito animador” da Semana de Arte Moderna, uma vez que pugnou pela nacionalização integral do Brasil “na literatura, no espírito e nos costumes do povo, na cultura e na política.”
O livro de Plínio Salgado é, antes de tudo, uma crônica das vidas paulista e brasileira entre princípios da década de 1910 e a época em que foi concluído, com a fixação de aspectos da vida rural, da vida provinciana e da vida na grande urbe (São Paulo).
O ciclo ascendente do colono é simbolizado pelos Mondolfis, italianos que chegam da Península sem mais do que algumas trouxas de roupa e em poucos anos, com o suor de seus rostos e uma certa dose de sorte – a geada que poupa os cafezais de Carmine Mondolfi, o patriarca da família, ao passo que devasta todos os outros da região – tornam-se milionários, com cafezais, indústrias, ações majoritárias de uma estrada de ferro, palacete na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, automóveis de luxo e título de “Cavaliere Ufficiale” para Carmine Mondolfi.
O ciclo descendente das tradicionais famílias quatrocentonas, por sua vez, é representado pelos Pantojos, que, grandes fazendeiros no interior, mudam-se para a Capital Paulista, onde vão residir num palacete no aristocrático bairro de Higienópolis, e, após vender a fazenda aos Mondolfis, acabam rapidamente dissipando toda a fortuna nos luxos e vícios da cosmopolita metrópole do café.
Zé Candinho, caboclo rijo e labutador, simboliza os novos bandeirantes, os brasileiros autênticos que, “fortes como fundadores de países”, marcham pelas veredas rumo ao Oeste, ao Sertão, como haviam feito seus antepassados.
Nhô Indalécio representa, ao contrário, os caboclos que não têm forças para lutar, para progredir, e de “olhos morteiros, toadas monótonas nos lábios”, sofrem pelas mãos dos poderosos, nacionais e estrangeiros, diante da completa omissão do Governo.
Juvêncio, o mestre-escola, é o patriota e nacionalista que leva a seus alunos – sejam eles filhos de italianos, espanhóis, portugueses, japoneses, sírios ou caboclinhos e mulatinhos – uma admirável mensagem de civismo, enquanto combate o cosmopolitismo com todas as suas forças. É ele quem estrangula os papagaios que haviam aprendido a cantar o hino fascista “Giovinezza” e outras italianidades e que tentara debalde curar no Sertão, num episódio em que Plínio Salgado manifesta claramente o seu entendimento de que as doutrinas alienígenas jamais seriam a solução para os problemas do Brasil.
Ivan, o russo que fora amigo de Górki e conspirara para matar o czar nos bairros escusos de Moscou, constitui o personagem central do livro. É, como diz o autor no prefácio onde é esquematizada sua obra, a “síntese de todos os personagens, consciência de todos os males”. Tendo enriquecido, tornando-se proprietário de uma fábrica no Brás, o russo, por outro lado, não conseguiu integrar-se ao Brasil – ao contrário dos Mondolfis e em que pese o esforço de Juvêncio – e não foi feliz no amor, de modo que termina por dar cabo da própria vida num ato trágico em que também são mortos todos os seus empregados.
Major Feliciano figura o charlatanismo da política dominante, constituindo o típico político profissional que age sempre em prol do interesse próprio e em detrimento do bem comum.
Eugênio Fortes, o poeta, representa o alheamento dos intelectuais em face da realidade e dos problemas de que padece nossa Sociedade.
O sempre rigoroso Agripino Grieco considerou “O estrangeiro” o melhor romance daquele ano de 1926 e afirmou que, “obra de desafogo mental, útil depoimento de um homem livre, ‘O estrangeiro’ é um livro fervilhante, pululante de idéias, é a obra de um literato que se completa no pensador, no historiador, no sociólogo. Obra panorâmica que faz ver o Brasil de hoje como uma carta em relevo."
Tristão de Athayde (Alceu Amoroso Lima) também saudou “O estrangeiro” com entusiasmo, julgando-o “o romance mais dramático de nosso tempo.”
Jackson de Figueiredo analisou, em seu artigo intitulado “O Saci, o Avanhandava e o imperialismo pacífico”, aquela primeira obra romanesca de Plínio Salgado, terminando por observar que “’O estrangeiro’ é mesmo nos seus mais aflitivos e cruéis avisos, um livro de esperança e de fé.”
Monteiro Lobato escreveu, a respeito daquele romance ao mesmo tempo paulista e brasileiro, o texto “Forças novas”, em que, havendo reconhecido que “Plínio Salgado consegue o milagre de abarcar todo o fenômeno paulista, o mais complexo do Brasil, talvez um dos mais complexos do mundo, metendo-o num quadro panorâmico de pintor impressionista e observado que “todo o livro é uma inaudita riqueza de novidades bárbaras, sem metro, sem verniz, sem lixa acadêmica – só força, a força pura, ainda não enfiada em fios de cobre, das grandes cataratas brutas”, termina dizendo que “Plínio Salgado é uma força nova com a qual o país tem que contar.”
Cassiano Ricardo, por seu turno, afirmou que Plínio Salgado é “um brasileiro que conseguiu ‘viver’ o Brasil, penetrar os recantos úmidos da terra, fixar-lhe os aspectos mentais, ouvir o tropel da nação vindoura, adivinhá-la nas intenções mais obscuras de mundo virgem, plasmar o tumulto da cidade babélica" e é ainda "um Alencar corrigido por um Machado.”
Mário de Andrade também não poupou elogios a “O estrangeiro”, que saudou como o maior romance de sua geração.
Muitos anos mais tarde, Wilson Martins classificou “O estrangeiro” como o melhor romance escrito na década de 1920, ao lado de “O esperado”, também de Plínio Salgado.
Antônio Cândido já assumiu que gostava bastante dos romances de Plínio Salgado, de modo que estou certo de que ele só ainda não escreveu a respeito deles por temer a ira daqueles que ainda não se libertaram dos grilhões do preconceito ideológico.
Defenderam alguns, inclusive Miguel Reale, que “O estrangeiro” deveria ser tão lembrado quanto “A bagaceira”, romance de José Américo de Almeida, mas discordo deles, já que “A bagaceira”, como bem observaram Brito Broca, Augusta Garcia Rocha Dorea e outros, bastante fica a dever a seu modelo, que não foi outro senão “O estrangeiro” de Plínio Salgado.
Encerro aqui este singelo trabalho, na certeza de que cheguei ao menos perto de fazer justiça a um dos maiores e menos lembrados livros de nossa Literatura, bem como a um dos mais invulgares e esquecidos escritores pátrios, contribuindo, ainda que infimamente, para resgatar o prestígio de “O estrangeiro” e de seu autor, Plínio Salgado, “esse injustiçado”, como bem disse Pedro Paulo Filho, tendo derrubado algumas pedras do gigantesco e ignóbil muro do preconceito ideológico ainda tão forte em nosso País.

Wednesday, October 25, 2006

Carta à Folha de São Paulo

Em resposta ao artigo Guerra suja, de Boris Fausto

Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]

São lamentáveis as considerações de Boris Fausto a respeito da suposta participação dos integralistas no famigerado “Plano Cohen”, plano que foi, no dizer de Hélio Silva, "uma das mais monstruosas farsas da História".
Como bem observa Rubem Nogueira, em sua monumental obra "O homem e o muro", que o Sr. Boris Fausto não deve ter lido e deveria ler, "a má-fé de muitos e o desconhecimento da maioria sobre esse funesto acontecimento respondem pela injusta vinculação dele ao Integralismo, na pessoa de um dos seus antigos militantes, o capitão Olímpio Mourão Filho, quando, ao contrário, foi um embuste, nada mais, arquitetado e posto em prática pelo general Pedro Aurélio de Góis Monteiro" (pág. 177). A exposição de Rubem Nogueira, no capítulo IX de sua obra, é de longe a melhor de todas quantas tenho lido a respeito desse turvo episódio de nossa História, sendo indicada por ninguém menos que o Prof. Goffredo Telles Junior em seu livro de memórias, "A folha dobrada".
A autoria do “Plano Cohen” é um fato que ficou comprovado perante o Conselho de Justificação do Exército, requerido a 26/11/1956 ao Ministro da Guerra, General Henrique Batista Dufles Teixeira Lott, por Olímpio Mourão Filho, então já coronel.
Pelo voto concordante de seus três juizes, um general e dois coronéis, o dito Conselho de Justificação considerou plenamente justificado o Coronel Olímpio Mourão Filho, absolvendo-o e arquivando o processo, como relatam, além de Rubem Nogueira, Glauco Carneiro, em "História das revoluções brasileiras", Hélio Silva, em "A ameaça vermelha – o Plano Cohen" e "1937 – todos os golpes se parecem", e o próprio Mourão Filho em "Memórias – a verdade de um revolucionário".
Entre os dias 20 e 22 de agosto daquele conturbado ano de 1937, Plínio Salgado incumbiu Mourão Filho de elaborar um estudo acerca de métodos revolucionários marxistas.
Mourão Filho fez em duas vias o estudo que lhe fora pedido por Plínio Salgado, cujo texto se encontra transcrito no livro de Hélio Silva, "A ameaça vermelha – o Plano Cohen".
No trabalho teórico de Mourão Filho não há, cumpre sublinhar, nenhuma referência ao Komintern ou ao Partido Comunista, quer do Brasil quer da URSS, o que desmascara de plano o General Góis Monteiro, como bem observa Rubem Nogueira no citado livro.
Plínio Salgado não gostou do estudo de Mourão Filho, rejeitando-o por conter trechos muito fantasiosos e estranhando ainda o nome “Cohen”. Mourão então explicou a ele que, por brincadeira, pusera no documento a assinatura de Bela Khun, o tristemente famoso tirano comunista de Budapeste, e lembrando, em seguida, que Gustavo Barroso costumava insistir que Khun era corruptela de Cohen, riscara o “Khun” e o substituíra por “Cohen”. O risco, entretanto, atingira também o “Bela”, de modo que o datilógrafo que passara o estudo a limpo conservara apenas o “Cohen”.
Poucos dias mais tarde, porém, o General Álvaro Mariante, vizinho de quarteirão, padrinho de casamento e ex-comandante de Mourão Filho, tendo visto seu rascunho, sugeriu que ele levasse uma cópia deste a Góis Monteiro, mas o futuro comandante do alçamento de 31 de Março de 1964 não anuiu, posto que aquele assunto era de interesse exclusivo da AIB (Ação Integralista Brasileira). Ao despedir-se de Mourão, todavia, Mariante pediu a ele para ficar com aquele estudo para lê-lo uma vez mais, ao que Mourão assentiu, pedindo ao general, contudo, que não deixasse mais ninguém ver aquilo.
Um ou dois dias depois, Mourão, desconfiado de Mariante, pediu-lhe a devolução da cópia emprestada, que, em sua casa, queimou folha por folha. Mas Mourão Filho, no seu íntimo, tinha a certeza de que, naquele intervalo, seu padrinho de casamento, deslealmente, passara a cópia de seu trabalho ao General Góis Monteiro, seu vizinho de apartamento, que mandara reproduzi-la. Foi o que realmente ocorrera. E Góis Monteiro, havendo introduzindo no estudo de Mourão Filho tudo o que achava necessário para torná-lo "um tenebroso plano de ação do Partido Comunista Russo", apresentou-o ao Chefe da Casa Militar da Presidência da República como apreendido pelo Estado-Maior do Exército.
Quanto à caracterização do Integralismo como versão tropical do fascismo, ela já é tão banal que sequer merece resposta. Mas é preciso lembrar sempre que o Integralismo, que, como já escrevia Plínio Salgado em "A quarta humanidade", estava muito mais próximo do movimento cristão e democrático de Don Sturzo do que do fascismo de Mussolini, tinha muitas diferenças em relação a este, condenando, por exemplo, a ditadura, o cesarismo e o Estado Totalitário, aos quais opunha a Democracia Integral e o Estado Integral, ao mesmo tempo antiindividualista e antitotalitário.

Friday, October 20, 2006

A Revolução Necessária

Por Victor Emanuel


Todos sabemos que o Brasil enfrenta a mais grave crise de sua História. Nós, que durante anos fomos a oitava economia do Planeta e o país que mais crescia no Mundo Ocidental, somos hoje a décima quinta economia e temos uma taxa de crescimento irrisória se comparada à das demais nações em desenvolvimento e mesmo à de algumas nações desenvolvidas. O partido que sempre se pavoneou em arauto da Ética e em defensor dos menos favorecidos foi o responsável pelos mais terríveis escândalos de corrupção de nossa História e, mantendo os juros na estratosfera, beneficiou como nenhum outro os grandes banqueiros, em detrimento do Setor Produtivo, enquanto, por meio de programas assistencialistas como o Bolsa-Família, não fez mais do que comprar votos e manter os pobres em seu estado de pobreza, em vez de lhes oferecer as condições necessárias para efetivamente mudar de vida.
A inversão dos valores, surgida com o advento do capitalismo, sistema em que as pessoas não valem mais pelo que são, mas sim por aquilo que possuem, vem sendo promovida, com intensidade crescente, pela Mídia deletéria a serviço de interesses inconfessáveis, atingindo os níveis mais alarmantes. Os direitos humanos, em tese de todos os cidadãos, são na prática muitas vezes apenas dos ladrões e assassinos. O crime organizado, nutrido pela miséria, pelo desemprego, pela decadência dos valores espirituais, cívicos e morais e pela insuficiência do sistema educacional, desfruta de um tremendo poder diante de um Estado impotente e pratica os mais bárbaros atos de terrorismo contra alvos militares e civis. A moral e o civismo, tidos como “caretas”, “quadrados”, não são mais ensinados às nossas crianças e nem aos nossos jovens. Os heróis, os vultos da Pátria são olvidados e mesmo caluniados, ao passo que seus inimigos e traidores são exaltados, cultuados como se fossem os verdadeiros heróis da nacionalidade.
As lamentáveis ações de grupos extremistas como o MST e o MLST mostram que o bolchevismo, doutrina e prática do ódio, da inveja, da violência, da luta de classes e da desagregação moral e social, está – dezessete anos após a queda do funesto Muro de Berlim e quinze desde o colapso do Império Soviético – ainda fortíssimo em nosso País, constituindo considerável ameaça às nossas instituições cristãs e democráticas. O comunismo, doutrina exótica, subversiva e unilateral que remonta aos tempos do lampião de gás e do motor a vapor e que se apóia nos mais baixos instintos do Ser Humano e nas mais ínfimas paixões da Humanidade, alimenta-se dos justíssimos anseios da multidão despossuída e famélica, que clama por Justiça Social e desconhece que o bolchevismo não é a ditadura do proletariado, mas sim a ditadura contra o proletariado, da mesma forma que não é a harmonia entre os homens de diferentes classes, mas sim o seu extermínio mútuo e que não é a realização dos preceitos do Evangelho, mas sim a subversão da Obra Divina e o fim da Religião.
Os excluídos da posse e propriedade da terra pelo sistema capitalista, cujas mazelas não é necessário expor aqui, têm seus clamores aproveitados por profissionais da invasão, motivados por interesses estritamente pessoais e por ideais antidemocráticos e totalitários.
Nossa mocidade já não tem o hábito da leitura. Os poucos jovens que lêem, costumam preferir os “best-sellers” estrangeiros aos grandes nomes de nossa Literatura e de nosso pensamento.
Nossos professores não se preocupam em formar as crianças e os jovens, mas apenas em informá-los, quando não em desinformá-los ou mesmo deformá-los. E, para piorar, alunos passam de ano sem saber sequer ler e escrever ou realizar as quatro operações matemáticas. Nossa Educação se encontra, com efeito, numa distância monstruosa abaixo da Educação Integral que formará o Homem Integral, que não é o homem cívico da liberal-democracia, nem o homem econômico do marxismo e nem tampouco o super-homem egocêntrico de Nietzsche, mas o homem físico, o homem intelectual, o homem cívico e o homem espiritual, ou simplesmente o Homem.
Perderam-se os valores da Autoridade e da Hierarquia, sem os quais a Liberdade não pode existir. A liberdade que temos escraviza o fraco em detrimento do forte, não constituindo mais do que o direito das minorias plutocráticas explorarem o povo e abrindo caminho para a tirania e o totalitarismo.
A democracia liberal está longe de ser democrática na precisão integral do termo e, da mesma forma que o capitalismo, carrega o germe de sua própria destruição.
As Constituições burguesas, falaciosas e demagógicas da liberal-democracia, do liberalismo e do neoliberalismo – que não refletem de forma alguma as realidades de seus países, não tendo absolutamente o cheiro das terras em que foram criadas ou do sangue, do suor e das lágrimas de seus trabalhadores – ainda não tomaram conhecimento da pluralidade natural das fontes do Direito, não sabendo que os grupos sociais de que a Sociedade é constituída são fontes inexauríveis de normas, como bem observa o Professor Goffredo Telles Junior em “O Povo e o Poder”.
Vemos os vícios de nossa sociedade aumentarem não a cada dia, mas a cada hora, juntamente com a prática do mal, o destemor a Deus, o desamor à Pátria, o desapego à Família e o desrespeito à Tradição.
Vemos ainda que a Civilização Ocidental, por muitos ainda chamada de Civilização Cristã, embora infelizmente não mais o seja há já bastante tempo, corre sério perigo de desintegrar-se. E se corre tal perigo é porque é essencialmente técnica e se baseia no individualismo, que exclui toda a consideração do Homem Integral e contém o germe do coletivismo.
Nossa maior crise, porém, é a do pensamento, como já apontava Plínio Salgado em maio de 1933, ao escrever o prefácio daquela que é considerada, com razão, sua maior obra político-filosófica – “Psicologia da Revolução”. É neste mesmo preâmbulo que o fundador do Integralismo brasileiro e autor da “Vida de Jesus”, “jóia de uma literatura”, no dizer de Padre Leonel Franca, e das “Crônicas da Vida Brasileira”, formidável trilogia de romances sociais modernos composta por “O Estrangeiro”, “O Esperado” e “O Cavaleiro de Itararé”, ensina que sem que a crise do pensamento seja resolvida não se poderá solucionar o problema da Nação.
Para redimir o Brasil é necessário fazer-se uma profunda Revolução. Essa Revolução não se fará com armas convencionais, mas sim com livros e muita reflexão. Iniciar-se-á dentro de cada um, como Revolução Interior, Revolução das Mentalidades, Revolução dos Espíritos, e terminará com a Revolução Integral das instituições representativas do Estado brasileiro, com a implantação da Democracia e do Estado integrais.
A Democracia Integral, que podemos chamar também de Democracia Cristã, Democracia Efetiva, Democracia Autêntica ou Democracia Legítima e que opomos à democracia burguesa e às ditaduras de todos os matizes, constitui a única Democracia exeqüível e, tendo sua base sobretudo em Deus e nos ensinamentos perenes do Evangelho, vivifica a Liberdade do Homem e a Autoridade do Estado, Autoridade em que se origina e é demarcada essa Liberdade.
Já o Estado Integral, ou Estado Moderno, ou ainda Estado Ético, nada mais é que o Estado autêntico, a um mesmo tempo antiindiviualista e antitotalitário, que, não constituindo nem princípio e nem fim, subordina-se à ordem natural das coisas, proclamando, acima de tudo, a Intangibilidade do Ente Humano e dos Grupos Naturais, e fazendo prevalecer o espiritual sobre o moral, o moral sobre o social, o social sobre o nacional e o nacional sobre o individual. Como sublinhou Miguel Reale em sua obra “O Estado Moderno”, de 1934, só os ignorantes ou os mal-intencionados podem confundir tal concepção de Estado com a concepção totalitária de Hegel.
Em nossa longa e árdua caminhada até o Dia do Triunfo; até o advento da Democracia e do Estado integrais; até a total libertação da nossa Pátria e do nosso povo daqueles que os oprimem; até a restauração do Primado do Espírito, da Inteligência, da Ética e da Verdade, sofreremos as mais absurdas calúnias, injúrias e difamações. Defensores da Justiça Social e dos humildes, seremos chamados de inimigos do povo e de reacionários a serviço da alta burguesia. Adversários do imperialismo e arautos da grandeza da Pátria e de sua integridade territorial, apontar-nos-ão como agentes de potências estrangeiras. Inimigos figadais de todo e qualquer preconceito étnico, caluniar-nos-ão como adeptos das teorias racistas que sempre combatemos. Democratas no exato sentido do termo, avessos ao estatismo absorvente e ao cesarismo e sustentadores da Liberdade e da Intangibilidade do Homem, injuriar-nos-ão como profetas do totalitarismo e carrascos das liberdades. Adeptos do único movimento político-social autenticamente brasileiro, apontar-nos-ão como seguidores de doutrinas alienígenas.
Seremos, como temos sido até hoje, julgados e condenados não por aquilo que efetivamente somos, mas sim pela imagem deturpada que nossos adversários criaram de nós. Nossos adversários, que dispõem dos mais poderosos meios de propaganda, continuarão nos apresentando como partidários de tudo aquilo que condenamos e combatemos.
Coisa parecida só sofreram os primeiros cristãos, tidos por devoradores de crianças, envenenadores de fontes e incendiários de Roma, e talvez a Espanha, nação em torno da qual criou-se a famosa “leyenda negra”.
Todos esses desleais ataques, entretanto, tornar-nos-ão cada vez mais fortes e confiantes.
Não podia, aliás, ser de outra forma. É evidente que todo aquele que, revestido da armadura de Deus, se levanta em nome da Fé e do Espírito, por Cristo batalhando e conduzindo adiante, com tenacidade inquebrantável, a bandeira da Solidariedade Humana e da Justiça Social, recebe em troca o peso do ódio e das calúnias dos maus e da incompreensão dos inocentes a serviço destes.
Podemos parecer poucos, não mais do que alguns milhares, mas a verdade é que encarnamos a Pátria neste grave momento, constituindo a verdadeira maioria, aquela maioria que não se traduz por números, mas sim pelos valores morais, cívicos e éticos, bem como pela fé que deposita nos destinos da Nação, de que constitui a derradeira esperança.
Somos os únicos representantes autênticos da Terceira Posição, da Terceira Via, que não pode ser confundida em hipótese alguma com a “terza via” fascista de Mussolini e nem tampouco com a “terceira via” neoliberal de Blair, de Clinton e de “nosso” FHC.
À luz de uma concepção integral do Homem e do Universo, consideramos anacrônicos, ultrapassados os conceitos de “direita” e “esquerda”, surgidos durante a Revolução Francesa de 1789 e válidos apenas num tempo marcado pelas visões unilaterais, fragmentárias do Homem e do Universo.
Temos diante de nós uma tremenda tarefa que é a de despertar o Brasil de seu sonho, de sua letargia liberal, reconduzindo-o ao seu destino histórico, fazendo com que efetivamente retorne ao Espiritualismo Cristão a que deve em grande medida sua unidade, grandeza e força, retomando o culto da terra e dos antepassados, que tem sido olvidado e mesmo condenado pelas forças deletérias do materialismo.
Deus dirige o destino dos povos. Estejamos certos de que Ele reserva ao povo brasileiro um luminoso porvir. O Brasil vai despertar. Nós já despertamos.

12/10/2006,

Friday, October 13, 2006

O Negro e o Integralismo


Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]


Na recente reportagem sobre o nazismo em nosso País, a revista “Aventuras na História”, da Editora Abril, afirma, dentre vários outros absurdos, que o Integralismo constitui um movimento racista, chegando ao cúmulo de dizer que os integralistas espancavam negros. Até que se prove o contrário, prefiro supor que tais afirmações sejam fruto não da má-fé do mencionado periódico, mas sim da absoluta ignorância que muitos brasileiros, infelizmente, ainda têm em relação ao Integralismo, por eles conhecido através de livros, filmes, minisséries e telenovelas que não fazem mais do que repetir velhas e carcomidas calúnias dos agentes do Komintern de Stálin e do DIP de Getúlio Vargas.
Ora, o Integralismo, como doutrina essencialmente cristã e brasileira, sempre foi radicalmente contrário a qualquer forma de racismo. Foi, aliás, o primeiro movimento, no Brasil, a aceitar em suas fileiras, inclusive em posições de liderança, negros, bem como mulheres – as famosas blusas-verdes - e índios.
No chamado Manifesto de Outubro, documento que funda oficialmente o Integralismo e que é lido por seu autor, Plínio Salgado, já então ex-deputado estadual por São Paulo, além de escritor e jornalista de renome, a 07 de Outubro de 1932 no Teatro Municipal de São Paulo, já se denunciava que “os brasileiros das cidades não conhecem os pensadores, os escritores, os poetas nacionais. Envergonham-se também do caboclo e do negro de nossa terra. Adquiriram hábitos cosmopolitas. Não conhecem todas as dificuldades e todos os heroísmos, todos os sofrimentos e todas as aspirações, o sonho, a energia, a coragem do povo brasileiro. Vivem a cobri-lo de baldões e de ironias, a amesquinhar as raças de que proviemos. Vivem a engrandecer tudo o que é de fora, desprezando todas as iniciativas nacionais. Tendo-nos dado um regime político inadequado, preferem, diante dos desastres da Pátria, acusar o brasileiro de incapaz, em vez de confessar que o regime é que era incapaz.”
O insuspeitíssimo sociólogo Gilberto Freyre, em sua obra “Uma cultura ameaçada – a luso-brasileira”, de 1942 (citado por Jayme Ferreira da Silva em “A Verdade Sobre o Integralismo”), refere-se ao geógrafo nacional-socialista Reinhard Maack, que, na revista de professores da Universidade de Harvard, nos EUA, já havia expedido suas idéias profundamente racistas: “O geógrafo Maack atribui essas idéias universalistas, absurdas, ao próprio movimento integralista, recordando, com indignação, que um dos chefes teuto-brasileiros do extinto partido teria exclamado, em discurso em Blumenau: ‘Na época de completa fraternização de toda a família brasileira num Estado integral, não haverá mais diferenças de raça e de cor’. Para nós, um dos pontos simpáticos e essencialmente brasileiros do programa daquele movimento. Para o geógrafo Maack: ‘heresia das heresias’. Os homens de raça e de cultura germânica, sob a orientação nazista, não se submeteriam nunca a semelhante confraternização de raças e de costumes, dentro das tradições portuguesas que se tornaram estruturais para o desenvolvimento brasileiro.”
Não custa lembrar, ademais, que Plínio Salgado, como bem observa Hélio Rocha em seu livro “Integralismo é Totalitarismo?”, de 1950, “foi o primeiro jornalista sul-americano que rompeu fogo contra o Nazismo” e também o primeiro intelectual e homem de ação do País a fazer uma denúncia de peso contra esse movimento racista, em sua “Carta de Natal e Fim de Ano”, de 1935, sendo em razão disto e de suas idéias profundamente cristãs, democráticas e, portanto, antiracistas e antitotalitárias, seus livros proibidos de circular na Alemanha de Hitler.
Dentre os integralistas negros – inúmeros, como podemos ver através de centenas de fotografias – incluem-se o líder negro, ex-senador, teatrólogo, ator, escritor, artista plástico e professor Abdias do Nascimento, o “Almirante Negro” João Cândido, o sociólogo Guerreiro Ramos, o ativista negro e escritor Sebastião Rodrigues Alves e o jornalista, escritor, advogado, professor e militante negro Ironides Rodrigues, que assinou durante anos uma excelente coluna sobre cinema no jornal integralista “A Marcha”.
João Cândido Felisberto, líder da chamada Revolta da Chibata e símbolo da luta não apenas do negro, mas de toda a classe trabalhadora deste País, aderiu ao Integralismo no ano de 1933, tornando-se amigo de Plínio Salgado e presidente do núcleo integralista da Gamboa, no Rio de Janeiro. Em 1968, no longo depoimento que concedeu ao Museu da Imagem e do Som, declarou a amizade para com o fundador da Ação Integralista Brasileira (AIB) e o orgulho de haver feito parte daquele formidável movimento cívico-político, onde, segundo ele, “era muito bem tratado, como chefe.”
No livro “Memórias do Exílio”, de autoria coletiva, Abdias do Nascimento declara que os temas que o “atraíram para as fileiras integralistas” foram “as lutas nacionalistas e anti-imperialistas” – fato que, como observa Rubem Nogueira em sua monumental obra “O Homem e o Muro”, só causa espanto àqueles que jamais leram sequer um dos inúmeros livros de orientação doutrinária de Plínio Salgado, Miguel Reale, Gustavo Barroso, Tasso da Silveira, Olbiano de Mello, Victor Pujol, Hélio Vianna, Olympio Mourão Filho, Custódio de Viveiros, Madeira de Freitas, Ovídio da Cunha, Jayme Ferreira da Silva, Osvaldo Gouvêa e outros, obras em que se condensa o pensamento do Integralismo, movimento que sempre professou a teoria do engrandecimento da nação brasileira, opondo-se, portanto, a todo tipo de imperialismo.
Abdias qualifica o tempo em que militou na AIB como “etapa importante de minha vida” e prossegue recordando que “no Integralismo foi onde pela primeira vez comecei a entender a realidade social, econômica e política do país e as implicações internacionais que o envolviam.”
Prossegue o idealizador e realizador do Teatro Experimental do Negro frisando que “a juventude integralista estudava muito e com seriedade. Encontrei e conheci pessoas de primeira qualidade como um San Thiago Dantas, Gerardo Mello Mourão ou Roland Corbisier; assim como um Rômulo de Almeida, Lauro Escorel, Jaime de Azevedo Rodrigues, o bravo embaixador brasileiro num país europeu que se demitiu da carreira após o golpe militar de 1964; ou ainda Dom Hélder Câmara, Ernani da Silva Bruno, Antônio Galloti, Mazzei Guimarães e muitos outros. Conheci bem de perto o chefe integralista Plínio Salgado, de quem em certa época fui amigo.”
Anos mais tarde, quando acontecia a II Guerra Mundial e Abdias do Nascimento e seu Comitê Democrático Afro-Brasileiro costumavam reunir-se na sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), os comunistas passaram a usar o passado integralista de Abdias como um “slogan de confrontação”, chegando a, certa feita, exigir de sua parte uma retratação pública.
Abdias, porém, como “homem honrado e de coragem moral”, no dizer de Rubem Nogueira, negou-se a renegar o passado integralista, pois “não tinha nada a declarar naquela espécie de autocrítica sob coação. Nada havia no meu passado para lamentar ou arrepender. Não me submeteria àquela chantagem.”
Na década de 1930, Abdias do Nascimento militara ao mesmo tempo na Ação Integralista Brasileira (AIB) e na Frente Negra Brasileira (FNB), organizações que - como observa Karin Sant’Anna Kössling em sua dissertação sobre “Os Movimentos Negros: Identidade Étnica e Identidade Política”, datada de 2004 e citada por Márcio José Carneiro em sua tese “Abdias do Nascimento – a trajetória de um negro revoltado” – partilhavam das mesmas concepções sobre o Brasil e o seu povo, obtiveram a atenção dos chamados afro-descendentes de São Paulo e tiveram uma relação bastante intensa, conforme demonstram as notícias veiculadas no periódico integralista “A Acção”, de maio de 1937, que divulgou os eventos em celebração à Abolição realizados pela FNB, que levou palestrantes integralistas às comemorações.
A principal preocupação apresentada pelos editoriais de “A Acção” era, como lembra Kössling, a crítica à lamentável situação social e política decorrente do capitalismo liberal, propondo uma Nova Abolição, “elaborando uma grande força de libertação nacional, de um novo e amplo 13 de maio para o povo brasileiro”; observava-se, com efeito, que o problema de exclusão social que o negro brasileiro vivenciava não configurava algo específico, mas sim mais um dos frutos nefandos do liberal-capitalismo.
A FNB teve como fundador e primeiro presidente o Dr. Arlindo Veiga dos Santos, que foi um dos mais expressivos líderes da Ação Imperial Patrianovista Brasileira, denominação que recebeu a partir de 1935 o movimento monárquico Pátria Nova, assim como amigo de Plínio Salgado, participando de sua Sociedade de Estudos Políticos (SEP), núcleo de grande relevo dedicado à meditação sobre a problemática política e social brasileira fundado oficialmente a 12 de março de 1932 no Salão de Armas do Clube Português, em São Paulo, e de que participaram, além do próprio Plínio Salgado e de Arlindo Veiga dos Santos, outros notáveis intelectuais como Mario Graciotti, Ataliba Nogueira, Fernando Callage, José de Almeida Camargo, Alpinolo Lopes Casale, Antonio de Toledo Piza, Cândido Motta Filho, Iracy Igayara, José Maria Machado, Rui de Arruda Camargo, Alfredo Buzaid, Carvalho Pinto, Sebastião Pagano, Mario Zaroni, Leães Sobrinho, João de Oliveira Filho, Eurico Guedes de Araújo, Manoel Pinto da Silva, Lauro Pedroso, Dutra da Silva, Rui Ferreira dos Santos, Goffredo e Ignacio da Silva Telles, Roland Corbisier, Ernani Silva Bruno, Azib Buzaide, James Alvim, Fausto Campos, Eduardo Rossi, Francisco Stela, Gabriel Vendomi de Barros, Pimenta de Castro, Lauro Escorel, Francisco de Almeida Prado, Almeida Salles, Waldir da Silva Prado, Plínio Corrêa de Oliveira e tantos outros não menos ilustres.
O ínclito poeta, livreiro e editor Augusto Frederico Schmidt, amigo pessoal e admirador de Plínio Salgado desde o ano de 1926, quando este publicara o revolucionário e aclamado romance “O Estrangeiro”, acolheu com entusiasmo a Sociedade de Estudos Políticos, logo articulando no Rio um grupo de jovens constituído por Antônio Gallotti, Américo Jacobina Lacombe, Thiers Martins Moreira, Lourival Fontes, Chermont de Miranda e outros, indo freqüentemente à então Capital Federal, para estimular o grupo, Plínio Salgado e San Tiago Dantas, que ora residia em São Paulo, trabalhando ao lado de Plínio no jornal “A Razão”, que revolucionou a imprensa da Capital Bandeirante e mesmo do Brasil e acabaria empastelado nos distúrbios de 23 de maio de 1932.
Voltemos, porém, à FNB. Mantinha ela um periódico informativo intitulado “A Voz da Raça”, que utilizava o cabeçalho “Deus, Pátria, Raça e Família”, em clara analogia ao lema integralista “Deus, Pátria e Família”. Conforme já disse, teve ela uma relação de amizade e colaboração muito intensas com o Integralismo, movimento com o qual tinha em comum, além do nacionalismo e da luta contra o racismo e pela integração do negro na sociedade, o espiritualismo e o combate sem tréguas ao comunismo e ao liberalismo, ambos materialistas e apátridas.
A FNB, fundada em São Paulo a 16 de setembro de 1931, tendo sua sede social central à Rua da Liberdade, reuniu milhares de filiados, estendendo-se a vários Estados brasileiros e tornando-se partido político em 1936, sendo extinta no ano seguinte, juntamente com a AIB e demais partidos e agremiações políticas, pelo Estado Novo de Getúlio Vargas.
Encerro aqui este modesto trabalho, esperando de todo coração que ele sirva para conscientizar mais pessoas de que o Integralismo jamais foi um movimento racista ou de inspiração nazista, como afirmam irresponsavelmente diversos livros de ESTÓRIA, inspirando interpretações do Movimento do Sigma tão absurdas quanto as das últimas minisséries e telenovelas da Rede Globo de Televisão. Estou certo de que ele, em que pese sua singeleza, será de grande importância no presente momento, momento em que o Integralismo, praticamente adormecido há decênios, ressurge com força total, reunindo novamente, à sombra da bandeira azul e branca, milhares de pessoas de todos os credos, todas as etnias e todas as classes sociais irmanadas no sonho de libertar o Brasil e seu povo, reconduzindo-os à sua vocação histórica e construindo a Democracia e o Estado integrais.

Sunday, August 20, 2006

O Falangismo e José Antonio Primo de Rivera

Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]

O Falangismo, movimento político patriótico, nacionalista e espiritualista que combate o separatismo, o capitalismo liberal, a partidocracia e o bolchevismo, surge na Espanha em 1933, com a fundação da Falange Española (FE) por José Antonio Primo de Rivera, insigne advogado de profunda consciência de justiça social, político e filho de Don Miguel Primo de Rivera, ditador de Espanha na década de 1920. Em oposição à II República Espanhola, que, implantada em 1931, só gerara a desordem, com o crescente avanço dos extremistas de “esquerda” e o recrudescimento da violência, do terror vermelho e da ameaça de desagregação do país, os falangistas pregam uma Pátria una, forte, grande e livre, propugnando o estabelecimento de uma nova ordem política, econômica e social dirigida por um Estado organicamente estruturado.
O distintivo da Falange – o jugo e as cinco flechas enfeixadas que compunham o símbolo dos Reis Católicos – foi proposto pelo célebre escritor Rafael Sánchez Mazas, que também cunhou o grito ritual de “¡Arriba España!”, compôs, em fevereiro de 1934, a famosíssima “Oración por los muertos de la Falange” e que, em dezembro de 1935, escreveu, juntamente com José Antonio Primo de Rivera, Agustín de Foxá, Pedro Mourlane Michelena, Jacinto Miquelarena, Dionisio Ridruejo e José María Alfaro, a letra de “Cara al Sol”, canção que converter-se-ia em hino da Falange. O lema dos falangistas, por seu turno, é “Patria, Justicia y Pán”.
No ano de 1934, as Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalistas (JONS) de Ramiro de Ledesma e Onésimo Redondo fundiram-se à Falange.
É bastante comum a afirmação de que a Falange Española constitui um movimento “fascista”. Ora, tal afirmação é, a meu ver, incorreta, na medida em que o Fascismo consiste num fenômeno político tipicamente italiano, não sendo possível, destarte, considerar todos os movimentos caracterizados sobretudo pelo nacionalismo e pelo espiritualismo como “fascistas”, como fizeram, aliás, pensadores do nível de um Gustavo Barroso e de um Miguel Reale, para citar somente alguns.
Em que pese, com efeito, a existência de determinados pontos de contato entre o Falangismo e outros movimentos políticos patrióticos e nacionalistas do tempo em que surgiu, como, por exemplo, o Fascismo de Mussolini, o sadio ideário político de José Antonio Primo de Rivera e da ampla maioria dos falangistas é fundado em motivação autenticamente espanhola, nele podendo notar-se, inclusive, alguma influência do pensamento filosófico de Ortega y Gasset, além, é claro, de uma profunda influência da Doutrina da Igreja. Ademais, José Antonio Primo de Rivera afirmou por várias vezes que o Fascismo não constituía uma solução válida para a Espanha.
Mais preocupada com a qualidade de seus adeptos do que com a quantidade, a Falange rapidamente reuniu, ainda assim, centenas de jovens preocupados em salvar a Espanha e reconduzi-la à sua vocação histórica.
Durante algum tempo, muitos consideraram a Falange como sendo uma ridícula minoria, enquanto outros a julgavam mesmo criminosa. Com o “Alzamiento”, todavia, tudo se esclareceu, como observa Paulo Fleming em seu livro “Franco”: “eles encarnavam a Pátria no instante que antecedeu à revolução; constituíam a verdadeira maioria que não se traduz por números, mas sim, pelo valor moral, pela fé depositada nos destinos da Pátria.”
Quando, a 18 de julho de 1936, teve início a Revolução Nacional, ou "Alzamiento", ou Cruzada Espanhola, os moços que se reuniam à sombra da bandeira do jugo e das flechas enfeixadas, secundados pelos Requetés, pelos monarquistas e tradicionalistas, foram não somente os voluntários de primeira hora, mas acima de tudo a força decisiva que, agindo no seio das multidões, contagiou o povo espanhol com a coragem, o entusiasmo, a confiança e a inabalável certeza do triunfo inexorável da Pátria de Cervantes sobre seus inimigos, da Civilização contra a barbárie bolchevista, de Cristo Rei sobre Marx, Lênin e Stálin.
Aparentemente dissolvida pelo despótico, tirânico e fraudulento governo de Madri, responsável pela prisão e assassínio de vários de seus membros, a Falange se colocou sob as ordens do Generalíssimo Francisco Franco, combateu os vermelhos com formidável tenacidade e, como já disse, incutiu no povo a certeza da vitória.
Por meio do decreto de unificação de 19 de abril de 1937, o Generalíssimo Francisco Franco, Caudilho de Espanha e da Cruzada, determinou que a Falange Española e a Comunión Tradicionalista dos carlistas constituíssem um único organismo, a Falange Española Tradicionalista y de las JONS, a que aderiram ainda membros da Renovación Española e da Acción Popular. Esta organização, também conhecida, a partir de 1945, como Movimiento Nacional, durou até a morte de Franco, em 1975.
José Antonio Primo de Rivera, preso pelo governo republicano em março de 1936, foi fuzilado pelos vermelhos no pátio da prisão de Alicante a 20 de novembro daquele ano, aos trinta e três de idade, junto a quatro jovens do povoado alicantino de Novelda, apesar das interposições de alguns líderes vermelhos como Manuel Azaña.
Três dias antes, fora o Chefe Nacional da Falange julgado por rebelião militar, assumindo ele próprio a sua defesa, a de seu irmão Miguel e de sua cunhada Margarita Larios.
Sua atuação fora brilhante, de modo que um jornal “esquerdista” alicantino escrevera no dia imediato que “Gesto, voz y palabra se funden en una obra maestra de la oratoria forense, que el público escucha con recogimiento, atención y evidentes signos de interés.”
Explicando ao tribunal que o julgava aquilo que realmente constituía a Falange, revivendo os familiares textos de sua doutrina, observara ele que muitíssimas faces inicialmente hostis se iluminavam, primeiro assombradas e depois com simpatia. Em seus olhos, como lembra o fundador e líder máximo da Falange, em seu magnífico Testamento, datado de 18 de novembro daquele conturbado ano de 1936, parecia estar escrita a seguinte frase: “¡Si hubiésemos sabido que era esto, no estaríamos aquí!” E prossegue José Antonio: “Y, ciertamente, ni hubiéramos estado allí, ni yo ante un Tribunal popular, ni otros matándose por los campos de España. No era ya, sin embargo, la hora de evitar esto, y yo me limité a retribuir la lealtad y la valentía de mis entrañables camaradas, ganando para ellos la atención respetuosa de sus enemigos.”
A despeito de toda a eloqüência de José Antonio, haviam sido os três acusados condenados à morte, sendo que, em razão do apelo do futuro mártir de Espanha e da Europa em favor do irmão e da cunhada, fora a pena destes últimos convertida em reclusão.
Em seu Testamento, deixou ele consubstanciado seu sincero desejo de que fosse o seu o derradeiro sangue espanhol vertido em discórdias civis e de que o povo espanhol, tão rico em qualidades profundas, encontrasse já na paz, a Pátria, o Pão e a Justiça.
Seu último desejo fora o de que limpassem o pátio do cárcere para que seu irmão não tivesse de caminhar sobre seu sangue.
Os restos mortais de José Antonio Primo de Rivera hoje jazem no Valle de los Caídos, monumento erigido por Francisco Franco em memória de todos os que tombaram na Cruzada.
Seu corpo, como observa Paulo Fleming, foi destruído pelos vermelhos, mas seu espírito segue vivo e viverá sempre integrado na História de sua Pátria. É o que diz Giorgio Almirante, o mais conhecido e admirado líder do Movimento Sociale Italiano (MSI) e da chamada “direita” da Itália do final da II Grande Guerra até fins da década de 1980, em sua obra “José Antonio Primo de Rivera”: “José António está vivo conosco e não morrerá conosco; ou seja, a maravilhosa procissão de jovens que durante 400 quilômetros, desde Alicante até ao Escorial, acompanhou os seus restos mortais venerando o seu espírito, continua e continuará: levando às costas - às costas da jovem Espanha, da eterna Espanha, da jovem Europa, da eterna Europa - não o seu corpo e a sua memória, mas sim a sua jovem mensagem, a eterna mensagem de José Antonio.”
O nome deste mártir da grande Espanha e da grande Europa transformou-se em uma bandeira de luta, contribuindo para apressar o inevitável triunfo das forças nacionais sobre as hordas da antipátria e da antinação, consumada a 1° de abril de 1939.
José Antonio Primo de Rivera é para a Espanha aquilo que António Sardinha é para Portugal e que Plínio Salgado é para o Brasil. Como o fundador do Integralismo Lusitano e autor de “Ao Princípio Era o Verbo”, de “A Aliança Peninsular” e de “Ao Ritmo da Ampulheta” e o criador do Integralismo Brasileiro e autor de “Psicologia da Revolução”, de “A Quarta Humanidade” e da “Vida de Jesus”, Primo de Rivera foi um grande doutrinador cristão e nacionalista, um genial condutor de gerações de jovens que vêm acreditando em um ideal sublime e que despertaram na marcha de sua nação rumo ao seu destino histórico, um apóstolo de patriotismo, um arauto de uma Pátria Nova redimida e prestigiada. Seu nome, como o de António Sardinha e o de Plínio Salgado, permanecerá vivo, qual um imenso facho, iluminando o futuro de sua Pátria, que, a partir de suas idéias, um dia renascerá.

Tuesday, June 27, 2006

Integralismo é Fascismo?

Por Victor Emanuel

Não, Integralismo não é Fascismo. Os Integralistas jamais julgaram que o modelo de Mussolini valesse algo para o caso do Brasil, cujo problema sempre foi muito mais complexo do que o da Itália.
Cuidamos que um dos grandes males de nosso Brasil e de nossa América tem sido a importação de sistemas estrangeiros que de nada nos servem. Como disse o proeminente escritor norte-americano de origem portuguesa John Dos Passos em seu artigo “The New Masses I’d Like”, de 1927, “desde Colombo que os sistemas importados têm sido uma maldição neste continente. Por que não desenvolver um modelo só nosso?”. Plínio Salgado pensava da mesma forma que o autor de “Manhattan Transfer” e da “Trilogia USA” quando um ano antes, nas imortais páginas de seu romance “O Estrangeiro”, criava, por meio da luta do personagem nacionalista Juvêncio contra os papagaios que não paravam de cantar o “Giovinezza”, aquilo que Gumercindo Rocha Dórea chama de “primeiro manifesto antifascista do Brasil”. E pensava do mesmo modo em 1931, quando escreveu o “Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo”, onde afirma que “não devemos transplantar para o Brasil, nem o fascismo nem outros sistemas exóticos”. Por fim, em 1946, na magnífica “Carta de Princípios do PRP” (Partido de Representação Popular), Plínio Salgado também sustenta que a subserviência a ideologias ou partidos estrangeiros é perigo de morte para nossa Pátria”.
E não é apenas por ser um sistema estrangeiro, um sistema alienígena que não consideramos o Fascismo válido para o Brasil. Abominamos por completo a Ditadura, o Cesarismo e o Estado Totalitário, defendendo a Democracia Integral, ou Cristã, e o Estado Ético, ou Integral; e temos consciência de que o Integralismo se aproxima muito mais da Doutrina Social da Igreja e do movimento cristão e democrático de D. Sturzo do que do Fascismo de Benito Mussolini.
No ano de 1927, em sua obra “Literatura e Política”, no capítulo intitulado “Pela Defesa Nacional”, Plínio Salgado já condenava o Fascismo, bem como seu irmão, o Bolchevismo: "Aparecem duas tisanas para as doenças da Europa: o comunismo e o fascismo. Ambos materialistas decretam a falência da democracia: - ou triunfa o imperialismo econômico baseado no 'nacionalismo', no 'fascismo', na 'ditadura militar'; ou vence o imperialismo político da Terceira Internacional.
"Será esse o dilema para os jovens povos da América? Que rumo devem seguir os países novos, como o Brasil? Se pretendemos empreender a defesa da democracia, em face das prementes realidades econômicas dos povos, devemos colocar o problema sob o ponto de vista retardatário do liberalismo, dos nossos partidos oposicionistas?" ("Obras Completas". Vol. décimo nono. São Paulo: Editora das Américas, 1956, págs. 64 e 65).
É verdade, entretanto, que o Integralismo tem alguns pontos em comum com o Fascismo, em especial no que respeita à sua posição em relação ao Comunismo e ao Capitalismo Liberal, à defesa da harmonia social em face da luta de classes e à idéia de que o Estado não pode permanecer passivo como no Liberalismo, devendo intervir na Economia e nas relações entre Capital e Trabalho visando satisfazer às demandas do bem comum. Mas, na realidade, todos esses princípios não surgiram com o Fascismo, mas sim com a “Rerum Novarum”, de Leão XIII, e a Doutrina Social da Igreja formada a partir da promulgação desta ainda hoje atualíssima Encíclica que foi tão profundamente estudada por Plínio Salgado.
Também é verdade que certos autores Integralistas – dentre os quais NÃO se encontra Plínio Salgado, que sempre deixou bem claro que seu pensamento derivava dos ensinamentos do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Doutrina Social da Igreja, bem como das obras de eminentes pensadores e poetas nacionais como Alberto Torres, Jackson de Figueiredo, Farias Brito, Euclides da Cunha, Oliveira Vianna, Tavares Bastos, Olavo Bilac, Gonçalves Dias e Castro Alves – definiram o Integralismo como sendo um movimento fascista como inúmeros outros que então existiam pelo Mundo e que contavam com a admiração de personalidades como Fernando Pessoa, José Antonio Primo de Rivera, Ezra Pound, T.S Eliot, Alceu Amoroso Lima e Octavio de Faria.
Faz-se mister sublinhar, todavia, que isto ocorreu num tempo anterior à subordinação da Itália de Mussolini à Alemanha Hitlerista e às ignominiosas leis que o “Duce”, pressionado pelos nazistas, acabou adotando contra o povo judeu, ao qual não tinha nenhuma aversão, e sobretudo anterior ao triunfo das famosas “técnicas de etiquetagem” das chamadas “esquerdas”, que conseguiram, aliás, transformar movimentos tão diversos como o Fascismo, o Nazismo e o Integralismo em sinônimos, sendo, com efeito, as grandes responsáveis pelas imagens completamente absurdas que se passam do Integralismo em livros, revistas, filmes e novelas e minisséries da Rede Globo de Televisão. Ao contrário, tudo isto ocorreu num tempo em que o Fascismo era visto com enorme admiração pela maior parte das pessoas em geral e sobretudo dos intelectuais, sendo encarado como uma “terza via” entre o Capitalismo Liberal e o Bolchevismo, uma reação espiritualista contra o Materialismo grosseiro, uma promessa de alvorada, de primavera após uma noite, um inverno materialista que já durava décadas.
Dentre esses autores Integralistas que consideravam o Movimento do Sigma como sendo um movimento fascista, destaca-se a saudosa e notável figura de Miguel Reale, em cujos escritos o termo “Fascismo” adquiria “uma conotação genérica, para abranger todas as formas de ‘economia dirigida’, ou, mais amplamente, de ‘economia planificada’. Foi só mais tarde que, de um lado, pela subordinação do Fascismo aos objetivos de Hitler, e, de outro, como conseqüência da já mencionada ‘técnica de etiquetagem’ esquerdista, a palavra Fascismo passou a ser sinônimo de Nazismo, a fim de ser mais cômodo combatê-lo” (Miguel Reale. “Memórias”. Vol. 1. “Destinos Cruzados”. São Paulo: Saraiva, 1986, pág. 93). É importante frisar ainda que Reale referia-se, outrossim, ao “New-Deal” de Roosevelt como um “fascismo à maneira ‘yankee’”, tal como o definira Alceu Amoroso Lima.

Thursday, June 22, 2006

Farias Brito e a Filosofia do Espírito


Por Fernando Rodrigues Batista

Um personagem de Chesterton, em "A Esfera e a Cruz", quebrava a bengaladas as vidraças de um jornal que ofendia a Mãe de Cristo, era uma forma de fazer frente a seus opositores e do cristianismo.
Nesta linha de raciocínio, no Brasil, Raimundo Farias Brito (1862-1917), notável filósofo cearense, hoje tão olvidado dos meios intelectuais, espancava seus antagonistas com o vigor de sua pena, sobretudo àqueles pertencentes ao que ele alcunhou de "filosofia do desespero", a saber, o fenomenismo de Hume; o criticismo de Kant; o positivismo de Augusto Comte.
A obra erigida pelo portentoso pensador pátrio contribuiria em nosso tempo, para pôr cobro à faina demolidora, esse insulamento trágico do existir – conforme expressão de Elias Tejada – que é a regra dos desbocados existencialismos modernos, seja o cristão de Soren Kierkegaard, ou o heideggeriano, ou mesmo o existencialismo ateu de Sartre.
Farias Brito entendia que, a filosofia, fornecendo uma interpretação da existência, dá-nos ao mesmo tempo a compreensão do nosso destino.
Novalis, de uma certa feita, ensinou que, só um artista pode adivinhar o sentido da vida. Nesse sentido, Carlos da Veiga Lima, em estudo referente à obra de Farias Brito, dizia em certa altura: "E haverá maior artista que o filósofo?... A filosofia é a arte suprema... arte para nosso filósofo, não é senão, energia criadora do ideal".
A realidade é uma afirmação do espírito, e só o espírito atrai o pensamento, dando-lhe força pragmática, modelando como IDÉIA FORÇA que coordena o obscuro mecanismo da nossa personalidade e da realidade à nossa consciência e eficácia a idéia (Carlos da Veiga Lima). Somente através da filosofia se pode alargar o horizonte humano da vida moral e chegar ao heroísmo da vida religiosa. Acerca do assunto, consoante a lição do insuspeito Willian James, filosofo do pragmatismo, "... é no heroísmo bem sentimos, que se acha escondido o mistério da vida... é abraçando a morte q se vive a vida mais alta, mais intensa, mais perfeita, profunda verdade de que o ascetismo foi sempre no mundo campeão fiel. A loucura da Cruz conserva uma significação profunda e viva". (W. James, in L´experience religiouse).
Farias Brito foi um inovador, um paladino do espírito, se colocou em combate num campo onde se encontravam adversários do estofo de um Tobias Barreto e de uma plêiade de intelectuais seguidores de Augusto Comte e Herbert Spencer, merecendo a justa homenagem do conspícuo professor Câmara Cascudo, que com a loquacidade que lhe era peculiar, definiu o homem e autor de "Finalidade do Mundo", como, "singular operário, obstinado e tranqüilo, batendo uma silenciosa bigorna, um aço que resistiria à ferrugem de todas as indiferenças, destinado a relampejar, ao calor do sol, como uma aura de esplendor e sucesso".
É notório verificar, não sem preocupação, que a juventude, pensante ou não, ainda sofre os influxos da putrefação filosófica, se deleitando nas leituras dos próceres do pensamento materialista, Hegel, Marx, Feuerbach, Heidegger, Kant... se tornando infensos a vigorosidade da "Filosofia do Espírito" do saudoso pensador cearense. Cabe proclamar com exaustão, que para Farias Brito, é o Espírito que elabora idéias, produz o pensamento, cria a ciência, interpreta o universo.
Entendemos que tudo quanto escreveu, foi para os olhos de nossa geração, que caminha como fardo sem endereço, em busca de um relâmpago interior que seja inoculado em suas almas, impulsionando-os às culminâncias mais elevadas, dando significado e dignidade ao seu destino.
Corroborando com tudo quanto dissemos, cabe ressaltar a indelével sentença de um ilustre pensador lusitano: "... os homens passam com o seu tropéu de ódios, com o seu cortejo de violências, mas que não passa jamais toda afirmação que é feita com amor e servida com sinceridade".

Liberal-Democracia


Por Plínio Salgado

Dissemos no capítulo anterior que o mundo é o que é, e não o que sonham os teorizadores. Nós, integralistas, pretendemos restabelecer o critério das realidades humanas. Assim, repito, em relação ao Homem, que ele deve ser tomado na verdade mais profunda da sua essência.


E não foi por outra coisa que tracei, antes de tudo, o quadro das finalidades humanas, antes de entrar no estudo político.

A liberal-democracia concebeu o "homem-cívico", a grande mentira biológica; o marxismo materialista concebeu o "homem-económico", mentira tanto filosófica como científica.

Nós, integralistas, tomamos o homem na sua realidade material, intelectual e moral e, por isso, repudiamos tanto a utopia liberalista como a utopia socialista. A liberal-democracia pretende criar o monstro, sem estômago. O socialismo marxista pretende criar o monstro que só possui o estômago e o sexo. Em contra-posição ao místico liberal e ao molusco marxista, nós afirmamos o homem-total.

* * *

Em torno da concepção marxista se criaram fórmulas ilusórias, por serem unilaterais, como sejam o "determinismo materialista", a "proletarização das massas", a "socialização dos meios de produção", a "ditadura do proletariado", "os direitos da colectividade".

Em torno da concepção liberal se criaram essas fórmulas sediças que se denominaram "a causa pública", "a voz das urnas", "a moralidade administrativa", o "civismo", as "massas eleitorais", "a luta dos partidos", "igualdade, liberdade, fraternidade".

Em torno da nossa concepção, nós, integralistas, lançamos as fórmulas definitivas de salvação nacional e humana, exprimindo realidades tangentes: "O Estado orgânico", a "organização corporativa da Nação", a "Economia dirigida", a "representação corporativa", o "homem integral", o "realismo político", a "harmonia das forças sociais", a "finalidade social", o "princípio de autoridade", o "primado da inteligência".

Condenando a liberal-democracia, que arrastou o mundo à crise pavorosa em que se encontra, queremos feril-a no seu próprio coração, que é o instituto do sufrágio.

O sufrágio universal, isto é, o direito de todos votarem no mesmo candidato, ainda que este não seja de sua classe, criou o absurdo de um Estado fora das competências económicas e morais.

Esse Estado é fraco.

Esse Estado está agonizando na Europa e na América.

Ele não pode por ordem no interior, nem pode realizar nada de prático na vida internacional, para resolver em conjunto com outros Estados, as questões mais simples, como as do desarmamento, das dívidas de guerra, ou do equilíbrio da produção e do consumo.

O Estado liberal, baseado no voto dos cidadãos, desconheceu a organização dos grupos financeiros e dos sindicatos de trabalhadores. Perdeu o controle da Nação. Tornou-se uma super-estrutura, para usarmos a terminologia marxista, um luxo da civilização burguesa e capitalista, uma superfluidade estranha aos imperativos orgânicos dos povos.

Á sua revelia, deflagraram-se as lutas entre o Capital e o Trabalho e até mesmo entre o Capital e o Capital. O aperfeiçoamento da técnica multiplicou as possibilidades da produção, alijando o homem das fabricas, e o Estado Liberal foi impotente para manter uma uniformidade de rítmo no trabalho, que possibilitasse a colocação dos produtos e evitasse tanta miséria que se originou de tanta fartura.

O mundo está em desordem porque o Estado Liberal é fraco, é anémico, é gelatinoso. É o Estado inerme, que assiste, de braços cruzados, á angústia das multidões esfaimadas e o desespero dos chefes de industria, dos agricultores, que não encontram capacidade aquisitiva suficiente, nas colectividades empobrecidas e nuas, para que possam comer e vestir. Estamos assistindo ao incêndio dos stocks: o trigo, nos Estados Unidos; o café, no Brasil; os carneiros, na Holanda e na Argentina, e há tanta criança que tirita de frio e tantas famílias sem um pedaço de pão!

* * *

Chegou o instante de devolvermos aos ideólogos democráticos o presente grego do voto.

Que façam bom proveito dele os que têm o estômago fornido, automóveis, mulheres, divertimentos, poder. Essa panaceia só tem servido para os demagogos exploradores das turbas e para os "gangsters" elegerem presidentes na América do Norte. Só tem servido para separar o Estado da vida económica e moral da Nação, permitindo que os sindicatos de capitalistas de um lado, e os sindicatos de trabalhadores do outro, combatam o combate cruel dos interesses meramente materiais, afrontando a inteligência humana, desrespeitando as mentalidades superiores, as únicas que devem impôr ordem e disciplina a ambos os contendores afim de que não desvirtuem os superiores destinos da criatura humana.

O Integralismo quer realizar uma democracia de fins e não uma democracia de meios. Quer salvar a liberdade humana da opressão do liberalismo. Quer salvar a dignidade do homem do torvo materialismo dos capitalistas e dos comunistas.

O Integralismo surge como a única força capaz de implantar ordem, disciplina. A única força capaz de amparar o homem, hoje completamente esquecido pelo Estado liberal-burguês, como aniquilado e humilhado pelo Estado marxista soviético.

Nas democracias, o homem está entregue a si mesmo.

Nos tempos de paz, os governos só se lembram dele, para lhe cobrar impostos, para lhe exigir que acorra ao serviço militar, ao júri, que atenda ao apêlo para a guerra, quando for preciso. Se o homem está desempregado, que suba e desça as escadas mendigando colocação. Se está enfermo e pobre, que recorra à caridade pública. Se já não pode trabalhar, que mendigue, pois não faltarão mesmo decretos, que lhe garantirão o exercício dessa profissão. Se plantou e não tem meios de custear a pequena lavoura, que se arranje. Se é operário, ou camponês, e as fábricas e as fazendas já não têm serviço, que trate de cavar por si mesmo a sua vida. Se existe superprodução de mercadorias e de braços, o mais que o governo pode fazer é oferecer-se para queimar as mercadorias, não tardando que se ofereça a aproveitar a carne dos trabalhadores sem emprego para fazer sabão. E se há conflitos de classes, que o problema seja resolvido à pata de cavalo. Ou então, que as indústrias rebentem, não podendo satisfazer às exigências do proletariado. E se há gente dormindo pelos bancos das avenidas, tal cousa não passa de uma fatalidade cujos desígnios os governos não devem contrariar...

E isso é a liberal-democracia. O regime onde ninguém está garantido: nem o capitalista, nem o operário; nem o industrial, nem o comerciante, nem o agricultor. Compreende-se que, num regime assim, cada qual trate de se salvar por meio de aventuras pessoais, muito embora os ideólogos fanáticos e os fariseus hipócritas clamem pela moralidade administrativa.

* * *

O liberalismo democrático é hoje defendido apenas pela grande burguesia e pelas extremas esquerdas do proletariado internacional.

E isso se explica. Sendo o regimen que não opõe a mínima restrição à prepotência do capitalismo, é o preferido por este, que, através das burlas democráticas, exerce a sua influência perniciosa no governo dos povos, em detrimento das nacionalidades, tão certo é que o capitalismo não tem Pátria; por outro lado, evitando a interferência do Estado na vida económica das nações, e oferecendo ampla liberdade à luta de classes, facilita o desenvolvimento marxista do fenómeno económico e social, preparando as etapas preliminares da ditadura comunista. (1)

Os mais ferverosos adeptos do liberalismo são os que pretendem destruir as Pátrias e o Indivíduo com suas projecções morais e intelectuais: é o argentário, o homem de grandes negócios, de um lado, e o anarquista, o comunista, de outro lado.

O ódio de uns e de outros, contra as mentalidades cultas e contra o espírito elevado e nobre das classes médias, não tem limites. Já um socialista espanhol exclamou no auge da cólera: "a pátria do capitalista é onde estão seus negócios; a pátria do proletário é onde está seu pão: só a classe média tem pátria".

* * *

Não se trata, porém, de classe média, e sim da inteligência e da cultura, da moralidade e do espírito, que criam a dignidade humana, determinando que esta paire acima das lutas mesquinhas, consciente dos superiores destinos da criatura humana.

A liberal-democracia, realmente, só aproveita aos poderosos, que exploram os pobres e os fracos, e aos demagogos marxistas, que exploram a ignorância das massas trabalhadoras, e a inexperiência dos estudantes bisonhos, mantendo-os no obscurantismo, afim de que só aprenda a filosofia do materialismo, que os tornará mais rapidamente escravos.

Explica-se o motivo porque os grandes banqueiros, as grandes empresas jornalísticas a soldo de sindicatos financeiros ou industriais, os políticos a serviço de trusts e monopólios, os agiotas de todo jaez e os negocistas de todos os quilates vivem a proclamar as excelências da liberal-democracia e investem contra o Integralismo com todas as suas armas: é que o dinheiro não tem pátria e o seu portador não tem coração; o menor pânico num país determina a fuga do ouro para outro país, e a menor notícia de disciplina governamental em relação à vida económica alarma os arraiais da usura eriçando o pêlo das hienas de garras aduncas.

Evidencia-se também a razão porque os marxistas toleram perfeitamente as democracias liberais. Não foi por outro motivo que os bolcheviques apoiaram Kerenski, na ocasião em que este se achava sob a ameaça de Korniloff. Representava Kerenski a revolução burguesa, que procede a revolução proletária. E Lénine sabia perfeitamente que sem o livre desenvolvimento económico, sob a égide da democracia, não lhe seria possível o golpe de outubro.

* * *

A democracia liberal significa o país desorganizado e o governo inexpressivo das forças económicas da Nação.

Vivendo na torre de marfim das fórmulas constitucionais delimitadoras do poder do Estado, o liberalismo é a indiferença diante do duelo de morte de duas classes. É a impotência governamental. É a fórmula inutil que serve apenas às divagações e controvérsias de juristas empedernidos.

É o suicídio da burguesia e a véspera do suicídio do proletariado.

Nós, integralistas, que pretendemos realizar a verdadeira democracia, que não é a liberal, mas a orgânica, em consonância com o rítmo dos movimentos nacionais, condenamos todas as formas de liberalismo, porque atentam contra a dignidade humana e conduzem as massas para a degradação, como conduz o homem à animalização completa.

Combatemos o voto desvalorizado e a liberdade sem lastro.

Combatemos a mentira dos partidos e as hediondas quadrilhas das oligarquias ao serviço dos poderosos. E, pelo mesmo motivo, combatemos a utopia socialista.


NOTA:

(1) Estava este livro em provas, quando o jornal burguês "O Estado de São Paulo" confessou, em artigo de crítica a um livro de Victor Vianna, as intenções do liberalismo democrático, isto é, a marcha para o comunismo, dizendo: «Não há dúvida alguma de que a evolução da humanidade para a "esquerda" é um facto indiscutível. As tendências profundas dos homens são para a emancipação de todos os indivíduos e de todas as classes, para a extinção de todos os privilégios e regalias de castas e nascimentos. A verdadeira política será aquela que coordene e não a que embarace, a evolução natural dos homens. Ora, essa política só pode ser realizada em regime democrático.»

Diante dessa confissão, não me cumpre mais, como paulista consciente e brasileiro, do que chamar a atenção dos meus co-estaduanos que ainda amam a Família, a Pátria e Deus, para o erro dos que ainda não vieram cerrar fileiras no "Integralismo", última expressão do espírito bandeirante.


(Porção do Capítulo 2 do livro O que é o Integralismo, Ed. Schmidt, Rio de Janeiro, 1933; Aqui editado com o contributo de Filipe Cordeiro)

Sunday, June 18, 2006

70 anos do início da Cruzada Espanhola

Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]


Celebra-se no próximo 18 de julho o 70º aniversário do alçamento, do levantamento nacional contra o bolchevismo na Espanha e – a fim de que não passe em brancas nuvens data tão significativa para todos os que combatem pela Fé, pela Tradição e pela Liberdade – resolvi escrever este pequeno e singelo texto.
É de causar azia a leitura dos livros de ESTÓRIA escritos neste País, dessas cartilhas do mais rasteiro e abjeto marxismo travestidas de “manuais de História” e repletas de crassos erros factuais, de graves omissões e de absurdas calúnias contra os mais expressivos vultos da História Pátria e Universal. Esses livrinhos desprezíveis pintam a Guerra Civil Espanhola como a luta do povo espanhol contra os “fascistas de Franco” e falam muito das atrocidades cometidas pelos “fascistas”, do bombardeio de Guernica pela Legião Condor e do assassinato de García Lorca, olvidando que os vermelhos cometeram muito mais atrocidades do que os nacionalistas, fuzilando várias dezenas de milhares de civis inocentes e incendiando inúmeras igrejas, e jamais mencionando o massacre de religiosos (foram mortos pelos comitês de milícias que atuavam com poderes paralelos ao governo de Madri cerca de sete mil deles, entre membros do clero secular, sacerdotes, freiras e até treze bispos) e o assassínio de Calvo de Sotelo, de Ramiro de Maeztu, de José Antonio Primo de Rivera, de Víctor Pradera e de tantos outros grandes líderes políticos e pensadores tradicionalistas espanhóis pelos vermelhos, enchendo a Espanha Sagrada de vergonha e estupor.
Como bem observa o Mestre José Pedro Galvão de Sousa – a quem devo em grande medida minha consciência hispânica e cristã e minha aversão ao comunismo ateu, sanguinário e escravizador e ao liberalismo agnóstico e gerador de profundas desigualdades sociais e de antagonismos de classes – em seu artigo “A Lição da Espanha”, publicado em “A Gazeta” a 18 de julho de 1961, no 25° aniversário do levantamento do povo espanhol contra o bolchevismo, “A guerra civil espanhola tem sido objeto dos mais tendenciosos comentários e das mais falsas interpretações. Sua história ainda está por se escrever, mas o fato é que, muito mais do que a experiência de comunistas e fascistas para a guerra a se desencadear mais tarde, ela representou uma reação das forças tradicionais daquela nação contra o comunismo imperante no governo republicano.”
A Guerra Civil Espanhola constitui, antes de tudo, a luta dos exércitos brancos da Fé, da Pátria, da Cultura e da Liberdade contra as hordas vermelhas da escravidão e do totalitarismo bolchevista. É a Cruzada de todo um povo contra o materialismo grosseiro, contra uma civilização que soube progredir tecnicamente mas não moralmente e que aumentou a riqueza mas não a distribuiu de maneira justa e eqüitativa, gerando o ódio, a miséria e a luta de classes.
Por Cristo Rei e pela Espanha Sagrada se batiam os nacionalistas, ao passo que os vermelhos combatiam por Marx e pela imperialista Rússia Soviética do tirano Stálin (cuja imagem foi colocada em diversos lugares públicos da zona dominada pelos vermelhos, como na Porta de Alcalá, em Madri).
Os nacionalistas, como afirmou o General Francisco Franco, no discurso que proferiu do terraço do palácio do governo, em Burgos, no dia em que assumiu o comando das forças revolucionárias do “Movimiento Salvador”, diante da enorme multidão que se apinhava na praça, não defendiam o capitalismo, mas sim combatiam pelo povo da Espanha e para os trabalhadores, os quais teriam todos os direitos, embora não pudessem olvidar-se de seus deveres.
Não há nada mais falso do que se afirmar que os nacionalistas lutavam contra a democracia, uma vez que, ao contrário, defendiam eles uma democracia efetiva, uma democracia integral, uma verdadeira democracia em que todos os cidadãos participassem do governo por meio de sua atividade profissional e de sua função específica.
Como disse o Generalíssimo Francisco Franco em seu famoso Discurso de Unificação das forças que colaboraram no alçamento e passaram a constituir a Falange Española Tradicionalista y de las JONS (Juntas Ofensivas Nacional-Sindicalistas), proferido a 19 de abril de 1937, “Se invoca en las propagandas rojas la democracia, la libertad del pueblo, la fraternidad humana, tachando a la España Nacional de enemiga de tales principios. A esta democracia verbalista y formal del Estado liberal, en todas partes fracasada, con sus ficciones de partidos, leyes electorales y votaciones, plenos de fórmulas y convencionalismos, que, confundiendo los medios con el fin, olvida la verdadera substancia democrática, nosotros, abandonando aquella preocupación doctrinaria, oponemos una democracia efectiva, llevando al pueblo lo que le interesa de verdad: verse y sentirse gobernado, en una aspiración de justicia integral, tanto en orden a los factores morales cuanto a los económico-sociales; libertad moral al servicio de un credo patriótico y de un ideal eterno, y libertad económica, sin la cual la libertad política resulta una burla.”
Conforme disse anteriormente, a Cruzada que teve início a 18 de julho de 1936, quando se sublevaram, sob o comando do General Francisco Franco, as tropas do Marrocos espanhol, é, sobretudo, uma Cruzada contra o bolchevismo. Com efeito, declarou Franco ao “Leipziger Illustrierte Zeitung”, em julho de 1937, que os nacionalistas lutavam “por librar a nuestro pueblo de las influencias del marxismo y del comunismo internacionales, que se introdujeron en nuestro país para hacer de España una sucursal del bolchevismo moscovita. Queremos salvar por esta lucha los valores morales, espirituales, religiosos y artísticos creados por el pueblo español a lo largo de una gloriosa historia, y que constituyen la base nuestra existencia nacional e individual.”
A Guerra de Libertação da Espanha, consoante declara o Generalíssimo Francisco Franco, a 27 de agosto de 1938, à Agência “Havas”, “La guerra de España no es una cosa artificial: es la coronación de un proceso histórico, es la lucha de la Patria con la antipatria, de la unidad con la secesión, de la moral con el crimen, del espíritu contra el materialismo, y no tiene otra solución que el triunfo de los principios puros y eternos sobre los bastardos y antiespañoles.”
A 02 de novembro do mesmo ano, declara o Caudilho ao “La Nación”, de Buenos Aires, que a luta dos nacionais é em defesa da existência e da independência da Espanha, que, como sabemos, estavam seriamente ameaçadas pelo imperialismo russo-soviético: “Estamos defendiendo la existencia e independencia de España frente al comunismo tiránico que intentó rusificar nuestra alma. Queremos salvar la continuidad sagrada de nuestra historia frente a los que quieren hacer tabla rasa de los eternos principios que informan la vida española. Queremos asegurar a España, por medio de su Revolución nacional, un porvenir lleno de justicia y prosperidad. Queremos, en definitiva, asumiendo una vez más nuestro papel de adelantados de la civilización, salvar al mundo entero de la ruina fatal y segura a que conducirá el triunfo del comunismo.”
O “Alzamiento Nacional” da Espanha teve, desde seus momentos iniciais, um caráter eminentemente popular, pois foi o povo quem, justamente com as milícias, secundou o Exército, que cumpria a vontade da nação, consciente de seu destino histórico, e os sagrados deveres que, como a salvaguarda da Pátria, de sua Cultura e de suas instituições cristãs, estavam previstos em sua lei constitutiva.
O inevitável triunfo integral dos nacionais, consumado a 1° de abril de 1939, o Dia Vitória, não é apenas o triunfo da Espanha e de seu povo contra o comunismo, mas sim de todo o Ocidente, pois a vitória dos vermelhos na Espanha seria vital para a expansão das chamadas “frentes populares” em toda a Europa Ocidental. Foi, portanto, a Espanha, a mesma Espanha Sagrada que derrotara a frota turco-otomana em Lepanto, salvando a Europa e o Cristianismo do avanço da meia-lua, quem salvou a mesma Europa e o mesmo Cristianismo do avanço da foice e do martelo, se alçando contra um governo anticonstitucional, fraudulento e tirânico e pondo cobro à revolução bolchevista em marcha.
O triunfo do Movimento de 18 de julho, após três longos anos de guerra civil, foi o primeiro e por algumas décadas o único triunfo em campo de batalha de uma nação do Ocidente contra o comunismo e acabou com o mito da inexorabilidade da revolução marxista, desmentindo, ademais, a profecia de Leon Trótski, para quem a Espanha seria, depois da Rússia Soviética, o primeiro país a instaurar um regime comunista, uma “ditadura do proletariado”.
Termino o presente texto com uma pequena homenagem, em nome do Brasil e de seu povo, a todos os espanhóis e estrangeiros que tombaram na Cruzada, alguns em defesa da Fé e da Liberdade, outros, na maioria inocentemente, a serviço da revolução bolchevista e do famigerado Komintern.
¡Arriba España! ¡Viva Cristo Rey!

Tuesday, May 30, 2006

Plínio Salgado - Um Pensador Cristão


Por Fernando Rodrigues Batista


A tragédia de nossos dias é a mais angustiosa - afirmava o gênio elevado de Leonel Franca -, porquanto, segundo o mesmo autor, as almas nobres e reflexivas, mesmo as que, em momentos de exaltação entoam hinos de louvor à vida, acabam imergindo nas sombras de um pessimismo sem esperanças.
Em face das angústias de alhures até a hora presente, Schopenhauer talvez seja uma das impressões mais lancinantes de uma alma que desconhece seu destino; ou mesmo Nietzsche; ou Pirandello, quando é taxativo: "no ha la vita un fruto, Inutile miseria"; ou até mesmo Gabriel D'annuzio, ao externar melancólico: "diante de mim na sombra, está a morte sem flâmula. Eu morrerei em vão".
Que homem, digno deste nome, poderia se conformar com os dramas que marcam nosso tempo? Leon Bloy, Baudelaire, Bernanos, Chesterton, Pio XII, Marcel de Corte, Gustave Thibon, Plínio Salgado... Este fez de seu verbo inflamado a espada afiada contra as doutrinas deletérias; e vendo a mocidade sofrer o influxo da degradação de tais doutrinas, concitava-os ao que ele chamava de "Revolução Interior".
Depois do contato com as doutrinas materialistas e revolucionárias de Sorel, Marx, Trotski, Feuerbach, Plínio vai encontrar o clarão da fé nas palavras de fogo de Jackson de Figueiredo, e sobretudo na filosofia do cearense Farias Brito, este mestre que concorreu com seu esforço para pôr cobro a faina demolidora do materialismo e iniciar a grande obra reconstrutiva.
Farias Brito fora inconcussamente o grande precursor da renovação do pensamento que à época deste ilustre pensador predominava, vale dizer, o positivismo de Augusto Comte e o pragmatismo de Stuart Mill, tendo como representantes em nossa pátria, figuras do mais alto valor intelectual, tais como, Benjamim Constant; Teixeira Mendes; Miguel Couto; Tobias Barreto; Fausto Cardoso com seu haeckelianismo sociológico, entre outros. Cumpre ressaltar, que em França e Itália o papel de salvaguadar os valores espirituais em contrapartida ao dogmatismo materialista, era exercido por pensadores do estofo de um Boutroux - chamado pelo próprio Farias Brito de pensador valiosíssimo a todos os títulos - e de um Bergson; de um Spaventa e de um Benetto Croce – consoante ensinamento de Miguel Reale.
A síntese do pensamento de Plínio Salgado consiste no apelo do autor da "Vida de Jesus", à Revolução Interior, como já citado. À essa luz, de uma
feita, dizia Pèguy: "as verdadeiras revoluções consistem essencialmente em
mergulharmos nas inesgotáveis fontes da vida interior. Não são homens
superficiais que podem por em marcha tais revoluções - mas homens capazes de ver e de falar em profundidade". E Plínio era um desses homens, pois, - como afirma o historiador lusitano João Ameal - "no calor e no fervor de sua evocação parecia um contemporâneo de Cristo".
Em Portugal, na data da comemoração do Condestável, Nun'Alvares, Plínio proferiu linhas luminosas que expressam o que foi sua vida, de filósofo; de sociólogo; de político; de apóstolo:
"Ensinou-nos Nun'Alvares que o supremo destino da criatura humana está em Deus; que as riquezas mais ricas, e as glórias mais gloriosas, e o poder mais poderoso que seja, não passam de bens passageiros, que terminam bem depressa, cumprindo-nos, portanto, fazer deles instrumento de trabalho com que servir Aquele que constitui o Bem que não acaba. Lutar pela Pátria, lutar em prol da comunidade, infatigavelmente, é digno e belo; mas fazer dessa mesma luta o cilício de nossa lama, o meio de santificação, é ainda mais belo. Porque existe, além das muitas formas de santidade, uma que poderemos chamar "santidade política", e essa conhecem os que sofreram, pela felicidade publica, os agravos do tempo e as injúrias dos homens, que afinal são também, uns e outros, passageiros como os bens, já que tudo passa na terra e eterno no Céu".
Malgrado todos os sofismas que lançaram contra sua obra, diante das paisagens e escombros se levanta sua mensagem indelével como anunciação promissora. Cheio de fé em nossa destinação histórica, Plínio, parafraseava Camões: "Depois de procelosa tempestade, noturna treva e silibante vento, traz a manhã serena, claridade, esperança de porto e salvamento".
Em uma das peças de Gil Vicente, surge um Cruzado e, então, é dito que o Cruzado vai direto para o céu, porque se bateu por uma Boa Causa.
Plínio foi um dos grandes Cruzados, com que o Século XX nos galardoou,
pensador exímio, defendeu seu pensamento com intrepidez, não obstante
possuísse uma alma franciscana, porquanto, Plínio foi um desses homens, que merecem a sentença de Dante Aliguieri - autor da Divina Comédia - para quem, mais alto que o entendimento, o Amor se levanta, - o Amor que faz mover "il sole e I'altre stelle" e pelo qual o nosso destino terrestre consegue sair triunfante dos combates terríveis da Alma e do Mundo.

Monday, May 29, 2006

Desfraldemos a Bandeira do Sigma!


Por Victor Emanuel


Em 1932, com o Manifesto de Outubro, Plínio Salgado despertou a Pátria do sonho do liberalismo, fazendo-a finalmente erguer-se do berço esplêndido em que se achava havia decênios deitada.
Hoje, tantos anos após aqueles gloriosos idos de Outubro, cumpre despertar uma vez mais o nosso Brasil, que – para gáudio de seus inimigos – encontra-se novamente adormecido.
O Integralismo é a vanguarda de Deus, da Pátria, da Família, da Liberdade e da autêntica Democracia, a espada desembainhada da verdadeira Revolução.
Os Integralistas somos os cavaleiros da nova Reconquista, os novos bandeirantes, os bandeirantes vestidos de verde, vestidos da bela cor da esperança, os soldados de Deus e da Pátria que construirão uma Grande Nação.
A bandeira que desfraldaremos, em cada rincão deste abençoado País, é a bandeira azul e branca do Sigma, que sustenta a bandeira verde e amarela do Brasil e que será levantada, cada vez mais alto, até o Dia do Triunfo.
Nossa luta é a luta pela redenção da Pátria, redenção esta que só se dará efetivamente no Dia do Triunfo Final e Inexorável do Integralismo, triunfo este que está mais próximo do que se imagina, posto que o Capitalismo agonizante está a cada dia mais perto de seu ocaso e que o Comunismo não é senão a outra face da mesma moeda, a outra cabeça da mesma serpente nefanda – o Materialismo -, não sendo, portanto, uma alternativa válida para o Brasil.
Como o Sistema Capitalista, a Terceira Humanidade, isto é, a Humanidade Ateísta, ou Materialista, está já bem próxima de seu fim. A Quarta Humanidade, a Humanidade Integralista, que fará a grande síntese das Idades Humanas, já se anuncia, como um sol que vai nascer, projetando já seus primeiros clarões. É a alvorada espiritualista que se seguirá à noite materialista, a primavera que sucederá o inverno, a luz que substituirá as trevas.
Não somos e nem fomos fascistas. Jamais julgamos que o modelo de Mussolini valesse algo para o caso do Brasil, cujo problema sempre foi muito mais complexo do que o da Itália. Consideramos o Fascismo de Mussolini um movimento de circunstância surgido numa época em que a Itália estava à beira de uma sanguinolenta Revolução Bolchevista. Abominamos o Cesarismo, a Ditadura e o Estado Totalitário de inspiração hegeliana e lembramos sempre que nosso Chefe Plínio Salgado foi o autor de “O Estrangeiro”, romance onde a luta entre o personagem nacionalista Juvêncio e os papagaios que não paravam de cantar o “Giovinezza” configura o primeiro manifesto antifascista do Brasil, e que o Integralismo se aproxima mil vezes mais do movimento cristão e democrático de D. Sturzo, absorvido pelo Fascismo, do que deste último.
De nazistas nada temos, antes pelo contrário, uma vez que sempre condenamos todos os preconceitos de raça, sustentando que os homens não devem ser julgados pela cor de sua pele ou pelo formato de seus crânios, mas sim por seus valores espirituais, morais e cívicos. Jamais tivemos prevenção alguma em relação ao judeu, considerando o problema da Humanidade como sendo ético e não étnico, como disse nosso Chefe, e não fazendo diferenciação alguma entre o argentário judeu e aquele que alega ser cristão. Foi Plínio Salgado quem, em sua “Carta de Natal e Fim de Ano”, de 1935, fez a primeira importante denúncia brasileira contra o Nacional-Socialismo, e houve vários judeus Integralistas, dentre os quais podemos destacar Roberto Simonsen, Aben-Atar Neto, Adam Steinberg e Lans Grinover. Sobre os Integralistas negros não é sequer preciso falar, posto que é do conhecimento geral que eles se contam às dezenas de milhares e incluem grandes vultos de nossa História, como João Cândido, o herói negro da Revolta da Chibata.
Não somos de “extrema-direita” e nem mesmo de “direita”. Para nossa visão integral da sociedade, do mundo e das nações, não existe, como diz Plínio Salgado, “nem ‘esquerda' nem ‘direita’” e, portanto, “não consideramos também um ‘centro’, nem ‘meias-direitas’ ou ‘meias-esquerdas’”.
Somos contrários ao emprego da violência física contra qualquer pessoa que seja. A única forma de violência que pregamos é a violência interior, necessária para a mudança de mentalidade com que faremos a verdadeira Revolução, isto é, a Revolução do Espírito, aquela que concebe, no dizer de Plínio Salgado, "o Homem como uma criatura de Deus e a Nação e o Estado como criatura do Homem", a Revolução onde "a ciência não é renegada, mas passa a ser servidora do Homem, em vez de ser o tirano que o subjuga".
Temos absoluta certeza de que o Integralismo é o único movimento capaz de restaurar, em nosso País, o primado do Espírito, da Inteligência e da Verdade.
O Estado Integral será baseado na concepção integral do Homem e do Universo e terá como base fundamental a intangibilidade do ente humano e o seu livre arbítrio. O traço mais marcante de nossa concepção de Estado é a consideração integral, global da realidade e dos problemas, que se opõe à visão unilateral do Liberalismo e do Comunismo.
Nossa Democracia, a Democracia Integral, ou Democracia Cristã, é a única forma de governo que realmente merece o nome de Democracia, posto que somente nela reina a harmonia social de que falavam Leão XIII na Encíclica "Rerum Novarum" e Pio XI na "Quadragesimo Anno". É o único tipo de governo em que o povo - que não deve, em hipótese alguma, ser confundido com a massa - é verdadeiramente representado por aqueles que influem nos destinos da Nação. É - parafraseando Abraham Lincoln em seu discurso de inauguração do cemitério de Gettysburg - o único governo do Homem, pelo Homem e para o Homem
De há muito tempo, nossos inimigos se esforçam por caluniar e achincalhar o Integralismo e os Integralistas, na vã esperança de poder deter a nossa Marcha, que é a Marcha do Brasil, da Hispanidade e de todos os povos semi-coloniais da Terra.
O nosso crescimento, companheiros, fará com que nós, que até agora já sofremos ataques só comparáveis, em sua covardia, àqueles que sofreram o Cristo e os primeiros cristãos, sejamos cada vez mais atacados. Em maio de 1934, nas imortais páginas de sua obra “Palavra Nova dos Tempos Novos”, com efeito, nosso Chefe Plínio Salgado já previa tudo o que sofremos e ainda viremos a sofrer:
“Infelizmente, esse ataque não virá de peito a descoberto. Virá, covardemente, no anonimato, em que se enrosca a calúnia e se eriçam as injúrias. Teremos um período em que se procurará implantar confusão em nossas hostes, trabalhando as agências telegráficas e a imprensa disponível na manipulação de mentiras e perfídias. Os demagogos sairão a campo, como já estão saindo, para intrigar os integralistas com os proletários, com os católicos, os protestantes, os espíritas, com os proprietários, com patrões e empregados. Agentes ocultos transmitirão para o Norte mentiras sobre o Sul e vice-versa. Serão inventadas crises, que nunca existiram, fatos que nunca se deram.
“Os Integralistas serão perseguidos, negados, injuriados e caluniados. Nada deixará de ser posto em prática; nenhum processo será esquecido.
“Esta batalha vai assumir aspectos grandiosos. Porque um movimento como este não será suficientemente poderoso se não tiver a fortuna de mobilizar contra ele todos os maus e todos os inconscientes a serviço dos maus.”
Não tenhamos, portanto, medo das calúnias e injúrias de que somos e seremos vítimas!
Cerremos fileiras compactas em torno do Integralismo e desfraldemos a bandeira do Sigma! Avante! Avante!
Desfraldemos a bandeira do Sigma, companheiros!
Despertemos o Brasil!
Abaixo o torvo materialismo!
Viva o Espiritualismo!
Abaixo a liberal-democracia burguesa!
Viva a Democracia Integral!
Abaixo o Estado individualista e o Estado totalitário!
Viva o Estado Integral!
Viva o Integralismo!
Viva a bandeira azul e branca do Sigma!
Anauê!

Trótski: Monstro Marxista

Por Victor Emanuel

Lev Davidovitch Bronstein, vulgo Leon Trótski, foi um revolucionário marxista judeu-ucraniano nascido em 1879, numa pequena aldeia da Província de Kherson, no então Império Russo, e assassinado em Coyoacán, México, no ano de 1940, com uma picaretada na cabeça, por ordem de seu arquirival Iossif Vissarionovitch Djugashvili, dito Stálin. O autor do crime foi o agente estalinista Ramón Mercader, de nacionalidade espanhola.
Trótski, que certa vez afirmou que “Para cada revolucionário morto mataremos cinco contra-revolucionários”, foi, como fundador e líder máximo do Exército Vermelho, o responsável pelo extermínio de milhões de pessoas durante a Guerra Civil Russa; apoiou Lênin quando este ordenou o assassinato do Czar Nicolau Romanov II e de toda a Família Imperial; esmagou implacavelmente os soldados, operários, camponeses e marinheiros de Petrogrado e da base naval de Kronstadt quando estes, havendo percebido que a Revolução de Outubro de 1917 – de que tinham sido de longe os mais decisivos elementos – culminara numa brutal ditadura não do proletariado, mas sim contra este; criticou, certa vez, Stálin por este haver deixado vivos, em Leningrado, milhares de antigos nobres; e ainda teve a audácia de escrever que desejava a derrota e deposição de Stálin pelos nazistas de Hitler e o conseqüente fim da URSS.
Os virulentos ataques que Trótski dirigiu contra Stálin – com quem disputara o poder após a morte de Lênin -, acusando-o de “pequeno Napoleão” e mesmo de fascista, levaram os argentários das liberal-democracias plutocráticas e reacionárias do Ocidente a rejubilar-se, ingenuamente “convencidos de que se dera na Rússia um golpe de Brumário, devendo, por conseguinte, a revolução retroceder como acontecera em França no século passado.
Stalin serviu-se desse estado psicológico criado nos países capitalistas para obter deles toda a sorte de auxílios, quer sob a forma de um amigável comércio de importação e exportação, quer sob a de empréstimos para o incremento das indústrias da U.R.S.S. O que o capitalismo quer é ganhar dinheiro, não se incomodando com o aspecto moral de seus negócios, e uma vez que lhe eram asseguradas garantias de lucro e de intangibilidade, esse capitalismo sem alma tudo facilitou ao comunismo russo” (Plínio Salgado, “Doutrina e Tática Comunistas, 1956, pág. 17).
Diante das considerações expostas, fica claro que Trótski, com as diatribes que moveu contra Stálin, só fortaleceu a este último e que, ademais, caso houvesse tomado o poder na URSS, haveria sido Trótski no mínimo um tirano tão sanguinário quanto seu rival.
Espero que estas linhas sirvam para abrir a mente de alguns dos inocentes úteis que julgam ter sido Trótski um “santo” sob cujo governo a URSS haveria se transformado num verdadeiro paraíso terreno...
Antes de dar por terminado este pequeno texto, entretanto, urge admitir que Trótski, apesar de haver sido indiscutivelmente um indivíduo extremamente cruel, um verdadeiro monstro marxista, conforme demonstramos, teve uma grande qualidade que foi a bravura. Ao contrário dele, Stálin “jamais assume a responsabilidade por seus atos; manda matar e pune depois o executor dos assassínios, como fez com Yagoda e posteriormente com Yuzef; extermina milhares de oficiais do exército polonês na floresta de Katin e acusa os alemães desse crime; reparte a Polônia com Hitler e seu representante senta-se como juiz em Nuremberg para julgar os chefes hitleristas; proclama a liberdade religiosa e promove a campanha ateísta e a perseguição aos padres; premedita, resolve e executa o envenenamento de Máximo Gorki e faz punir o médico que aplicou a injeção fatal; une-se a Hitler, para animar os nazistas a se empenharem numa guerra, manda Thorez pregar a sabotagem e o derrotismo no exército francês, e quando a sorte das armas pende a favor dos aliados, negocia secretamente com Churchill a sua mudança de campo (o que ficou provado num discurso do “premier” britânico muito antes da invasão nazista na Rússia...); e, para preparar todos esses acontecimentos, favorece a subida de Hitler ao poder...
Nunca o mundo produziu um político mais falso, mais mentiroso, mais cínico do que Stalin” (Plínio Salgado, ob. Cit., pág. 22).