Saturday, December 27, 2014

Os noventa anos de Gumercindo Rocha Dorea


Não podemos deixar que o ano de 2014 termine sem que façamos uma homenagem a Gumercindo Rocha Dorea pelos seus noventa anos, completados no último dia 04 de agosto.
Figurando ao lado de homens como Monteiro Lobato, José Olympio, Augusto Frederico Schmidt e Ênio Silveira como um dos mais notáveis editores da História do Brasil e sendo dentre estes seguramente o mais injustiçado, tendo sido duramente perseguido e boicotado pelas chamadas “patrulhas ideológicas” de “nossa” “esquerda” rancorosa e intelectualmente desonesta desde o início de sua carreira editorial, há cinquenta e oito anos, o Sr. GRD chega aos noventa anos de idade incrivelmente lúcido e integralmente fiel aos princípios cristãos e patrióticos sintetizados na tríade “Deus, Pátria e Família”, nobre e excelsa como nenhuma outra.
Àqueles que desconhecem a vida e a obra deste homem que é, inegavelmente, o patriarca da ficção científica no Brasil e um dos mais importantes editores e descobridores de vocações literárias da nossa História, assim como um exemplar cristão, cidadão brasileiro e intelectual, delas daremos, nas linhas que se seguem, um pálido esboço, com base sobretudo no artigo que sobre ele escrevemos em 2011 e que foi publicado na edição daquele ano do prestigioso jornal literário Linguagem Viva, da Capital Paulista.
Editor, jornalista e escritor, Gumercindo Rocha Dorea nasceu em Ilhéus, na Bahia, a 04 de agosto de 1924, sendo filho do cacauicultor e sindicalista Alcino da Costa Dorea e de D. Emérita da Rocha Dorea, compositora de sonetos e colaboradora esporádica em periódicos de Sergipe, sua terra-natal. Em 1934 se mudou, com a família, para a Cidade do Salvador, ali ingressando no Ginásio da Bahia, onde foi aluno do filólogo Herbert Parentes Fortes, um dos principais intelectuais e líderes da Ação Integralista Brasileira (AIB), que, reunindo, no dizer de Miguel Reale, “o que havia de mais fino na intelectualidade da época”[1], constituiu, na expressão de Gerardo Mello Mourão, o “mais fascinante grupo da inteligência do País”.[2]
Em 1944, Gumercindo Rocha Dorea, que frequentara, na Bahia, o curso complementar de Direito, se mudou para o Rio de Janeiro. Na então Capital Federal, onde se formou em Direito no ano de 1948 pela Faculdade Católica de Direito do Rio de Janeiro, colaborou GRD, a partir de meados da década de 1940, na imprensa, primeiro no jornal integralista Idade Nova, dirigido por Raymundo Padilha, e depois no jornal A Marcha, também integralista, que chegou a dirigir. Foi, ainda, redator do jornal Folha Carioca e militou ativamente, desde a década de 1940, no Partido de Representação Popular (PRP), que, sob a presidência de Plínio Salgado, combateu em prol dos ideais essencialmente cristãos e brasileiros do Integralismo entre os anos de 1945 e 1965.
Após a grande repercussão do I Congresso de Estudantes do PRP, realizado em Campinas (SP) em julho de 1948, foi constituída, no ano de 1952, a Confederação dos Centros Culturais da Juventude, cuja presidência mais tarde seria ocupada por GRD, que então tinha ótimo relacionamento com Plínio Salgado e estava em permanente contato com os jovens. A Confederação dos Centros Culturais da Juventude, de que nasceria o denominado Movimento Águia Branca, elegeria Plínio Salgado seu Presidente de Honra, e reuniria milhares de jovens distribuídos em centenas de núcleos espalhados por todo o País, configurando-se num dos mais belos movimentos cívicos, políticos e culturais da História Pátria.
No ano de 1956, com a publicação da Filosofia da linguagem, de Herbert Parentes Fortes, fundou Gumercindo Rocha Dorea as Edições GRD, que teriam seu apogeu na década de 1960 e renovariam toda a Literatura brasileira, lançando autores hoje consagrados como Nélida Piñon, Rubem Fonseca, José Alcides Pinto, Astrid Cabral, Fausto Cunha, Maria Alice Barroso, André Carneiro, Ronaldo Moreira, Geraldo França de Lima e, no romance, com a obra O valete de espadas, Gerardo Mello Mourão, que também publicou diversos livros de poesias pela GRD. Pode-se afirmar, assim, que Gumercindo Rocha Dorea foi um descobridor de vultos literários tão somente comparável, no Brasil, a Augusto Frederico Schmidt e a José Olympio.
Quando da fundação das Edições GRD, Gumercindo Rocha Dorea já estava casado com D. Augusta Garcia Rocha Dorea. Esta, falecida em 2005, é autora das obras O romance de Plínio Salgado (1956, com segunda edição publicada em 1978 sob o título O romance modernista de Plínio Salgado), Aclimação (publicada pela Secretaria de Cultura do Município de São Paulo em 1982, fazendo parte da série História dos bairros de São Paulo) e Plínio Salgado, um apóstolo brasileiro em terras de Portugal e Espanha (1999), esta última agraciada com o Prêmio Clio da Academia Paulistana de História em 2000, além de organizadora da obra O pensamento revolucionário de Plínio Salgado, magnífica antologia do pensamento do autor da Vida de Jesus, de quem, aliás, GRD publicou diversas obras, bem como a biografia escrita pela filha do escritor e pensador patrício, Maria Amélia Salgado Loureiro, intitulada Plínio Salgado, meu pai.
Verdadeiro Pedro Álvares Cabral da ficção científica no Brasil, GRD editou, em 1958, a obra Além do planeta silencioso, de C. S. Lewis, primeiro dos muitos livros estrangeiros de ficção científica que publicou, e, em 1960, a obra Eles herdarão a terra, de Dinah Silveira de Queiroz, primeira das também muitas obras de ficção científica de autores brasileiros dadas à estampa por ele. Em 1961, publicou a primeira Antologia Brasileira de Ficção Científica, com trabalhos de Dinah Silveira de Queiroz, Antonio Olinto, Rachel de Queiroz e Fausto Cunha, dentre outros. Como diz o verbete sobre Gumercindo Rocha Dorea na SFE (Science Fiction Encyclopedia), de Londres, é o infatigável editor baiano “considerado o mais importante na história da ficção científica brasileira”, tendo sido “em larga medida responsável pela Primeira Onda da Ficção Científica Brasileira (1958-1972)”, que sem ele “poderia talvez nem ter ocorrido”.[3]
Gumercindo Rocha Dorea tem sido, ademais, depois da Editora Biblioteca do Exército, o principal editor, no País, de obras sobre geopolítica e voltadas à segurança nacional. A publicação, em 1986, do livro Heráldica, de Luiz Marques Poliano, lhe confere o título de primeiro editor, no Brasil, a publicar uma obra de vulto dedicada aos estudos heráldicos. Por fim, GRD tem sido um dos mais destacados editores em matéria de publicações filosóficas e históricas, bem como referentes à Monarquia e ao Império do Brasil, e o mais destacado na publicação de obras integralistas ou referentes ao Integralismo, havendo sido, aliás, o idealizador e principal realizador da Enciclopédia do Integralismo, que conta com doze volumes publicados entre fins da década de 1950 e princípios da década de 1960.
GRD dirigiu o Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC), entre os anos de 1961 e 1963, e ocupou, entre 1964 e 1967, o cargo de Diretor da Superintendência de Turismo da Cidade do Salvador. Dirigiu, durante algum tempo, a revista Convivium, da Convívio – Sociedade Brasileira de Cultura, que tinha sede em São Paulo, cidade em que vem residindo, salvo por breves períodos, desde 1972. Foi coordenador editorial da Biblioteca do Pensamento Brasileiro, publicada pela Convívio, bem como do Centro Editorial das Faculdades Integradas de Guarulhos e da Editora Voz do Oeste, fundada por Carmela Patti Salgado, viúva de Plínio Salgado, e da Editora Universitária Champagnat, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Ao lançar, pela primeira vez no Brasil, sob o título de A dignidade do Homem, famosa obra de Pico della Mirandola, recebeu GRD as seguintes palavras de Gilberto de Mello Kujawski, na obra O signo de sagitário:
Por incrível que pareça, o texto não interessou a nenhuma grande editora. Foi preciso que um pequeno editor, GRD, dos menos abonados, ao mesmo tempo que dos mais dispostos e vocacionados à difusão da cultura, fizesse de lançar em português a obra-prima.[4]
Em 30 de agosto 1986, o escritor e jornalista Oswaldo de Camargo publicou, no Jornal da Tarde, de São Paulo, uma longa matéria sobre os trinta anos das Edições GRD, comemorados naquele ano.
Em 2002 foi lançada a obra Ora, direis... Ouvir “orelhas” que falam de livros, homens e ideias, com prefácio do escritor e historiador Hernâni Donato, reunindo diversos dos significativos textos escritos por GRD nas “orelhas” dos títulos por ele editados desde o início de sua carreira editorial até então. Em tal obra, temos, no dizer de Hernâni Donato, “um GRD crítico, um espirituoso cronista, um ponderado historiógrafo, o cidadão GRD motivado por valores sociais e a responsabilidade do intelectual, um GRD dono de impulsos poéticos”.[5] E, como ressaltou Odilon Nogueira de Matos em artigo publicado no jornal A Federação, de Itu (SP), a 11 de janeiro de 2003, Hernâni Donato, “admitindo que nunca se fez coisa igual – um livro construído de orelhas – reconhece (...) que só um Gumercindo Rocha Dorea poderia produzir obra semelhante, literariamente correta, extremamente correta, extremamente perfeita e significativa”.
Em 2007, o Clube de Leitores de Ficção Científica, importante instituição literária de São Paulo, dedicou o centésimo número de seu fanzine Somnium a Gumercindo Rocha Dorea e a seu trabalho editorial no campo da ficção científica.
Após muitos anos em que sua atuação editorial sofreu o boicote dos noticiaristas em virtude de sua posição filosófico-política, GRD, “o mais injustiçado dos editores”, na expressão de Antônio Olinto,[6] teve o contentamento de ver, em outubro de 2010, seu nome estampado na hoje extinta revista Bravo!, da Capital Paulista, que reconheceu sua importância como editor. No ano anterior, no prefácio de Os prisioneiros, primeira obra de Rubem Fonseca, originalmente publicada por GRD e então relançada pela Agir, Sérgio Augusto reconheceu o papel do editor baiano como descobridor do consagrado contista e romancista brasileiro.
A 08 de abril 2011, Gumercindo Rocha Dorea foi agraciado com a Comenda da Cruz da Ordem do Mérito Cívico e Cultural, outorgada pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Medalhística e oficializada pelo Governo da República Federativa do Brasil, em cerimônia realizada no Circolo Italiano de São Paulo. No mesmo ano, foi ele homenageado na Fantasticon 2011, simpósio de literatura fantástica realizado em São Paulo, tendo sido novamente homenageado no Anuário brasileiro de literatura fantástica 2011, de Cesar Silva e Marcello Simão Branco, publicado no ano seguinte.
Em 04 de agosto de 2013, data de seu octogésimo nono aniversário, teve Gumercindo Rocha Dorea a grata surpresa de se ver lembrado como o primeiro editor de Rubem Fonseca, no artigo Os pensamentos imperfeitos de um selvagem, de Alvaro Costa e Silva, publicado na Folha de S. Paulo.[7] Cumpre ressaltar que Costa e Silva manifestou, no referido artigo, rara honestidade intelectual ao falar de Gumercindo Rocha Dorea e de sua posição política, não repetindo os velhos e carcomidos chavões “esquerdistas” sobre o Integralismo, infelizmente ainda comuns em nossa imprensa. Igualmente cabe enfatizar, contudo, que o autor do mencionado artigo equivocou-se ao afirmar que até o início dos anos 1960 GRD só havia publicado obras de e sobre Plínio Salgado, quando, em verdade, além de obras do líder integralista e a respeito dele e do Integralismo, publicara o editor baiano obras ficcionais desde a década de 1950, sem mencionar a já aqui aludida Filosofia da linguagem, de Herbert Parentes Fortes.  
Em 16 de agosto deste ano de 2014, o Clube de Leitores de Ficção Científica ofereceu um almoço em homenagem a GRD, pelos seus noventa anos, no tradicional restaurante italiano O gato que ri, na Capital Paulista, e os noventa anos do decano dos editores patrícios foram, ainda, lembrados pelo editor maranhense José Lorêdo Filho, da editora Livraria Resistência Cultural, de São Luís, que homenageou GRD no livro Poesia completa, de Ives Gandra Martins. Esperamos que no próximo ano se concretizem os projetos de Lorêdo de publicar um depoimento de Gumercindo Rocha Dorea e, em convênio com as Edições GRD, uma Antologia da Enciclopédia do Integralismo, assim como esperamos que GRD prossiga em seu projeto de relançar grandes obras olvidadas do pensamento brasileiro, iniciado em 2013, com o lançamento da terceira edição de Fausto: ensaio sobre o problema do ser, de Renato Almeida, com prefácio de Ronald de Carvalho e posfácio de Tasso da Silveira, de cuja memória é Rocha Dorea, aliás, o maior guardião, tendo publicado inúmeras obras poéticas do inspirado poeta e pensador curitibano.
Fausto, de Renato Almeida, é, sem dúvida alguma, uma das mais notáveis obras da pequena grande biblioteca filosófica GRD, que conta com obras como as seguintes: Sobre a diferença entre a palavra divina e a humana, de Santo Tomás de Aquino, traduzida por Luiz Jean Lauand; a Antologia de Farias Brito, organizada por Gina Magnavita Galeffi; O poema, de Parmênides, em tradução de Gerardo Mello Mourão; Santo Tomás de Aquino, hoje, de Luiz Jean Lauand; Filosofias da hora e filosofia perene, do Monsenhor Emílio Silva de Castro; Nietzsche e o Cristianismo, de Belkiss Silveira Barbuy; Em busca do ser, de Manoel Joaquim de Carvalho Júnior; O século da máquina e a permanência do homem, de Euro Brandão; Max Scheler e a ética cristã, de Karol Woytila, em tradução de Diva Toledo Pisa;  Bibliografia filosófica, de Antonio Paim; Variações, de Miguel Reale; Correspondência de um ângulo a outro, de Gerschenson e Ivanov, em tradução de Diva Toledo Pisa, e Viver é perigoso e O signo de sagitário, de Gilberto de Mello Kujawski.
A biblioteca poética das Edições GRD, por seu turno, conta, dentre muitas outras, com obras como as seguintes: Os escravos e Espumas flutuantes, de Castro Alves, em belas edições facsimilares; Três pavanas, O país dos Mourões e Peripécia de Gerardo, de Gerardo Mello Mourão; Com amor e devoção, de Alfredo Leite, e Puro Canto (poesias completas), Cantos do campo de batalha e Poemas (antologia organizada por Ildásio Tavares), de Tasso da Silveira.
Já havendo nos estendido além daquilo que pretendíamos nesta singela homenagem a este tão grande quanto injustiçado editor e intelectual brasileiro que é Gumercindo Rocha Dorea, a encerramos aqui, manifestando nosso desejo e esperança de que ele continue vivo por muito tempo, promovendo a Cultura em nosso País e, como tem feito em todos esses anos, influenciando positivamente novos editores, escritores e jornalistas, e que, depois de seu falecimento, continue viva a GRD, esta editora que, sendo pequena, é uma das maiores da nossa História.

Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira.
São Paulo e Campos do Jordão, dezembro de 2014-LXXXII.



[1] Entrevista concedida ao Jornal da USP. Disponível em: http://espacoculturalmiguelreale.blogspot.com/2007/08/entrevista-concedida-pelo-prof-reale-ao.html. Acesso em 26 de dezembro de 2014.
[2] Entrevista concedida ao Diário do Nordeste. Disponível em:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=414001. Acesso em 26 de dezembro de 2014.
[3] Versão eletrônica disponível em: http://www.sf-encyclopedia.com/entry/dorea_gumercindo_rocha. Acesso em 27 de dezembro de 2014.
[4] O signo de sagitário, São Paulo: Edições GRD, 1990, p. 92.
[5] Ouvindo “orelhas”, in Gumercindo Rocha DOREA, Ora, direis... Ouvir “orelhas” que falam de livros, homens e ideias, São Paulo, Edições GRD, 2002, p. XIII.
[6] Apud Hernâni DONATO, Ouvindo “orelhas”, in Gumercindo Rocha DOREA, Ora, direis... Ouvir “orelhas” que falam de livros, homens e ideias, cit., p. XIV.
[7] Versão eletrônica disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2013/08/1320482-os-pensamentos-imperfeitos-de-um-selvagem.shtml. Acesso em 27 de dezembro de 2014.

Pedro Paulo Filho, in memoriam



Foi com profundo pesar que recebemos, há alguns dias, a notícia do falecimento do advogado, jurista, poeta, contista, cronista, historiador, memorialista, conferencista e orador Pedro Paulo Filho, ocorrida, em decorrência de uma parada cardíaca, no último dia 15 de novembro, em sua residência, na cidade de Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, na região do Vale do Paraíba paulista. Tal pesar se explica pelo fato de o inspirado poeta e abalizado historiador e memorialista da chamada “Montanha Magnífica” haver deixado muitas saudades entre seus parentes e amigos e ter deixado, ademais, Campos do Jordão, a Serra da Mantiqueira, o Vale do Paraíba, São Paulo e o Brasil mais pobres moral e intelectualmente.
Sabemos, porém, que o ilustre autor da História de Campos do Jordão e A Montanha Magnífica permanece vivo na memória de todos aqueles que o conheceram e/ou leram suas obras, assim como esperamos que, ao chegar ao cimo da íngreme montanha da vida, tenha esse “Homem das Montanhas” encontrado o Cristo, Sumo Bem e Imperador do Universo, passando a gozar, no Paraíso, da Verdadeira Felicidade, ou Eterna Beatitude, que vem a ser a contemplação de Deus na Vida Eterna, como preleciona Santo Tomás de Aquino [1].
Filho do comerciante Pedro Paulo e de Izabel Cury Paulo, ambos imigrantes libaneses, nasceu Pedro Paulo Filho em Pindamonhangaba a 04 de setembro de 1937, radicando-se, porém, em Campos do Jordão desde as primeiras semanas de vida.  Tanto seu pai quanto sua mãe, cujos nomes tinham sido traduzidos do árabe para o português (o pai nascera Butros Boulos e a mãe, Zabad Khoury), tinham chegado ao Brasil em 1924 e, sofrendo de tuberculose, haviam ido alguns anos mais tarde, em busca de cura, para Campos do Jordão, onde se conheceram, curaram-se, casaram-se e viveram a maior parte de suas longas vidas, amando a terra das araucárias e dos plátanos com o mesmo amor com que amavam a terra dos cedros. Sobre esses dois imigrantes, que muito amaram não apenas Campos do Jordão, mas também São Paulo e o Brasil e muito contribuíram para o engrandecimento do Bem Comum, tendo, ainda, criado filhos patriotas e tementes a Deus que igualmente muito contribuíram para o Bem Comum, escreveu Pedro Paulo Filho um belo livro, intitulado Izabel e Pedro Paulo: uma história de amor e coragem e publicado em 2005 [2].
Pedro Paulo Filho, esse ilustre jordanense de Pindamonhangaba, formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Presbiteriana Mackenzie no ano de 1961, exerceu diversos cargos públicos, culturais e políticos, na chamada “Suíça Brasileira”. Elegeu-se vereador no ano de 1959, pelo Partido Social Progressista (PSP), de Adhemar de Barros, reelegendo-se em 1962. Em 1968, voltou a se eleger vereador, desta vez pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), obtendo os votos de mais de 20% do eleitorado jordanense. Foi presidente da Câmara Municipal de Campos do Jordão por três vezes, em 1969, 1970 e 1971, e substituiu o Prefeito José Antônio Padovan no cargo de Prefeito Municipal por trinta dias, em 1971, por ocasião da viagem do titular ao exterior.
Integrou Pedro Paulo Filho os quadros de diversas instituições científicas e culturais de grande prestígio, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, da Academia Santista de Letras, do Instituto de Estudos Valeparaibanos, da Academia Pindamonhangabense de Letras, da Academia Valeparaibana de Letras e Artes, da União Brasileira de Escritores, da União Brasileira dos Pesquisadores de História e Genealogia e da Academia de Letras de Campos do Jordão, da qual foi um dos fundadores e que presidiu por vários anos. Foi, ainda, membro fundador do Conselho Municipal de Cultura de Campos do Jordão e recebeu, dentre outros diplomas, aqueles de “Cidadão Jordanense” e de “Cidadão Emérito de Campos do Jordão”, tendo sido, ainda, agraciado com a Medalha do Mérito Municipalista, da Associação Paulista dos Municípios.
Advogado militante, foi o autor de A Revolução da Palavra consultor jurídico da Estrada de Ferro Campos do Jordão, advogado credenciado do Instituto Nacional de Segurança Social e do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural e Procurador Geral do Município de Campos do Jordão, havendo sido, ademais, membro-fundador e primeiro Presidente da 84ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil, de Campos do Jordão. Escreveu a bela Oração do advogado, publicada no Boletim da Associação dos Advogados de São Paulo em 27 de abril de 1988. Infelizmente não podendo transcrever por inteiro tal oração, por razões de tempo e de espaço, transcreveremos a seguir apenas suas primeiras e últimas estrofes:
Senhor,
Confiaste-me o privilégio de defender meus semelhantes
À imagem perene do Teu Filho Unigênito.
Pequeno e frágil,
Oro a teus pés,
Para que o clarão da tua presença
Ilumine os meus passos
Aos caminhos seguros que levam à Justiça [3].
Muitas vezes passamos, em Campos do Jordão, nos ora já longínquos dias da infância e adolescência, pela Avenida Pedro Paulo, que homenageia o genitor do autor de Campos do Jordão, meu amor e de Estórias e lendas do povo de Campos Jordão. Mas apenas tomamos conhecimento da existência deste último em princípios do ano de 2003, quando, aos dezoito anos de idade, compramos, juntamente com alguns volumes das Obras Completas de Plínio Salgado, na Livraria ORNABI, (Organizadora Nacional de Bibliotecas), do meu saudoso amigo Luiz de Oliveira Dias, os Anais da Primeira Semana Plínio Salgado, obra organizada e apresentada pelo meu então futuro amigo e companheiro de ideais e lutas Gumercindo Rocha Dorea e recomendada por “Seu” Luiz, profundo admirador de Plínio Salgado, que fora, aliás, seu amigo e padrinho de casamento.  Em tais anais se encontra transcrita a palestra de Pedro Paulo Filho intitulada Plínio Salgado, esse injustiçado e proferida em São Bento do Sapucaí durante a Primeira Semana Plínio Salgado, realizada naquela cidade entre os dias 07 e 12 de outubro do ano de 1993.
            Em Plínio Salgado, esse injustiçado, Pedro Paulo Filho, com seu vasto cabedal cultural e seus dotes de grande artífice da palavra, fez uma ótima síntese da vida, da obra e do pensamento do tão nobre quanto injustiçado pensador, escritor e líder político Plínio Salgado, mais ilustre dos filhos de São Bento do Sapucaí, que, nas palavras do autor da História de Campos do Jordão, deixou “à Pátria exemplo inolvidável de um dos maiores pensadores políticos brasileiros e uma herança cultural soberba”, que o elenca “entre os mais notáveis escritores do Brasil” [4]. Tendo apreciado muito tal trabalho a respeito do autor da Vida de Jesus e de Espírito da burguesia, logo tratamos de procurar ler algumas obras de Pedro Paulo Filho, principiando pelos seus principais trabalhos históricos sobre Campos do Jordão, cidade que aprendemos a amar desde a mais tenra idade e na qual não nascemos, mas renascemos, posto que nela, em julho de 2004, nossa alma, morta pelo punhal da descrença, renasceu ao reencontrar a Fé perdida, durante o mais belo crepúsculo hibernal que jamais vimos e que para nós, para parafrasear Paul Verlaine, valeu por todas as auroras deste Mundo [5].
            Assim, lemos, ainda no primeiro semestre de 2003, a História de Campos do Jordão e, em seguida, A Montanha Magnífica.
            A História de Campos do Jordão, obra de maior tomo saída da inspirada e fecunda pena de Pedro Paulo Filho, é um grande trabalho de sistematização dos fatos históricos mais relevantes daquela belíssima estância climática, cujas raízes busca aflorar, como escreveu o autor na apresentação do livro [6]. “Trabalho de grande fôlego, que ficará como marco indelével na historiografia dessa aprazível Estância”, nas palavras do advogado e jurisconsulto Egberto Lacerda Teixeira, que a qualificou de “esplêndida” [7], a História de Campos do Jordão é, como enfatizou o escritor e jornalista Henrique Losinskas Alves, uma “obra clássica”, que “representa subsídio importante para o estudo das gerações e possui rico material de informações históricas da Estância” [8]. Ao concluirmos a leitura de tal obra, nossa admiração por Pedro Paulo Filho, já considerável desde quando lêramos Plínio Salgado, esse injustiçado, recrudesceu ainda mais.
            Depois da História de Campos do Jordão, trabalho graças ao qual Pedro Paulo Filho assumiu “merecidamente o posto de ‘Historiador de Campos do Jordão’”, como escreveu o escritor Paulo Rangel [9], lemos, como há pouco observamos, a também monumental obra A Montanha Magnífica: memória sentimental de Campos do Jordão, a respeito da qual fazemos nossas as palavras do escritor e historiador Arakaki Masazaku:
Pedro Paulo Filho, escritor festejado, o maior historiador da Mantiqueira, demonstra, mais uma vez, sua extraordinária capacidade de pesquisador, buscando centenas de escritos ligados a esta terra, através do trabalho de homens de letras que escreveram sobre este recanto do Alto da Serra,ou que aqui produziram suas obras [10].
A Montanha Magnífica, obra por nós já várias vezes relida, contém inúmeros estudos sobre personalidades ilustres que estiveram em Campos do Jordão ou ali viveram e que em geral escreveram na ou sobre a chamada “Suíça Brasileira”, que, em homenagem ao escocês Robert John Reid, fundador do bairro jordanense de Vila Abernéssia, que viu na paisagem dos Campos do Jordão muitas semelhanças com aquelas de sua pátria distante, também podemos denominar “Escócia Brasileira”. Dentre tais personalidades, podemos destacar, além do já aqui mencionado escritor, pensador e líder político Plínio Salgado, outros notáveis escritores como Rui Ribeiro Couto, Monteiro Lobato, Paulo Setúbal, Dinah Silveira de Queiroz, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Martins Fontes, Vicente de Carvalho, Dantas Mota, Jamil Almansur Haddad, Helena Silveira, Lygia Fagundes Telles, Mário de Andrade, Orígenes Lessa, Sérgio Milliet, Euclides da Cunha, Paulo Dantas, Domingos Jaguaribe Filho, Nelson Rodrigues, Jorge Amado, Alberto da Costa e Silva, Assis Brasil, José Carlos Macedo Soares, Genésio Pereira Filho, Afonso Arinos de Mello Franco, Juò Bananère (pseudônimo de Alexandre Ribeiro Marcondes Machado), Honório de Sylos, José de Castro Nery, Ary de Andrade, Teodoro Sampaio, Luiz Arrobas Martins, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Luiz Pereira Barreto, Tulo Hostílio Montenegro, Benedito Dalmo Florence, Antônio Costella, Adelaide Carraro e os já aqui citados Henrique Losinskas Alves e Arakaki Masazaku. Não podemos deixar de mencionar, ainda, dentre tais personalidades, algumas estrelas de primeira grandeza na constelação das letras jurídicas pátrias, a saber, Miguel Reale, Alfredo Buzaid, Alexandre Corrêa e seu filho Alexandre Augusto de Castro Corrêa, Goffredo Telles Junior e Tércio Sampaio Ferraz Júnior; importantes políticos como Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Getúlio Vargas, Carlos Lacerda, Júlio Prestes e Ulisses Guimarães, e cientistas renomados como Emílio Ribas e Raphael de Paula Souza.
            Muito aprendemos nas páginas de A Montanha Magnífica, obra em que tivemos, aliás, nosso primeiro contato com Rui Ribeiro Couto, desde então um de nossos escritores prediletos, e sua obra poética, tão magnífica quanto a Montanha que muito amou e cujos bons ares curaram o seu pulmão.
            O terceiro livro de Pedro Paulo Filho que tivemos o privilégio de ler, ainda no primeiro semestre do ano de 2003, foi A Revolução da Palavra, trabalho que se constitui, inegavelmente, numa das mais importantes obras de Retórica já escritas em terras brasílicas. Como escreveu o Professor Admir Ramos, membro da Academia Paulista de Direito e autor de diversas obras no campo da Oratória, na Carta-Prefácio à 1ª edição de A Revolução da Palavra, Pedro Paulo Filho demonstrou, nesta obra, grande “fecundidade de conhecimento” na matéria ali versada [11], e, como assinalou, no mesmo sentido, o escritor e jornalista Torrieri Guimarães, tal livro, “notavelmente bem escrito” e “ricamente documentado, com a contribuição de artistas e pensadores”, é um autêntico “repositório de conhecimentos, cuja leitura se torna obrigatória” [12].
            Isto posto, cumpre enfatizar que os justos elogios feitos por Admir Ramos e Torrieri Guimarães à obra A Revolução da Palavra podem ser feitos a qualquer das obras de Pedro Paulo Filho que já tivemos a oportunidade de ler, uma vez que todas elas são notavelmente bem escritas e ricamente documentadas, realmente se constituindo em verdadeiros repositórios de conhecimentos, cuja leitura é obrigatória e nos quais o autor de O bacharelismo brasileiro e de Campos do Jordão, o presente passado a limpo nos revela a magna fecundidade de seu conhecimento, ou, noutras palavras, de sua cultura verdadeiramente admirável.
            Segundo lemos na contracapa da 2ª edição de A Revolução da Palavra, tal estudo se constitui em “um apelo à preservação do homem espiritual”, que, em nosso sentir, deve ser precedida, na maioria de nós, pela restauração do homem espiritual e que deverá se dar, no entender do autor, pela “Revolução da Palavra”, baseada nos ensinamentos de Cristo. Cumpre sublinhar que o vocábulo “revolução” é aí empregado em sua concepção etimológica, astronômica e tradicional, segundo a qual tal termo significa retorno ao ponto de partida, ou, noutras palavras, restauração. Tal sentido foi empregado, dentre outros, por Chesterton, que escreveu que “não há na história uma única revolução que não seja uma restauração” [13], e por Plínio Salgado, que, em discurso proferido na Câmara dos Deputados, em Brasília, a 29 de abril de 1963, tendo observado que a doutrina que pregava era revolucionária, ressaltou que “a palavra revolução, conforme indica a sua etimologia, significa retorno”, posto que “o prefixo re quer dizer volver a alguma coisa”.  Assim, segundo Plínio Salgado, “quando se dá um desequilíbrio econômico, social ou político numa nação, urge uma revolução para retornar ao equilíbrio perdido” [14].
            O sentido dado por Pedro Paulo Filho à “Revolução da Palavra” fica bem claro nas páginas finais de sua obra, onde, pouco depois de haver feito suas as palavras de Victor Hugo em que o autor de Os miseráveis proclama que os filósofos são fachos de luz, enquanto Jesus Cristo é o dia [15], faz igualmente suas as palavras de Gerardo Mello Mourão em que o autor de A invenção do mar salienta que a palavra dada deve ser mantida, uma vez que toda promessa é um compromisso e “toda palavra responsavelmente dita tem carga de eternidade” [16], de modo que peca todo homem que não cumpre sua palavra. Em seguida, observa o escritor jordanense que a “palavra de honra, arrebatada de nossos maiores, como a mais alta expressão de dignidade humana”, se encontra, na hora presente, “bolorenta e jazente dos quartos de despejo da morada dos homens e da vida das nações”, sendo
tarefa urgente da nossa geração redimi-la dos nossos pecados.
Como fazê-lo?
Vivendo a mais alta de todas as palavras, na expressão do salmista (a tua palavra me vivifica), a palavra que liberta, como disse o evangelista (a verdade vos libertará), a palavra que purifica, como pregou o Santo (são palavras, é verdade, mas purificam), a palavra que santifica, como proclamam as escrituras (santifica-os na verdade. A tua palavra é a verdade), a palavra que anima, emanada do Senhor (quem guardar a minha palavra, não verá a morte eternamente), e, enfim, a palavra da comunhão, como anunciou Cristo (se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á dado).
Se alguém me ama, pregou Jesus, guardará as minhas palavras [17].
Em julho daquele ano de 2003, encontramos o Dr. Pedro Paulo Filho pela primeira vez, em seu escritório no centro da Vila Abernéssia, onde tivemos uma longa e agradável conversa com o autor de Campos do Jordão, meu amor e lemos, pela primeira vez, alguns de seus belos e tocantes poemas sobre a terra jordanense. Saímos de seu escritório não apenas com os livros Estórias e lendas do povo de Campos do Jordão (1988), Campos do Jordão, o presente passado a limpo (1997) e Contos bem contados (1999), que nos foram dados de presente pelo seu autor, como também com a melhor das impressões a respeito deste, que era um homem tão fino, simpático e generoso quanto sábio e culto.
Lemos os três livros mencionados, todos eles muitíssimo bem escritos e documentados, em apenas dois dias, lá mesmo na “Montanha Magnífica”, e, nas páginas de Campos do Jordão, o presente passado a limpo, encontramos a transcrição de uma carta de Plínio Salgado escrita em 05 de maio de 1965 e dirigida ao arquiteto e artista plástico Sylvio Jaguaribe Ekman,  neto do médico e escritor cearense Domingos Jaguaribe Filho, um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, assim como um dos primeiros moradores de Campos do Jordão e um de seus mais importantes propagandistas e um dos mais notáveis arautos do Municipalismo em toda a História Pátria. Tal carta já fora, aliás, parcialmente transcrita no estudo Plínio Salgado, escritor injustiçado, que consta da obra A Montanha Magnífica e é tão brilhante quanto a conferência Plínio Salgado, esse injustiçado, que foi, com efeito, bastante elogiada por Maria Amélia Salgado Loureiro, filha e biógrafa de Plínio Salgado, em carta a Pedro Paulo Filho transcrita no referido estudo. Nesta carta, a autora de Plínio Salgado, meu pai evoca, dentre outras coisas, o amor de seu ilustre genitor pelas paisagens jordanenses e o fato de que foi ele, quando Deputado Estadual, em fins da década de 1920, o responsável pela criação da rodovia que hoje se chama Monteiro Lobato e liga Campos do Jordão a São José dos Campos. Um fato relevante de que Maria Amélia Salgado Loureiro se esqueceu de evocar na carta é aquele de que foi Plínio Salgado também responsável pela criação, em 1928, da Prefeitura Sanitária de Campos do Jordão, primeiro passo para a emancipação total da terra jordanense do Município de São Bento do Sapucaí, que ocorreria no ano de 1934.
Transcrevemos parte da mencionada carta de Plínio Salgado, que contém algumas das mais belas linhas já escritas sobre Domingos Jaguaribe Filho, cognominado o “Pedro Álvares Cabral de Campos do Jordão” e “o Patriarca do Municipalismo” pelo assinalado autor da Vida de Jesus, d’O estrangeiro e de Espírito da burguesia [18], em pequeno estudo sobre O Município, centro das famílias, célula da Nação, que escrevemos há alguns anos, a quatro mãos, com o jornalista paranaense Anderson Salim Calil, e que deve ser publicado no próximo ano, em comemoração aos oitenta e três anos do chamado Manifesto de Outubro, documento inaugural do Integralismo, e aos cento e vinte e anos do nascimento de Plínio Salgado, autor daquele tão relevante quanto injustamente esquecido documento da nossa História.
            Voltemos, porém, aos poemas de Pedro Paulo Filho que tivemos o prazer de ler na tarde em que o conhecemos pessoalmente, em seu escritório na Vila Abernéssia. Dentre eles, aqueles que julgamos mais formosos foram Campos do Jordão, meu amor, Vila Abernéssia, Três sentidos, O pinheiro e O Homem das Montanhas, além do poema em prosa Campos do Jordão, onde sempre é estação.
            Como infelizmente não dispomos de muito tempo e espaço, conforme já assinalamos anteriormente, transcreveremos a seguir apenas os poemas Campos do Jordão, meu amor, Vila Abernéssia, Três sentidos e O Homem das Montanhas. Ao ler tais poemas, verificará o leitor o fato de que Pedro Paulo Filho não é apenas um dos maiores historiadores e memorialistas da Mantiqueira e do Vale Paraíba, mas também um de seus mais inspirados poetas.
CAMPOS DO JORDÃO, MEU AMOR

Verdes campos,
Embrenhados nos confins da Mantiqueira;
Ao dia, os pássaros, à noite, os pirilampos,
Entoando agreste sinfonia, à ribanceira
Dos abismos de esmeraldas e aos flancos
E às baixadas e planícies e aos barrancos,
A serra, de silhueta olímpica e brejeira.

Verdes campos,
Luminosos, feitos de pedrarias,
Em manhãs hibernais e de espantos!
Da noturna alcova, todos os dias
Saltitavas, fresca e aos prantos,
Que as lágrimas do orvalho, aos cantos
Dos olhos, belos e serenos, vertias.

Verdes campos,
Que à beira dos córregos risonhos
E apaixonados – não sei quantos!
Viam despencar cascatas de sonhos
Estilhaçados – e que foram tantos!
Loucos sonhos de amor, santos
E malditos, puros e medonhos.

Noites formosas,
Adornando, com seus negros cabelos,
Veredas encantadas, sinuosas,
Que das alturas da Serra, pelos
Volteios dos rios, vertiginosas,
Iam caindo, despetalando as rosas,
Turvando as formas, rompendo os zelos.

Noites formosas
E solitárias – bêbadas de amor!
De brumas envoltas, vaporosas,
Prenhes de luz, morena de cor,
Tangendo as cordas amorosas
Do seresteiro que canta glosas
Na musicalidade da dor.

Noites formosas,
No dorso da Serra, desmaiadas,
Vesperal de auroras misteriosas,
Que um dia – doce conto de fadas!
Em épocas longínquas, idosas,
Em Oyaguara seduziram, tanto em prosa
Quanto em verso, estórias encantadas [19].

VILA ABERNÉSSIA

Desce a neblina com seu claro manto,
Cobrindo a Vila, aos poucos, de mansinho;
Logo as encostas, vestidas de arminho,
Jazem brancas e alvas, por todo o canto.

Ei-la, a Vila Nova de antigamente,
Tendo a brancura das noivas agora,
A distribuir nas veredas afora,
O encanto da graça, doce e envolvente,


Heroica Vila de estórias contadas,
Onde o escocês Reid, seu fundador,
Um belo dia, perdido de amor,
Escutou falar de contos de fadas.

A semelhança com a terra natal
Levou Robert John Reid a perguntar:
Por que Vila Abernéssia não chamar,
Se o encanto é o mesmo, a formosura igual?

De Aberdeen Reid o prefixo grafou
E de Inverness o sufixo extraiu,
Era a Escócia se juntando ao Brasil
E à Vila Abernéssia que tanto amou [20].


TRÊS SENTIDOS

Campos do Jordão é ver, ouvir e sentir,
Três provas da existência de Deus.

Ver
O azul-anil uniforme do céu,
As folhas douradas dos plátanos,
O verde enfeitiçado dos pinheirais,
O recorte sensual [21] das montanhas,
A natureza cantando as cores,
Nas nuances, tons e matizes,
E depois de ver, viver.

Ouvir
A orquestração dos pintassilgos,
A monotonia cristalina dos córregos
A brisa leve a balançar as folhas,
O barulho surdo da chuva no telhado,
O galo no romper da aurora,
Anunciando o nascer do dia,
E depois de ouvir, sorrir.

Sentir
Saudades dos tempos de menino,
A lembrança do beijo paterno,
A evocação das serenatas ao luar,
O doce acalanto materno,
As claras manhãs hibernais,
O mistério das noites estreladas,
E, depois de te ver, ouvir e sentir,
Campos do Jordão,
- Já posso morrer! [22]
                                     
                                      O HOMEM DAS MONTANHAS

                                      Sou homem das montanhas,
                                      Minha fronte é erguida
                                      E toca os astros siderais.

                                      Sou homem das montanhas
                                      Minha coluna verga, mas não quebra
                                      E tem a verticalidade da vida.
                                     
                                      Sou homem das montanhas,
                                      Minha face guarda sinais de ozona
                                      E desafia o chicotear dos ventos.

                                      Sou homem das montanhas,
                                      Meus passos são largos, decididos,
                                      E pressentem os atavios do caminho.
                                     
                                      Sou homem das montanhas,
                                      Estou mais perto das estrelas
e da morada de Deus.

Sou homem das montanhas,
Tenho olhos de lince
E vejo para além dos horizontes.

Sou homem das montanhas,
Meu espírito é duro como aço
E não dobra às borrascas do destino.

Sou homem das montanhas,
Meus braços são longos e fortes
E enlaçam para a vida e para a morte.

Sou homem das montanhas,
Minhas palavras são espelho d’alma
E refletem a verdade do coração.

Sou homem das montanhas,
Deus, que dá o corpo e o espírito,
Me fez nascer em Campos do Jordão [23].
Poucos dias depois de termos conhecido pessoalmente o Dr. Pedro Paulo Filho, escrevemos, ainda em Campos do Jordão, um poema, que dedicamos ao poeta de Campos do Jordão, meu amor e que leva o nome daquela bela e aprazível estância climática, terra dos verdes pinheiros, dos plátanos de folhas douradas e das hortênsias azuis:
CAMPOS DO JORDÃO

A Pedro Paulo Filho

Da janela contemplo as derradeiras brumas
E as últimas sombras
Da fria e escura noite
Que cobre , como um negro véu duma viúva d’outrora,
A encantatória cidade montanhesa,
Suíça Brasileira,
Sem neve e com araucárias,
Helvética Rosa
Na Terra de Santa Cruz.

Parafraseando William Blake,
Clamo à manhã,
Formosa virgem adornada do mais puro alvor,
Que abra os umbrais de ouro dos céus
E desperte a alvorada nos céus adormecida.
Atendendo ao meu clamor,
Abre a manhã
Os celestes portais de ouro,
Atrás dos verdes morros cobertos de araucárias
Que erguem os braços aos céus,
Como numa prece,
Ao mesmo tempo em que faz cair
Sobre os Campos do Jordão,
O branco véu de noiva de suas névoas puras,
Tão puras quanto o azul deste céu hibernal
E o ar destas magníficas e mágicas montanhas,
Onde, a respirar o doce perfume dos pinheiros,
Pela primeira vez andei,
Pela primeira vez falei
E aprendi a rezar
Muitas das poucas orações que conheço.

Sob a límpida luz dos primeiros raios
Do sol invernal
E o alvor das neblinhas da antemanhã,
Que aos poucos se dissipam,
Caminho entre plátanos, pinheiros e hortênsias,
Pedindo ao ar, ao bom ar de Campos do Jordão
Que cure não o meu pulmão
Como pediu o poeta d'O chalé na montanha [24],
Mas sim o meu espírito,
O meu atormentado espírito.

E assim, entre sonhos e névoas,
Contemplando a beleza das translúcidas paisagens
Da montanha
E ouvindo o cantar alegre dos pássaros
E a nebulosa cascata de sons tristes
Que sai dos crepusculares e outonais violinos e violões
Que plangem dentro de mim,
Vou caminhando pelas ruas e alamedas de Campos do Jordão,
Suíça Brasileira,
Sem neve e com araucárias,
Helvética Rosa
Na Terra de Santa Cruz.
No outono de 2005, estando novamente nas montanhas jordanenses, ali escrevemos, dentre outros poemas, um outro dedicado a Pedro Paulo Filho, assim como a Verlaine, e intitulado Outono em Campos do Jordão:
           
OUTONO EM CAMPOS DO JORDÃO
A Pedro Paulo Filho e Paul Verlaine

Põe-se o sol nas fímbrias do horizonte,
Atrás das altas montanhas
Cobertas de verdes pinheiros.
Sob o alabastrino manto da névoa,
Que desce dos céus sobre a bucólica
Cidade serrana,            
Vestindo de arminho as encostas das montanhas,
Como num poema de
Pedro Paulo Filho,
Caminho contra o vento frio,
Que leva as folhas amareladas e mortas
Que caem dos plátanos
E que os raios d’ouro do entardecer
Tingem de dourado,
Enquanto me recordo de que Carlos Drummond de Andrade
Escreveu que “o outono é mais estação da alma que da natureza ”,
E, parafraseando Verlaine,
Digo que é outono em minh’alma
Como é outono na cidade.
Então, sob a branca neblina
E as primeiras sombras negras
Da noite que cai, docemente,
Sobre as montanhas,
Pensando no crepuscular poeta
Dos Poemas saturninos e dos Romances sem palavras,
Lembro-me de sua Canção d’outono
E, junto com o ruído das folhas secas
Que piso
E o rumor do vento que leva outras folhas secas
Para cá e para lá,
Escuto “os longos soluços
Dos violinos
D’outono”,
Que “ferem meu coração
Dum langor
 Monótono”,
E, “todo sufocante
E pálido quando soa a hora,
Recordo-me dos dias d’antanho
E choro”,
Choro de saudade e nostalgia
Daqueles dias dourados, doces e floridos
Da alvorada de minha peregrinação terrena,
Que não mais voltarão
E que então pareciam longos,
Mas na verdade foram curtos demais.

E assim “vou-me embora
Ao vento” que não direi mau, como Verlaine, mas bom
E “que me leva
De cá, de lá
Como uma folha morta”,
Exatamente igual
Às que piso
E que os bons ventos de Campos do Jordão
Levam daqui e dacolá,
Enquanto em volta de mim
As sombras da noite tudo cobrem
E no céu, entre alvas neblinas e nuvens,
Surgem uma lua cheia de pura prata
E dezenas de estrelas de brilhante,
Que brilham como os pirilampos que começam a cantar
No mato, perto da linha do trem.
Pouco depois, chego
Ao elegante e iluminado centro da Vila Capivari,
Juntamente com os primeiros pingos
Da chuva que principia a cair, mansamente,
Sobre a cidade montanhesa.
Então, na minha penumbrista e brumista
Cidade Interior,
Onde quase sempre é outono e crepúsculo,
Nuvens de puro ouro
Começam a derramar lágrimas
Sobre as ruas estreitas e nevoentas,
Enquanto, no alto das torres da Catedral,
Sinos de prata badalam melancolicamente,
Anunciando a hora da Ave-Maria,
Que lá fora há muito já passou,
E me recordo, uma vez mais,
Dos dias d’outrora
E choro,
Choro de saudade e nostalgia
Daqueles dias dourados, doces e felizes
Da alvorada da minha peregrinação terrena,
Que não mais voltarão,
Mas que talvez estejam vivos dentro de mim,
E que então pareciam longos,
Mas na verdade foram curtos demais.
Embora não sejam estes os únicos poemas de nossa lavra que dedicamos a Pedro Paulo Filho ou em que citamos o poeta jordanense, consideramos oportuno, por razões de tempo e de espaço, não mais transcrever aqui nenhum deles.
Depois da primeira visita que fizemos ao historiador, memorialista e poeta de Campos do Jordão, em julho de 2003, ainda o encontramos, nos anos seguintes, mais três vezes, as duas primeiras em seu escritório e a última por ocasião de uma sessão da Academia Jordanense de Letras, em que o escritor e advogado sambentista Genésio Pereira Filho, nosso grande amigo e companheiro de ideais e membro-fundador daquela Academia, fez uma belíssima conferência sobre a poeta Cecília Meirelles, de quem fora amigo e a quem escolhera como patrona de sua cadeira na referida Academia. Foi nesta ocasião, aliás, que conhecemos pessoalmente o escritor Paulo Dantas, também membro-fundador daquela Academia, que faleceria pouco depois e de quem já então lêramos os romances O capitão Jagunço e Cidade enferma, este último ambientado, aliás, em terras jordanenses.
Entre fins de julho de 2003, quando conhecemos pessoalmente o Dr. Pedro Paulo Filho e lemos os livros com que este nos presenteou, e este mês de dezembro de 2014 em que escrevemos estas linhas, lemos diversos trabalhos de sua lavra, todos eles escritos num português lapidar e revelando a profunda erudição de seu autor. Dentre tais trabalhos, podemos destacar, além dos já aqui mencionados Izabel e Pedro Paulo: uma história de amor e coragem (2005) e O bacharelismo brasileiro (1997), os livros Grandes advogados, grandes julgamentos (1989), Conto, canto e encanto com a minha terra – Campos do Jordão – onde sempre é estação (2003), Notáveis bacharéis na vida boêmia (2005), Advogados e bacharéis, os doutores do povo (2005), Famosos rábulas no Direito brasileiro (2007), Cerejeira em flor: a história da imigração japonesa em Campos do Jordão (2008), História da Estrada de Ferro Campos do Jordão (2008) e Camargo Freire, o pintor da paisagem de Campos do Jordão (2012), assim como os prefácios aos livros Uma casa, Campos do Jordão (2013), de autoria anônima, e Poetas paulistas (2004), coletânea de poesias de autores de São Paulo organizada por Paulino Rolim de Moura.
Isto posto, cumpre confessar que ainda não lemos a maior parte das diversas obras jurídicas do Dr. Pedro Paulo Filho, a respeito das quais ouvimos, aliás, grandes elogios proferidos por advogados ilustres. Falta-nos ler, com efeito, os seguintes livros jurídicos do autor de O bacharelismo brasileiro: As ações na locação imobiliária urbana (1999), Absolvição sumária nos crimes dolosos contra a vida (2000), Contratos no Direito brasileiro (2001), Novo Direito de Família (2003), Divórcio e separação (2004) e Concubinato, união estável, alimentos e investigação de paternidade (2004), estes três últimos escritos em parceria com a esposa, a advogada Guiomar Apparecida de Castro Rangel Paulo, mão de seu filho, Pedro Paulo Netto, advogado e administrador de empresas.
Gostaríamos de dispor de tempo e espaço para tratar de cada um dos trabalhos do autor de Notáveis bacharéis na vida boêmia que tivemos a oportunidade de ler, todos eles magníficos como a Montanha em que foram escritos, mas, como, infelizmente, não dispomos de tal tempo e de tal espaço, encerramos aqui o presente artigo em memória de Pedro Paulo Filho, manifestando, uma vez mais, nossa esperança de que, ao chegar ao cume da montanha da existência, tenha esse “Homem das Montanhas” encontrado o Cristo, princípio e fim da Pessoa Humana, passando a gozar, no Paraíso, da felicidade eterna. Aliás, bem sabemos que esse varão de raras e excelsas virtudes não temia a morte, pois bem sabia que é com o fim de nossa peregrinação terrena que se inicia a Verdadeira Vida, ou, como diz a Oração de São Francisco de Assis, “é morrendo que se ressuscita para a Vida Eterna” [25].
Assim terminamos nossa singela, porém sincera homenagem a Pedro Paulo Filho, historiador, memorialista e poeta de Campos do Jordão e um dos filhos mais ilustres da terra jordanense, cujo nome permanecerá vivo, iluminando, como um farol, a “Montanha Magnífica”, a Serra da Mantiqueira e todo o Vale do Paraíba, de que foi e é, inegavelmente, um dos maiores intelectuais e escritores. E roguemos a Deus, Criador e Sumo Regente do Universo, que suscite, na atual geração e naquelas vindouras, homens com as qualidades morais e intelectuais do autor da História de Campos do Jordão.

Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira e 1º Vice-Presidente da Casa de Plínio Salgado.
São Paulo e Campos do Jordão, dezembro de 2014-LXXXII.


 [1] Suma contra os gentios, Livro III, Capítulo XXXIX, 1. Tradução de D. Odilão Moura O.S.B. Revisão de Luís A. de Boni, Porto Alegre, EDIPUCRS, Edições EST, 1996, volume II, p. 437.
[2] Izabel e Pedro Paulo: uma história de amor e coragem, Pindamonhangaba, Gráfica e Editora São Benedito, 2005.
[3] Oração do advogado. Disponível em: http://www.apdcrim.com.br/#!homenagem-4/c5t5. Acesso em 15 de dezembro de 2014.
[4] Plínio Salgado, esse injustiçado, in Gumercindo Rocha DOREA (Organizador e apresentador), São Bento do Sapucaí, São Paulo, Espaço Cultural Plínio Salgado, 1994, p. 25.
[5] In Jules HURET, Enquête sur l’évolution littéraire, 1ª edição, Paris, Charpentier, 1891, p. 71.
[6] História de Campos do Jordão, Aparecida, São Paulo, Editora Santuário, 1986, p. 5.
[7] Citado na “orelha” da contracapa do volume I da obra A Montanha Magnífica: memória sentimental de Campos do Jordão, de Pedro Paulo Filho (São Paulo, O Recado Editora Ltda., 1997).
[8] Citado na “orelha” da contracapa do volume I da obra A Montanha Magnífica: memória sentimental de Campos do Jordão, de Pedro Paulo Filho (Op. cit.).
[9] Citado na “orelha” da contracapa do volume I da obra A Montanha Magnífica: memória sentimental de Campos do Jordão, de Pedro Paulo Filho (Op. cit.).
 [10] Citado na “orelha” da contracapa do volume I da obra A Montanha Magnífica: memória sentimental de Campos do Jordão, de Pedro Paulo Filho (Op. cit.).
[11] Carta-Prefácio à 1ª edição, in A Revolução da Palavra: uma visão do homo “loquens”, 2ª edição, atualizada e ampliada, São Paulo, Edições Siciliano, 1987, p. V.
[12] Citado na “orelha” da contracapa do volume II da obra A Montanha Magnífica: memória sentimental de Campos do Jordão, de Pedro Paulo Filho (Op. cit.).
[13] O que há de errado com o mundo, Tradução de Luíza Monteiro de Castro Silva Dutra, Campinas, São Paulo, Ecclesiae, 2013, p. 42.
[14] Exposição em torno do projeto de lei agrária, o problema da terra e a valorização do homem, in Discursos parlamentares (Volume 18 – Plínio Salgado), Seleção e introdução de Gumercindo Rocha Dorea, Brasília, Câmara dos Deputados, 1982, p. 613.

[15] A Revolução da Palavra: uma visão do homo “loquens”, cit., p. 240.
[16] Apud Pedro PAULO FILHO, A Revolução da Palavra: uma visão do homo “loquens”, cit., p. 242.
[17] A Revolução da Palavra: uma visão do homo “loquens”, cit., p. 242.
[18] Apud Pedro PAULO FILHO, Campos do Jordão, o presente passado a limpo, São José dos Campos, Vertente, 1997, p. 70.
[19] Campos do Jordão, meu amor. Disponível em: http://www.pedropaulofilho.com.br/poesias_cj.php. Acesso em 18 de dezembro de 2014. Cumpre ressaltar que há erros de transcrição na versão do portal citado, aparecendo, por exemplo, a expressão “noites famosas” duas vezes no lugar de “noites formosas”.
[20] Vila Abernéssia. Disponível em: http://www.pedropaulofilho.com.br/poesias_abernessia.php. Acesso em 18 de dezembro de 2014.
[21] Cumpre sublinhar que o termo “sensual” não foi aí empregado no sentido de “voluptuoso”, mas sim no sentido de que apela aos sentidos.
[22] Três sentidos. Disponível em: http://www.pedropaulofilho.com.br/poesias_sentidos.php. Acesso em 19 de dezembro de 2014.
[23] O Homem das Montanhas. Disponível em: http://www.pedropaulofilho.com.br/poesias_homem.php. Acesso em 19 de dezembro de 2014.
[24] Rui Ribeiro Couto.

[25] Preghiera di San Francesco d’Assisi. Disponível em: http://www.vaticanoweb.com/preghiere/preghiera_di_san_francesco.asp. Acesso em 20 de dezembro de 2014. Tradução nossa.