Tuesday, June 27, 2006

Integralismo é Fascismo?

Por Victor Emanuel

Não, Integralismo não é Fascismo. Os Integralistas jamais julgaram que o modelo de Mussolini valesse algo para o caso do Brasil, cujo problema sempre foi muito mais complexo do que o da Itália.
Cuidamos que um dos grandes males de nosso Brasil e de nossa América tem sido a importação de sistemas estrangeiros que de nada nos servem. Como disse o proeminente escritor norte-americano de origem portuguesa John Dos Passos em seu artigo “The New Masses I’d Like”, de 1927, “desde Colombo que os sistemas importados têm sido uma maldição neste continente. Por que não desenvolver um modelo só nosso?”. Plínio Salgado pensava da mesma forma que o autor de “Manhattan Transfer” e da “Trilogia USA” quando um ano antes, nas imortais páginas de seu romance “O Estrangeiro”, criava, por meio da luta do personagem nacionalista Juvêncio contra os papagaios que não paravam de cantar o “Giovinezza”, aquilo que Gumercindo Rocha Dórea chama de “primeiro manifesto antifascista do Brasil”. E pensava do mesmo modo em 1931, quando escreveu o “Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo”, onde afirma que “não devemos transplantar para o Brasil, nem o fascismo nem outros sistemas exóticos”. Por fim, em 1946, na magnífica “Carta de Princípios do PRP” (Partido de Representação Popular), Plínio Salgado também sustenta que a subserviência a ideologias ou partidos estrangeiros é perigo de morte para nossa Pátria”.
E não é apenas por ser um sistema estrangeiro, um sistema alienígena que não consideramos o Fascismo válido para o Brasil. Abominamos por completo a Ditadura, o Cesarismo e o Estado Totalitário, defendendo a Democracia Integral, ou Cristã, e o Estado Ético, ou Integral; e temos consciência de que o Integralismo se aproxima muito mais da Doutrina Social da Igreja e do movimento cristão e democrático de D. Sturzo do que do Fascismo de Benito Mussolini.
No ano de 1927, em sua obra “Literatura e Política”, no capítulo intitulado “Pela Defesa Nacional”, Plínio Salgado já condenava o Fascismo, bem como seu irmão, o Bolchevismo: "Aparecem duas tisanas para as doenças da Europa: o comunismo e o fascismo. Ambos materialistas decretam a falência da democracia: - ou triunfa o imperialismo econômico baseado no 'nacionalismo', no 'fascismo', na 'ditadura militar'; ou vence o imperialismo político da Terceira Internacional.
"Será esse o dilema para os jovens povos da América? Que rumo devem seguir os países novos, como o Brasil? Se pretendemos empreender a defesa da democracia, em face das prementes realidades econômicas dos povos, devemos colocar o problema sob o ponto de vista retardatário do liberalismo, dos nossos partidos oposicionistas?" ("Obras Completas". Vol. décimo nono. São Paulo: Editora das Américas, 1956, págs. 64 e 65).
É verdade, entretanto, que o Integralismo tem alguns pontos em comum com o Fascismo, em especial no que respeita à sua posição em relação ao Comunismo e ao Capitalismo Liberal, à defesa da harmonia social em face da luta de classes e à idéia de que o Estado não pode permanecer passivo como no Liberalismo, devendo intervir na Economia e nas relações entre Capital e Trabalho visando satisfazer às demandas do bem comum. Mas, na realidade, todos esses princípios não surgiram com o Fascismo, mas sim com a “Rerum Novarum”, de Leão XIII, e a Doutrina Social da Igreja formada a partir da promulgação desta ainda hoje atualíssima Encíclica que foi tão profundamente estudada por Plínio Salgado.
Também é verdade que certos autores Integralistas – dentre os quais NÃO se encontra Plínio Salgado, que sempre deixou bem claro que seu pensamento derivava dos ensinamentos do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Doutrina Social da Igreja, bem como das obras de eminentes pensadores e poetas nacionais como Alberto Torres, Jackson de Figueiredo, Farias Brito, Euclides da Cunha, Oliveira Vianna, Tavares Bastos, Olavo Bilac, Gonçalves Dias e Castro Alves – definiram o Integralismo como sendo um movimento fascista como inúmeros outros que então existiam pelo Mundo e que contavam com a admiração de personalidades como Fernando Pessoa, José Antonio Primo de Rivera, Ezra Pound, T.S Eliot, Alceu Amoroso Lima e Octavio de Faria.
Faz-se mister sublinhar, todavia, que isto ocorreu num tempo anterior à subordinação da Itália de Mussolini à Alemanha Hitlerista e às ignominiosas leis que o “Duce”, pressionado pelos nazistas, acabou adotando contra o povo judeu, ao qual não tinha nenhuma aversão, e sobretudo anterior ao triunfo das famosas “técnicas de etiquetagem” das chamadas “esquerdas”, que conseguiram, aliás, transformar movimentos tão diversos como o Fascismo, o Nazismo e o Integralismo em sinônimos, sendo, com efeito, as grandes responsáveis pelas imagens completamente absurdas que se passam do Integralismo em livros, revistas, filmes e novelas e minisséries da Rede Globo de Televisão. Ao contrário, tudo isto ocorreu num tempo em que o Fascismo era visto com enorme admiração pela maior parte das pessoas em geral e sobretudo dos intelectuais, sendo encarado como uma “terza via” entre o Capitalismo Liberal e o Bolchevismo, uma reação espiritualista contra o Materialismo grosseiro, uma promessa de alvorada, de primavera após uma noite, um inverno materialista que já durava décadas.
Dentre esses autores Integralistas que consideravam o Movimento do Sigma como sendo um movimento fascista, destaca-se a saudosa e notável figura de Miguel Reale, em cujos escritos o termo “Fascismo” adquiria “uma conotação genérica, para abranger todas as formas de ‘economia dirigida’, ou, mais amplamente, de ‘economia planificada’. Foi só mais tarde que, de um lado, pela subordinação do Fascismo aos objetivos de Hitler, e, de outro, como conseqüência da já mencionada ‘técnica de etiquetagem’ esquerdista, a palavra Fascismo passou a ser sinônimo de Nazismo, a fim de ser mais cômodo combatê-lo” (Miguel Reale. “Memórias”. Vol. 1. “Destinos Cruzados”. São Paulo: Saraiva, 1986, pág. 93). É importante frisar ainda que Reale referia-se, outrossim, ao “New-Deal” de Roosevelt como um “fascismo à maneira ‘yankee’”, tal como o definira Alceu Amoroso Lima.

Thursday, June 22, 2006

Farias Brito e a Filosofia do Espírito


Por Fernando Rodrigues Batista

Um personagem de Chesterton, em "A Esfera e a Cruz", quebrava a bengaladas as vidraças de um jornal que ofendia a Mãe de Cristo, era uma forma de fazer frente a seus opositores e do cristianismo.
Nesta linha de raciocínio, no Brasil, Raimundo Farias Brito (1862-1917), notável filósofo cearense, hoje tão olvidado dos meios intelectuais, espancava seus antagonistas com o vigor de sua pena, sobretudo àqueles pertencentes ao que ele alcunhou de "filosofia do desespero", a saber, o fenomenismo de Hume; o criticismo de Kant; o positivismo de Augusto Comte.
A obra erigida pelo portentoso pensador pátrio contribuiria em nosso tempo, para pôr cobro à faina demolidora, esse insulamento trágico do existir – conforme expressão de Elias Tejada – que é a regra dos desbocados existencialismos modernos, seja o cristão de Soren Kierkegaard, ou o heideggeriano, ou mesmo o existencialismo ateu de Sartre.
Farias Brito entendia que, a filosofia, fornecendo uma interpretação da existência, dá-nos ao mesmo tempo a compreensão do nosso destino.
Novalis, de uma certa feita, ensinou que, só um artista pode adivinhar o sentido da vida. Nesse sentido, Carlos da Veiga Lima, em estudo referente à obra de Farias Brito, dizia em certa altura: "E haverá maior artista que o filósofo?... A filosofia é a arte suprema... arte para nosso filósofo, não é senão, energia criadora do ideal".
A realidade é uma afirmação do espírito, e só o espírito atrai o pensamento, dando-lhe força pragmática, modelando como IDÉIA FORÇA que coordena o obscuro mecanismo da nossa personalidade e da realidade à nossa consciência e eficácia a idéia (Carlos da Veiga Lima). Somente através da filosofia se pode alargar o horizonte humano da vida moral e chegar ao heroísmo da vida religiosa. Acerca do assunto, consoante a lição do insuspeito Willian James, filosofo do pragmatismo, "... é no heroísmo bem sentimos, que se acha escondido o mistério da vida... é abraçando a morte q se vive a vida mais alta, mais intensa, mais perfeita, profunda verdade de que o ascetismo foi sempre no mundo campeão fiel. A loucura da Cruz conserva uma significação profunda e viva". (W. James, in L´experience religiouse).
Farias Brito foi um inovador, um paladino do espírito, se colocou em combate num campo onde se encontravam adversários do estofo de um Tobias Barreto e de uma plêiade de intelectuais seguidores de Augusto Comte e Herbert Spencer, merecendo a justa homenagem do conspícuo professor Câmara Cascudo, que com a loquacidade que lhe era peculiar, definiu o homem e autor de "Finalidade do Mundo", como, "singular operário, obstinado e tranqüilo, batendo uma silenciosa bigorna, um aço que resistiria à ferrugem de todas as indiferenças, destinado a relampejar, ao calor do sol, como uma aura de esplendor e sucesso".
É notório verificar, não sem preocupação, que a juventude, pensante ou não, ainda sofre os influxos da putrefação filosófica, se deleitando nas leituras dos próceres do pensamento materialista, Hegel, Marx, Feuerbach, Heidegger, Kant... se tornando infensos a vigorosidade da "Filosofia do Espírito" do saudoso pensador cearense. Cabe proclamar com exaustão, que para Farias Brito, é o Espírito que elabora idéias, produz o pensamento, cria a ciência, interpreta o universo.
Entendemos que tudo quanto escreveu, foi para os olhos de nossa geração, que caminha como fardo sem endereço, em busca de um relâmpago interior que seja inoculado em suas almas, impulsionando-os às culminâncias mais elevadas, dando significado e dignidade ao seu destino.
Corroborando com tudo quanto dissemos, cabe ressaltar a indelével sentença de um ilustre pensador lusitano: "... os homens passam com o seu tropéu de ódios, com o seu cortejo de violências, mas que não passa jamais toda afirmação que é feita com amor e servida com sinceridade".

Liberal-Democracia


Por Plínio Salgado

Dissemos no capítulo anterior que o mundo é o que é, e não o que sonham os teorizadores. Nós, integralistas, pretendemos restabelecer o critério das realidades humanas. Assim, repito, em relação ao Homem, que ele deve ser tomado na verdade mais profunda da sua essência.


E não foi por outra coisa que tracei, antes de tudo, o quadro das finalidades humanas, antes de entrar no estudo político.

A liberal-democracia concebeu o "homem-cívico", a grande mentira biológica; o marxismo materialista concebeu o "homem-económico", mentira tanto filosófica como científica.

Nós, integralistas, tomamos o homem na sua realidade material, intelectual e moral e, por isso, repudiamos tanto a utopia liberalista como a utopia socialista. A liberal-democracia pretende criar o monstro, sem estômago. O socialismo marxista pretende criar o monstro que só possui o estômago e o sexo. Em contra-posição ao místico liberal e ao molusco marxista, nós afirmamos o homem-total.

* * *

Em torno da concepção marxista se criaram fórmulas ilusórias, por serem unilaterais, como sejam o "determinismo materialista", a "proletarização das massas", a "socialização dos meios de produção", a "ditadura do proletariado", "os direitos da colectividade".

Em torno da concepção liberal se criaram essas fórmulas sediças que se denominaram "a causa pública", "a voz das urnas", "a moralidade administrativa", o "civismo", as "massas eleitorais", "a luta dos partidos", "igualdade, liberdade, fraternidade".

Em torno da nossa concepção, nós, integralistas, lançamos as fórmulas definitivas de salvação nacional e humana, exprimindo realidades tangentes: "O Estado orgânico", a "organização corporativa da Nação", a "Economia dirigida", a "representação corporativa", o "homem integral", o "realismo político", a "harmonia das forças sociais", a "finalidade social", o "princípio de autoridade", o "primado da inteligência".

Condenando a liberal-democracia, que arrastou o mundo à crise pavorosa em que se encontra, queremos feril-a no seu próprio coração, que é o instituto do sufrágio.

O sufrágio universal, isto é, o direito de todos votarem no mesmo candidato, ainda que este não seja de sua classe, criou o absurdo de um Estado fora das competências económicas e morais.

Esse Estado é fraco.

Esse Estado está agonizando na Europa e na América.

Ele não pode por ordem no interior, nem pode realizar nada de prático na vida internacional, para resolver em conjunto com outros Estados, as questões mais simples, como as do desarmamento, das dívidas de guerra, ou do equilíbrio da produção e do consumo.

O Estado liberal, baseado no voto dos cidadãos, desconheceu a organização dos grupos financeiros e dos sindicatos de trabalhadores. Perdeu o controle da Nação. Tornou-se uma super-estrutura, para usarmos a terminologia marxista, um luxo da civilização burguesa e capitalista, uma superfluidade estranha aos imperativos orgânicos dos povos.

Á sua revelia, deflagraram-se as lutas entre o Capital e o Trabalho e até mesmo entre o Capital e o Capital. O aperfeiçoamento da técnica multiplicou as possibilidades da produção, alijando o homem das fabricas, e o Estado Liberal foi impotente para manter uma uniformidade de rítmo no trabalho, que possibilitasse a colocação dos produtos e evitasse tanta miséria que se originou de tanta fartura.

O mundo está em desordem porque o Estado Liberal é fraco, é anémico, é gelatinoso. É o Estado inerme, que assiste, de braços cruzados, á angústia das multidões esfaimadas e o desespero dos chefes de industria, dos agricultores, que não encontram capacidade aquisitiva suficiente, nas colectividades empobrecidas e nuas, para que possam comer e vestir. Estamos assistindo ao incêndio dos stocks: o trigo, nos Estados Unidos; o café, no Brasil; os carneiros, na Holanda e na Argentina, e há tanta criança que tirita de frio e tantas famílias sem um pedaço de pão!

* * *

Chegou o instante de devolvermos aos ideólogos democráticos o presente grego do voto.

Que façam bom proveito dele os que têm o estômago fornido, automóveis, mulheres, divertimentos, poder. Essa panaceia só tem servido para os demagogos exploradores das turbas e para os "gangsters" elegerem presidentes na América do Norte. Só tem servido para separar o Estado da vida económica e moral da Nação, permitindo que os sindicatos de capitalistas de um lado, e os sindicatos de trabalhadores do outro, combatam o combate cruel dos interesses meramente materiais, afrontando a inteligência humana, desrespeitando as mentalidades superiores, as únicas que devem impôr ordem e disciplina a ambos os contendores afim de que não desvirtuem os superiores destinos da criatura humana.

O Integralismo quer realizar uma democracia de fins e não uma democracia de meios. Quer salvar a liberdade humana da opressão do liberalismo. Quer salvar a dignidade do homem do torvo materialismo dos capitalistas e dos comunistas.

O Integralismo surge como a única força capaz de implantar ordem, disciplina. A única força capaz de amparar o homem, hoje completamente esquecido pelo Estado liberal-burguês, como aniquilado e humilhado pelo Estado marxista soviético.

Nas democracias, o homem está entregue a si mesmo.

Nos tempos de paz, os governos só se lembram dele, para lhe cobrar impostos, para lhe exigir que acorra ao serviço militar, ao júri, que atenda ao apêlo para a guerra, quando for preciso. Se o homem está desempregado, que suba e desça as escadas mendigando colocação. Se está enfermo e pobre, que recorra à caridade pública. Se já não pode trabalhar, que mendigue, pois não faltarão mesmo decretos, que lhe garantirão o exercício dessa profissão. Se plantou e não tem meios de custear a pequena lavoura, que se arranje. Se é operário, ou camponês, e as fábricas e as fazendas já não têm serviço, que trate de cavar por si mesmo a sua vida. Se existe superprodução de mercadorias e de braços, o mais que o governo pode fazer é oferecer-se para queimar as mercadorias, não tardando que se ofereça a aproveitar a carne dos trabalhadores sem emprego para fazer sabão. E se há conflitos de classes, que o problema seja resolvido à pata de cavalo. Ou então, que as indústrias rebentem, não podendo satisfazer às exigências do proletariado. E se há gente dormindo pelos bancos das avenidas, tal cousa não passa de uma fatalidade cujos desígnios os governos não devem contrariar...

E isso é a liberal-democracia. O regime onde ninguém está garantido: nem o capitalista, nem o operário; nem o industrial, nem o comerciante, nem o agricultor. Compreende-se que, num regime assim, cada qual trate de se salvar por meio de aventuras pessoais, muito embora os ideólogos fanáticos e os fariseus hipócritas clamem pela moralidade administrativa.

* * *

O liberalismo democrático é hoje defendido apenas pela grande burguesia e pelas extremas esquerdas do proletariado internacional.

E isso se explica. Sendo o regimen que não opõe a mínima restrição à prepotência do capitalismo, é o preferido por este, que, através das burlas democráticas, exerce a sua influência perniciosa no governo dos povos, em detrimento das nacionalidades, tão certo é que o capitalismo não tem Pátria; por outro lado, evitando a interferência do Estado na vida económica das nações, e oferecendo ampla liberdade à luta de classes, facilita o desenvolvimento marxista do fenómeno económico e social, preparando as etapas preliminares da ditadura comunista. (1)

Os mais ferverosos adeptos do liberalismo são os que pretendem destruir as Pátrias e o Indivíduo com suas projecções morais e intelectuais: é o argentário, o homem de grandes negócios, de um lado, e o anarquista, o comunista, de outro lado.

O ódio de uns e de outros, contra as mentalidades cultas e contra o espírito elevado e nobre das classes médias, não tem limites. Já um socialista espanhol exclamou no auge da cólera: "a pátria do capitalista é onde estão seus negócios; a pátria do proletário é onde está seu pão: só a classe média tem pátria".

* * *

Não se trata, porém, de classe média, e sim da inteligência e da cultura, da moralidade e do espírito, que criam a dignidade humana, determinando que esta paire acima das lutas mesquinhas, consciente dos superiores destinos da criatura humana.

A liberal-democracia, realmente, só aproveita aos poderosos, que exploram os pobres e os fracos, e aos demagogos marxistas, que exploram a ignorância das massas trabalhadoras, e a inexperiência dos estudantes bisonhos, mantendo-os no obscurantismo, afim de que só aprenda a filosofia do materialismo, que os tornará mais rapidamente escravos.

Explica-se o motivo porque os grandes banqueiros, as grandes empresas jornalísticas a soldo de sindicatos financeiros ou industriais, os políticos a serviço de trusts e monopólios, os agiotas de todo jaez e os negocistas de todos os quilates vivem a proclamar as excelências da liberal-democracia e investem contra o Integralismo com todas as suas armas: é que o dinheiro não tem pátria e o seu portador não tem coração; o menor pânico num país determina a fuga do ouro para outro país, e a menor notícia de disciplina governamental em relação à vida económica alarma os arraiais da usura eriçando o pêlo das hienas de garras aduncas.

Evidencia-se também a razão porque os marxistas toleram perfeitamente as democracias liberais. Não foi por outro motivo que os bolcheviques apoiaram Kerenski, na ocasião em que este se achava sob a ameaça de Korniloff. Representava Kerenski a revolução burguesa, que procede a revolução proletária. E Lénine sabia perfeitamente que sem o livre desenvolvimento económico, sob a égide da democracia, não lhe seria possível o golpe de outubro.

* * *

A democracia liberal significa o país desorganizado e o governo inexpressivo das forças económicas da Nação.

Vivendo na torre de marfim das fórmulas constitucionais delimitadoras do poder do Estado, o liberalismo é a indiferença diante do duelo de morte de duas classes. É a impotência governamental. É a fórmula inutil que serve apenas às divagações e controvérsias de juristas empedernidos.

É o suicídio da burguesia e a véspera do suicídio do proletariado.

Nós, integralistas, que pretendemos realizar a verdadeira democracia, que não é a liberal, mas a orgânica, em consonância com o rítmo dos movimentos nacionais, condenamos todas as formas de liberalismo, porque atentam contra a dignidade humana e conduzem as massas para a degradação, como conduz o homem à animalização completa.

Combatemos o voto desvalorizado e a liberdade sem lastro.

Combatemos a mentira dos partidos e as hediondas quadrilhas das oligarquias ao serviço dos poderosos. E, pelo mesmo motivo, combatemos a utopia socialista.


NOTA:

(1) Estava este livro em provas, quando o jornal burguês "O Estado de São Paulo" confessou, em artigo de crítica a um livro de Victor Vianna, as intenções do liberalismo democrático, isto é, a marcha para o comunismo, dizendo: «Não há dúvida alguma de que a evolução da humanidade para a "esquerda" é um facto indiscutível. As tendências profundas dos homens são para a emancipação de todos os indivíduos e de todas as classes, para a extinção de todos os privilégios e regalias de castas e nascimentos. A verdadeira política será aquela que coordene e não a que embarace, a evolução natural dos homens. Ora, essa política só pode ser realizada em regime democrático.»

Diante dessa confissão, não me cumpre mais, como paulista consciente e brasileiro, do que chamar a atenção dos meus co-estaduanos que ainda amam a Família, a Pátria e Deus, para o erro dos que ainda não vieram cerrar fileiras no "Integralismo", última expressão do espírito bandeirante.


(Porção do Capítulo 2 do livro O que é o Integralismo, Ed. Schmidt, Rio de Janeiro, 1933; Aqui editado com o contributo de Filipe Cordeiro)

Sunday, June 18, 2006

70 anos do início da Cruzada Espanhola

Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]


Celebra-se no próximo 18 de julho o 70º aniversário do alçamento, do levantamento nacional contra o bolchevismo na Espanha e – a fim de que não passe em brancas nuvens data tão significativa para todos os que combatem pela Fé, pela Tradição e pela Liberdade – resolvi escrever este pequeno e singelo texto.
É de causar azia a leitura dos livros de ESTÓRIA escritos neste País, dessas cartilhas do mais rasteiro e abjeto marxismo travestidas de “manuais de História” e repletas de crassos erros factuais, de graves omissões e de absurdas calúnias contra os mais expressivos vultos da História Pátria e Universal. Esses livrinhos desprezíveis pintam a Guerra Civil Espanhola como a luta do povo espanhol contra os “fascistas de Franco” e falam muito das atrocidades cometidas pelos “fascistas”, do bombardeio de Guernica pela Legião Condor e do assassinato de García Lorca, olvidando que os vermelhos cometeram muito mais atrocidades do que os nacionalistas, fuzilando várias dezenas de milhares de civis inocentes e incendiando inúmeras igrejas, e jamais mencionando o massacre de religiosos (foram mortos pelos comitês de milícias que atuavam com poderes paralelos ao governo de Madri cerca de sete mil deles, entre membros do clero secular, sacerdotes, freiras e até treze bispos) e o assassínio de Calvo de Sotelo, de Ramiro de Maeztu, de José Antonio Primo de Rivera, de Víctor Pradera e de tantos outros grandes líderes políticos e pensadores tradicionalistas espanhóis pelos vermelhos, enchendo a Espanha Sagrada de vergonha e estupor.
Como bem observa o Mestre José Pedro Galvão de Sousa – a quem devo em grande medida minha consciência hispânica e cristã e minha aversão ao comunismo ateu, sanguinário e escravizador e ao liberalismo agnóstico e gerador de profundas desigualdades sociais e de antagonismos de classes – em seu artigo “A Lição da Espanha”, publicado em “A Gazeta” a 18 de julho de 1961, no 25° aniversário do levantamento do povo espanhol contra o bolchevismo, “A guerra civil espanhola tem sido objeto dos mais tendenciosos comentários e das mais falsas interpretações. Sua história ainda está por se escrever, mas o fato é que, muito mais do que a experiência de comunistas e fascistas para a guerra a se desencadear mais tarde, ela representou uma reação das forças tradicionais daquela nação contra o comunismo imperante no governo republicano.”
A Guerra Civil Espanhola constitui, antes de tudo, a luta dos exércitos brancos da Fé, da Pátria, da Cultura e da Liberdade contra as hordas vermelhas da escravidão e do totalitarismo bolchevista. É a Cruzada de todo um povo contra o materialismo grosseiro, contra uma civilização que soube progredir tecnicamente mas não moralmente e que aumentou a riqueza mas não a distribuiu de maneira justa e eqüitativa, gerando o ódio, a miséria e a luta de classes.
Por Cristo Rei e pela Espanha Sagrada se batiam os nacionalistas, ao passo que os vermelhos combatiam por Marx e pela imperialista Rússia Soviética do tirano Stálin (cuja imagem foi colocada em diversos lugares públicos da zona dominada pelos vermelhos, como na Porta de Alcalá, em Madri).
Os nacionalistas, como afirmou o General Francisco Franco, no discurso que proferiu do terraço do palácio do governo, em Burgos, no dia em que assumiu o comando das forças revolucionárias do “Movimiento Salvador”, diante da enorme multidão que se apinhava na praça, não defendiam o capitalismo, mas sim combatiam pelo povo da Espanha e para os trabalhadores, os quais teriam todos os direitos, embora não pudessem olvidar-se de seus deveres.
Não há nada mais falso do que se afirmar que os nacionalistas lutavam contra a democracia, uma vez que, ao contrário, defendiam eles uma democracia efetiva, uma democracia integral, uma verdadeira democracia em que todos os cidadãos participassem do governo por meio de sua atividade profissional e de sua função específica.
Como disse o Generalíssimo Francisco Franco em seu famoso Discurso de Unificação das forças que colaboraram no alçamento e passaram a constituir a Falange Española Tradicionalista y de las JONS (Juntas Ofensivas Nacional-Sindicalistas), proferido a 19 de abril de 1937, “Se invoca en las propagandas rojas la democracia, la libertad del pueblo, la fraternidad humana, tachando a la España Nacional de enemiga de tales principios. A esta democracia verbalista y formal del Estado liberal, en todas partes fracasada, con sus ficciones de partidos, leyes electorales y votaciones, plenos de fórmulas y convencionalismos, que, confundiendo los medios con el fin, olvida la verdadera substancia democrática, nosotros, abandonando aquella preocupación doctrinaria, oponemos una democracia efectiva, llevando al pueblo lo que le interesa de verdad: verse y sentirse gobernado, en una aspiración de justicia integral, tanto en orden a los factores morales cuanto a los económico-sociales; libertad moral al servicio de un credo patriótico y de un ideal eterno, y libertad económica, sin la cual la libertad política resulta una burla.”
Conforme disse anteriormente, a Cruzada que teve início a 18 de julho de 1936, quando se sublevaram, sob o comando do General Francisco Franco, as tropas do Marrocos espanhol, é, sobretudo, uma Cruzada contra o bolchevismo. Com efeito, declarou Franco ao “Leipziger Illustrierte Zeitung”, em julho de 1937, que os nacionalistas lutavam “por librar a nuestro pueblo de las influencias del marxismo y del comunismo internacionales, que se introdujeron en nuestro país para hacer de España una sucursal del bolchevismo moscovita. Queremos salvar por esta lucha los valores morales, espirituales, religiosos y artísticos creados por el pueblo español a lo largo de una gloriosa historia, y que constituyen la base nuestra existencia nacional e individual.”
A Guerra de Libertação da Espanha, consoante declara o Generalíssimo Francisco Franco, a 27 de agosto de 1938, à Agência “Havas”, “La guerra de España no es una cosa artificial: es la coronación de un proceso histórico, es la lucha de la Patria con la antipatria, de la unidad con la secesión, de la moral con el crimen, del espíritu contra el materialismo, y no tiene otra solución que el triunfo de los principios puros y eternos sobre los bastardos y antiespañoles.”
A 02 de novembro do mesmo ano, declara o Caudilho ao “La Nación”, de Buenos Aires, que a luta dos nacionais é em defesa da existência e da independência da Espanha, que, como sabemos, estavam seriamente ameaçadas pelo imperialismo russo-soviético: “Estamos defendiendo la existencia e independencia de España frente al comunismo tiránico que intentó rusificar nuestra alma. Queremos salvar la continuidad sagrada de nuestra historia frente a los que quieren hacer tabla rasa de los eternos principios que informan la vida española. Queremos asegurar a España, por medio de su Revolución nacional, un porvenir lleno de justicia y prosperidad. Queremos, en definitiva, asumiendo una vez más nuestro papel de adelantados de la civilización, salvar al mundo entero de la ruina fatal y segura a que conducirá el triunfo del comunismo.”
O “Alzamiento Nacional” da Espanha teve, desde seus momentos iniciais, um caráter eminentemente popular, pois foi o povo quem, justamente com as milícias, secundou o Exército, que cumpria a vontade da nação, consciente de seu destino histórico, e os sagrados deveres que, como a salvaguarda da Pátria, de sua Cultura e de suas instituições cristãs, estavam previstos em sua lei constitutiva.
O inevitável triunfo integral dos nacionais, consumado a 1° de abril de 1939, o Dia Vitória, não é apenas o triunfo da Espanha e de seu povo contra o comunismo, mas sim de todo o Ocidente, pois a vitória dos vermelhos na Espanha seria vital para a expansão das chamadas “frentes populares” em toda a Europa Ocidental. Foi, portanto, a Espanha, a mesma Espanha Sagrada que derrotara a frota turco-otomana em Lepanto, salvando a Europa e o Cristianismo do avanço da meia-lua, quem salvou a mesma Europa e o mesmo Cristianismo do avanço da foice e do martelo, se alçando contra um governo anticonstitucional, fraudulento e tirânico e pondo cobro à revolução bolchevista em marcha.
O triunfo do Movimento de 18 de julho, após três longos anos de guerra civil, foi o primeiro e por algumas décadas o único triunfo em campo de batalha de uma nação do Ocidente contra o comunismo e acabou com o mito da inexorabilidade da revolução marxista, desmentindo, ademais, a profecia de Leon Trótski, para quem a Espanha seria, depois da Rússia Soviética, o primeiro país a instaurar um regime comunista, uma “ditadura do proletariado”.
Termino o presente texto com uma pequena homenagem, em nome do Brasil e de seu povo, a todos os espanhóis e estrangeiros que tombaram na Cruzada, alguns em defesa da Fé e da Liberdade, outros, na maioria inocentemente, a serviço da revolução bolchevista e do famigerado Komintern.
¡Arriba España! ¡Viva Cristo Rey!