Friday, October 20, 2006

A Revolução Necessária

Por Victor Emanuel


Todos sabemos que o Brasil enfrenta a mais grave crise de sua História. Nós, que durante anos fomos a oitava economia do Planeta e o país que mais crescia no Mundo Ocidental, somos hoje a décima quinta economia e temos uma taxa de crescimento irrisória se comparada à das demais nações em desenvolvimento e mesmo à de algumas nações desenvolvidas. O partido que sempre se pavoneou em arauto da Ética e em defensor dos menos favorecidos foi o responsável pelos mais terríveis escândalos de corrupção de nossa História e, mantendo os juros na estratosfera, beneficiou como nenhum outro os grandes banqueiros, em detrimento do Setor Produtivo, enquanto, por meio de programas assistencialistas como o Bolsa-Família, não fez mais do que comprar votos e manter os pobres em seu estado de pobreza, em vez de lhes oferecer as condições necessárias para efetivamente mudar de vida.
A inversão dos valores, surgida com o advento do capitalismo, sistema em que as pessoas não valem mais pelo que são, mas sim por aquilo que possuem, vem sendo promovida, com intensidade crescente, pela Mídia deletéria a serviço de interesses inconfessáveis, atingindo os níveis mais alarmantes. Os direitos humanos, em tese de todos os cidadãos, são na prática muitas vezes apenas dos ladrões e assassinos. O crime organizado, nutrido pela miséria, pelo desemprego, pela decadência dos valores espirituais, cívicos e morais e pela insuficiência do sistema educacional, desfruta de um tremendo poder diante de um Estado impotente e pratica os mais bárbaros atos de terrorismo contra alvos militares e civis. A moral e o civismo, tidos como “caretas”, “quadrados”, não são mais ensinados às nossas crianças e nem aos nossos jovens. Os heróis, os vultos da Pátria são olvidados e mesmo caluniados, ao passo que seus inimigos e traidores são exaltados, cultuados como se fossem os verdadeiros heróis da nacionalidade.
As lamentáveis ações de grupos extremistas como o MST e o MLST mostram que o bolchevismo, doutrina e prática do ódio, da inveja, da violência, da luta de classes e da desagregação moral e social, está – dezessete anos após a queda do funesto Muro de Berlim e quinze desde o colapso do Império Soviético – ainda fortíssimo em nosso País, constituindo considerável ameaça às nossas instituições cristãs e democráticas. O comunismo, doutrina exótica, subversiva e unilateral que remonta aos tempos do lampião de gás e do motor a vapor e que se apóia nos mais baixos instintos do Ser Humano e nas mais ínfimas paixões da Humanidade, alimenta-se dos justíssimos anseios da multidão despossuída e famélica, que clama por Justiça Social e desconhece que o bolchevismo não é a ditadura do proletariado, mas sim a ditadura contra o proletariado, da mesma forma que não é a harmonia entre os homens de diferentes classes, mas sim o seu extermínio mútuo e que não é a realização dos preceitos do Evangelho, mas sim a subversão da Obra Divina e o fim da Religião.
Os excluídos da posse e propriedade da terra pelo sistema capitalista, cujas mazelas não é necessário expor aqui, têm seus clamores aproveitados por profissionais da invasão, motivados por interesses estritamente pessoais e por ideais antidemocráticos e totalitários.
Nossa mocidade já não tem o hábito da leitura. Os poucos jovens que lêem, costumam preferir os “best-sellers” estrangeiros aos grandes nomes de nossa Literatura e de nosso pensamento.
Nossos professores não se preocupam em formar as crianças e os jovens, mas apenas em informá-los, quando não em desinformá-los ou mesmo deformá-los. E, para piorar, alunos passam de ano sem saber sequer ler e escrever ou realizar as quatro operações matemáticas. Nossa Educação se encontra, com efeito, numa distância monstruosa abaixo da Educação Integral que formará o Homem Integral, que não é o homem cívico da liberal-democracia, nem o homem econômico do marxismo e nem tampouco o super-homem egocêntrico de Nietzsche, mas o homem físico, o homem intelectual, o homem cívico e o homem espiritual, ou simplesmente o Homem.
Perderam-se os valores da Autoridade e da Hierarquia, sem os quais a Liberdade não pode existir. A liberdade que temos escraviza o fraco em detrimento do forte, não constituindo mais do que o direito das minorias plutocráticas explorarem o povo e abrindo caminho para a tirania e o totalitarismo.
A democracia liberal está longe de ser democrática na precisão integral do termo e, da mesma forma que o capitalismo, carrega o germe de sua própria destruição.
As Constituições burguesas, falaciosas e demagógicas da liberal-democracia, do liberalismo e do neoliberalismo – que não refletem de forma alguma as realidades de seus países, não tendo absolutamente o cheiro das terras em que foram criadas ou do sangue, do suor e das lágrimas de seus trabalhadores – ainda não tomaram conhecimento da pluralidade natural das fontes do Direito, não sabendo que os grupos sociais de que a Sociedade é constituída são fontes inexauríveis de normas, como bem observa o Professor Goffredo Telles Junior em “O Povo e o Poder”.
Vemos os vícios de nossa sociedade aumentarem não a cada dia, mas a cada hora, juntamente com a prática do mal, o destemor a Deus, o desamor à Pátria, o desapego à Família e o desrespeito à Tradição.
Vemos ainda que a Civilização Ocidental, por muitos ainda chamada de Civilização Cristã, embora infelizmente não mais o seja há já bastante tempo, corre sério perigo de desintegrar-se. E se corre tal perigo é porque é essencialmente técnica e se baseia no individualismo, que exclui toda a consideração do Homem Integral e contém o germe do coletivismo.
Nossa maior crise, porém, é a do pensamento, como já apontava Plínio Salgado em maio de 1933, ao escrever o prefácio daquela que é considerada, com razão, sua maior obra político-filosófica – “Psicologia da Revolução”. É neste mesmo preâmbulo que o fundador do Integralismo brasileiro e autor da “Vida de Jesus”, “jóia de uma literatura”, no dizer de Padre Leonel Franca, e das “Crônicas da Vida Brasileira”, formidável trilogia de romances sociais modernos composta por “O Estrangeiro”, “O Esperado” e “O Cavaleiro de Itararé”, ensina que sem que a crise do pensamento seja resolvida não se poderá solucionar o problema da Nação.
Para redimir o Brasil é necessário fazer-se uma profunda Revolução. Essa Revolução não se fará com armas convencionais, mas sim com livros e muita reflexão. Iniciar-se-á dentro de cada um, como Revolução Interior, Revolução das Mentalidades, Revolução dos Espíritos, e terminará com a Revolução Integral das instituições representativas do Estado brasileiro, com a implantação da Democracia e do Estado integrais.
A Democracia Integral, que podemos chamar também de Democracia Cristã, Democracia Efetiva, Democracia Autêntica ou Democracia Legítima e que opomos à democracia burguesa e às ditaduras de todos os matizes, constitui a única Democracia exeqüível e, tendo sua base sobretudo em Deus e nos ensinamentos perenes do Evangelho, vivifica a Liberdade do Homem e a Autoridade do Estado, Autoridade em que se origina e é demarcada essa Liberdade.
Já o Estado Integral, ou Estado Moderno, ou ainda Estado Ético, nada mais é que o Estado autêntico, a um mesmo tempo antiindiviualista e antitotalitário, que, não constituindo nem princípio e nem fim, subordina-se à ordem natural das coisas, proclamando, acima de tudo, a Intangibilidade do Ente Humano e dos Grupos Naturais, e fazendo prevalecer o espiritual sobre o moral, o moral sobre o social, o social sobre o nacional e o nacional sobre o individual. Como sublinhou Miguel Reale em sua obra “O Estado Moderno”, de 1934, só os ignorantes ou os mal-intencionados podem confundir tal concepção de Estado com a concepção totalitária de Hegel.
Em nossa longa e árdua caminhada até o Dia do Triunfo; até o advento da Democracia e do Estado integrais; até a total libertação da nossa Pátria e do nosso povo daqueles que os oprimem; até a restauração do Primado do Espírito, da Inteligência, da Ética e da Verdade, sofreremos as mais absurdas calúnias, injúrias e difamações. Defensores da Justiça Social e dos humildes, seremos chamados de inimigos do povo e de reacionários a serviço da alta burguesia. Adversários do imperialismo e arautos da grandeza da Pátria e de sua integridade territorial, apontar-nos-ão como agentes de potências estrangeiras. Inimigos figadais de todo e qualquer preconceito étnico, caluniar-nos-ão como adeptos das teorias racistas que sempre combatemos. Democratas no exato sentido do termo, avessos ao estatismo absorvente e ao cesarismo e sustentadores da Liberdade e da Intangibilidade do Homem, injuriar-nos-ão como profetas do totalitarismo e carrascos das liberdades. Adeptos do único movimento político-social autenticamente brasileiro, apontar-nos-ão como seguidores de doutrinas alienígenas.
Seremos, como temos sido até hoje, julgados e condenados não por aquilo que efetivamente somos, mas sim pela imagem deturpada que nossos adversários criaram de nós. Nossos adversários, que dispõem dos mais poderosos meios de propaganda, continuarão nos apresentando como partidários de tudo aquilo que condenamos e combatemos.
Coisa parecida só sofreram os primeiros cristãos, tidos por devoradores de crianças, envenenadores de fontes e incendiários de Roma, e talvez a Espanha, nação em torno da qual criou-se a famosa “leyenda negra”.
Todos esses desleais ataques, entretanto, tornar-nos-ão cada vez mais fortes e confiantes.
Não podia, aliás, ser de outra forma. É evidente que todo aquele que, revestido da armadura de Deus, se levanta em nome da Fé e do Espírito, por Cristo batalhando e conduzindo adiante, com tenacidade inquebrantável, a bandeira da Solidariedade Humana e da Justiça Social, recebe em troca o peso do ódio e das calúnias dos maus e da incompreensão dos inocentes a serviço destes.
Podemos parecer poucos, não mais do que alguns milhares, mas a verdade é que encarnamos a Pátria neste grave momento, constituindo a verdadeira maioria, aquela maioria que não se traduz por números, mas sim pelos valores morais, cívicos e éticos, bem como pela fé que deposita nos destinos da Nação, de que constitui a derradeira esperança.
Somos os únicos representantes autênticos da Terceira Posição, da Terceira Via, que não pode ser confundida em hipótese alguma com a “terza via” fascista de Mussolini e nem tampouco com a “terceira via” neoliberal de Blair, de Clinton e de “nosso” FHC.
À luz de uma concepção integral do Homem e do Universo, consideramos anacrônicos, ultrapassados os conceitos de “direita” e “esquerda”, surgidos durante a Revolução Francesa de 1789 e válidos apenas num tempo marcado pelas visões unilaterais, fragmentárias do Homem e do Universo.
Temos diante de nós uma tremenda tarefa que é a de despertar o Brasil de seu sonho, de sua letargia liberal, reconduzindo-o ao seu destino histórico, fazendo com que efetivamente retorne ao Espiritualismo Cristão a que deve em grande medida sua unidade, grandeza e força, retomando o culto da terra e dos antepassados, que tem sido olvidado e mesmo condenado pelas forças deletérias do materialismo.
Deus dirige o destino dos povos. Estejamos certos de que Ele reserva ao povo brasileiro um luminoso porvir. O Brasil vai despertar. Nós já despertamos.

12/10/2006,

No comments: