Thursday, March 12, 2009

Arlindo Veiga dos Santos, arauto e poeta de uma Pátria-Nova



Victor Emanuel Vilela Barbuy

O pensador, jornalista, escritor, poeta, ensaísta, novelista, professor, tradutor, congregado mariano, líder negro e monárquico e doutrinador patriótico, nacionalista e tradicionalista Arlindo Veiga dos Santos é sem sombra de dúvida um dos maiores e mais olvidados intérpretes da realidade deste vasto Império chamado Brasil e um pensador da Tradição só comparável, entre nós, a um Plínio Salgado, um Alexandre Correia, um Heraldo Barbuy, um José Pedro Galvão de Sousa, um Leonardo van Acker, um João de Scantimburgo, um Jackson de Figueiredo, um Eduardo Prado, um Manoel Lubambo ou um Sebastião Pagano.
Nascido na cidade paulista de Itu no ano de 1902, o criador e mais importante líder e doutrinador do Patrianovismo - movimento defensor de uma Monarquia orgânica, social e popular realmente vinculada às tradições e realidades nacionais – era negro, a despeito de descender também de portugueses e índios, sendo, portanto, um homem oriundo das três “raças” formadoras da nacionalidade brasileira. É Arlindo, ademais, um exemplo vivo do quão errados estavam os intelectuais patrícios que – seguindo Gobineau, Vacher de Lapouge, Houston Stewart Chamberlain e outros arautos da pretensa superioridade étnica “ariana” – tanto amesquinharam e achincalharam o negro, o índio e o caboclo de nossa terra, como bem denuncia Plínio Salgado em seu Manifesto de Outubro [1], assim conhecido por haver sido divulgado a 07 de outubro de 1932.
O Patrianovismo, principal legado de Arlindo Veiga dos Santos a esta sua amada Terra de Santa Cruz, surge na Imperial Cidade de São Paulo do Campo de Piratininga no ano de 1928, com a fundação do Centro Monárquico de Cultura Social e Política Pátria-Nova, que a partir do ano seguinte publica a revista Pátria-Nova, saudada com entusiasmo por Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde) [2], e que se transforma, já na década de 1930, na Ação Imperial Patrianovista Brasileira.
A Ação Imperial Patrianovista Brasileira, cujo símbolo era a Cruz da Ordem Militar de Cristo com as pontas em flecha ou lança [3], não reuniu tantos adeptos quanto a Ação Integralista Brasileira de Plínio Salgado ou formou uma constelação de intelectuais tão resplandecente quanto esta, com a qual tinha, aliás, diversas semelhanças do ponto de vista doutrinário. Reunindo, porém, dezenas de milhares de membros, ou, segundo alguns, mesmo algumas centenas de milhares e formando, ademais, um pugilo de pensadores também fascinante, configura-se como o maior movimento político monárquico do Brasil republicano e um dos mais extraordinários grupos da inteligência do País.
O Patrianovismo, “doutrina dinâmica com base no princípio estático-dinâmico da tradição” [4], é um movimento patriótico, nacionalista e tradicionalista que prega a recristianização integral da Nação Brasileira, opondo-se tanto ao liberal-capitalismo quanto ao comunismo, e sustenta a Monarquia tradicional, onde o príncipe reina e governa, sendo, pois, chefe de Estado e de Governo, mas tem seu poder concretamente limitado pelos Grupos Naturais, ou Grupos Intermediários, por meio do asseguramento institucional da autonomia social de tais grupos, que tem sido negada tanto pelos Estados ditos “democráticos” quanto pelos Estados totalitários.
A doutrina patrianovista recebe forte influência da Action Française de Charles Maurras e Léon Daudet e sobretudo da Doutrina Social da Igreja, de pensadores brasileiros como Jackson de Figueiredo e Alberto Torres e do Integralismo Lusitano de António Sardinha. Cumpre salientar, com efeito, que Pátria-Nova foi o nome de um semanário integralista de Coimbra dirigido por Luís de Almeida Braga, um dos fundadores e principais dirigentes e doutrinadores daquele movimento.
Em 1931, Arlindo funda a Frente Negra Brasileira, que, sob sua liderança, configura-se como o maior e mais sadio movimento negro da História não apenas do Brasil mas também de toda a chamada América Latina, que preferimos denominar América Hispânica, posto que o Brasil é tão hispânico quanto seus vizinhos, da mesma forma que Portugal é tão hispânico quanto a Espanha [5], constituindo as duas grandes nações lusófonas duas das diversas Espanhas de que fala o magno jurista e pensador espanhol Francisco Elías de Tejada [6]
Havendo citado o nome de Tejada, insigne discípulo e continuador de Donoso Cortés e mui provavelmente o maior pensador político tradicionalista espanhol do século 20, importa salientar que este foi um conhecedor como poucos do Brasil e de sua História, como demonstra em trabalhos como As doutrinas políticas de Farias Brito [7] e que foi amigo pessoal de Arlindo Veiga dos Santos, bem como de José Pedro Galvão de Sousa e Plínio Salgado [8], dentre outros homens de pensamento patrícios. Foi Tejada, ademais, o representante, em Espanha, da revista bilíngue de cultura Reconquista, fundada em São Paulo no ano de 1950 por José Pedro Galvão de Sousa.
A revista Reconquista, cujo nome foi sugerido por Arlindo Veiga dos Santos [9], um de seus principais colaboradores, orientou-se pelos mesmos princípios norteadores do Patrianovismo, tendo entre seus articulistas pensadores da estirpe de um Heraldo Barbuy, um Clovis Lema Garcia, um Hipólito Raposo, um Fernando de Aguiar (seu representante em Portugal), um Alberto de Monsaraz, um Octavio Nicolás Derisi, um Rafael Gambra, um Pablo Lucas Verdú e de outros tão ilustres, incluindo, é claro, os supracitados José Pedro Galvão de Sousa e Francisco Elías de Tejada.
Foi Tejada, ainda, quem, em belo artigo sobre Arlindo Veiga dos Santos, incluiu o autor de Idéias que marcham no silêncio... entre “os maiores expoentes atuais do pensamento político tradicional das Espanhas cristãs e antieuropéias” [10].
Poeta inspirado, Arlindo evoca, em poemas cristãos e patrióticos como Sentimentos da Fé e do Império [11], o passado heróico da Nação Brasileira, surgida não no momento da chegada de Cabral, mas sim muito antes, no “Milagre de Ourique”, louvando nossas tradições e raízes lusíadas e hispânicas.
Tradutor de valor, Arlindo verteu para o nosso idioma obras como Do governo dos príncipes ao rei de Cipro e Do governo dos judeus à duquesa de Brabante, de Santo Tomás de Aquino [12], O crepúsculo da civilização, de Jacques Maritain [13], Organização monárquica do Estado, de Jacques Valdour [14], e As doutrinas políticas de Farias Brito, de Francisco Elías de Tejada [15].
Professor de Latim, Português, Inglês, História, Sociologia e Filosofia, o autor de Para a Ordem Nova [16] lecionou em instituições de ensino superior tais como a Faculdade de Filosofia de São Bento, a Faculdade Sedes Sapientiae, a Faculdade de Filosofia de Lorena e a Faculdade de Filosofia da Universidade de Campinas, bem como em colégios como o São Luís e o Anglo-Latino, na Capital Paulista.
Falecido em sua cidade natal no ano de 1978, Arlindo Veiga dos Santos é um nome totalmente sabotado e praticamente desconhecido no Brasil. Não é, porém, de hoje que seu nome e suas idéias “caminham no silêncio”, pois, como já denunciava o então patrianovista Luís da Câmara Cascudo, no dealbar da década de 1930, em artigo publicado no Diário de Natal, Arlindo era um “mestre solitário”, um “alto pensador” lamentavelmente sabotado por uma “força invisível” [17].
Sejam estas singelas e mal traçadas linhas a nossa homenagem ao Mestre Arlindo Veiga dos Santos, heróico e inspirado poeta e arauto de uma Pátria-Nova, cujo nome e idéias um dia deixarão de marchar no silêncio e constituirão – juntamente com os ensinamentos de outros mestres de Brasilidade – um farol que iluminará esta Terra de Santa Cruz no caminho de sua missão histórica.

Imperial Cidade de São Paulo do Campo de Piratininga, aos 12 dias do mês de março do ano da graça do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2009.



NOTAS

[1] SALGADO, Plínio. Manifesto de Outubro de 1932. In Sei que vou por aqui!, n. 2, São Paulo, setembro-dezembro de 2004, p. VII.

[2] LIMA, Alceu Amoroso (Tristão de Athayde). Pátria Nova. In Estudos, quinta série. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1933, pp. 299-309.
[3] BARROSO, Gustavo. O Integralismo e o Mundo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1937, p. 45.
[4] SANTOS, Arlindo Veiga dos. Idéias que marcham no silêncio... São Paulo: Pátria-Nova, 1962, p. 43.
[5] Sobre a hispanidade do Brasil e de Portugal: SOUSA, José Pedro Galvão de. O Brasil no Mundo Hispânico. São Paulo: Ed. do autor, 1962.
[6] TEJADA, Francisco Elías de. Las Españas. Madri: Ediciones Ambos Mundos, S. L., 1948.
[7] TEJADA, Francisco Elías de. As doutrinas políticas de Farias Brito. Trad. de Arlindo Veiga dos Santos. São Paulo: Edições Leia, 1952.
[8] Sobre Plínio Salgado Tejada escreveu um breve porém magnífico ensaio intitulado Plínio Salgado na Tradição do Brasil (Trad. de Gerardo Dantas Barreto. In Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II. São Paulo: Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, pp. 46-70), em que observa que antes de Plínio Salgado “ninguém havia entendido a Tradição brasileira” e que convém comparar sua obra apenas com o posterior “empreendimento intelectual de José Pedro Galvão de Sousa” (Idem, p. 70). Isto posto, cumpre notar que foi Plínio Salgado o primeiro homem de pensamento brasileiro a tratar da obra de Tejada, em seu livro O ritmo da História [3ª ed. (em verdade 4ª). São Paulo: Voz do Oeste/Brasília: INL, 1978, pp. 191-220].
[9] DIP, Ricardo. Veiga dos Santos: El poeta brasileño de Pátria Nova. Disponível em http://www.carlismo.es/modules.php?name=News&file=article&sid=68. Último acesso a 11 de março de 2009.
[10] TEJADA, Francisco Elías de. Arlindo Veiga dos Santos desde o Tradicionalismo Castelhano. São Paulo, Revista da Universidade Católica de São Paulo, dezembro de 1958, vol. 16, separata, p. 7.
[11] SANTOS, Arlindo Veiga dos. Sentimentos da Fé e do Império: amostra de esperança para a hora das trevas. São Paulo: Pátria-Nova, s/d.
[12] AQUINO, São Tomás de. Do governo dos príncipes ao Rei de Cipro e Do governo dos judeus à duquesa de Brabante. Trad. de Arlindo Veiga dos Santos. Prefácio de Leonardo van Acker. 1ª ed. São Paulo: ABC, 1937.
[13] MARITAIN, Jacques. Crepúsculo da civilização. Trad. de Arlindo Veiga dos Santos. São Paulo: Cultura do Brasil, 1939.
[14] VALDOUR, Jacques. Organização monárquica do Estado. Trad. de Arlindo Veiga dos Santos. São Paulo: Reconquista, 1956.
[15] TEJADA, Francisco Elías de. As doutrinas políticas de Farias Brito. Trad. de Arlindo Veiga dos Santos. São Paulo: Edições Leia, 1952.
[16] SANTOS, Arlindo Veiga dos. Para a Ordem Nova. São Paulo: Pátria-Nova, 1933.
[17] CASCUDO, Luís da Câmara. O Mestre Solitário. In CIERO, Hermes. Honra ao mérito. São Paulo:Pátria-Nova, 1951, p. 7.

Saturday, March 07, 2009

FORA BATTISTI!

FORA BATTISTI!
Por Victor Emanuel Vilela Barbuy

Cesare Battisti, um dos principais membros do grupo extremista italiano “Proletários Armados pelo Comunismo” (PAC), de nada saudosa memória, roubou e matou em nome do credo pseudocientífico de Marx e Engels, que, caracterizado pela violência, pelo ódio e pela desagregação moral, ética e social, tem inspirado as piores tiranias da História. Sonhava ele em ver a Itália transformada em uma “ditadura do proletariado” que em verdade seria uma ditadura contra este, como têm sido, aliás, todas as nações governadas pelos seguidores da ideologia marxista-leninista, caracterizadas sempre pelo mais selvagem e abjeto capitalismo de Estado.
Condenado pela Justiça da Itália, inegavelmente um Estado Democrático de Direito, à prisão perpétua pela prática de quatro homicídios, Battisti permanece no Brasil e pode vir a ganhar a liberdade graças ao Ministro Tarso Genro, “ex-”terrorista e adepto confesso do marxismo, que concedeu asilo político ao companheiro ideológico.
Isto posto, cumpre enfatizar que foi Tarso Genro quem, após os últimos Jogos Panamericanos, negou asilo aos pugilistas cubanos que intentavam escapar da ditadura castrista. Esta iniciada a 1º de janeiro de 1959, já prendeu, torturou e fuzilou milhares de pessoas cujo único crime, de maneira geral, foi o de não crer na religião que tem em Marx o seu profeta e em “O Capital” o seu livro sagrado.
Vale lembrar que foi Tarso Genro, ademais, quem disse que era natural que o MST provocasse invasões de terra tais como a da Fazenda Jabuticaba, em São Joaquim do Monte, no agreste pernambucano, em que quatro pessoas foram brutalmente assassinadas pelos militantes do referido movimento, que há anos vem invadindo, roubando, matando e propagando sua ideologia espúria, completamente estranha à Tradição Nacional, e tudo isto com o beneplácito e financiamento do (des)Governo Federal. Para o nosso Ministro da Justiça, que na década de 1980 liderou, ao lado do ex-guerrilheiro e futuro mensaleiro José Genoíno, o movimento extremista clandestino conhecido como “Partido Revolucionário Comunista” (PRC), o que vem ocorrendo é apenas uma mobilização dos “movimentos sociais” de uma forma mais “arrojada” em dadas circunstâncias.
Devemos recordar, ainda, que Tarso Genro defendeu a idéia absurda de que a Lei de Anistia deve valer para os ex-terroristas, que lutaram pela implantação de uma “ditadura do proletariado” no Brasil, mas não para os militares que os perseguiram para impedir que eles conseguissem tais objetivos durante o regime de exceção imposto com o triunfo do movimento militar de 31 de março de 1964.
O nosso ministro também defendeu o “direito” da viúva do ex-capitão, desertor do Exército e terrorista Carlos Lamarca, autor de diversos sequestros, assaltos a banco e “justiçamentos” a receber mais de doze mil reais a título de pensão, sem contar com um valor indenizatório superior a trezentos mil reais, enquanto as famílias das dezenas de vítimas do terrorismo vermelho em nosso País nada recebem.
Havendo feito referência a esta absurda indenização, paga por nós, o Povo brasileiro, julgamos oportuno ressaltar que temos pago bilhões em indenizações a ex-terroristas e suas famílias e, em muitos casos, também a indivíduos que sequer foram realmente perseguidos pelo Governo Militar durante os denominados “anos de chumbo” e sublinhamos que os integralistas – duramente perseguidos durante a ditadura estadonovista de Getúlio Vargas e alguns, como o ilustre poeta, romancista e jornalista Gerardo Mello Mourão, também pelo Governo Militar – jamais pleitearam qualquer indenização pelo que sofreram, constituindo verdadeiro exemplo de abnegação em prol da Pátria.
A maior parte de nossa “esquerda” - termo que escrevemos sempre entre aspas por não considerar mais válida a distinção entre “direita” e “esquerda”, que remonta à Revolução (anti)Francesa e teve razão de ser apenas em um tempo marcado pelas concepções parciais da realidade e dos problemas – infelizmente defende o terrorista Battisti, sendo que alguns de seus representantes chegam a inventar uma “ditadura militar” italiana que jamais existiu para justificar a sua defesa irracional do criminoso Battisti, para eles um verdadeiro “herói”, como Lamarca, Marighella, Luís Carlos Prestes, Olga Benario, Ernesto “Che” Guevara ou qualquer outra “seletiva e fria máquina de matar”, para usarmos a célebre expressão deste último, que infelizmente muito poucos lembram ter sido o cruel e sanguinário torturador e fuzilador da prisão de “La Cabaña”, em Havana.
Por outro lado, a quase totalidade da “esquerda” italiana condena os crimes de Battisti e defende que ele seja extraditado para a Itália, sendo importante salientar que a Câmara dos Deputados da Pátria de Dante, Petrarca e D’Annunzio aprovou por unanimidade o pedido de extradição do terrorista.
Nós, como patriotas, nacionalistas, tradicionalistas e democratas na acepção integral do vocábulo que somos, condenamos veementemente a posição do Ministro Tarso Genro, aliás totalmente apoiada nos argumentos de seu companheiro de ideologia e de partido Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de Cesare Battisti e também “ex-”terrorista, que é ligado ao MST e se transformou em um dos mais prósperos advogados do País nos processos que vêm concedendo a “ex-”terroristas e familiares de terroristas mortos as indenizações bilionárias de que falamos.
Frisando que a decisão de Tarso Genro não reflete a vontade da Nação e do Povo do Brasil, e considerando que as relações de nosso País com a Itália, cujos filhos e descendentes tanto têm contribuído para o desenvolvimento e progresso pátrio e que a própria imagem da Nação Brasileira está sendo manchada pela vergonhosa posição assumida pelo nosso (des)Governo, exigimos, em nome de Deus, da Pátria e da Família, a extradição de Cesare Battisti à Justiça italiana.
FORA BATTISTI!